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Odores

Quarta-feira, 12.08.15

Como é possível vermos o nosso país a arder e acharmos tudo natural?

 

Apenas para usufruirmos de uns míseros dias sem emprego e de 1/12 de purgatório? Sobretudo deixando todos os outros no Inferno e antes de nós próprios a ele regressarmos.

 

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Num Verão cheio de calor em que todas as loucuras são permitidas, ter o país a arder e em período de seca extrema, é mais um sinal habitual e com traços de normalidade. E assim lá vamos assistindo á nossa casa a arder, julgando ser a do vizinho.

 

O problema será entretanto resolvido no Outono, com a chegada das eleições legislativas: terminada a orgia de Agosto, concluída a lobotomia do povo, o mesmo será informado que para o ano ainda há mais.

 

E enquanto o país vai ardendo (pelos vistos esmagadoramente) a norte do rio Tejo (última grande constatação dos nossos grandes especialistas) e numa taxa que deve andar muito perto dos 80/90%; sem os necessários apoios terrestres e especialmente aéreos (ou ainda não repararam e raciocinaram?); com os bombeiros completamente extenuados e com a população sem saber para onde se virar (não os vêm aos gritos e a chorarem de desespero?); entretemo-nos sob proposta dos iluminados e subsidiados dependentes do estado, em campanhas de cartazes no mínimo imbecis e insultuosos, assentes exclusivamente no oportunismo daqueles que nos pretendem apenas extorquir o nosso voto em troca do agora tornado icónico Absolutamente Nada. Para Eles o Lucro Supremo e não envolvendo trabalho pessoal (apenas exploração e violência).

 

Quando é que chegará o dia em que qualquer um de nós poderá concluir e constatar sem a ajuda de ninguém mas apenas por experiência pessoal e factual, que a máxima que hoje em dia nos comanda e dirige todo este quotidiano excelentemente integrado (não foi por acaso que optamos pela segurança, secundarizando a liberdade), se baseia exclusivamente na inevitabilidade do nosso destino pontual e na preservação do tempo como instrumento de morte: herdando e reciclando o grito dos revoltosos, deslocando-o do seu contexto e transformando-a em resignação e suicídio.

 

(imagem – lusoamericano.com)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 20:02