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Cenários Desenquadrados (4)

Quinta-feira, 10.10.13

Ficheiros da Desintegração

As Necessidades Extraordinárias do Gato Tobias

(sob critério SMALL)

 

Recolha de indícios, de lacunas e de outras descompensações, entre os mundos imaginados e a realidade dos humanos.

 

Manuscrito

“A Epopeia de Gilgamesh” e a descrição do Dilúvio

 

E aí o Albino aproveitou a ocasião para se referir a uma das primeiras civilizações conhecidas (e por ele uma das mais admiradas) e que se tinha destacado das restantes na sua organização social, invocando como fonte e testemunha o insuspeito rei Assurbanipal e o seu trabalho de recolha de lendas e tradições antigas, reunidos na magnifica obra literária intitulada “A Epopeia de Gilgamesh”. Mas teriam os humanos compreendido, a verdadeira (e subliminar) mensagem presente na Epopeia de Gilgamesh? Segundo o Albino, Entidades Extraterrestres teriam criado uma réplica perfeita e muito próxima de Gilgamesh, de modo a que com a sua colaboração pudessem controlar a sociedade em que o original replicado reinava e assim poderem participar na evolução da mesma. Com o que não tinham contado fora com a evolução inesperada da réplica no seu trajecto conjunto com o seu original, dado que no decorrer da respectiva viagem partilhada, este tinha alterado completamente os parâmetros de análise que lhe tinham sido impostos pelos extraterrestres, assumindo definitivamente o seu objecto e partilhando com ele o objectivo de ambos – desobedecendo aos extraterrestres e chegando mesmo a desafiá-los. E a reacção destes tinha sido imediata: matando a réplica de Gilgamesh – matando a imagem, eliminariam o objecto – e enviando à Terra um seu agente vingativo e ameaçador – e posterior herói do Dilúvio – que simplesmente lhe diria, negando-lhe a Imortalidade: "A vida que você procura nunca encontrará. Quando os deuses criaram o homem, reservaram-lhe a morte, porém mantiveram a vida para sua própria posse." (A Epopeia de Gilgamesh). “Herói” esse responsável pelo próprio Dilúvio, quando transmitindo aos seus senhores a rebeldia de Gilgamesh, teve como resposta imediata destes os efeitos catastróficos provocados em toda a Terra, por acção duma inversão provocada dos pólos magnéticos terrestres.

 

Interrompendo de seguida as suas reflexões, o Albino continuou a contar a sua história:

