ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Geração Zombie (1)
Ficheiros Secretos – Albufeira XXI
(Multiversos – Um Futuro Projectado da Terra)
“Contando com a colaboração da Academia de Ciências Norte-Americana e da empresa da área de semicondutores Texas Instruments, os Zombies desse país decidiram ajudar em certas disciplinas científicas os alunos com maior dificuldade de aprendizagem”.
ZM
Bíblia – Mateus 27: versículos 50 a 53
50 Depois de ter bradado novamente em alta voz, Jesus entregou o espírito.
51 Naquele momento, o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo. A terra tremeu, e as rochas se partiram.
52 Os sepulcros se abriram, e os corpos de muitos santos que tinham morrido foram ressuscitados.
53 E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos.
No mesmo dia em que o complexo do WTC – localizado na cidade norte-americana de Nova Iorque – era violentamente atacado por terroristas oriundos maioritariamente da Arábia Saudita e colocados ao comando de aviões de passageiros previamente sequestrados em voos internos, foi extraordinariamente e por motivos imprevistos completamente fora de controlo ou de correcção, libertado o primeiro grupo da 2.ª sequência de humanos. O grupo era constituído por um corpo misto de doze elementos já completamente transformados e adaptados, mas ainda sem qualquer tipo de experiência exterior e de contacto com estranhos ou estruturas desconhecidas: como primeiros protótipos da linha ZM a sua maturação tinha sido mais longa do que agora já era habitual, tendo o processo tido como vantagem uma melhor recalibragem mental – que melhorava duma forma substancial a performance mental do elemento – mas a desvantagem de se prolongar por um período de tempo mais extenso e assim proporcionar um intervalo de inactividade social com falta de contactos directos mais assíduos, provocando como consequência uma certa estranheza no momento do retorno. Mas o momento fora de comum obrigara à convocação imediata do grupo de ZM, com saída obrigatória para o exterior em módulo activo e em nível de segurança máxima, em obediência à ordem vinda directamente do órgão superior de comando a impor saída precisamente dentro de quinze minutos (exactos) e com encontro já em zona livre no local assinalado por P1 passados trinta minutos. Por comunicação do centro de comando a contagem iniciou-se de imediato nos seus respectivos conversores individuais, com a primeira referência antes do local P1 a ocorrer dentro de quinze minutas e a segunda dentro de quarenta e cinco já no local: faltava precisamente um minuto para atingirem o limite dos quarenta e cinco minutos quando um pouco longe dali as duas torres gémeas do WTC eram atingidas pelos aviões pilotados por terroristas árabes, ao mesmo tempo que presos nos pulsos de cada um dos doze elementos do grupo os conversores começavam a emitir uma luz verde intensa e intermitente, autorizando a entrada no Edifício M-12 situado mesmo à frente deles.
Z
Tudo começara com a introdução experimental dum vírus inactivo no corpo de um ser humano. O objectivo seria o de estudar a alteração provocada no metabolismo do ser humano ao ser activado o vírus: se as previsões teóricas se confirmassem poderiam estar a um passo de revolucionar e acelerar o desenvolvimento biológico humano, aumentando significativamente a sua capacidade física e psíquica. O problema foi que as previsões não se confirmaram obtendo-se pelo contrário seres com reduzidas necessidades de energia devido à queda violenta do seu metabolismo, traduzido na prática em seres existindo exclusivamente com o objectivo de obterem energia através da obtenção de alimentos e desse modo poderem continuar em movimento e subviverem. E a limitação das suas necessidades fundamentais levava à contracção cerebral, ao seu esvaziamento progressivo e à sua degenerescência inevitável – o que poderia levar à criação de monstros cegos por acéfalos. O processo tivera que ser refeito já algumas centenas de Z produzidos: durante anos ainda tinham sido sujeitos a alguns testes e ensaios complementares, mas um grave incidente aparentemente sem nenhuma ligação directa com os mesmos numa das bases onde estariam instalados, levara à sua destruição completa e à interrupção das actividades de pesquisa nas restantes bases enquanto decorriam as investigações federais. Só que existira fuga e poderia existir perigo de contágio. E daí surgiram os primeiros relatos sobre visões e contactos com os chamados e cada vez mais aterradores mortos-vivos e histórias cada vez mais frequentes descrevendo as consequências que daí poderiam advir para a raça humana, se tal relação envolvesse a possibilidade de contágio: a sua replicação contínua e indefinida. Mas o antídoto tinha sido descoberto felizmente a tempo concluindo-se sem grandes incidentes a inoculação geral da população, a pretexto duma pretensa mutação do vírus da gripe e da necessidade urgente e obrigatória de vacinação geral. Passado este período um pouco conturbado tudo estabilizou retomando-se de novo o projecto: postos perante os recentes desenvolvimentos e as perspectivas futuras face aos factos cientificamente constatados e confirmados, o conglomerado não hesitou em manter os fundos da organização, prolongando a continuação do financiamento e permitindo o relançamento ainda com maior força e vigor do projecto original. Daí sairiam os ZM, indivíduos perfeitos dispondo dum metabolismo reduzido mas no entanto capaz de manter uma perfeita e agradável aparência humana e num nível superior, mantendo todas as suas capacidades em níveis elevados de equilíbrio e susceptibilidade psíquica, além de apreciável robustez física mesmo que distribuída e concentrada em pontos específicos de aplicação. E a sua fidelidade era absoluta: respeitando as ordens emitidas como se fossem feito por seus iguais. Nem percebiam bem a razão nem a origem do impulso que os possuía – e que para aí os atirava – mas o texto na sua construção e transmissão de mensagem dizia-lhes algo que os tocava profundamente, duma forma pessoal, intransmissível e ancestral. Ligada às origens.
