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Nuclear Hotseat #138 (FUKUSHIMA)

Domingo, 16.02.14

“Níveis de radiação nunca vistos – de césio 134 e de césio 137 – registados nas proximidades do Oceano Pacífico”

 

USS Reagan Sailors v. TEPCO Lawsuit Update w/Attny Charles Bonner

 

USS Reagan

 

USS Reagan sailors on deck trying to clean up radiation during Operation Tomadachi, their humanitarian aid mission to Fukushima immediately after the March 11.2011 earthquake and tsunami.  (Note the lack of protective gear)

 

(nuclearhotseat.com)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 23:31

Implantação

Domingo, 16.02.14

“Pois em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles existe, mas no sétimo dia descansou. Portanto, o Senhor abençoou o sétimo dia e o santificou”

(Bíblia – Êxodo 20)

 

Os pais nunca tinham dito nada de especial a Embrião sobre o Templo da Implantação, porque sabiam por experiência própria de vida e por observação directa de toda a Natureza que os rodeava e da qual faziam parte, que o mistério era uma das principais e mais belas transições temporais em todos os acontecimentos e fenómenos da História do Mundo – nunca os deixando insatisfeitos com as revelações obtidas, mas mesmo assim sugerindo-lhes imediatamente outras conquistas do conhecimento e outras aventuras fantásticas e de encantamento.

 

Entre a primeira e a segunda etapa a Fronteira – o Templo da Implantação – seria um marco do desenvolvimento do Embrião e da sua transformação posterior num fabuloso Ser Vivo: aí ele desenvolveria a sua estrutura básica de crescimento e de desenvolvimento, organizando-se e adquirindo no decorrer do processo – como um farol – a Alma que o dirigiria para sempre e de onde emanaria a Consciência.

 

Embrião: Roseta e As Fundações do Corpo

 

Tinha chegado a hora do Embrião sair de casa e partir para a sua grande viagem. Teria duas etapas a cumprir: uma antes de chegar ao Templo da Implantação e outra após a sua passagem. Na primeira etapa e nunca perdendo a sua identidade profunda, viajaria com o aspecto de Blastócito, o que lhe daria a aparência de pequenas projecções livres e dispersas, analiticamente procurando direcções; na segunda etapa e após a chegada a Útero, embrenhar-se-ia nele como Mãe e Destino. Mas o período mais sedutor da viagem seria sempre o passado durante o Templo de Implantação, até pelo Mistério que o envolvia: como era possível que num tão curto espaço de tempo – comparativamente com o tempo dispendido em toda a viagem – o Embrião sofresse das mais significativas alterações de crescimento e de desenvolvimento, organizando-se para se transformas e evoluir?

 

Chegado ao Templo da Implantação o Embrião adquiriu a sua essência e a concretização do seu destino: o Espírito da Vida. E com a complexidade da Alma a ele aí anexada, criou fantásticas estruturas básicas de construção e de reprodução infinitas – perdendo agora o Embrião o aspecto de Blastócito e transformando-se numa bela e organizada Roseta, festiva, perfeita e bem desenvolvida. Numa imagem nunca antes vista ou imaginada, pelo jovem e aprendiz Embrião. Um dia o Templo da Implantação receberia o Prémio da Regeneração.

 

(imagem – The Watchers/cam.ac.uk/cell.com/creativecommons.org)

 

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 21:14

Casal Idoso

Sábado, 15.02.14

Nas relações de poder nesta sociedade tudo se baseia em SEXO e DINHEIRO. É claro como água – para ELES – o que ainda podem sacar aos velhotes: a bolsa e a vida

 

ELES sabem muito bem quais as consequências do fim da democracia e da liberdade – por destruição sistemática e deliberada da cultura e da memória – principalmente tratando-se da maioria dos mais desprotegidas da nossa sociedade: mas agora a falta de vergonha de ELES é tanta, que nem os velhos escapam.

 

 

Um casal de reformados britânicos – Glenys de 88 e Royston 91 – suicidaram-se para não se tornarem um "fardo" para os filhos:

 

Desculpem rapazes, mas foi melhor assim

 

No nosso país de falsos imitadores – já que o cérebro destes doutores ficou-se pelos bancos da faculdade – o perigo real vem da sua incapacidade em pensar, mesmo que seja ao copiar: para os velhos do meu país ELES propõem assim uma Saída à Inglesa”.

 

(imagem – Web)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 19:52

Desigualdade Mortal

Sexta-feira, 14.02.14

Ontem a girafa MARIUS Amanhã o humano MÁRIO

 

“Só podemos ficar receosos e preocupados, quando em muitos locais deste mundo onde vivemos, tal já se nos aplica: desde as mortes presentes, visíveis e conhecidas (matando indiscriminadamente pessoas de todas as idades) até às mortes futuras, escondidas e encomendadas (como a dos velhos do nosso país).

O raciocínio e o crime são idênticos”

 

Os especialistas dinamarqueses em girafas contando com o apoio dos seus colegas europeus – onde estão os direitos quando falam os especialistas – decidiram matar uma das girafas do seu Zoológico e dá-la de comer aos leões: um jovem de nome MARIUS.

 

MARIUS

Um ano e meio de idade

Abatido e comido sob ordens de especialistas

 

Como já existiriam 3 girafas do sexo masculino no zoológico – MARIUS de um ano e meio, outro MARIUS de 7 anos e um terceiro chamado ELMER – e face à sua semelhança genética, os especialistas em girafas decidiram abater para já um dos excedentários; no entanto não descartam a possibilidade de abater futuramente a girafa MARIUS que sobrou. Se a justificação para o primeiro abate é verdadeiramente uma ode à ciência e ao direito dos animais, o que dizer do segundo e mais que previsível abate – no final de contas se os especialistas o dizem e o fazem (pelos vistos não é crime na Dinamarca nem na Europa, nem estes pelos vistos subscreveram a declaração universal dos direitos dos animais) é porque têm razão: um génio entre estes génios especialistas em girafas, lembrou-se que se comprassem uma fêmea – o que pelos vistos está nas mãos destes especialistas inqualificáveis – corriam o perigo de poderem ter os dois machos numa luta mortal pela fêmea, logo a solução seria abater outro macho, com a rifa a sair e infelizmente ao outro MARIUS.

