ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Arte e Cultura I
Mestre Frederico Monteiro, o último ferrador de Albufeira
Homenagem do filho
Quem percorrer Albufeira velha não fica indiferente a uma pequena casa térrea, ostentando um painel cerâmico, em relevo, com dois cavalos e de porta sempre aberta para quem por ali passa. E, quem passar pode ter o privilégio de falar com Frederico Martins Monteiro, nascido em 1924, 85 anos, ferrador que há meia década ocupa aquele espaço e nele guarda as suas memórias. Filho de antiga família que de Alcantarilha escolheu Albufeira para desenvolver a sua arte, pois João Monteiro, seu avó, António João Monteiro, seu pai, um tio do pai e um irmão Otílio Monteiro, todos eles trabalharam ferro, não esquecendo que a bigorna da oficina de Frederico «tem mais de duzentos anos» e era do seu bisavó, dilatando de forma afectiva a ligação familiar ao ferro.
Frederico Monteiro, não foi tão pouco à escola. Começou neste ofício aos 12 anos, aqui em Albufeira, na «oficina das escadinhas», com o pai e o irmão, onde trabalhou vinte anos. O pai disse-lhe «vais para a oficina» e aí começou por «segurar nas bestas, nas patas e arrancar ferraduras». Mas, com 15 anos «já trabalhava a fazer tudo».
Com a morte do pai, veio para a casa, sita na Av. da Liberdade, onde está há cinquenta anos e a sua memória da paisagem local descreve-nos um «ribeiro», «terra batida», «não havia casas nenhumas, nada!». Lá está ele na casa onde ferrava burros a 4$00, machos a 24$00 e cavalos a 40$00; «vinham ferrar do campo», «era o dia inteiro» cavalos, charretes, carroças, carros de frete, salienta com orgulho, o homem que tem «pena de não puder trabalhar» naquilo de que gostou muito; aliás, «se não gostasse, não tinha ido para lá», para a oficina do pai. Às vezes, certos tratamentos e injecções «até os veterinários mandavam para o Frederico dar». O seu orgulho estende-se à chamada de atenção repetida que nos faz, apontando para a sua «Carta de Ferrador» do ano de 1965, a qual se estampa na parede de sua oficina, acompanhando outras recordações de antigamente. Frederico faz questão de sublinhar: «Sou encartado. Fui à escola de Lisboa» fazer o exame.
Sabendo do que fala, mestre Frederico lá nos vai ensinando. Na sua oficina, onde sempre trabalhou sozinho, ia à forja, malhava, ferrava 10, 12 bestas por dia… «à inglesa» (colocar a ferradura a quente), «à portuguesa» (a frio), trabalhava com ferraduras de coração, rampões, meia-cana, pitões, arpões, ferrava animais «difíceis», como os que tinham água-mete (sangue descendo para o casco) o que obrigava à adaptação da ferradura. «Havia animais que tinha de injectar-se, noutros punha o azial e torcia-se o beiço ou a orelha e eles ficavam como um borrego, outras vezes punha-se cordas nas pernas», e acrescenta até «chegámos a ferrar alguns deitados na praia com uma manta para não ir areia para os olhos». Não admira que este mestre de ofício, por várias vezes, tenha demonstrado pena dos animais …
Frederico, o ferrador
No interior desta casa da memória o local da forja, o tecto e as paredes estão marcados pelo negro, como se o suor do ferrador, o ganha-pão, ficasse ali para sempre, qual marca dos tempos de «vida difícil» em que «não se ganhava para comer» e «trabalhava-se muito»; correias, ferramentas, fotos doutros tempos lembrando o seu amigo cavalo «Gaiato», …lembranças da actividade que a memória e recordação fazem lacrimejar; milhares de ferraduras, formam um amontoado, que calculamos em mais de uma tonelada de ferro, mas que para Frederico merecem um único comentário: «Veja lá o que não ferrei!».
O ferro comprava-o nos armazéns do «Grémio da Lavoura», em Albufeira, e cortava-o aos bocados; «media a palmo, a dedo», só com o seu saber, só com a sua arte, o que viria a ser uma ferradura, passados quinze minutos; depois levava cerca de 1h30m a ferrar o animal. Ferrou até aos 82 anos, pois ultimamente, embora ferrasse só dois, três animais por dia «já não aguentava»; também apareceram os tractores e gado do campo já não havia, embora durante muitos anos o viessem chamar para ferrar, «cheguei a ferrar no Porto Santo e em Lisboa, vinham buscar-me».
Outros tempos em que «vinham à vila vinte, trinta bestas» ferrar e o pessoal do campo, dos arredores, os proprietários e as «casas ricas» de Albufeira como os «Paiva» e «Mascarenhas» tinham charretes e cavalos. E, este percurso pela sua vida, esta constante lembrança, faz com que Frederico apresente as suas ferramentas, memória material do seu labor….facas para cavalos, turquez para o ferro, saca-rebites, ponteiros, pedra-de-afiar, martelo de forja…Entre as ferramentas um documento escrito de cavalo roubado na Espanha, alertando para o facto. E, era assim a vida, a ferragem do animal durava dois, três meses, passados os quais o Sr. Frederico era procurado novamente.
Agora procuramos nós, este mestre que nos recebe abertamente, demonstrando ser um homem com qualidades, saber e memória, para nos ensinar sobre a cidade onde vivemos. E ele também sabe porque, no fim da nossa conversa, lá nos confidenciou: «Gostava de manter isto!»
Augusto Vinagre – A Avezinha – 09.07.2009
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Manchas e Asteróides
Manchas Solares
Das três manchas solares observadas em 31 de Julho, a mais activa é a 1261 – NASA
“Uma mancha solar é uma região onde ocorre uma redução de temperatura e pressão das massas gasosas no Sol, estando intimamente relacionadas ao seu campo magnético, cuja intensidade média é de 1 Gauss, chegando a milhares de Gauss próximo a elas. Quanto maior sua quantidade, maiores são as alterações na ionosfera terrestre, influindo nas comunicações de rádio no planeta Terra.” (Wikipédia)
Asteróides
Asteróide 2005YU55 – vai passar próximo da Terra, não apresentando risco de colisão
Asteróide | Data (UT) | Distância | Dimensão |
2005YU55 | 8Novembro | 0.8DL | 175metros |
DL – Distância lunar
1DL = 384.401Km
Asteróide 2010TK7 – o primeiro troiano da Terra, aqui assinalado a verde
“Um asteróide é um corpo menor do sistema solar, geralmente da ordem de algumas centenas de quilómetros apenas. É também chamado de planetóide. Os asteróides estão concentrados em uma órbita cuja distância média do Sol é de cerca de 2,17 a 3,3 unidades astronómicas, entre as órbitas de Marte e Júpiter. Esta região é conhecida como Cinturão de Asteróides. De acordo com as teorias mais modernas, os asteróides seriam resultado das condensações da nebulosa solar original, mas que não conseguiram aglomerar toda a matéria em volta na forma de um planeta devido às perturbações gravitacionais provocadas pelo gigantesco planeta Júpiter. Outra teoria afirma que aí existia um planeta, mas que foi destroçado pela sua proximidade com Júpiter. Os asteróides troianos constituem outros espécimes particulares de planetóides que orbitam fora do cinturão.” (Wikipédia)