ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Campo
Mocho jovem ao fim do dia, num verão quente no centro de Espanha
Por vezes vou ao campo e ouço-os falar.
Hoje a Dalila chamou-me à atenção, para os seus contínuos palrares.
Era de noite, a neblina espalhava-se pelo campo – ao longe ouviam-se os latidos dos cães – e lá estavam eles presentes, no silêncio penetrante da noite.
Os bichos são a nossa companhia e a alma da nossa vida!
O cão saltava na vedação, via-me de olhos vidrados e o seu nervoso miudinho, fazia-me perder a paciência.
Abria-lhe a porta, deixava-o correr e de vassoura na mão, protegia a minha integridade.
O pai esperava-o impaciente e logo ao primeiro contacto, fugia como uma flecha: ninguém aguenta a chegada de alguém de algures, de boca aberta para o mundo e ainda por cima pronto a morder!
Na noite as estrelas brilham no céu e o nosso tempo de contemplação parece tão pequeno.
É tremendo o espaço de todo o firmamento que contemplamos e tão pouco o espaço, para o partilharmos: por isso morremos, um pouco de cada vez, de uma só vez!