ZV
O 11 de Setembro nunca foi explicado devidamente às massas populares (nem interessava, nem era esse o seu objectivo) porque na altura elas já não interessavam para nada (senão votarem e confirmarem os seus executores), sendo apenas consideradas por caridade e compaixão figurantes secundárias – apesar de esmagadoramente maioritárias – dum guião imaginário num enredo mais vasto e para elas incompreensíveis. Simplificadamente tratou-se dum ajuste de contas entre o Governo da Casa Branca e as grandes e poderosas Corporações norte-americanas organizadas em torno de portentosos conglomerados e suportadas secretamente pela reserva Federal Norte-Americana, base do financiamento e do poder militar oficial e voluntário ou paralelo e mercenário. Entretanto o grupo de doze elementos VM introduzira-se no Edifício M-12: por essa altura as duas torres do WTC continuavam a arder (acabariam por cair em poucos segundos pulverizando-se na sua queda), o Pentágono seria atacado com um míssil e outras vítimas de aviões sequestrados seriam simplesmente riscadas do mapa. Enquanto o Presidente da maior potência mundial era sequestrado e feito refém no seu próprio país tendo como pretexto a defesa da sua integridade e a do símbolo máximo dos EUA, um grupo privado rival do Governo detentor de poder económico absoluto e do domínio sobre a Reserva Federal Norte-Americana (privada) atacava descaradamente as bases principais de sustentação do Estado, de modo a enfraquecê-lo por demonstração activa de todo o seu poder legal e/ou paralelo e chegando com esta demonstração de força decisiva e imparável a sugerir a eliminação dos seus opositores: como terá sido o caso do assassinato do 35.º presidente dos EUA John F. Kennedy. Dirigiram-se então ao elevador que se destacava bem ao centro do amplo hall de entrada do edifício e carregaram de imediato no botão de chamada: vindo das profundezas subterrâneas o elevador subia a boa velocidade ao seu encontro. E cinquenta minutos depois já ocupavam a sua posição no piso L33 aguardando instruções. Vinda do fundo do corredor uma figura aproximava-se lentamente do grupo, coberta por um manto escuro e absorta nos seus pensamentos: e à sua chegada os ZM paralisaram. Parado diante deles – como que absorvido interiormente nas suas reflexões, mas ao mesmo tempo extremamente atento ao ambiente que o rodeava – o ser começava agora a olhá-los fixamente, como se estivesse a perscrutar o interior de cada um deles e a certificar-se das suas vontades e origens. Então a sua face pareceu modificar-se subtilmente, transmitindo a todos uma sensação de paz e de leveza que os libertou definitivamente de todas as suas limitações sociais e morais, aceitando estes a partir daí e duma forma incondicional a presença e a mensagem do intruso: era agora claro para todos os elementos do grupo que estariam em presença duma variação do seu próprio modelo ZM, nitidamente demonstrando um nível superior no aspecto da sua rápida e fácil adaptação bioambiental, sem necessidade de recorrer a grandes recursos energéticos para assegurar a sua própria subsistência e no entanto evidenciando uma solidez de recursos psíquico-físicos, uma infinidade de pontos acima aos máximos alguma vez apresentados (apenas em treinos) por eles. Não o souberam na altura mas acabaram por o saber depois: estavam pela primeira vez na presença dum ZV, o posto mais alto na hierarquia dos Zombies. Uma mistura paralela iniciada alternativamente no início de todo este projecto aquando das primeiras experienciais oficiais realizadas, que teve como facto extraordinário a miscigenação de dois processos com alguns pontos comuns de duas espécies com metabolismos diferenciados, mas possíveis de ser adaptados e associados – um zombie-vampiro. E então quando o ZV falou todos os ZM perceberam porque a voz transmitida pelo conversor tanto lhes tocava a alma, como se fosse a sua: a máquina utilizada para comunicar pelos ainda e apenas humanos, não transmitia propriamente os seus pensamentos pessoais que tanto tocava os ZM e os tornava seus fiéis seguidores, mas sim um chamamento mais profundo vindo de uma outra raça mais antiga, experimentada e superior: os ZV.
