ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Dezembro
No dia 1 de Novembro de 2015 o campo invadiu a cidade de Albufeira
Rua do Túnel
No dia 1 de Dezembro de 2015 estava um dia de céu azul com algumas nuvens na cidade de Albufeira. Uma terça-feira com temperaturas apesar de tudo moderadas (para a estação do ano que atravessamos), com Sol mas sobretudo sem chuva e fazendo-nos recordar os acontecimentos ocorridos há um mês atrás na parte velha da cidade: antes mergulhada debaixo de um lençol de água, de lama e de destruição, hoje já com a sua face mais limpa, risonha e atrativa.
E com a baixa da cidade a recuperar da inundação, com alguns negócios a começarem a abrir, todo o comércio local se prepara para a chegada do Natal e do dia da Passagem de Ano: graças ao trabalho de centenas de voluntários trabalhando de graça pela alma da sua terra (do seu país), ajudando-se a si próprio e ajudando os outros. Só é pena serem sempre os mais desprotegidos a serem logo chamados para graciosamente colaborar, sendo convocados na hora por muitos daqueles que por eles nada fizeram (ou até deles se esqueceram) a não ser servir-se, usar e como muitos fazem aos restantes animais deitar fora.
Por outro lado um dia mais frio e mais triste se nos lembrarmos de todos aqueles que por esta altura não tem emprego ou qualquer outro tipo de rendimento (todos trabalhando quase em exclusivo para a hotelaria e restauração), correndo desesperados à procura de um mínimo de apoio e de solução para as suas vidas verdadeiramente alienadas (muitos desses apoios negados pelo seu próprio estado – IEFP e SS) e para a qual não vêm qualquer perspetiva de sobrevivência ou de esperança no presente (quanto mais no futuro).
Ficando a aguardar o que de mais aconteça até à chegada de 2016: aqui e no mundo.
Edifício do INATEL
Uma região do país onde o clima torna o nosso quotidiano mais agradável, embelezada pela sua costa litoral recortada por um mar azul calmo e horizontal e decorada no seu interior por uma serra seca e cheia de pedra mas muito rica em iguarias vegetais. Mas que no entanto nada oferece a não ser praias, bares e discotecas. E com um interior velho e deixado ao abandono (existindo sempre exceções como os grandes empreendimentos – alguns agrícolas mas esmagadoramente no imobiliário). Afetando entre outros sectores o relacionado com a Educação: com a esmagadora maioria dos jovens a serem formatados para os empregos (únicos) da região e posteriormente a serem atirados (sem alternativa) para a hotelaria e restauração. Com todas as outras áreas extintas (ou para lá caminhando) até a da manutenção (daquilo que já existe e que como toda a gente sabe se degrada): onde estão os pescadores, os canalizadores, os eletricistas, os pedreiros, os carpinteiros, os agricultores, os mecânicos e todos os outros contingentes de especialistas intermédios, que ainda não deixaram o mundo e a nossa civilização cair? Onde até uma ribeira deu cabo de Albufeira contrariando a teoria e desrespeitando os eruditos (dando razão à prática dos leigos e ao seu conhecimento experimental).