- Mas fora durante o último período que o mais importante sucedera: e então a partir do início do calendário cristão tudo se tornara mais evidente, não só pelas constantes intervenções vindas do exterior e contando já com a colaboração de grupos escolhidos e restritos de terrestres, mas fundamentalmente pelo assassínio brutal e injustificado de um dos seus enviados oficiais ao planeta, apenas por querer difundir a sua Mensagem. A partir daí a intervenção exterior tornara-se mais dura e intrusiva, tornando-se em contrapartida mais diluída e mesmo indetectável, com os sucessivos acontecimentos sangrentos que se seguiram e que esconderam e fizeram esquecer a identidade dos seus verdadeiros provocadores: agentes exteriores actuando em perfeita sintonia, com os seus aliados secretos integrados na estrutura interna do poder. E com a construção de bases secretas no interior do próprio planeta, esta raça de alienígenas iniciara o seu processo de colonização final, que só terminaria com a sua vitória ou por acção duma outra espécie muito mais poderosa. Quanto a isso ninguém oriundo do exterior se tinha interessado até hoje com este canto imperceptível do Universo, razão pela qual os alienígenas não previam que surgisse algo que os demovesse do objectivo de concretização das suas superiores intenções. Exemplos dessa estratégia de intervenção prepotente e descarada eram muitos: só nos últimos cem anos as duas Grandes Guerras Mundiais, coroadas com uma cereja em cima do bolo com a explosão das duas bombas atómicas sobre o Japão; a injustificada Guerra do Vietname, levando a ferocidade dos combates até ao extremo e servindo mesmo para promover a utilização de drogas no dia a dia monótono mas infernal dos soldados; e até se fossem mais para trás a importante participação dos extraterrestres/alienígenas/estrangeiros/exteriores na própria criação e fundação dos Estados Unidos da América – iniciada com a declaração de independência em 1776 e confirmada com a elaboração da sua constituição actual doze anos depois – hoje em dia e duma forma incontestável considerada uma das maiores (senão a maior) potência à face da Terra; e se fossemos mais para a frente os assassinatos premeditados e sem constituição de culpados envolvendo John Kennedy e Martin Luther King, o fim estranho e nunca verdadeiramente esclarecido das missões tripuladas Apollo à Lua (ou a outro sítio qualquer) e até o horrível atentado do 09/11 provocando milhares de mortos, com todo o mundo (ou submundo?) a assistir à queda registada em directo e em vídeo das duas torres gémeas, tal como se estivesse a ver a estreia universal do último êxito de Hollywood numa sala privativa, isto tudo acontecendo sem qualquer tipo de interrogação ou dúvida oficial, apesar de muitos sectores da sociedade americana não aceitarem as explicações apresentadas por não corresponderem à realidade dos factos. Mais tarde seriam de novo mimados e instrumentalizados com a continuação da Saga Bush: e espalhados por todo o mundo (mesmo num buraco como Bin Laden) todos os seres humanos assistiriam à hora do jantar, confortavelmente instalados no sofá, com uma bebida na mão e à hora programada no guia televisivo, o bombardeamento em directo da capital do Iraque Bagdad e o início duma carnificina e a destruição duma sociedade.


As enormes e perfeitas pedras de Baalbek

Mistério envolvendo uma super-civilização desaparecida que terá atingido o seu ponto mais alto de desenvolvimento em plena Pré-História

 

Muito faltava ainda para dizer. Mas infelizmente o Albino tinha plena noção do curto espaço de tempo de que ainda dispunha para poder continuar a sua exposição. Além disso ainda tinha que ajudar o Tobias a transpor a ultima fase do seu percurso subterrâneo. Essa a razão porque acelerou na sua exposição, eliminando alguns detalhes que desejaria aprofundar e limitando-se aqueles que mais imediatamente poderiam afectar o Tobias, os seus amigos e até os habitantes da região. Começou então o sua última intervenção, sem antes comunicar algo através do seu intercomunicador e que me transmitiu logo de seguida: o Dog já tinha chegado a casa e tudo estava bem com ele. E para finalizar acrescentou:

