ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Mil e Uma Noites
Torre de Belém
Portugal é um dos países europeus pertencentes à CEE, que atravessa uma crise transversal a todas as instituições e estratos sociais, que o compõem e sustentam. Em termos gerais a produção é inferior aos pedidos dos consumidores e isso reflecte-se na relação entre as exportações (mínimas) e as importações (máximas); problema ainda mais agravado por sermos infantilmente um país Lego, em que montamos as peças que nos dão e muito contentes as vamos mostrar ao nosso dono. A crise sente-se no nosso bolso porque o dinheiro não estica e se o estado continuar a penalizar os que já nada têm e verificar que daí já nada vem, só lhe restará virar-se para a nossa chamada classe média e exigir-lhe o que os outros já não podem pagar, esgotando deste modo os recursos, da dita classe média. Ora isso já está a acontecer e as respostas da sociedade civil, não se vêm no horizonte mais próximo. Até mesmo as miseráveis manifestações dos chamados políticos e fazedores de opinião, gritando ao contrário que o momento ainda não chegou, têm mais força e impacto nas pessoas, torcendo-nos cada vez mais o cérebro, de modo a secar mais depressa e sem grande despesa: é só cobrar sem parar, para assim baixar o défice e continuar a pedir dinheiro emprestado, para sustentar a máquina que nos sustenta a vida, através deles. Aquela Máquina!
Sem Memória e Cultura nunca poderá existir Educação. E sem esta última, todo o processo evolutivo a nível Científico e Tecnológico, não terá espaço para se desenvolver e expandir – sem livros e pensadores livres presentes, não existe um fim a atingir, porque não encontramos o seu centro, a sua origem. E a partir daí qual será o interesse em nos debruçarmos sobre áreas como os da organização social e económica, se já ninguém se preocupa com nada de nada e o medo nos leva a esconder no interior mais remoto da nossa toca.
A Torre de Belém é um símbolo actual do nosso país – um lugar belo, circundado por uma ausência que parece parada no tempo, todo iluminado no seu interior, que se pressente grandioso e glorioso, mas onde ninguém se avista, nem se detectam movimentos ou sombras. Parece um mundo após o Apocalipse, onde apenas a chuva no piso húmido, nos diz que ainda pode ter restado alguma coisa.
Foto do “National Geographic”