ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
É muito fácil Roubar
O Problema é lá Chegar!
Como durante uma crise económica e financeira tremenda 1% da população mundial aumenta a sua fortuna de 50% ou ainda mais (os mais ricos), enquanto os outros 99% perdem outro tanto ou ainda mais (os mais pobres).
Nasci na Ilha Pequena onde moravam 1.000 pessoas. Ilha que tinha uma irmã (a Ilha Grande) onde moravam apenas 10. Na Pequena moravam os pobres e na Grande moravam os ricos. Com rendimentos mensais iguais logo com o mesmo para gastar: R₁₀₀₀ = R₁₀ = 1.000 moedas. Logicamente que nas ilhas uns viviam (Ilha Grande = 1%) e outros não (Ilha Pequena = 99%). Mas a vida era assim e teriam de aguentar.
Um dia algo se deu e alguém veio cobrar. As ilhas parentes em si teriam as duas que pagar: e como gémeas que eram à chegada do cobrador só tiveram que pagar e na igualdade concordar. E assim de uma assentada de cada levou 500 (moedas) e apenas com uma braçada esganou outros 500 (pessoas). Mas como toda a gente sabe esse é o custo da manutenção da sociedade democrática onde hoje vivemos.
Assim as 1.000 pessoas da Ilha Pequena e as 10 pessoas da Ilha Grande viram os seus rendimentos drasticamente reduzidos em 50%: agora com cada pessoa da Ilha Pequena a ter 0.5 moedas/mês e da Ilha Grande a 5 moedas/mês. Num cenário notoriamente mais drástico e pesado para a Ilha Pequena (onde com 1 moeda/mês se sobrevive), mas sem grande impacto na Ilha Grande (ainda com 5 moedas/mês para gastar).
Mas será mesmo assim? É melhor recapitular. Temos duas ilhas e 1010 pessoas. Com rendimentos que foram reduzidos de 50% restando um total de 1.000 moedas. Num corte levado a cabo por um distinto cobrador vindo do lado de lá não se sabe bem donde. Mas conhecido por alguns como o intermediário, com papel de mandatário e até de empresário. Num estado de emergência sendo ele o Banco Central.
Recolhidos as 1.000 (moedas) o que irão agora fazer? Ajudar desde logo a gente, salvando sempre as ilhas. Como? Investindo nas forças vivas (residentes na Ilha Grande) e dando força aos restantes (residentes na Ilha Pequena): isto porque todos nós que professamos a doutrina cristã e ocidental, que acreditamos na superioridade de outras entidades mesmo que desconhecidas ou abstratas e que delegamos sem hesitar a nossa vida nuns poucos outros (e nas suas coisas) ainda achamos que sem chefes nunca haverá homens e a Terra parará.
E foi assim ao falar com um simples merceeiro (um ás nas contas e nos negócios) que cheguei à tradução que me deu a conclusão:
Parâmetro/Ilha | Ilha (moedas) | Ilha (moedas) |
Rendimento mensal anterior à crise | 1000 | 1000 |
Nº de habitantes | 10 | 1000 |
Rendimento mensal anterior à crise por habitante | 100 | 1 |
Corte no rendimento mensal devido à crise | 500 | 500 |
Rendimento mensal após corte | 500 | 500 |
Rendimento mensal após corte por habitante | 50 | 0.5 |
Redistribuição após corte | 1000 | 0 |
Rendimento mensal após redistribuição | 1500 | 500 |
Rendimento mensal após redistribuição por habitante | 150 | 0.5 |
Ou seja durante este período de crise:
A evolução do rendimento mensal dos ricos foi 100 →50 → 150 enquanto do lado dos pobres foi 1 → 0.5 → 0.5 (claramente uma distribuição equitativa de sacrifícios);
Nesse período a variação dos rendimentos registou um crescimento de 50% para os ricos e um decréscimo de 50% para os pobres (o dinheiro tinha que vir de algum lado);
E no parâmetro que mais nos interessa e que revela bem a equidade crescente do mundo onde hoje vivemos (seja ela verdade, seja ela mentira), enquanto anteriormente a relação de rendimentos entre ricos e entre pobres era de Ricos = 100 X Pobres agora ela fixa-se nuns aterradores Ricos = 300 X Pobres (no que à Europa diz respeito mais um prenúncio do fim do euro).
Pelo que não é de espantar que surjam títulos como este (achando eu que ainda por defeito):
“The wealth of the most affluent rose 44 percent since 2010 to $1.76 trillion, while the wealth of the bottom half fell 41 percent or just over $1 trillion.”
(swissinfo.ch)
Ainda-por-cima quando é necessário demostrar algum tipo de preocupação com os outros 7 biliões de habitantes do planeta Terra, agora que vem aí o fórum económico mundial com o seu encontro anual dos mais influentes do mundo (contando aqui e agora com mais de 60 multimilionários): entre 20 e 23 de Janeiro na famosa cidade suíça de Davos.
“The global inequality crisis is going from bad to worse. The global charity says inequality is worse than it has been in 100 years.”
(aljazeera.com)
(imagem: inkcinct.com.au)