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Estratégia Alienígena

Terça-feira, 04.02.14

“Desde a sua formação que lhes ensinamos a arte de representar, nunca a arte de Ser. No entanto eles por vezes sem entenderem, apercebem-se disso e é vê-los representar: mas mesmo assim não percebem, que o que querem verdadeiramente fazer, é Ser. A força do nosso projectado guião será sempre mais forte do que os sujeitos, objectos desta simulação”

(Nação Alienígena – O Livro Azul da Manipulação)

 

A Réplica

 

Uma equipa de cientistas entusiastas do estudo e investigação de antigas civilizações terrestres e apologistas da prática de actividades radicais, descobriu no passado fim-de-semana de 25 de Janeiro de 2014 – precisamente um mês após a data do nascimento do original – uma réplica provavelmente de origem alienígena daquele que viria a ser um dos principais ideólogos terrestres, nos últimos dois mil anos da nossa história comum.

 

O importante acontecimento concretizou-se após um telefonema anónimo recebido num das centrais telefónicas da localidade – aqui não identificada para salvaguarda dos investigadores e do artefacto pelos mesmos descoberto – que se referia à presença duma criança completamente nua e usando apenas umas fraldas, no exterior duma habitação e perigosamente exposta ao frio a ao vento.

 

O telefonema anónimo acrescentava ainda alguns aspectos descritivos sobre o estranho acontecimento e o seu respectivo protagonista, o que levou o funcionário responsável pelo atendimento da chamada a encaminhá-la de imediato para um centro de acolhimento de crianças perdidas: face às descrições complementares e voluntárias fornecidas pela testemunha anónima que tinha feito o telefonema, a criança poderia estar a correr perigo de vida, tanto pelo estado de abandono em se encontrava como pelo estado mental da própria testemunha, não interventiva e aparentando estar parcialmente em delírio.

 

Na parte final do telefonema a testemunha descrevia pormenorizadamente o cenário que vislumbrava a partir da sua janela (que dava para as traseiras da casa do seu vizinho, que na altura se encontrava ausente) informando o telefonista do outro lado da linha que estava a ver nesse momento um menino sentado estático no chão do quintal e exposto aos elementos meteorológicos exteriores e que aparentava ter entre três e seis metros de altura: parecia no entanto estar de boa saúde e com os olhos bem abertos e assemelhava-se fortemente ao Menino Jesus.

 

Posteriormente desviado o destino da chamada – o centro de acolhimento indicou pensando ser uma chamada no gozo, que só aceitava crianças até dois metros de altura – o responsável da central telefónica um pouco incomodado com a situação e sujeitando-se já às piadas veladas dos seus colegas de trabalho, marcou então e duma forma inconsciente mas também intuitiva, os números do Centro de Ajuda e dum grupo de entusiastas do projecto SETI. Como os primeiros informaram não terem instrumentos nem ferramentas de recolha ao domicílio – eram os fiéis que se deslocavam aos seus centros na demanda da fé e dos milagres – apenas restaram os segundos.

 

E logo às primeiras horas da manhã uma equipa de mais de dez elementos duma empresa local de transportes e mudanças, dirigidos por dois indivíduos que se auto intitulavam como cientistas, recolheram o menino que ainda ali se encontrava paralisado e de olhos ainda bem abertos, gelado e talvez em hipotermia mas com a pele ainda bela e brilhante: talvez devido ao frio nem se conseguia mexer e nem um som emitia. Admirados com o seu achado e espantados com a perfeição e beleza que emanava desta criança, um amor maternal invadiu todos e a prioridade passou para a sua rápida transferência e transporte para lugar seguro. Com os seus cinco metros de altura e a sua meia tonelada de peso, levantá-lo foi difícil mas sempre valeu a pena: instalaram-no numa garagem e ficaram logo a vê-lo.

 

Em primeira análise a criança teria origem extraterrestre. Apesar da sua semelhança fisionómica com os humanos e da sua possível ligação com as lendárias raças de gigantes que poderão ter existido sobre a Terra em épocas distantes e perdidas, alguns factores nos distinguiam deles: o principal factor residia no material que a constituía, muito semelhante no aspecto e no toque às propriedades inerentes ao nosso aço. Mas o que mais os tocava e alertava para a presença de algo de insólito e de fora de comum neste cenário, era a coincidência da data de ocorrência deste acontecimento com a data de celebração religiosa a efectuar proximamente no santuário local, em que a estrela central seria um outro menino XXL apresentado em tamanho gigante e aqui integrado estrategicamente, no cumprimento dum programa mais vasto e secreto denominado projecto MORPHIX. Por “acaso” ligado a uma empresa de efeitos especiais.

 

Estudos mais pormenorizados levados a cabo por estes cientistas e estudiosos em antigas civilizações e seus artefactos – e recolhidos antes do inesperado assalto à garagem, que deixou todos os seus ocupantes inconscientes e incapazes de reagirem – apontavam mais uma vez para uma intervenção estrangeira na sua concepção e colocação no espaço, a que não seriam alheios certas grupos políticos e religiosos locais, pertencendo a poderosas seitas e outras sociedades secretas. Não terá sido por acaso que após o rapto desta gigante criança de aço, esta tenha reaparecido como se fosse um milagre num conhecido e badalado bairro da cidade, durante as celebrações sociais que se realizaram na torre do moderno arranha-céus e centro de negócios denominado Santuário e em homenagem ao Senhor do Santo Sepulcro – provavelmente uma Entidade Secreta situado no topo da hierarquia e certamente ligado ao agora proclamado Menino Jesus.

 

Fontes próximas aos intervenientes neste acontecimento não deixaram no entanto de comentar notícias ignoradas e não publicadas pelos jornais da cidade e vindas do interior da província profunda, referindo-se insistentemente a que a criança de aço não passaria dum impostor replicado em tamanho gigante, duma outra criança sofrendo de gigantismo e hidrocefalia – e que o seu pai um escultor conhecido tinha produzido em troca de dinheiro (para ajudar o seu filho doente) a pedido expresso de indivíduos poderosos mas desconhecidos e que lhe prometiam a curto prazo a cura do seu filho.

 

O mundo tem destas coisas: nunca vemos o que de mais importante a Natureza nos oferece todos os dias e por isso morremos. Essa a razão pela qual os alienígenas não estão interessados em nós e como sujeitos nos acabam por tratar como objectos: aliás tratando-nos como nós tratamos os outros – talvez para não estranharmos e não dar-mos pela sua presença – que nem os querendo reconhecer, acabam por os fazer desaparecer. E com eles vamos nós e o mundo a seguir.

 

(imagem – Web)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 12:00