ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Direito de Nojo
“Somos uma organização independente de jornalistas. Não podemos, nem devemos facultar os documentos porquanto não nos pertencem e, por outro lado, não somos o braço armado dos Estados. Somos jornalistas de investigação”. (ICIJ)
Manifestações em terra de Sua Majestade
Realizadas em Londres no passado sábado dia 9 pedindo a demissão do 1ºMinistro Conservador David Cameron mencionado nos célebres Papéis do Panamá
Quem ainda tivesse dúvidas sobre qual a verdadeira função desta corporação internacional de jornalistas – empresa, consórcio, corporação, como quiserem, mas nunca uma organização independente – basta olhar para estas linhas desta subsidiária local e concluir de imediato que uma justificação deste tipo para um escândalo destas dimensões, só pode ser dado em tons de brincadeira e num contexto de irresponsabilidade ética e profissional e certamente encomendada, planeada e com intenções obscuras e deliberadas (não de informação mas de manipulação da mesma).
Como pode um jornalista assumir-se como defensor dos direitos e liberdades de um qualquer cidadão do mundo – sendo o seu mais importante papel a desempenhar INFORMAR – quando se recusa a divulgar documentos de extrema importância para a vida da esmagadora maioria dos cidadãos de todo o planeta, apenas porque tendo-lhe chegado às mãos os mesmos não lhes pertencerem. Mas será que os jornalistas estão a afirmar que acima de tudo e deles próprios a Informação também tem dono – como se fosse única e exclusivamente (na sua base) mais um bocado de Mercadoria? Numa atitude que mais uma vez só vem confirmar a opinião daquele grupo de cidadãos cada vez mais numerosos e em crescimento exponencial, que afirmam que nos dias de hoje o Jornalismo Morreu e que aqueles que os substituíram (os jornalistas) naquela que era uma bela e nobre função, só trabalham mesmo para a sua Empresa e Patrão fonte de obtenção das suas remunerações de sobrevivência (como se fossem escravos assumidos mas vivos). “Não podemos nem devemos porque não nos pertence” – mas francamente que tipo de falsa retórica é esta só mesmo própria de dependentes? “Braço Armado de Estados, Jornalistas de Investigação2? Com títulos destes nem vale a pena argumentar apenas lamentar o nível a que o Jornalismo chegou: um insulto para aqueles que vem na palavra e nas ideias (livres) a única esperança no futuro e que alguém quer matar necessitando de algozes. Nunca um verdadeiro Jornalista de Investigação se sujeitaria a este tipo de prostituição, não se importando de ser um mero e descredibilizado veículo propagandístico e de simples condicionamento e manipulação, ainda-por-cima reclamando para si a recusa de se tornar um braço armado do Estado e no entanto servindo-o servilmente assim como aquele que sem vergonha se esconde e na realidade comanda a Grande Máquina: como no caso dos Papeis do Panamá com os bancos CITI e HSBC. Com um roubo a uma Empresa Privada que pelos vistos não é crime (ainda me lembro da atitude dos EUA face a um caso semelhante sucedido com a SONY e que na altura o poder político norte-americano comparou como uma declaração de guerra aos EUA). Será que tal como na luta contra o terrorismo global existem Bons e Maus Piratas Informáticos? Tudo isto num cenário indigno e quanto a nós (a Europa) enquanto assistimos à nossa derrocada social, moral e definitiva (veja-se o que se passa com o contingente de refugiados, para mim um indício de crimes de guerra e de colaboração criminosa e tácita).
Chegando-se ao ponto de, esquecendo-se o fracasso de mais esta campanha, se estar agora a colocar em cima da mesa se tal divulgação não terá sido mais um ato estratégico e de verdadeiro mestre do diabólico Vladimir Putin! “Se não o puderes derrotar hoje (acusando-o), junta-te a ele amanhã (elevando-o) ” – dirão estes jornalistas capazes de com estes métodos destruir qualquer tipo de investigação. Sempre com os EUA por trás e um qualquer milionário suspeito. Num Feitiço que parece ter-se voltado contra o Feiticeiro neste caso MOSSACK-FONSECA. E no entanto inserindo-se num panorama mais geral da prossecução da trajetória definida pelos EUA para a criação e existência dos OFFSHORES: respeitarem a lei norte-americana e de preferência estarem instaladas nos seus Estados e Territórios. LEAK ou HACK?
“The US has condemned the "vicious murder" of a Syrian journalist in Turkey by an Islamic State militant - the fourth such attack in a year. Zahir al-Shurqat, a presenter for online TV channel Aleppo Today, was shot on a street in the south-eastern border town of Gazientep on Sunday. The 36-year-old died in hospital two days later, Turkish media reported. A US state department spokesman said Mr Shurqat had courageously worked to expose the "hypocrisy" of IS.” (bbc.com)
Panama Papers
Papéis do Panamá: apontando o seu dedo acusador para a Rússia e a para China (mas nunca esquecendo para seu conforto moral de mencionar as Monarquias do Golfo) estes jornalistas esqueceram-se que num cenário deste tipo existem muitas camadas sobrepostas. Com muitas delas sobressaindo do todo (inicialmente proposto), bastando para isso olhar para elas – recordando que nós também temos olhos, ligados a um cérebro para pensar (e por exemplo associar, compreender e ripostar).
E assim,
Enquanto Jornalistas são assassinados por assumirem sem nunca recuarem e no exercício da sua tão digna profissão, os seus direitos, deveres e obrigações éticas de verdadeiro comunicador e educador (sabendo ao mesmo tempo poderem estar a arriscar as suas próprias vidas, algo que jamais algum dinheiro pagará) – como qualquer profissional dessa área que se identifique com os seus princípios e objetivos e se reveja (mesmo que ameaçado) nessa nobre função,
Outros indivíduos reclamando-se desse mesmo estatuto (mas aqui surgindo fardados), apresentando excelentes currículos sociais (institucionais e como tal oficialmente certificados), ao serviço de regimes no poder nos seus respetivos estados e afiliados (crédito à sua cidadania e ao seu patriotismo nacionalista) e escondendo-se estrategicamente atrás de uma Parede de Proteção (como verdadeiros protetores que devem ser protegidos – e tal como um mafioso real é protegido por terceiros para denunciar outros pretensos mafiosos),
Comportando-se como simples Marionetas e abdicando do poder e da obrigação a que estão moralmente sujeitos por viverem em sociedade (Informar-nos), sujeitando-se a serem meros veículos de transporte e ignorando a nossa existência (e a de todos os Jornalistas),
Suprimindo-nos, auto suprimindo-se, mas julgando reforçar com estes comportamentos, a sua área de conforto.
Mas por agora já chega – ou deixamo-nos enredar, só dizemos mais asneiras, ficamos a cheirar mal (já penso sentir o odor) e tudo isto mete Nojo.
(imagens: : commondreams.org/The Weekly Bull/flickr.com e aljazeera.com)