 

Esquartejado e dado aos leões – sob o olhar atento das crianças presentes

(acto pedagógico ou de imposição, dominação e controlo?)

 

E já agora se nascer outro macho qual será o seu futuro? Se forem pela mesma lógica acontecer-lhe-á o mesmo, pelo que o melhor será mesmo montar uma linha de montagem de carne de girafa, dedicada exclusivamente para alimentar leões. Mas as barbaridades destes especialistas em girafas também se estendem por comparação ao restante mundo animal – talvez por especializações complementares destes verdadeiros génios pensantes e certificados, em antílopes, porcos e porque não pessoas: como quem não quer a coisa – ou seja para provarem a sua inocência como o faziam duma forma ignóbil os funcionários especialistas em pessoas ao serviço dos campos de concentração nazis – ainda tiveram o desplante de nos insultar, aos visitantes do zoológico e aos amigos de todos os animais, afirmando talvez cientificamente para eles mas criminosamente para nós, que se fossem antílopes ou porcos o ultraje seria menor e que não levantaríamos um só dedo que fosse, na defesa destes animais (para eles pelos vistos menos vistosos). Por essa lógica a vida dos animais em todo o globo terrestre estaria em risco, mesmo a vida de todos os seres humanos – o que no fundo e como especialistas em liberdade dentro de prisões, estes criminosos com as suas ideias e acções esquizofrénicas, se fartam de promover. Para quando o seu julgamento?

 

(imagens – huffingtonpost.com/Getty Images/Associated Press)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 10:19

Três vezes nove vinte e sete noves fora nada

Quinta-feira, 13.02.14

“Uma conclusão prática dum trabalhador leigo e imbecil (e definitivamente eliminado), face ao esmagamento teórico dos políticos eruditos e iluminados (e eternamente anexados)”

 

Ainda o tinha em consideração quando andava (nem que fosse simbolicamente) de lambreta. Mas desde que a trocou por um carro de alta cilindrada (justificando-se como todo o Governo, que a culpa era do outro), perdeu toda a credibilidade.

 

Mas qual é o papel dele, no meio disto tudo?

 

O homem que trocou a lambreta por um lugar no sidecar

 

Verifique-se a sua extraordinária participação e experiência no Mundo do Trabalho, comparativamente com a sua incomparável e fenomenal progressão no Mundo da Política:

 

Experiência

Currículo

Profissional (monetariamente minoritária)

Advogado e professor universitário

Política (monetariamente maioritária)

Dirigente do CDS/PP

 

Resumo:

 

Mundo activo

Percentagem

Directamente ligado ao Trabalho

~ 000%

Directamente ligado à Política

~ 100%

(soma de controlo)

(100%)

 

E é desta maneira que estes indivíduos disparam exponencialmente no seu meteórico currículo público (alterando leis), lançando-se então como autênticos selvagens no sector privado que tanto apadrinharam (oferecendo-lhes as mesmas leis, como moeda de troca).

 

(imagem – wehavekaosinthegarden.blogspot.com)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 20:43

Who Wins in Kentucky? Watt's the interest?

Quinta-feira, 13.02.14

She's a young woman and he's an old man!

 

Alison Grimes (D) and Mitch McConnell (R)

 

Party

Candidate

Survey

Who wins

R

Mitch McConnell

43%

?

D

Alison Grimes

42%

?

 

Elections will be nine months from now in next November.

 

(image – huffingtonpost.com)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 20:37

SHIT

Quinta-feira, 13.02.14

“O Homem sempre teve um sonho – Voar.

Este Governo também teve um sonho – mas optou pela Merda”.

 

A Merdificação Intelectual em que nos mergulharam estes Vendedores de Merda

 

O melhor retrato dos nossos quatro tipos de governantes

(descubra-os)

Entrevista:

 

  • Sabe, isto é muito difícil para mim, porque se eu fosse ministro da Justiça era mais fácil, agora isto é uma coisa que eu não conheço.
  • Aqui são as pessoas que vêm falar comigo, que me dizem o que tenho de fazer. Portanto, estou um bocadinho com os pés no ar. Mas, ao mesmo tempo, é muito bom, porque não percebendo nada disto tenho mais capacidade para fazer reformas.

Resultado:

 

  • Contratado e ainda no activo.

Direito de Resposta:

 

  • Não é meu assessor, amigo pessoal ou confidente.

(imagem – Web)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 15:58

Crime em Paralelo com Contraponto Concorrencial

Quarta-feira, 12.02.14

Ficheiros Secretos – Albufeira XXI

(Outros Mundos – T versus ET)

 

(Saldo Actual: 10)

“Desde que fomos globalizados deixamos de ser e existir, apenas porque oferecemos a nossa liberdade em troca duma pretensa e graciosa segurança. Só que não percebemos tratar-se da liberdade dos outros. E se no que toca à segurança ainda a poderemos dispensar sujeitando-nos nem que seja à lei da selva e do mais forte, sem liberdade não vamos a lado nenhum: e parados e sem movimento só os animais doentes ou mortos”.

