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Grécia

Terça-feira, 24.02.15

Antes de tudo o mais temos que compreender que o que a Grécia pede neste momento (e o seu Governo com um mês de vida) não é propriamente dinheiro, mas mais algum tempo para fazer algo definitivamente com pés e cabeça (o que os outros nunca fizeram durante anos deixando o Grécia ás portas da morte).

 

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A Grécia e a herança do bloco central

 

A Grécia acaba de apresentar à comissão europeia as suas propostas de reformas, como resposta às exigências dessa mesma comissão, ao seu pedido de renegociação dos prazos da dívida grega. Que relembre-se (e que se saiba), não é da responsabilidade da actual coligação no poder na Grécia, mas o resultado de uma herança brutal, dramática e mesmo criminosa de um bloco político e ideológico dito democrático e central, que conjuntamente e em ligação estreita com as directivas vindas da Alemanha (e para isso servem os bancos), minou todas as instituições públicas gregas, descapitalizando-as, descredibilizando-as e finalmente privatizando-as. Essa talvez seja a principal luta (ainda mal compreendida por muitos) levada a cabo pelo actual Ministro das Finanças da Grécia, tentando relevar o poder dos bancos em todo este mecanismo de transferência de dinheiros (ou produtos ditos equivalentes), dispensando o inútil papel de intermediários destes (até porque também são uma das maiores causas desta crise – seja-se isento e compare-se dividas públicas e privadas, causas das mesmas e qual delas empurra a outra, ou seja, a impulsionadora). Nunca que se esqueçam que o bloco central grego (Nova Democracia e PASOK) deixou o país neste estado (repare-se que o partido sobrevivente ao desastre eleitoral de Janeiro de 2015 foi o de direita): 25% de desempregados (50% entre os jovens), decrescimento de ¼ da sua economia, divida atingindo 178% do seu GDP, tudo isto originando os tais 240 biliões que todos os credores desejam (naturalmente) receber. Um desastre.

 

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Dívida da Grécia

 

As propostas de reformas apresentadas pelo governo grego assentam essencialmente nos seguintes pontos: criação de um sistema fiscal mais justo para todos (de modo a não ser sempre e por diversas circunstâncias, por exemplo facilitismo de actuação, o trabalhador o mais penalizado), combate à evasão fiscal (que destrói qualquer tipo de economia com o surgimento como cogumelos de mercados paralelos), travagem da corrupção (quase que uma instituição num país como a Grécia, mas que como todos nós sabemos, com instituições semelhantes espalhadas por toda a Europa), luta sem tréguas contra o comércio ilegal de combustível e tabaco (para verem até onde o país chegou, fazendo-nos lembrar os nossos tempos mais duros do fascismo), implementação de novas reformas laborais (na elaboração de contractos colectivos de trabalho e outros benefícios a acordar, o que não significa como em Portugal acabar definitivamente com eles – esperam os gregos...) e finalmente não sendo menos significativo antes pelo contrário, a reafirmação do compromisso por parte do governo grego de superar a crise humanitária que muitas zonas da Grécia (e inacreditavelmente neste século XXI) já há muitos anos atravessam (na mais confrangedora miséria). Agora vamos ficar a aguardar as cenas dos próximos episódios. Em princípio a Comissão Europeia nas suas primeiras reacções mostrou-se receptiva às propostas gregas, mas ainda não se conhece a posição final da Alemanha. Quanto aos gregos têm que estar atentos: aqui ninguém é de confiar. Veremos assim o que dirão nos próximos dias o Banco Central Europeu, o Fundo Monetário Internacional e o Ministro das Finanças Alemão. Uma coisa é certa: a Grécia talvez tenha ganho (ou perdido) mais quatro meses.

 

(imagens: Open Europe/EPA/BBC)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 13:16