- O Albino começou por afirmar pertencer tal como os outros seres humanos habitando a superfície a um ramo comum de seres vivos descendentes dos primeiros organismos, que se foram adaptando, agrupando e evoluindo durante a última etapa de formação do planeta Terra: uns teriam optado por continuar a viver na “sopa original” que mais tarde tinha dado origem ao aparecimento dos oceanos, outros ter-se-iam lançado para fora desse “prato de fabrico original” invadindo progressivamente a terra e introduzindo-se nela cada vez mais profundamente, enquanto os restantes se tinham lançado à conquista dos ares, desenvolvendo um corpo aerodinâmico sustentado por dois membros adaptados ao voo e à sua sustentação. Pertencendo ao segundo grupo – tal como os outros seres humanos – a raça de Albinos acabara por encontrar protecção no subsolo da Terra, adaptando a sua vida às condições que esta lhe oferecia e vivendo em extensas galerias subterrâneas inicial e maioritariamente de origem natural, mas posteriormente complementadas com a construção de novas e modernas instalações subterrâneas, tal e qual como as edificadas à superfície: o nível de organização e de estruturas sociais e económicas era muito semelhante aos existentes à superfície, mas apesar do contexto onde estavam inseridos – uma reunião de diversos conjuntos limitados/fechados ao contrário da superfície, uma intersecção de conjuntos ilimitados/abertos – tinham-se tornado numa sociedade mais avançada tecnologicamente comparando-a com a outra. Talvez o ambiente fechado onde viviam tivesse suscitado por um lado um maior recolhimento e isolamento pessoal transformando-os em seres extremamente introspectivos, mas por outro lado essa sua característica solitária e filosófica, levara-os a dirigirem a sua investigação para lá dos seus próprios limites físicos e ambientais, pondo-os a explorar o espaço para lá da Terra, mesmo não o vendo mas sabendo da sua existência e da existência de outros seres e civilizações exteriores à deles – ao contrário dos seus irmãos da superfície, que absorvidos pelo seu quotidiano extrovertido mas cronometrado, viravam todos os dias as costas ao Céu, ignorando mesmo à noite a beleza oferecida e exposta à vista desarmada, do nosso Universo sem fim. O maior desenvolvimento tecnológico desde sempre assumido e amplamente concretizado por esta civilização de Albinos, estaria ligado ao desenvolvimento na área das Telecomunicações, sector onde tinham investido muito do seu conhecimento e experimentação na tentativa de contacto com outras civilizações exteriores, semelhantes ou que assumissem o mesmo desígnio da deles: já que para os Albinos a manutenção da sua segurança era fundamental. Assim tinham criado um sistema sofisticado mas simples de telecomunicações quase instantâneas – fosse qual fosse a distância pretendida e o meio material que tivessem que atravessar – introduzindo-se aleatoriamente em feixes electromagnéticos já existentes e em constante trânsito no interior do Universo a velocidades que esmagavam a velocidade da luz e que ainda por cima seriam indetectáveis – excepto para os seus operadores-remetentes e se assim o desejassem para o seu operador-destinatário – dada a infinidade de sinais naturais ou mesmo artificiais lançados constantemente no espaço. Teria sido dessa forma que num dia já há muito perdido no seu passado distante, a civilização de Albinos teria comunicado pela primeira vez com os seus “semelhantes e irmãos” Teros – uma raça alienígena incompatibilizada com aqueles que vindos do exterior procuravam exercer a sua predominância e poder ditatorial sobre o planeta, desrespeitando completamente a autonomia das suas populações indígenas e a ajuda solidária dos seus irmãos de armas Deros, mais impulsivos e totalmente obcecados pela conquista do poder – construindo e reforçando a partir desse momento uma aliança mágica, duradoura e respeitosa que ainda se estendia aos dias de hoje.


Mamute

 

Acrescentou ainda que a opção tomada e assumida pela sua civilização em viver no interior da própria Terra, tinha como base três razões fundamentais:

- Os primeiros tempos de formação do planeta Terra – ocorrida há quase 5.000 milhões de anos – foram a nível da sua evolução e constante adaptação geológica bastante violentos, tendo mesmo durante um período de quase 1.000 milhões de anos sido frequentemente atingida pelo impacto dum número incontável de meteoritos. Como consequência deste mundo inicial onde imperava a violência e ocorriam constantes e brutais alterações na própria estrutura geral do planeta, o primeiro sinal de vida aparece apenas 2.000 milhões de anos após a sua formação com o aparecimento da primeira bactéria. Mas só há menos de 2 milhões de anos é que se deu início à evolução final do Homem, com o seu corpo a assumir a sua anatomia moderna a partir da altura que abandona o seu continente original espalhando-se por todo o mundo – há cerca de 200 mil anos – ao mesmo tempo que o seu comportamento e atitudes tomadas se começam a tornar cada vez mais semelhantes com as actuais – há 50 mil anos. O mesmo se terá passado em paralelo e com um processo básico semelhante com a criação da civilização de seres Albinos, que se terá adaptado definitivamente ao seu ambiente fechado e subterrâneo, não só devido à sua personalidade genética extremamente fechada e introspectiva, elaborada e consolidada ao longo duma vida solitária mas também de muito esforço de agregação e de consolidação colectiva, como ao receio permanente de possíveis impactos futuros doutros meteoritos com a superfície da Terra e das trágicas consequências que os mesmos poderiam provocar. À superfície esse era o principal perigo que os humanos corriam ao contrário deles os albinos, profundamente enterrados no interior da Terra em bolsas consolidadas e bem afastadas das principais zonas de risco. Assegurada essa protecção fundamental, a sociedade poderia assegurar a sobrevivência da sua civilização e o estabelecimento das condições propícias para a sua evolução;

