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O Pequeno Traficante

Quarta-feira, 06.05.15

Falar de política é algo de que não gosto. Porque o que se vê é do pior e o seu cheiro é nauseabundo. Cola-se ao corpo. Afecta-nos a mente. E no entanto não deixo de falar nela. Nem nunca conseguiria. Só no dia em que me explicarem (e eu conseguir compreender) porque razão muitos ainda não vêm a porcaria que nos rodeia nem o cheiro putrefacto que ela exala.

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O único (eventual) erro cometido pelo Indivíduo foi ter-se infiltrado no Mundo do Tráfico sem dar conhecimento ao Padrinho. Apesar de ser um destacado mafioso em rápida ascensão na estrutura, tornou-se independente dela (ou pensou poder fazê-lo) e esqueceu definitivamente a família. ERRO! E com o pecado da Gula (sozinho facturando sem parar e não dando satisfação à hierarquia) assinou a sua sentença de morte. Ou não fosse a Máfia uma organização religiosa onde o pecado se paga.

 

Então os gangsters tomaram em mãos a resolução do problema e face a um pau de dois bicos escolheram o da esquerda: entre um vegetal do norte e um filósofo do sul, pouparam logo o vegetal. Ficou o pretenso filósofo. E para criarem mais clima serviram-se do Espírito Santo: era vê-los ao lado do Bem vilipendiando (segundo antigas palavras deles) o guia espiritual agora ausente (em apuros). E para distinguir os dois bicos (até) elogiaram o vegetal. Talvez por ser utilizado na embalagem de queijos.

 

Quando se perturba a estrutura, paga-se. O pobre está sempre lixado pois nem paga tudo o que deve nem produz o suficiente: está sempre em dívida por definição (de pobre), podendo ser sempre transaccionado (ou desqualificado). Valor nulo (objecto de desgaste rápido e contudo com excessivas garantias). Quanto ao rico existem níveis diferenciados mas que no fundo se resumem a três: aquele de quem nem sequer se fala (o topo), o rico e o pretensamente rico.

 

Não falando do que não conhecemos (mas vislumbramos) deixemos de lado os primeiros e dediquemo-nos aos ricos que nos interessam (os conhecidos): ricos sendo-o ou não. No caso do nosso Indivíduo este pertencia aos pretensamente ricos. Ou seja era um pequeno traficante (de influências por exemplo). Um dia viu a possibilidade de utilizar um esquema de negócio praticamente garantido e decidiu arriscar: apesar de tudo os outros faziam o mesmo e pelos vistos não se davam mal.

 

E aí o balão começou a encher. E era fácil de encher. Cada vez maior, mais bonito e vigoroso. De tal forma que sem se aperceber bateu noutros balões, empurrou-os para o lado e pôs-se perigosamente a descoberto. E o Padrinho ficou chateado. A partir daí tudo mudou e o sistema então actuou. Talvez que (agora) na tranquilidade da sua caverna o Indivíduo tenha finalmente apreendido a sua primeira lição: quando se quer, o correcto é querer-se um pouco de cada vez. Uma vez muitas vezes. E nunca esquecendo o tributo.

 

(imagem – cartoonstock.com)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 16:53