ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Morto por um Avião sem Nunca ter andado Nele
“Shoreham plane crash: Seven dead after Hawker Hunter hits cars”
(bbc.com)
Momento do choque do Hawker Hunter nas proximidades da A27
Face a um incidente como este (pela sua gravidade e localização) o que me pergunto é como é que ainda é possível em países desenvolvidos e avançados como a Grã-Bretanha, sucederem acidentes previsíveis e mortais como o sucedido hoje no aeroporto de Shoream.
Neste incidente que até ao momento já provocou 7 mortos e mais de uma dezena de vítimas (os automobilistas que circulavam na via rodoviária adjacente ao terreno do aeroporto), o detalhe fundamental que originou este acidente não estará muito provavelmente nem no piloto, nem na máquina, nem nas condições atmosféricas, mas simplesmente e certamente no responsável que autorizou a realização do Evento.
E se alguém ainda tinha dúvidas em identificar e aceitar racionalmente as suas causas, basta olhar para esta notória, violenta e fatal consequência e constatar que as vítimas até agora contabilizadas e relacionadas com este acidente, nem sequer tinham nada a ver com o festival aéreo a decorrer. E foram estas as suas vítimas (excluindo o piloto gravemente ferido).
E se já aceitamos como normal todas as notícias de mortos que nos chegam todos os dias aos nossos ouvidos, temos também que compreender que o que se passa lá longe pretensamente com outros motivos, um dia também se passará connosco bastando apenas banalizar as vítimas: só que aí as vítimas seremos nós.
Pior do que isto só mesmo na China (explosão no porto chinês de Tianjin provocando mais de 150 mortos e várias centenas de feridos). Mas na verdade e a continuarmos assim, vamos mesmo no MAU caminho.
(imagem – twitter.com/hashtag/Shoreham)
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Tiroteio no Comboio
“Un homme a ouvert le feu, vendredi 21 août, dans un train Thalys entre Amsterdam et Paris, avant d’être maîtrisé par des passagers.”
(lemonade.fr)
Tiroteio no comboio Amesterdão/Bruxelas/Paris
Agora que estamos no Verão e muita gente se desloca de comboio (seja para fazer férias ou para ir trabalhar), muitas são as alternativas de destino ou os objetivos de viagem: desde a simples deslocação ferroviária para as praias do Algarve até à utilização do interrail para viajarmos pela Europa. Nos dois casos apresentados com cenários condizentes: fosse com um companheiro de viagem partilhando experiências (por exemplo sexuais com alguém do sexo oposto) ou com um companheiro de vida sempre suprindo insuficiências (como eu vi um emigrante a fazer na viagem para a terra, apalpando todo o tempo a sua saudosa mulher).
Só que agora vivemos noutros espaços e noutros tempos e uma simples viagem de comboio de uma localidade para a outra, pode-se transformar de um momento para o outro e sem que nunca descubramos por que razão nem porquê, num verdadeiro e dramático acontecimento não só social como político. Tal e qual como terá acontecido na ligação ferroviária entre Amesterdão e Paris (com a estação de Bruxelas lá pelo meio), com um jovem marroquino utilizando várias armas (incluindo uma kalachnikov) a abrir fogo no interior das carruagens, acabando por ferir duas pessoas antes de ser imobilizado e finalmente detido.
Nos tempos em que hoje vivemos se já era impossível sair de casa sem que tivéssemos dinheiro para obrigatoriamente o poder gastar (dinheiro sem o qual nunca teríamos o respetivo e necessário cartão de acesso e de garantia de sobrevivência), todo o panorama se agrava se no nosso regresso a casa constatarmos que já não nos encontramos vivos: sair de casa sem dinheiro e ainda por cima levar um tiro, é só mais um convite à indiferença e à prática intensiva da abstinência. E tudo isto apenas porque um certo indivíduo resolveu pôr-se a disparar (como os grandes líderes nos propunham antigamente, oferecendo-nos uma licença de porte de arma), em vez de utilizando uma forma mais educada e civilizada de diálogo limitar-se unicamente a falar (como os grandes líderes nos propõem atualmente, oferecendo-nos uma licenciatura e um canudo).
(imagem – Philippe Huguen/AFP)