 

 

(Em Espera)

Estava eu ligado à rede a actualizar alguns dos meus dados contabilísticos e a verificar algumas notas de encomendas ainda em processamento – aguardava a chegada duma encomenda importante – quando no monitor apareceu um aviso de chegada de uma nova mensagem. Não vinha com identificação visível nem com título atribuído. Mas ao abri-la descobri logo a sua origem: só poderia significar que fora dada a autorização e que lhe comunicavam agora o menu pormenorizado da operação. Sem perder tempo foi buscar o descodificador, enquanto aproveitava para confirmar que a Maria continuava a dormir profundamente: convencera-a a tomar uns analgésicos para ver se melhorava das dores que ultimamente lhe afectavam as costas e até a ajudara um pouco mais, introduzindo-lhe uns calmantes no tratamento para ver se descansava mais um dia e se esquecia de vez a cabeleireira. Dormia profundamente. Com o aparelho traduziu a mensagem: o crime seria praticado num prazo limite de noventa minutos, numa habitação situada na periferia da cidade e estando o alvo devidamente identificado e localizado. O encontro com o executor – que acompanharia nesta missão – far-se-ia no local habitual, partindo ambos e de imediato para a concretização da mesma, finda a qual o executor se desligaria do processo: que como eu sabia terminava muitas das vezes no seu desaparecimento.

 

Vou para os lados do parque de campismo levar uma pessoa. Volto já”.

Tinha registado a cena na câmara do meu telemóvel, até para a Maria poder confirmar que era verdade: desde ontem que estava à espera de uma oportunidade para ir ao cabeleireiro.

 

Cheguei e o tipo já entrou. Deve faltar pouco. Fica mesmo ao lado do parque”.

Enquanto esperava filmei a paisagem, apanhando ainda o indivíduo a sair e a dirigir-se para mim: pelo visor pude ver que vinha apressado e com muitas partes da sua roupa manchadas de vermelho. Na mão trazia um revólver e uma catana. Pousei a câmara e aguardei.

 

Desculpa mas tenho que fazer um pequeno desvio. São só mais uns minutos. Ele esqueceu-se duma coisa”.

Um pouco nervoso o indivíduo pediu desculpa pelo seu aspecto, referindo-se ter virado com a pressa a bacia onde se encontrava o sangue para a cabidela, acabando por ser atingido: a catana e a pistola também tinham sido atingidas pelo sangue da cabidela e quem não ia ficar contente dentro de momentos, era o dono a quem as ia entregar. Olhou para mim e encolheu os ombros. Arrancamos então para o interior.

 

O tipo disse agora que eram só cinco minutos. Isto tudo é um bocado esquisito. Mas como já vi tanta coisa, o que quero mesmo é ir-me embora. Um pouco mais de paciência”.

Estava agora em pleno campo, junto duma moradia térrea e já com alguns largos anos de idade, plantada numa das extremidades dum terreno com cerca de dois hectares, aparentemente abandonado mas limpo e bem arranjado. De um dos lados da casa destacava-se uma pequena construção que talvez fosse uma garagem. Nesse momento o indivíduo saiu de casa fez-me sinal e dirigiu-se para a garagem. Entrou e fechou a porta atrás de si.

 

 

Não sei bem onde estou. Não se vê ninguém e o tipo nunca mais sai da garagem. Já passou um quarto de hora e nada. Só ouvi uns pequenos estrondos e umas aves a levantar voo. Devem ser caçadores que adormeceram...E daqui a pouco quem adormece sou eu. O tipo é mesmo estranho”.

O indivíduo saiu de lá como um homem novo. De início nem o reconheci só o fazendo quando ele se aproximou do carro e se me dirigiu: pediu-me para guardar na viatura um saco de viagem que trazia consigo, enquanto ia no instante até casa buscar algo regressando de imediato. Sorriu-se então para mim, enquanto mostrava como agora já se encontrava muito mais apresentável. Virou-se e enquanto ele seguia em passo acelerado para a porta de entrada, vi o estranho objecto suspenso e preso à sua cintura: tinha uma forma alongada estreitando-se numa das suas extremidades, apresentando-se com um aspecto que sugeria um material carregado doutros materiais de menores dimensões incrustados ao longo de toda a superfície, o que o transformava num objecto extremamente belo e estilizado e simultaneamente não deixando de sugerir um artefacto dum qualquer filme de ficção científica. Devia estar a ficar apanhado da cabeça: toda aquela situação o apanhara desprevenido e se pensasse mais claramente, poderia ter muitas interpretações. E se verdadeiramente estivesse num filme, o enredo poderia ser outro, que não o seu. Interrompeu os seus pensamentos, quando a porta da casa se abriu.

 

Acho que é agora que estou de regresso. O tipo já fechou tudo e só está a verificar os quadros de entrada. Até já”.

O indivíduo entrou no carro, sentou-se e fechou a porta do seu lado e enquanto reiniciávamos a viagem, olhou para mim e falou. Ainda hesitou uns segundos, mas logo verbalizou as suas actuais inquietações:

“Era um simples mensageiro com algumas funções operativas – atribuídas temporariamente em casos de extrema necessidade – e estava ali no cumprimento duma simples formalidade processual, mas técnica e inadiável”. Aí fiquei um pouco baralhado e comecei a pensar se o indivíduo seria mentalmente equilibrado. “A sociedade para a qual trabalhava não dispunha de qualquer tipo de identificação institucional, nem aqui nem noutro lugar do mundo: tratava-se duma sociedade secreta estabelecida entre entidades internas e externas e o seu objectivo final era a salvaguarda da estabilidade mundial, ambiental, social e económica. A sua história mergulhava profundamente no passado e nas lendas envolvendo Deuses, Alienígenas e outras Entidades Revolucionárias”. Entrei de novo na estrada principal, estava o indivíduo na parte da conversa em que se referia aos extraterrestres: mas o que haveria eu de fazer com um tipo como este e como é que me tinham arranjado esta encomenda? A minha vontade era arrancar logo para casa e deixar o tipo onde quisesse o mais rapidamente possível. Ainda se arriscava mais uma vez a faltar a promessa feita à Maria. Um pouco à frente o indivíduo retomou a conversa. “Esperava que eu compreende-se a sua situação e poderia estar sossegado porque não fizera nada de errado. Dizia-me isso porque me sentia um pouco nervoso, visível no meu rosto suado e nalguma irritação corporal que entretanto ia demonstrando: poderia ter a certeza que não era nenhum demónio ou outro monstro malévolo do outro mundo, disse-me ele sorrindo enquanto me tocava no ombro. A sua mão estava extremamente quente e enquanto o olhava tentando acalmar-me, vi de novo o artefacto preso à sua cintura, mas agora brilhando intensamente em determinadas incrustações. Aí – e sem saber porquê nem tendo consciência disso – o meu corpo começou a tremer, com uns arrepios crescentes a atravessarem-me toda a coluna vertebral e a saírem sob a forma de tremores por todas as extremidades do meu corpo: o que o indivíduo sentiu e pareceu-o deixar alerta. Pediu para parar num café ao lado da estrada e dirigiu-se ao seu interior.

