ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Albufeira
Albufeira poderia ter sido, uma terra muito bonita!
Albufeira – pintura de Liz Allen
Onde estão as refeições na tasca da D. Ana, com os seus peixinhos fritos, a sua bela sopa bem quentinha e a pretinha simpática que a todos atendia com um sorriso nos lábios, enquanto os pescadores, nós e os camones, lá íamos degustando estes verdadeiros e para sempre perdidos, petiscos gourmet?
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No passado Albufeira foi uma terra de pescadores pobres em bens materiais, mas ricos na preservação da natureza que os envolvia, tal como a cidade de Espinho de onde eu viera. Se na cidade costeira do norte e devido à sua proximidade à cidade do Porto, a comunidade pescadora foi mais rapidamente destruída, sendo engolida pelo emprego na cidade, na industria ou nos serviços, quando cheguei a esta cidade do sul e com a explosão do turismo que então se verificava, o seu fim como desde sempre fora, já se temia estar próximo, sob toneladas de álcool, sexo e betão.
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Onde está a entrada principal de Albufeira, com as suas árvores ladeando a estrada, como figuras locais recebendo os viajantes e acolhendo-os debaixo dos seus ramos protectores?
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Onde está o Jardim do centro histórico, chamariz da sua população para o mercado diário das frutas e legumes, local onde a gente da terra e os turistas se reuniam para o seu encontro diário, as suas conversas e troca de impressões sobre o dia-a-dia que ia passando?
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E o que é feito de um dos maiores e mais bonitos postais representativos de Albufeira, a sua Praia dos Barcos, com todos os seus veículos de vida apontados ao mar e as suas redes diariamente trabalhadas e ansiando a sua utilização pelos seus guardiões, os pescadores, a alma e a origem de Albufeira?
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E o passeio da Praia de Peneco, onde em tantos dias de calor infiltrando o nosso corpo, nos regalávamos com a vista deste mar tranquilo e oferecido e com a beleza da vista da costa estendendo-se para lá do Inatel sob os pés de centenas de nómadas sorridentes e aproveitadores de cada segundo, como se este fosse o último?
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E os pássaros gritando alegremente sobre as árvores residentes desta terra, absurdamente abatidas devido aos cocós voadores dos seus ocupantes, juntando-se aos milhares nas quentes noites de Verão e gritando aos nossos ouvidos a sua presença constante e a sua alegria de viver?
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E onde estão os algarvios naturais desta terra de campo, praia e calor, desde há muitos anos já detectados com problemas de integração na sua terra, por especialistas pró construção civil, acabadinhos de chegar de outras metrópoles já por si destruídas?
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E muito mais aconteceu nesta terra, como em muitas outras terras de Portugal, sempre em nome do progresso e com o mesmo destino traçado de sempre – violação intensiva do espaço ocupado e envolvente de preservação, até ao desmembramento total de toda a cultura e memória da terra e do seu povo indígena. Tal como aconteceu na costa ocidental Atlântica, como se propagou à sua costa sul algarvia e como parecia que iria acontecer à costa ainda livre alentejana, mas que a crise parece querer proteger.
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Os culpados são fáceis de identificar, só que por uma razão ou por outra, ninguém os quer ver! Só sei que são todos profissionais de gabarito, filhos de outros profissionais de gabarito e que amanhã serão continuados pelos seus filhos, futuramente também profissionais de gabarito. A hereditariedade como um mito é um processo histórico de repetição criada para manter eternamente as duas únicas castas que sempre tiveram acesso ao poder e que sempre se associaram a todas as plataformas legislativas e económicas de controlo e posterior execução legal de todas as iniciativas ditas sociais – o clero e a nobreza.
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O restante resume-se a elementos amorfos que apenas fazem parte da paisagem, por consentimento coercivo de não ocupação de outros espaços previamente reservados.
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Invasão Mundial
Estes papagaios originários da América do Sul, são capazes de suportar temperaturas muito baixas como as que lhes proporciona o clima do EUA, país para onde emigraram de avião em grande número e ao qual se adaptaram muito bem.
Americanos
É um papagaio capaz de construir um ninho para morar, seja numa árvore ou num outro edifício qualquer e sendo caracterizado como uma espécie gregária. As suas colónias podem ser constituídas por muitos elementos, tornando-se muito grandes; podem viver mais de vinte e cinco anos.
Construção da habitação
Invadindo silenciosamente outras partes do mundo, estes engraçados animais tornaram-se nos EUA num embaraço para os postes de electricidade, devido às suas construções aí edificadas. Na imagem seguinte ei-los todos na Europa, mais precisamente os deslocados em Espanha.
Espanhóis
Chegando a ser considerados para a população como uma peste devido aos estragos provocados nas colheitas à procura de alimento para sobreviverem e de modo a solucionarem este problema criado e que se agudizava cada dia que passava com o aumento das colónias, os sul-americanos tiveram uma ideia genial para se verem livres deles: transformaram os papagaios em bichinhos de estimação e exportaram-nos aos milhares para o resto do mundo.
(apoiado em notícia de earthsky)
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A Vida
O que é afinal a vida? Um vampiro diria que é a morte, mas como até hoje eu ainda não vi um único que seja, não pretendo oferecer-me como cobaia de um qualquer adivinho, aqui caído de pára-quedas.
A vida talvez seja um caminho que temos que percorrer como obrigação a cumprir por estamos vivos, mas não deixa de ser caricato que a única recompensa que nos oferecem no fim do percurso, seja impreterivelmente a da morte.
No entanto toda esta retórica é improdutiva e insignificante face à frieza da presença constante do nada no nosso quotidiano, impedindo-nos de estendermos o nosso pensamento para lá da barreira de um tempo que apesar de abstracto, reflecte a ilusão ou utopia de um espaço inatingível.
O relógio é a negação do tempo – porque o primeiro existe e o segundo não – e o suicídio do espaço – porque o primeiro está parado apesar de parte se movimentar, enquanto o segundo está em movimento apesar de parte estar parada.
O espaço não tem um limite perceptível de ocupação, até porque se tal sucedesse, isso teria como consequência a possibilidade da existência de um outro espaço vizinho, mesmo que vazio. A nossa capacidade de utilização do cérebro na análise destas questões pode não ser uma limitação à compreensão do Universo a que pertencemos – achem ou não que o nosso cérebro está bem ou mal aproveitado – mas não deixa de ser estranho que até hoje ainda não tenhamos compreendido a um nível global de tudo o que existe, alguns pontos intrigantes como: o que é que nos acontece após a nossa morte física já que nem temos memórias próprias do período anterior à nossa concepção, nem sequer apresentamos uma justificação válida para pensarmos na necessidade de tal ocorrer, só a validando em desespero de causa, porque somos nós os envolvidos; e como compreender correctamente a noção e conjugação de vida e de mundo de um ponto de vista individual, se ao morrermos deixamos de existir, num mundo que ainda existe, mas que para uma das partes por mais insignificante que seja, não tem nenhuma lógica de existir; e não terá o limite da nossa caixa craniana, protectora do nosso cérebro e das nossas capacidades de pensamento, um significado que nós inconscientemente não queremos reconhecer, não nos querendo confundir com os outros animais irracionais, sem pretensões morais e emocionais ou então recusando optar pela última e brutal evidência – o limite do nosso cérebro reflecte a construção de um mecanismo ao qual foi atribuída uma função apenas temporária, ligado pontualmente à evolução de um universo ilimitado e eterno, que não nos reconhece com o recurso à utilização de ferramentas éticas e morais para ele inexistentes.
Num mundo paralelo qual seria o objectivo de Deus?