Fim da 1.ª parte de 2
(imagens – Web)
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Super SEXO (Duplo)
[“SEXO (como atracção)”, “Bonecas & SEXO”,
“SEXO Hardcore”,
“SEXO Alienígena” e agora “Super SEXO (Duplo)”]
“Elas lançavam gritos lancinantes quando estavam prestes a atingir o orgasmo – mas que no entanto eram inaudíveis para o (ouvido do) homem, pois eram emitidos a frequências imperceptíveis. E quando húmidas só queriam usufruir do momento e serem sucessiva e repetidamente penetradas – profundamente, com dor, até ao fundo: Vai e Vem sem Parar com o Mundo sempre a Rodar”.
Quando o Estrangeiro entrou no apartamento 77 do 10.ºandar do Edifício da Praia – localizado no verdejante e bem cuidado Resort Paraíso do SEXO – já duas belas moças o esperavam no seu interior, preparadas para desde aquele preciso momento satisfazerem plenamente todos os desejos e fetiches do seu cliente e desse modo cumprirem na integra todos os pontos estabelecidos no contrato, recebendo o respectivo pagamento e justo contributo: dez mil euros cada uma por uma noite inteira à descrição.
Uma era loura e a outra morena. Era quase que uma exigência violá-las simultaneamente: nem uma nem a outra merecia ser deixada para trás e enquanto uma era penetrada a outra deveria pelo menos ser lambida e bem chupada. E era a brutal erecção do seu pénis que confirmava tudo o que ele pensava sobre elas, com as duas esbeltas mulheres olhando com um sorriso lascivo e provocante para o membro que se avolumava duma forma imparável dentro das suas calças, latejando cada vez mais violentamente sob a pressão crescente da corrente sanguínea circulando no seu membro enlouquecido. A visão conjunta dos dois pares de seios foi o sinal: despiu-se num segundo e de pau feito dirigiu-se decidido para elas, pondo-se à sua disposição. Chupou logo a morena enquanto que com a mão esquerda passeou-se entre os seios quentes e firmes da loura.
Boy Toy Dolls
A primeira foi a morena e nem precisou de sair do lugar para logo ali o Estrangeiro a despachar: húmida como ela estava a penetração foi total, profunda e realizada à temperatura ideal, com o pénis a deslizar duma forma extraordinária ao longo de toda a vagina e a ir e vir num ritmo cadenciado e cada vez mais intenso, até atingir e fazer explodir todo o interior do órgão sexual. A violência da ejaculação foi de tal forma directa e brutal que conjugada com o orgasmo final da morena e a forte pressão exercida pelas suas pernas firmes e sedosas sobre o seu pénis ainda endurecido e em êxtase final, o Estrangeiro se desequilibrou subitamente caindo desamparado no soalho agarrado à morena e acabando por se vir num soluço final sobre os seios ainda duros e luminosos da mesma. Fez um intervalo, arranjou forma de se acelerar e atirou-se de seguida à loira. Só lhe apetecia chupar aquelas mamas até ao fim e de seguida por trás e agarrando-a firmemente pelos seios recarregar-lhe com força e à base de todos os seus músculos activos e em performance sexual perfeita e absoluta, as baterias. Os ácidos do seu esperma poriam a loira a 100% de carga.
A noite acabou por ser um sucesso completo e futuramente repetível. Carregados de drogas legais e ilegais, cada um deles desempenhara eficazmente o seu papel: o cliente satisfizera os seus desejos e fantasias sexuais pelos quais fora debitado, recebendo como extra a simpatia e total empenho sexual das duas moças oferecidas, enquanto estas tinham definitivamente merecido o pagamento correspondente pelas suas capacidades fantásticas em provocarem e fazerem perdurar indefinidamente o prazer até ao momento exacto a hora marcada para o duplo orgasmo.