- Sendo uma raça diferenciada das restantes, os Albinos tinham chegado àquele ponto da sua evolução por necessidade de adaptação ao meio envolvente com que se tinha deparado aquando da sua criação e formação, mas também por vontade própria de assumirem este combate como forma de se fortalecerem física e mentalmente, face a um ambiente duro e exigente, mas construtor de personalidades – como as suas extremamente fechadas sobre as suas reflexões, mas sempre abertas a experiências vindas do exterior. Por esse motivo os Albinos julgavam-se mais fortes e motivados para o mundo, comparando-se com os seus próprios irmãos vivendo à superfície ou com aqueles seres vivos que tinham escolhido o mar ou o ar para edificarem o seu mundo: os primeiros tinham escolhido uma vida de espera e de expectativa, olhando sobranceiramente e duma forma prepotente (e induzida) o Universo que os rodeava e sustentava solidariamente – numa partilha absoluta, incondicional e sem qualquer tipo de exigências e contrapartidas (e como tal ingénua) – e dispondo-se (mesmo assim) face ao poder dos seus amos (num contexto geral de subserviência) e ao seu comportamento materialista e egocêntrico, a sujeitarem-se ao momento sagrado da espera e da sua correlacionada e respectiva compensação, acabando no final e num momento de consumação e de consagração oficial, por se acomodar como um santo às exigências do poder; quanto aos segundos e terceiros tinham escolhido o caminho mais fácil de percorrer, uns ficando no conforto do seu lar original, materno, aquático e sem necessidade de migração e os outros usufruindo duma prerrogativa anatómica capaz de fortalecer a sua capacidade de visionar e de se aperceber da totalidade do mundo perceptível, utilizando a sua capacidade de voar, planar e analisar. A estrutura mental dos Albinos era definida pela sua luta constante em favor da vida e do indivíduo – sempre em nome do sujeito e utilizando ou manipulando o objecto – e na melhoria das suas condições de vida: a solidão provocava a Iluminação, tal como a especialização (sem controlo), provocava a degradação do conhecimento;

- Finalmente a questão do isolamento dos Albinos e da sua necessidade de disporem de tempo e de espaço, de reflexão e de análise – uma das explicações que o Albino esteve prestes a esquecer e a deixar para trás, não justificando a sua tentativa de negação através das informações anteriormente prestadas, mas assim procedendo unicamente porque esse relato iria colidir com o seu passado temporário e caótico, mas necessário e violento: tal como os seus irmãos humanos vivendo à superfície, os Albinos tinham lutado contra outras espécies candidatas à supremacia e à dominação dos espaços, para desse modo poderem invocar e conquistar o seu território e nele instalarem os seus grupos e aliados – o problema é que tinham travado um duelo brutal de vida ou de morte com outra espécie subterrânea, que ainda hoje não estava completamente resolvida. E que tinha dado origem à proliferação dos mais diversificados e estranhos relatos e histórias envolvendo essas bizarras criaturas, os zombies. Assim como as histórias à volta dos seus principais inimigos – as Titanis – aves carnívoras de porte médio e totalmente imunes a qualquer tipo de contágio proveniente dessas criaturas.