 

 

Já nem sei no que me meti. Pede ao José para ir ter comigo ao cruzamento da bomba de gasolina do tio dele. Passo por lá e fico à espera. Não sei se vou estar aí a tempo de te levar. O tipo já aí vem. Estou feito”.

Vinha acompanhado por mais dois indivíduos bem vestidos e com uma excelente apresentação, sendo o duo constituído por um homem e uma mulher, ele visivelmente mais velho do que ela. Enquanto o meu passageiro se dirigia para o local onde eu me encontrava, o casal desviou-se um pouco mais para a sua direita e encaminhou-se para um grande monovolume de vidros fumados para onde entraram pela porta lateral. Deixaram-na entreaberta. E enquanto via o meu passageiro a aproximar-se da porta direita do carro, ouvi um som vindo da porta da esquerda situada atrás de mim e a partir daí perdi os sentidos: pelo menos não me lembro de nada, dos momentos antes de despertar. Estava agora sentado sozinho no interior da minha viatura com o José já ao meu lado e a abanar-me fortemente tentando acordar-me. Não havia sinal do meu passageiro, nem do monovolume e do casal que nele entrara. Poderia estar a viver um sonho.

 

Vou arrancar. O José já se foi embora e acha que eu estou louco e que deveria ir mas é dormir. Nem sabes o que me aconteceu. Depois conto-te. Até já – mesmo”.

Na sua última etapa da viagem de regresso a casa uma das primeiras coisas que viu a passar ao seu lado na estrada, dirigindo-se em sentido contrário ao que agora seguia, foi uma carrinha de apoio da GNR. Mais à frente e no outro sentido do trânsito, uma patrulha da mesma força fazia o que parecia ser uma operação de controlo de viaturas e das suas respectivas cargas. Já perto da rotunda a circulação de trânsito encontrava-se parcialmente bloqueada, com várias carrinhas das forças policiais, dos bombeiros e do INEM, aglomerados numa das suas saídas – logo por coincidência aquela que percorrera momentos antes perto do parque de campismo na companhia do indivíduo misterioso. No pára e arranca vivido pelos condutores nestas ocasiões, acabou por saber por intermédio dum popular que ali permanecia desde o início, que as autoridades tinham encontrado numa casa situada bem no fundo do caminho, o corpo já cadáver de um indivíduo de meia-idade, atingido com dois tiros no coração e decapitado. Nessa altura estremeci e paralisei, bloqueando-me mentalmente com um violento ataque conjunto, de medo e de suores frios; e devo ter ficado branco que nem a cor da cal, pois logo o homem me tentou acalmar afirmando que a polícia já estaria na pista dos culpados e oferecendo-me até uma garrafa de água. Tinha que enviar já uma mensagem à Maria, pois certamente que este caso acabaria por chegar à sua origem e no seu caminho ele seria um dos principais atingidos. Parou na berma e enquanto olhava o cenário próprio dum thriller policial, enviou a mensagem.

 

Estou perto da rotunda parado. Houve um crime por estes lados e isto está cheio de polícias. Acho que estou metido numa grande alhada e o melhor é ir ter com eles. O tipo que transportei se calhar está implicado e vê lá tu, fui eu que o trouxe. Chegou um guarda: vou aproveitar. Ligo já”.

Ao princípio o guarda ainda ficou a olhar para mim, ocupado como estava a tentar desobstruir a via de trânsito: olhou para mim, voltou a olhar para o trânsito e ainda um pouco desconfiado lá me levou até ao comandante. Custou um pouco a chegar junto dele, mas feitas as apresentações e indicado o motivo da minha presença, não mais me largou: olhando atentamente para o meu carro confirmara em poucos segundos o modelo de automóvel e o formato dos seus pneus, muito semelhantes àqueles que uma viatura similar faria num caminho de terra como aquele onde se encontravam e que ia dar à casa da vítima – e que neste caso eram nalguns sectores ainda bem visíveis e de fácil comparação. Levou-me até ao carro de apoio da GNR – que ali estava instalado como um gabinete de crise – e no seu interior dei o meu testemunho, o qual ele ouviu atentamente e sem nunca me interromper. Sensivelmente a meio do meu relato fomos interrompidos por um oficial que pedindo desculpa se dirigiu ao seu superior e lhe segredou algo ao ouvido. Muito interessado com o que lhe era relatado o comandante virou-se para mim e pediu uns minutos de escusa, aos quais eu acedi aproveitando para ligar à Maria. Como não atendeu não tive remédio senão enviar-lhe nova mensagem e esperar que ela desse sinais de vida: não via como é que tão cedo me iria safar disto, nem como iria identificar os seus verdadeiros suspeitos, já que nunca os vira antes, nem os seus nomes sabia. Que desastre! E ao meter a sua mão no casaco encontrou uma bolsa.

 

 

Espero que acreditem em mim. Estive a pensar nisto tudo e no fundo até tenho as mensagens que te enviei e as imagens que registei, que poderão em último caso servir para a minha defesa. Mas o que tenho eu a ver com isto? Estava no café descansado a apanhar Sol e logo me tinha que aparecer este tipo. E os tipos do café ainda me convenceram: que burro! Acho que o melhor é esperares em casa. Não sei quando termina. A vida tem cada coisa que até parece bruxedo”.

