ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
A Festa Pagã do dia 25
“Tal como Judas nós somos vítimas”
(No meio do Estado “Mau” mas Necessário, dominado por Privados “Bons” mas Supérfluos)
Judas era apenas um funcionário para cobranças difíceis
Ao contrário da história que nos contam desde pequeninos, especialmente nos tempos de ingenuidade em que frequentávamos a catequese e mais assiduamente por alturas festivas como a da época do Natal, Judas foi uma das vítimas mais conhecidas que viveu os anos da vida de Jesus sobre a superfície Terra, ao ver-se involuntariamente envolvido nos conflitos político-religiosos que se viviam por essa altura. Dum momento para o outro passou de Mensageiro a Bode Expiatório, acabando ostracizado pela História comum e transformado em traidor pelos seus anteriores companheiros: apenas porque como cobrador de impostos dos senhores que comandavam o Estado, foi fazer a colecta directamente à fonte de rendimentos, comprometendo-se em nome do poder em eliminar o principal adversário desses mesmos fornecedores e fontes. Os senhores ficaram ricos, as fontes eliminaram a concorrência, mas os tumultos continuaram: por esse motivo o Estado teve que tomar a única atitude credível, responsável e irrevogável, que dele se poderia alguma vez esperar – deu cabo do mensageiro e mandou matar o inimigo.
Merkel talvez seja o Pai Natal sugerido pela Coca-Cola para a Europa
Hoje vivemos dias difíceis. A Europa entregou-se completamente nos braços dos Estados Unidos da América – para adiar mais uma vez a bancarrota deste – oferecendo a evolução do euro e de toda a sua economia e finanças, com a entrega de mãos completamente abertas (ou vazias?) de todos os poderes de decisão à (tornada) poderosa Alemanha: com o apoio estratégico dos países do norte da Europa – e com a Rússia de fora a apostar fortemente na decomposição da união – a Alemanha ganhava finalmente a guerra, não necessitando desta vez de recorrer às armas e aos militares para sair vitoriosa, mas socorrendo-se apenas para o efeito dum Banco e duns quantos funcionários obedientes e diligentes – como muitos dos medíocres e oportunistas actuais dirigentes europeus. Também queria ter um negócio como este: muito simplificadamente não era tão bom termos direito a crédito ilimitado a juros de 0% ou menos – o dinheiro vem de muito lado e nas suas deslocações constantes muitas vezes suja-se – e emprestá-lo como nosso aos nossos próprios sócios a uma taxa superior, recolhendo de seguida os dividendos todos para nós, para aplicarmos nos nossos negócios pessoais?
Criança indiana vestida de Pai Natal pedindo doces e presentes
Quanto a nós portugueses a nossa imagem desta quadra natalícia aproxima-se cada vez mais da imagem que transporta consigo a criança indiana da imagem anterior: invertido o sentido original desta época festiva que deveria ser de amizade e de solidariedade e dispensado o excedentário e velhote Pai Natal com uma reforma de tostões e um pontapé no traseiro – já que a rena Rodolfo se recusara a fazer tal maldade, ao seu velho companheiro de brincadeiras – esta criança que poderia muito bem ser um de nós deixa assim de ser definitivamente uma certeza viva e com futuro, transformando-se em mero pedinte num mundo de sobreviventes. E com políticos como aqueles que se infiltraram no nosso país por todos os buracos obscuros da nossa miséria quotidiana, nada mais poderíamos esperar deles senão a prepotência, a escravidão e a nossa doce submissão: e no fim se for necessário pedir, fazê-lo com muito jeitinho – de preferência apresentável e sem muito incomodar.
(imagens: Apascentar os Pequeninos – Arpose – Economia & Negócios)