TITANIS – As Aves do terror

 

Quando os Albinos começaram a colonizar o interior do planeta Terra, já muitos outros animais tinham ocupado esse mesmo território. Muitos deles representavam ramos paralelos das espécies irmãs vivendo à superfície, que tinham nascido e vivido desde sempre no subsolo do planeta – em locais mais ou menos profundos – ou que teriam migrado para esse território porque se encontravam em fuga da superfície, ou à procura de um novo mundo e duma nova esperança. Aí chegados e enquanto foram evoluindo e adaptando-se ao seu novo meio envolvente, nada de assinalável se passou que pudesse interferir no seu acondicionamento e fixação, mantendo todos os animais que aí habitavam uma postura não intrusiva e tolerante e respeitando tacitamente um nível mínimo de distância entre eles e os outros, de modo a não existirem qualquer tipo de contactos ou ideias de invasão: cada um dos animais observava as movimentações dos restantes grupos aí inseridos e compartilhando o mesmo espaço, não só para a manutenção da sua protecção e segurança, como para informar os outros animais de que estavam atentos e que as fronteiras mesmo que virtuais eram para respeitar. Apenas dois grupos demonstravam alguns níveis elevados e preocupantes de intolerância, a que não era estranha a sua mais elevada capacidade de raciocínio e o seu bem evidente poder físico e muscular: os Índis e os Alis. Os primeiros representavam os seres vivos originais deste Mundo Subterrâneo, enquanto que os segundos representavam uma espécie invasora que inicialmente tinha sido tolerada pelos Índis – pois os Alis sempre se tinham mostrado aparentemente receosos, fugindo e escondendo-se em segundos quando se viam frente a frente com a outra raça mais activa e corpulenta – mas que com o decorrer do tempo e do seu rápido processo de assimilação e adaptação ao meio interior, se tinham revelado cada vez mais imprevisíveis, adoptando atitudes irracionais e extremamente violentas. Nos primeiros tempos os conflitos ainda foram passando despercebidos (por esporádicos) à comunidade crescente de Albinos, mas a pressão que esta civilização organizada começou a exercer sobre os outros grupos de seres vivos que por ali também viviam, começou a incomodar duma forma profunda e perigosa os instintos de domínio e de expansão natural dos Alis, levando-os a tomarem atitudes de arrogância e de desprezo absoluto para com as outras espécies e que atingiram o seu pico máximo tempos atrás com a tentativa de extermínio definitivo dos Índis, acusando-os de subserviência para com os Albinos e de estarem aliados a eles apenas para se sobreporem aos Alis – que se consideravam superiores em tudo – e os destruírem com a sua colaboração. O inaceitável aconteceu quando um grupo numeroso da Alis em perseguição a outro grupo de jovens Índis irrequietos, não respeitou os limites considerados mínimos para os Albinos, ultrapassando a linha vermelha e causando muitos danos e feridos entre a comunidade de Albinos durante a sua abrupta passagem: desrespeitando todas as regras de convivência e de partilha e tendo atingido um estado de loucura irreversível pelo controlo total dos outros seres inferiores, o conflito tornou-se inevitável colocando dum lado os Albinos e os Índis e do outro os Alis. O conflito terminaria no entanto num relativo e curto espaço de tempo dada a disparidade das forças em presença, com a civilização Albina a esmagar completamente qualquer pretensão abusiva dos Alis. Acabariam desterrados para zonas mais profundas no interior do planeta Terra, zonas essas isoladas por razões de segurança por camadas de terra e de rochas que permitissem a manutenção dos Alis em locais controlados e fechados e sem acesso possível a sectores habitados situados a outros níveis ou até mesmo à superfície. No início foi grande a violência provocada (e suportada) pelos Alis, acabando estes por ceder e por recuar de vez para os seus esconderijos e labirintos; em cima ficaram os Índis excelentes trabalhadores e companheiros que rapidamente se inseriram na civilização Albina e tomaram em mãos a preservação da fauna e da flora subterrânea e o importantíssimo sector dos alimentos e da agricultura.