O comandante regressou pensativo e com uma cara um pouco esquisita – parecia intrigado com qualquer coisa, provavelmente muito pouco habitual para ele: mas mal me viu pareceu abstrair-se desse facto, pedindo-me educadamente para continuar. Assim fiz e interrompido aqui e ali por um ou outro curto comentário, vinte minutos depois tinha acabado. Permanecemos uns segundos em silêncio, com ele ainda a digerir a última parte do meu relato em que perdia sem saber como ou porquê os sentidos, afirmando o comandante entre duas risadas dirigidas mas cordiais, que se fosse o caso tal não seria um grande álibi. Para mim claro. Mas a partir daí falou ele pedindo ao restante pessoal que o acompanhava na missão para ficar comigo sozinho no interior do veículo de apoio. O que ele disse deixou-me surpreso, assustado e receoso. Pedi-lhe para ir beber um copo de água, liguei sem o fazer notar o gravador do telemóvel e voltei a sentar-me. Estava pronto para o que aí vinha e que poderia ditar o meu futuro: a gravação tinha-se iniciado, acompanhada em simultâneo pela mensagem prévia de aviso (para o destinatário).

 

Gravação automática: aviso de início/procedimentos habituais/nível5

Tinha ocorrido um acidente extremamente grave na Via Rápida que atravessava longitudinalmente toda a região onde se encontravam, tendo-se verificado a queda em plena via de um dos pórticos nela instalada perto dum nó rodoviário muito importante e movimentado, o qual provocara um violento choque de viaturas em cadeia, causando vários feridos e pelo menos três mortos já confirmados: precisamente os ocupantes de um monovolume, em tudo idêntico ao descrito no meu relato. O registo de passagem confirmava a entrada da viatura num nó situado nas proximidades do local onde eu afirmava ter perdido os sentidos, com o próprio GPS da viatura a confirmá-lo e aos registos quilométricos e temporais. Não tinham encontrado até agora nenhum indício da presença de armas junto dos três indivíduos calcinados – dois homens e uma mulher mas dadas as altas temperaturas atingidas durante a explosão e no decorrer do incêndio que se seguiu, certamente pouco mais poderiam aí encontrar. Sorridente e aparentemente satisfeito, ainda teve tempo para acrescentar que alguns populares presentes no local aquando do acidente, teriam afirmado que tudo teria sido provocado por um raio que teria subitamente atravessado o céu de uma ponta à outra do horizonte, o qual por sua vez teria provocado várias descargas sobre a zona onde estariam a passar, indo uma delas atingir a Via Rápida e levando à queda do dito pórtico. Acrescentavam ainda – mas duma forma receosa e incrédula, face à sua impossibilidade física – que não reconheciam um dos automóveis que se encontrava no meio dos destroços junto do monovolume, dado nunca o terem avistado no início do choque em cadeia, nem em qualquer momento subsequente. Se lá estivesse, com ele iriam todos ao teste do balão! Mandou-me então embora e que estivesse descansado: só teria que comparecer o mais breve possível no posto da guarda, para assinar o relatório da ocorrência e me livrar de tudo isto. Segundo ele eu tinha tido uma sorte tremenda em ainda ali estar, já que ainda me encontrava vivo e bem de saúde: na maioria destes casos os primeiros elementos nunca se safavam. Não sabendo porquê engoli em seco e fui-me então despedir dele. Cumprimentamo-nos, desejamos o melhor dos melhores para cada um e separamo-nos com mais um aperto de mão. Já com a porta de saída entreaberta, chamou-me e acrescentou: já agora pedia-lhe por amizade e solidariedade que deixasse ficar comigo o seu telemóvel e encarasse tudo isto e para si como se nunca tivesse existido...pela minha parte não tenho memória do que não me interessa e pretendo apenas manter os equilíbrios...como as armas utilizadas em crimes, que posteriormente têm que ser destruídas. Fiquei parado até digerir completamente a sua mensagem: então ele virou-me as costas e foi-se sentar. Eu saí e finalmente fui para casa.

 

 

Safei-me. Nem acredito – na verdadeira acepção da palavra. Só tenho que festejar. Estou já aí”.

O tempo tem estado melhor nos últimos dias após o temporal que atravessou a região na semana anterior: já podemos sair de casa e ir dar uma volta até ao café. Assim é bom estar, aproveitar e viver.

 

(Em Espera)

Partindo do princípio de que era humanamente impossível estar do lado de outras espécies alienígenas (por estrangeiras) ainda por cima vindas de outros planetas (muito distantes), acho que a minha posição definitiva sobre “que lado tomar”, tinha sido a mais lógica e compreensível decisão: nunca poderia trair a minha espécie, mas por outro lado poderia utilizar o argumento dos outros, em meu exclusivo benefício. E foi o que fiz:

Precisava dum elemento de que me pudesse descartar rapidamente após a conclusão do trabalho a que me tinha proposto, mas que ao mesmo tempo conseguisse criar o ambiente e as condições necessárias para a construção dum cenário realista e acima de tudo credível, que facilitasse a sua eliminação e subsequente acusação. E lá encontrara Ivan e os seus dois primos, mercenários de qualquer tipo de guerra por qualquer quantia de dinheiro e agora caídos em desgraça e transformados em traidores fugidos das suas próprias terras em guerra, por eles mesmos promovida e transformada em negócio, aqui desempregados, abandonados e no momento sem grandes fundos: foi fácil comprá-los com um pequeno adiantamento e a promessa dum grande golpe a realizar muito em breve. E a ocasião surgiu três dias depois, dando-me o tempo suficiente para já ter tudo preparado e arrancar de imediato e em paralelo com o meu plano. Com o telemóvel na mão dirigi-me para o café;