O texto anterior é mais um teste à capacidade de atracção das palavras, através do significado e da acção que transportam consigo: neste caso a palavra SEXO (sem querer influenciar o estudo, as PA esperam aumentar as audiências).
(imagens – boytoydolls.com)
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O Agente Bipolar
“Está tudo Bem está tudo Mal, mas viverei eu em Portugal”?
Sem conteúdo e telecomandado à distância por invasores merkelianos
(e com remela a sair-lhe do orifício)
1
Existem muitas estratégias para nos iludirmos e nos convencermos (por mais que nos odiemos), que o caminho que seguimos é o único e inevitável. Só que lá por sermos uns covardes rodeados de outros ainda mais covardes do que nós e que nem sequer têm coragem de olhar para um espelho e afirmarem o que são, o que fizeram e quem iludiram, não temos o direito de usar os outros a nosso belo prazer, como se fossem nossos ou como se nada fossem.
2
Tornou-se viral na internet a imagem do agente estrangeiro infiltrado no nosso território e conhecido pelo código alfabético PMPPC, desde que o mesmo foi apanhado pelas câmaras duma estação de televisão em flagrante e sem o seu conhecimento, a falar em duas direcções diferentes e com discursos diametralmente opostos. Durante a filmagem pôde-se observar com bastante nitidez e definição o referido indivíduo a subdividir-se, bipolarizando por momentos a atenção de todos os jornalista nessa altura aí presentes e paralisando-os por contradição e confusão cerebral generalizada. Mas o facto mais espantoso e aterrador testemunhado por todos aqueles que o viam ou ouviam, sucedeu no preciso momento em que no seu rosto se começou a materializar um determinado objecto parecendo animado de movimento e que ia pulsando como se estivesse vivo enquanto este falava – parecendo fixo sobre a epiderme da face e com uma das suas extremidades inserida no orifício de saída do canal lacrimal.
3
Sem saberem a quem recorrer e após proposta realizada pelos seus filhos de procura e visionamento da gravação do acontecimento dramático e sinistro – e já inserido no You Tube – o povo ficou desde logo emocionalmente horrorizado entrando de imediato num estado de pânico e de correria tresloucada. E foi a um técnico da ASAE que por ali passava no seu dia de folga e a caminho de casa – mas com a sua identificação ao peito – que no meio dos ânimos alterados os populares recorreram, cercando-o em segundos e pedindo-lhe justiça e acção imediata: aquela coisa que eles tinham visto a mexer no monitor de TV não era certamente de origem humana e o povo sabia com todas as experiências e aprendizagens assimiladas ao longo da sua vida – a sabedoria popular – que daquele lado vinha perigo e que o artefacto humanóide ali presente poderia ser a sua perdição e o fim do seu território ancestral.
4
A operação fora marcada para as nove horas da manhã do dia seguinte e realizar-se-ia no único bloco operatório ainda activo (parcialmente) da Maternidade Alfredo da Costa. Sendo oficialmente acusado de ser um agente duplo infiltrado aparentemente ao serviço exclusivo do estado mas colaborando estreitamente e apenas por dinheiro com poderosos interesses privados e simultaneamente comuns, o agente estrangeiro PMPPC invocara em sua defesa e na defesa do cargo que ocupava na administração do território um atestado médico psiquiátrico passado pelo seu médico de família, em que este confirmava a existência de períodos curtos e transitórios de tempo em que o seu cliente se alterava significativamente nas suas atitudes e comportamentos mais comuns, assumindo uma postura confusa e mesmo contraditória própria dum doente em plena crise aguda bipolar – não impedindo no entanto o exercício do seu cargo. No entanto o seu recurso de defesa e de indeferimento deste processo fulgurantemente posto em andamento não fora aceite, com o doente a ser imediatamente conduzido e sem direito a caução para a sala de operações.
5
Foi necessária a presença de alguns auxiliares de limpeza e de alguns seguranças em serviço no hospital, para conseguirem imobilizar o agente PMPPC e administrarem-lhe a anestesia geral pré-operatória: a sua dupla personalidade extravasara mais uma vez os limites naturais do seu corpo físico e como que vibrando no ar o agente ia conseguindo desnortear e confundir aqueles que o tentavam agarrar, deslocando as suas duas personalidades em direcções contrárias, unindo e separando consecutivamente os dois seres siameses interiores. Nem dez minutos depois já sobre a mesa de operações e com a potencial vítima imobilizada – a mortalidade nestes casos ainda era relativamente elevada – o cirurgião ia terminando a sua tarefa habitual de cuidadosamente escolher e preparar as suas ferramentas de trabalho, neste caso de abertura, separação e reconstrução. Existia sempre o risco do corpo rejeitar a separação.
