ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
O Filho da Puta
Quem dirige o nosso país? Um dos muitos pequenos filhos-da-puta!
“O pequeno filho-da-puta é sempre um pequeno filho-da-puta; mas não há filho-da-puta, por pequeno que seja, que não tenha a sua própria grandeza, diz o pequeno filho-da-puta”
(Alberto Pimenta)
O meu país viveu durante cinquenta anos em ditadura, com um grupo alargado de famílias a orientarem-se “à pala do povo indígena e dos pretinhos da Guiné” e refugiando-se oportunisticamente atrás dos informadores contratados e do medo dos pais “de amor”, receosos pela qualidade de vida dos seus confessos familiares-amantes e sobressaltados pelo risco eminente de perderem os seus filhos na guerra colonial – fossem eles ricos ou fossem eles pobres. Muitas histórias me contaram na infância sobre a escravatura e é desse modo que eu consigo reconhecer quase quarenta anos depois do 25 de Abril, o regresso às ideias destes hipócritas ávidos de dinheiro e de poder, para do mesmo modo descarado e fossilizado, continuarem a sobreviver na subserviência servil, segura e integrada, aquilo em que eles próprios não acreditam ser o futuro dos seus filhos, mas uma fonte de rendimento presente e alternativo, momentânea e de caracter fictício.
Hoje e numa análise global a tudo o que se passou e a tudo o que é na realidade, a vida está muito pior do que no passado, tempo e local em que todos procurávamos e nos apoiávamos numa esperança palpável, partilhada e de desenvolvimento cultural coletivo – por isso ainda existirem por essa altura velhinhos que eram os mais belos exemplares da nossa espécie, por apenas nos criarem por desejo (mesmo que inconfessável ou inconsciente), amor e outras ligações intraduzíveis, mas belas e elegantes – enquanto hoje, sem pensarmos ou perdermos tempo com inutilidades não financeiras, nos alimentamos progressivamente dos outros, preferencialmente familiares e amigos (tal e qual a estratégia da PIDE e das “paredes que tinham ouvidos”) e tudo isto em troca de apenas mais um vale de compras de objetos de desgaste rápido e descartáveis, tal e qual como o que fizeram com o nossos antepassados então obliterados ou então em nome do filho (inexistente) do patrão, mesmo que bastardo e filho dos nossos pais, então vítimas de usufruto feudal e cultural predominante, pois não existia uma única alternativa de mudança, apenas de subserviência e absoluta sobrevivência! Mas porque é que não dizemos que quem hoje comanda o nosso país, destrói o futuro das novas gerações e degrada em toda a profundidade o carater humanitário que devia ser o objetivo e meta da nossa espécie e sociedade, é aquela camada bruta, inculta e filha-da-puta de ditos gerentes e gestores formados e vindos do tempo da outra senhora, que durante toda a sua vida apenas tiveram como o sonho o de fornicar a mulher do seu patrão (ou o marido da sua patroa) e de ficar com todas as outras fabulosas riquezas deste? Deste modo ninguém se pode admirar que o filho de um bode possa ser uma cabra ou um cabrão muito compenetrados em resolver patrioticamente a nossa situação, alienando-nos.