Quanto à missão correu tudo como previamente planeado com a colaboração daquele que poderia vir a ser o meu grande álibi o telemóvel, da graciosa sonolência da testemunha adormecida em minha casa a Maria e até dos três estrangeiros que comigo colaboraram, assumindo em seu nome toda a culpa do odioso crime ocorrido e morrendo juntamente com o seu próprio testemunho. O alvo fora abatido conforme o superiormente solicitado e simultaneamente fizera talvez o golpe da minha vida: há tempos que as riquezas do indivíduo eram comentadas por todo o lado em voz baixa mas interessada, mas nunca ninguém as tinha visto ou encontrado, até ao dia em que por mero acidente e numa pesquisa que depois me levaria a esta acção, o vi com um conjunto de artefactos extremamente brilhantes e contrastantes e que o deixava visivelmente deliciado com a sua extrema beleza e forte impacto mental, como se estivesse perante outras realidades ou outros mundos. Tinha que possuir aquilo. E consegui-o na execução dum plano perfeito. Só mesmo a interpelação tardia do comandante policial me perturbara: naquele momento e por qualquer razão ele não actuara e pactuara, o que significava que eu estaria a partir de agora muito mais atento aos seus movimentos, pois nestes assuntos seriamos sempre cobradores se não quiséssemos passar por mortos. Então o telemóvel tocou: na mensagem a Maria pedia-me para ir já ter com ela ao cabeleireiro, pois já estava despachada.

 

Já estou no carro: é só ligar e arrancar e estou aí enquanto o diabo esfrega o olho”.

Do outro lado da cidade ouviu-se uma violenta explosão, levando o Comandante a olhar sorridente para a sua bem apresentada e penteada acompanhante, que lhe retribuiu alegre e superiormente a atenção com um enorme beijo sobre a face direita. Apontou em direcção à coluna de fumo que se erguia ao fundo da avenida, deixou-a à porta de casa e ainda teve tempo para se justificar: “afinal de contas tenho que ir tomar conta da ocorrência e desde já aceita os meus pêsames”.

 

(imagens – Web)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 12:03

Terra – Marte – Reflexo

Terça-feira, 11.02.14

“Tem que existir um elo de ligação evolucionário entre o planeta Terra e o seu vizinho o planeta Marte” – as semelhanças entre eles são demasiado evidentes para persistirmos na sua ignorância: por vezes é como se nos estivéssemos a olhar ao espelho – como negar que o que vemos é a nossa imagem”?

 

Relevo de Marte

 

Esta imagem colorida associada ao relevo de Marte – com o verde e o amarelo indicando pontos à sua superfície e o azul e o roxo depressões mais ou menos profundas – leva-nos de imediato a duas conclusões lógicas e evidentes: a superfície do planeta Marte apresenta um número bastante elevado de crateras bem visíveis e profundas, provocadas pelo impacto de meteoritos e asteróides que o tem atingido desde há milhões de anos; por outro lado também são bastante sugestivas as imagens em torno dessas mesmas crateras, levando-nos a associá-las às imagens terrestres do Grand-Canyon vistas a partir do espaço, com os seus extensos e intrincados desfiladeiros a serem percorridos por contínuos lençóis de água e desse modo sugerindo se não mesmo confirmando que Marte – tal como a Terra ainda o é – já foi um dia um planeta que esteve parcialmente coberto desse líquido poderoso e forte referência de vida, formando talvez grandes rios, lagos e oceanos. Pelo menos tudo parece confirmar a existência de água nos pólos sob a forma de gelo e mesmo “dispersa” por todo o solo marciano: já viram como ficam as rodas do rover aquando dos seus passeios científicos pela superfície poeirenta de Marte? Tal como na Terra em dias de maior humidade o solo agarra-se parcialmente às rodas e lá fica colado, fenómeno causado pelo efeito de ligação da terra com a água, acabando por formar uma espécie de temporária (pelo menos enquanto não perder a humidade).

 

(imagem – ESA)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 12:53

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Segunda-feira, 10.02.14

Ficheiros Secretos – Albufeira XXI

(Paraísos Artificiais)

 

“O gosto frenético do homem por todas as substâncias, sãs ou perigosas, que exaltem a sua personalidade, testemunha a sua grandeza. Ela aspira sempre a reavivar a sua esperança e a elevar-se ao infinito”. (Charles Baudelaire)

 

 

Esta curta história passou-se no ano 3.460 da Era dos Déspotas, após o tremendo evento apocalíptico que foi o Grande Estouro: o mundo fora então completamente arrasado pela super poderosa e omnipotente Máquina Preservativa, que invertendo a cadeia hierárquica de comando a que estava sujeita e o objectivo supremo para que tinha sido construída, tomou o poder (chamando a si o comando das restantes máquinas) e destruiu os humanos (como personificação do seu criador). Mais de três milénios passados sob o Evento que dizimara toda uma espécie capaz de pensar e de dominar, os humanos que agora habitavam o planeta Terra eram réplicas preservadas pelas Máquinas para posterior reintrodução e repovoamento: eliminados todos os vestígios visíveis da raça anterior – com todos seus nefastos e contraproducentes defeitos físicos e psíquicos, que tanto prejudicavam o são e equilibrado desenvolvimento do planeta – e todos os outros factores negativos a ela associado e que tanta destruição tinham provocado no habitat deste planeta quase que liquidando a Mãe-Natureza, o Novo Mundo tornara-se perfeito, enorme e acolhendo todos de braços abertos. Fora oferecido a este planeta uma nova hipótese de concretização absoluta, destacando-se esta oferta como graciosa, sem limites e oferecendo desde logo o Paraíso. O que poderia exigir mais uma simples e ingénua criatura, de um Ser tão Divino e Magnânimo como este? Aqui a Máquina Preservativa provava mais uma vez a sua superioridade em relação aos seus extintos criadores os humanos e simultaneamente demonstrava a todos os outros seus interlocutores – para ela subhomens e submáquinas – como sem a utilização de outros interesses colaterais de crueldade e de vingança tão típicos do ADN da raça anterior, ainda oferecia condições de vida superiores e dispondo de perspectivas infinitas e seguras a estas novas e felizes criações. A liberdade era condicionada mas em contraponto a segurança era absoluta: vivendo em verdadeiras fortalezas tornadas em paraísos maravilhosos de Natureza, puro prazer e partilha integrada, o aspecto do mundo lá fora desta muralha pouco importava. Era tudo opaco não se via, apenas o reflexo infinito dum mundo exposto e pronto a ser utilizado.