 

Mas tudo se alterou com o passar do tempo, tornando-se a situação muito mais grave com a chegada dos primeiros Deros – tal como os Alis impulsivos e violentos, mas solidários com os seus irmãos Teros.

 

Os primeiros textos referindo-se à chegada dos extraterrestres à Terra tinham pouco mais de cinco mil anos, coincidindo o seu aparecimento com o início da utilização intensiva da escrita documental em suporte material (de fácil transporte), de modo a que mais regularmente os seus generais e diligentes representante pudessem com a maior das clarezas e rapidez, começar a divulgar as ideias dos seus reis poderosos e dos seus deuses invencíveis. Utilizando pequenas naves ultra-rápidas oriundas duma base situada a alguns anos-luz da Terra na constelação de Canis Major – nas proximidades da estrela Sirius a quase nove anos-luz da Terra – as primeiras missões enviadas ao planeta tinham sido de pura observação e de simples registo, tendo-se evitado na esmagadora maioria dos casos qualquer espécie de contacto ou outro tipo qualquer de intromissão indesejada. No entanto nem todas as visitas vindas do exterior poderiam ser controladas por não previstas e desconhecidas, pois o Universo era imenso “e cada vez maior”, tal como as raças que o habitavam, muitas delas ainda desconhecidas e não catalogadas. Uma dessas raças de ET’s ocuparia mais tarde um lugar privilegiado nas relações com um grupo restrito e poderoso de seres humanos habitando um dos continentes mais desenvolvidos da Terra, estabelecendo desde o seu primeiro contacto uma aliança exclusiva e secreta com esse poderoso grupo de humanos e cedendo-lhe alguma da sua tecnologia revolucionária mas menos agressiva. Teriam sido esses os instigadores da luta brutal e sem quartel entre os Alis e os Índis – acabando também por envolver os Teros – que os transportariam a um final trágico de espectáculo, com o episódio da morte deplorável e criminosa de milhares de indivíduos nos dois campos de batalha e afectando particularmente os Alis, quase os levando à extinção: experiências realizadas por sugestão dessa raça intrusiva de ET´s e contando com a colaboração dos Teros – verdadeiros guerreiros, mas incapazes de mínima reflexão e compreensão – acabaria por afectar profundamente e duma forma acelerada a estrutura de ADN dos Alis, desacelerando drasticamente o seu metabolismo e tornando-os mais susceptíveis da pratica de actos oportunistas, violentos e bestiais, chegando ao extremo do canibalismo indiscriminado. Um vírus transformativo e reorientador da cadeia de ADN tinha sido introduzido no corpo dos Alis com a intenção pontual de os fortalecer – tornando-os muito mais eficazes em combate – mas o resultado tinha sido uma verdadeira catástrofe, transformando-os em verdadeiros zombies sem noção de tempo, estratégia ou memória. O que se passava agora e que se reflectia temporariamente na segurança e acessibilidade do túnel, estaria ainda ligado ao problema surgido com os grupos ainda dispersos de Alias, que por vezes se escapavam em grupos mais ou menos numerosos das galerias profundas ode se encontravam retidos, invadindo zonas proibidas e no entanto consideradas neutras, mas que por outro lado se abriam a outros canais de comunicação, muitos deles não identificados nas cartas conhecidas, mas podendo-se ligar a níveis superiores com acesso reservado. O que nunca deveria ocorrer ou originar-se-iam casos graves e de difícil resolução, como os verificados com este troço de túnel: os zombies tinham-se introduzido recentemente e sem que ninguém o esperasse nesta secção subterrânea que ligava Paderne a Albufeira e se não fosse a rápida intervenção do responsável por esta zona em colaboração estreita com o ser humano que o Tobias vira nas instalações subterrâneas onde ainda se encontrava, as consequências poderiam ter sido muito graves.

 

Fim da 4.ª parte de 8

 

(imagens – WEB)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 12:00