6
Antes de introduzir o bisturi para iniciar o corte e a separação o agente estrangeiro ainda teve um inesperado reflexo certamente inato e instintivo, tentando inconscientemente e por necessidade extrema de sobrevivência reunificar-se e fechar-se em torno dum único corpo psíquico-físico, construindo à sua volta uma muralha real e intransponível para desse modo resistir à intrusão e sua destruição – mas não o conseguindo: bem segura na mão do cirurgião a lâmina enfiou-se profundamente na carne do agente e com a ajuda e dedicação profissional de toda a equipa presente rapidamente as costas do operado estavam abertas com todo o seu interior pulsante, quente e coberto de sangue, todo exposto e à vista de todos. Mas foi ao aspirar preventivamente e do interior da zona operada as primeiras despesas e prejuízos já provocadas pela operação, que o cirurgião reparou na particularidade ali extraordinariamente presente, chamando de imediato a atenção dos seus colegas de equipa: uma mulher anã comandava a partir da cavidade associada ao tórax e abdómen do agente PMPPC todo o corpo exterior que o cobria e lhe dava o seu aspecto geral exterior, dispondo dum comando lateral extra capaz de fazer oscilar as costas do seu operado, abrindo-as e fechando-as como se fosse um acordeão. No crânio não teria nenhum órgão necessário de destacar – comprovava-se assim estarmos perante um ser acéfalo mas pelos vistos bipolar (?!) – não passando este duma mera caixa de ressonância também operada por controlo remoto. Estávamos perante um humanóide com registo, história e passado e no entanto fazendo-se passar por um de nós com memória e antepassados, mas não passando apesar de todas as suas falsas ilusões dum mero instrumento biomecânico e artificial, especialista em manipular mentes condicionando-as e tornando-as obedientes mesmo no dia do seu suicídio. A solução não seria certamente – até para preservarmos a nossa saúde – operá-lo.
7
Mesmo com o corpo imobilizado sobre a mesa de operações a mulher anã continuava a gesticular verdadeiramente furiosa e com extrema veemência, chegando em certa altura a parecer estar a insultar duma forma anormal e descontrolada toda a equipa ligada à operação, fosse mostrando-lhes bem esticado e bem firme o dedo médio da mão, fosse em alternativa enfiando os dedos na teste em forma de cornos e como aviso. Carregava em diversos botões mas nada funcionava. Com uma descarga eléctrica eficazmente dirigida à cabeça e com um directo bem enfiado em pleno tórax da mulher anã, o enfermeiro encerrou logo ali o assunto, ouvindo ainda um pequeno murmúrio vindo da inútil moribunda que mais parecia um impropério em tipo falado alemão. Na mesa de operações o agente PMPPC continuava estático, sem respirar uma só vez e não mexendo um único músculo. A situação parecia grave: inutilizado o Cavalo de Tróia não havia mais lugar para esconder a mulher. Em passo acelerado os serviços secretos agregados ao governo tomaram então (e a partir daí) conta da situação, recolheram o corpo do agente PMPPC ainda imóvel sobre a mesa de operações e acondicionaram com muito cuidado a mulher anã que até aí o possuíra, partindo rapidamente e escoltados por várias motas da polícia em direcção a destino desconhecido. Reparado e reconstruído novamente e (como medida de poupança) utilizando materiais diversas vezes reciclados, o modelo de agente PMPPC retomou ao serviço sem que nada tivesse sido deixado para trás ou ao acaso. Era agora controlado pelo grande mestre merkeliano responsável pela pasta das finanças da casa da mulher anã, que com a ponta da sua bengala o telecomandava através de raios emitidos do exterior e introduzidos interiormente num orifício inferior do seu corpo até obter resposta adequada.
8
Enquanto isso o líder da oposição afirmou ter nas suas mãos a solução do mais importante problema de todos os portugueses. Sabe-se que filas compactas de indivíduos do sexo masculino e sem nenhum tipo de actividade sexual com qualquer tipo de parceiro há já bastante tempo, esperam ansiosamente pela sua vez. Mulheres também.
(imagem – SAPO/SIC)