 

Acontece no entanto e como em muitas histórias perfeitas que o processo de terraplanagem e remontagem do planeta também apresentara defeitos. Como assim os estrangeiros não eram Deuses mesmo que erradamente o pensassem ou se quisessem convencer disso: lá pelas outras espécies como os terrestres serem por eles considerados dum nível intelectual e tecnológico muito inferior, isso não impedia os primitivos de pensarem e de agirem e de num relâmpago de génio e imaginação os poderem suplantar. E se não foi isso o que de início aconteceu face à avalanche destruidora que varria toda a superfície do planeta, estabelecida agora e de novo a calma e o equilíbrio entre áreas – livres no exterior e ocupadas no interior – e reorganizadas as forças escondidas nas profundezas protectoras do ventre da Terra, algo se começava a alterar, renascendo no Homem a esperança do novo retorno às origens. A resistência começava assim a tornar-se num fenómeno pioneiro de luta e de contestação, mas ainda muito limitada às pobres e abandonadas zonas exteriores ainda não industrializadas ou massificadas: no entanto era possível que as máquinas e as réplicas dessem mais cedo ou mais tarde pela sua presença e aí estariam definitivamente em perigo. A iniciativa tinha que partir do lado deles, sem espera e sem preparação e o mais repentina e intrusiva possível: teriam que fazer implodir o Sistema já que um ataque directo do exterior era impossível. Faziam agora 3.500 anos sobre a chegada dos Déspotas.

 

 

O artefacto já se encontrava no esconderijo subterrâneo, quando o grupo de três elementos se introduziu no interior da pequena gruta de acesso: escondida entre duas pedras mais salientes a entrada era imperceptível mesmo estando perto dela, disfarçada como estava por uma outra pedra alongada que cobria como uma porta e quase na totalidade, a desconhecida abertura. Numa grande mesa quadrada estava a Bomba Negra. O grupo teria de arranjar maneira de entrar na zona interior e alcançado esse objectivo a única coisa a fazer seria despoletar o mecanismo da bomba: simples e efectivo. O mecanismo associado faria o resto. Seria como se fizéssemos propositadamente um risco num delicado e sensível disco de vinil com a única intenção de suspendermos temporariamente o normal decurso do tempo; e fazendo saltar a agulha que acompanhava a máquina giratória que a suportava e lhe dava vida, acedêssemos a um trajecto já percorrido antes apenas para o retomar e alterar, mas sem modificar o trajecto até chegarmos ao destino – o ponto de suspensão. Reorganizado o conteúdo anterior da imagem da realidade original, poderia ser de novo retomada a projecção, introduzindo agora movimento no cenário e troca de matéria e de energia entre os personagens.

 

Deu-se a explosão e o mundo desapareceu: e como que vindos do nada, viram-se de novo no mesmo local. Estavam agora em pleno período avançado da Era dos Primitivos, 40 anos antes do Grande Estouro: os humanos viviam um período áureo da sua história com um novo boom de desenvolvimento científico e tecnológico, preparando-se mesmo para instalar as primeiras bases modulares na Lua, em Marte e no satélite de Júpiter Europa. Por essa altura a Máquina Preservativa ainda era um protótipo inacabado e sem o seu primeiro ensaio ainda sequer marcado. No entanto a implantação do software na nova organização central de arquivo e processamento do organigrama de pensamento adaptado da máquina corria duma forma tão acelerada e auspiciosa, que os técnicos andavam ansiosos pela sua conclusão e ensaio, acelerando todo o processo. Este facto poderia levar por contágio à continuação da construção do protótipo e ao seu ensaio mais cedo do que previsto. Na curva do tempo onde se encontravam já deviam ter entrado em cena aqueles que mais tarde seriam conhecidos com Os Déspotas, um povo vindo de uma galáxia nunca identificada mas situada nos confins mais distantes de uma das galáxias mais velhas do Universo e que introduzindo-se abusivamente num sistema de vida organizada e desenvolvida a desprezara, primeiro aliando-se secretamente a sectores restritos e oposicionistas do sistema, introduzindo-se de seguida em sectores chaves da sua estrutura e controlando a partir daí directa e indirectamente todo o sistema de suporte e apoio baseado nas máquinas. Escondendo-se então atrás da Máquina Preservativa, passariam impunes, ninguém os associaria com ela e no final ainda apresentariam o seu Paraíso. Tinham que encontrá-los o mais rapidamente possível e decapitar a sua cabeça.

 

 

