ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Albufeira após o Dilúvio
“Uma onda gigante varreu o centro antigo de Albufeira. E ninguém previu o fenómeno.”
Ao circularmos na estrada 125 no troço entre Albufeira e Faro já eram bem visíveis os efeitos provocados pela precipitação intensa e ininterrupta que se registou nesta região do barlavento algarvio, desde o início da madrugada de Domingo dia 1 de Novembro (entre as 3 e as 11).Ali perto morreu uma pessoa levada pela enxurrada (zona de Boliqueime).
EN 125
Algumas imagens da parte velha da cidade (onde se situava o antigo jardim) após a passagem da violenta onda de água, lama e outros detritos – obtidas terça-feira dia 3 (segundo dia de limpezas) após a passagem pelo local do Ministro de Deus e do Diabo: que me fez logo lembrar os efeitos do furacão KATRINA (destruindo Nova Orleães e provocando inúmeras vítimas) e de como os Republicanos se tentaram librar das consequências trágicas da sua passagem (custos) tentando explicar a catástrofe como sendo um desígnio de Deus. Que castigara os pecados aí praticados (incluindo negros, sexo, drogas e toda a marginalidade associada a essa raça interessada apenas no prazer e no excesso pecaminoso) enquanto protegia as plataformas de petróleo.
Mas depois desta grande e profunda limpeza certamente muito mais trabalho se seguirá. Para já não falarmos que comprovadamente toda esta zona da cidade será sempre um leito de cheias (se entretanto e como é costume nada de útil se fizer), restando apenas duas alternativas possíveis: ou se acaba com as cheias ou se acaba com a cidade.
Uma cheia repentina que apenas se concretizou pela contribuição da elevada precipitação que se fez sentir na região (e que pela hora do almoço levara os bombeiros a dirigirem-se para a zona baixa da cidade para prováveis inundações de ruas e de lojas), conjugada com as correntes de água e de lama que se dirigiram para o mar e que entubadas em canais subterrâneos situados em antigos ribeiros atingiram o seu limite, extravasaram dos seus leitos (artificiais) e invadiram a superfície levando tudo à sua frente (razão pelo que pouco depois da sua chegada e vendo o que aí vinha, os bombeiros tiveram de imediato de abandonar o local – ou seriam levados pela forte corrente e atirados ao mar).
Na baixa nada escapou a este tsunami interior, pondo a nu toda a incompetência associada aos projetos de pretensa engenharia associados aos técnicos trabalhando para o Programa Polis; obras que tanto custaram a Albufeira (até aos mesmos comerciantes agora atingidos) e que a partir da conclusão das mesmas tantas consequências negativas originaram (e continuarão a provocar). Deixando o próprio manequim à porta da loja, completamente nu, talvez atónito, paralisado: mas já com vida (movimento de pessoas na loja) no interior.
“O que vale é sempre o Povo e a sua força Coletiva – física e moral.”