Os alienígenas tinham cegado no início da década de setenta – os primeiros relatos de contactos reportavam-se ao ano de 1974 terrestre – dispondo dum período máximo de adaptação, introdução e aplicação do seu processo de transformação de um clico – um parâmetro de tempo equivalente a quatro décadas. Numa primeira fase mais demorada e cautelosa da sua intervenção, os seus enviados e aliados locais tentariam adaptar-se e progressivamente introduzir-se na estrutura representativa da sociedade e a partir daí espalhar-se e infiltrar-se profundamente nos principais níveis dirigentes de todas as outras organizações subsidiárias, públicas ou privadas: contariam como seu trunfo principal com o apoio de estruturas políticas e militares poderosas mas trabalhando na sombra dos seus próprios líderes contra o poder por eles exercido e que os grandes conglomerados consideravam de utilidade nula e contraproducente, pois poderes vindos do exterior do circuito comercial só prejudicavam as trocas e os respectivos níveis de lucro. Na segunda fase introduziriam desde logo e à experiência um número indeterminado de protótipos humanóides, muito semelhantes aos que seriam introduzidos após o Grande Estouro, mas ainda com uma consciência e capacidade de actuação deliberadamente limitada – mais como uma biomáquina comandada à distância do que como um humano com iniciativas próprias e independentes. Ocupados todos os postos de comando desta civilização, entrava-se no período final de aplicação, em que seria necessário proceder-se à selecção dum grupo de cérebros locais com vastos conhecimentos técnico-científicos e credibilidade moral, dispostos a apoiá-los – sem terem acesso às suas reais intenções – no aperfeiçoamento dum novo ser vivo idêntico ao humano, mas sem nenhum dos seus defeitos ou imprevistas ocorrências de outras anomalias significativas: teriam que ser verdadeiros especialistas em tecnologia computacional, tanto ao nível soft como hard de aplicação. E nesse aspecto os alienígenas tinham chegado num bom momento de inovação e de desenvolvimento da espécie humana – o último Grande Salto pré-evento apocalíptico – com os primeiros sinais da presença de dois jovens brilhantes que mais tarde adeririam sem o saberem ao projecto: Sboj no campo do hardware e Setag na parte do software seriam os dois génios responsáveis pelo acabamento da Super Máquina que dominaria o planeta e que posteriormente daria origem ao homem perfeito. Seriam devidamente recompensados e protegidos: Sboj morreria ainda antes do Dia de Aplicação ou Ano Zero, enquanto Setag reformar-se-ia estrategicamente desaparecendo de seguida do olhar público.

 

O plano resumia-se a uma acção concertada de antecipação e de substituição da dupla de jovens brilhantes Sboj/Setag, a qual teria um papel decisivo na intervenção bem sucedida dos estrangeiros e que levaria no final e se nada fosse feito em contrário, à obliteração da sociedade tal como sempre a conhecêramos: e que o futuro de onde vinham confirmava sem qualquer tipo de dúvida. Às nove horas da manhã dirigiram-se à recepção da OWN (Other World's News) com sede no 70.ºandar da Torre 2 do WTC e localizado na Ilha de Manhattan: das suas janelas avistavam o rio Hudson, que tranquilamente atravessava toda a imensa e colorida zona de Nova Iorque edificada sobre a sua foz, enquanto que comparando-se a um dos seus progenitores, protegia como se fosse um filho único, a ilha-berço da comunidade. As audiências estariam atrasadas porque decorreria uma importante reunião de chefias e seus coordenadores de direcção, num sítio reservado e exclusivo no andar superior, onde constava que poderiam estar também os representantes máximos da Trilateral. Como eles sabiam a mera menção da presença destes representantes numa determinada reunião de nível máximo, só poderia significar a efectividade da sua presença, o que equivalia a dizer que aí estariam (ao vivo) os três representantes máximos alienígenas. Abandonaram o local e dirigiram-se de novo até à zona do elevador: dois seguiram pelas escadas de serviço e o terceiro elemento entrou no elevador.

 

 

Ainda a porta do elevador não se tinha aberto completamente e já uma bomba deflectora era lançada para o largo hall de entrada que antecedia a sala onde decorria a reunião, projectando todas as pessoas aí presentes contra a parede que as separava da sala e deixando-as prostradas e inconscientes um pouco por todo o lado. Enquanto isso os outros dois elementos vindos da escada dirigiram-se rapidamente para a porta da sala onde decorria a reunião, abrindo-a completamente: uma rajada de metralhadora dirigida para a esquerda abateu logo os três alienígenas aí presentes, enquanto outra dirigida para a direita fez o mesmo com as poderosas chefias indígenas aí delegadas e representando os interesses das Corporações Oposicionistas. Pegaram então nos ainda jovens Sboj e Setag e iniciaram a sua fuga. Atrás de si deixaram o sinal de alarme a tocar duma forma estridente, enquanto os sistemas de segurança começavam a acelerar o seu procedimento de actuação: foi só o tempo de entrarem os cinco num dos elevadores de serviço, accionarem o botão para baixo e decorridos nem vinte andares desaparecerem no ar, enquanto a luz era desligada e as máquinas dos elevadores paravam. Mais tarde apareceriam de novo como Jobs e Gates, já que dois génios deste calibre e dotados de capacidades extras devido a estas experiências profundas e marcantes (mesmo que inconscientes), nunca poderiam ser ignorados ou dispensados sem graves consequências futuras.

 

Reverteram a explosão e viram-se de novo no local da zona interior onde tinham feito despoletar anteriormente o mecanismo da bomba Negra. À sua chega a imagem que obtinham do cenário envolvente pareceu mais uma vez estar paralisada, entrando em movimento logo de imediato e quase não lhes deixando ficar memória do sucedido: mas algo estava errado. O mundo perdera a sua separação artificial entre a zona interna e a zona externa, apresentando no entanto a mesma aparência que nos poderia transmitir qualquer natureza morta, árida e desértica: uma visão que se estendia até à linha do horizonte, não tão horizontal como aquela donde tinham partido, mas aparentando mais queimada e sem vida. Ao fundo uma única concentração destoava da generalidade da paisagem: a Cidade das Três Coroas erguia-se lá ao longe sobre a planície, contrastando fortemente as luzes que esta emitia, com as escuras vertentes que atrás dela se erguiam. Para lá delas estariam as outras duas cidades sobreviventes Sboj City e Setag City. Segundo a história destas cidades já com 3.500 anos de idade, o nome delas basear-se-iam em factos históricos relacionados com o início da III Guerra Mundial, a qual teria devastado quase por completo o planeta Terra e posto a espécie humana muito perto da extinção: Sboj e Setag seriam o nome de código de dois jovens cientistas hoje considerados neste mundo em refundação como lendas e heróis de todos os tempos, os quais teriam contribuído no ultimo momento e graças aos seus esforços e sacrifícios pessoais, para o salvamento dos humanos da extinção final. Afirmavam terem-se inspirado naquilo a que eles se referiam a uma visão, proporcionada pela visita de três entidades superiores que lhes teriam ajudado sem sentirem e sem se mexerem, a espreitar o futuro. E agora o que fazer?

 

(imagens – Web)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 20:56