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Informar vs. Manipular

Quarta-feira, 21.06.17

Qual é a Função do Jornalismo/Jornalista?

 

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The Times

(20.06.2017)

 

Ao ler a primeira página do diário inglês THE TIMES (de 20 de Junho de 2017) pode-se verificar imediatamente como o jornalismo nos dias de hoje abandonou a única função (objetiva) para o qual foi inicialmente criado ‒ INFORMAR ‒ para contra toda a deontologia moral e profissional do setor se transformar (trocando a sua sobrevivência financeira por contrapartidas aos seus acionistas) num mero agente intermédio (e subliminar) tendo como único objetivo MANIPULAR. Uma VERGONHA para o JORNALISMO e ainda maior para os JORNALISTAS ‒ que se pensam que o são mesmo que certificados, estão completamente enganados e crescentemente descredibilizados (é o que dá encostar-se aos políticos).

 

Senão vejamos dois títulos como sempre encomendados e mais uma vez dirigidos, um aos RUSSOS (ignorando fronteiras) e outro aos MUÇULMANOS (desprezando religiões):

 

RUSSIA threatens RAF and US air force Jets in Syrian stand-off

 

Jobless “lone wolf” held over attack on mosque

(Father of four had suffered mental health problems, say family)

 

No primeiro caso com um jato da Confederação Russa a fazer uma rasante a um avião de espionagem dos EUA (segundo fontes norte-americanas passando a uns escassos 1,5 metros de distância um do outro) ou não estivesse o avião norte-americano apesar de circular em águas internacionais a passar apenas a 40Km de Kaliningrado um enclave russo (também nas costas do Báltico) localizado entre a Polónia e a Lituânia (com os russos a afirmarem terem sido provocados antes). Deixando-nos a pensar como reagiriam os EUA se a Confederação Russa resolvesse fazer voos do mesmo tipo, a uns insignificantes 40Km da costa do seu país. Aqui transformando a ameaça oriunda do exterior e dirigida a um território próximo (assim me sentiria se visse desconhecidos a rondar a minha casa) no elemento Ameaçado e por outro lado considerando os residentes, por receio e como procedimento natural de defesa, o elemento Ameaçador.

 

No meu caso e como experiência real e pessoal tendo já interiorizado que se não marcarmos presença seremos sempre espoliados ‒ e sendo tudo uma replicação (do maior para o mais pequeno), ignorando a ação de vizinhos e a indiferença de muitos outros, sendo roubado tipo Ground Zero, só ficando mesmo com a casa e por ainda estar agarrada (paredes e tetos).

 

Já no segundo caso e desde que o referendo sobre a permanência da Grã-Bretanha na Comunidade Económica Europeia fora realizado (em 23 de Junho de 2016 e com a resposta a apontar para a Não permanência), num cenário talvez nunca esperado (mesmo pelos Conservadores), com o abandono estratégico de David Cameron (o primeiro responsável pela derrota) e a chegada da Ex subordinada e inexperiente Theresa May (não caberia na cabeça de ninguém estas eleições antecipadas), atirando pelo menos temporariamente o clima social, económico e político da Grã-Bretanha para um impasse perigoso por indefinido, podendo ter consequências imprevisíveis e agravando ainda mais a situação interna do país (e a sua imagem internacional, parecendo querer fazer companhia ao seu aliado norte-americano). Neste cenário agravando as contradições e podendo levar a extremos: como o de acusar como responsáveis pelo desemprego entre os britânicos a presença de muçulmanos no país e assim justificando como esperado (para não dizer natural) o ataque a uma mesquita.

 

Percebendo o jornalismo de hoje não como oriundo de um conjunto de indivíduos dedicados (como numa MISSÃO) a informar-nos de tudo o que viam e com os seus órgãos dos sentidos aí presentes experienciavam ‒ e logo aí se nos dirigindo, atingindo-nos diretamente como em vasos comunicantes, sem possibilidade de recuo e sem qualquer tipo de intermediário (no princípio, no meio ou no fim da linha) ‒ mas como mais uma função, cumprida por indivíduos certificados, apenas para servirem uns poucos. E enganando todos os outros a troco duma contribuição tal e qual um MERCENÁRIO.

 

“O Governo é liderado por um robot falante, apelidado ‘Maybot’, que de alguma forma conseguiu visitar a torre ardida na zona oeste de Londres [torre Grenfell] sem falar com um único sobrevivente ou trabalhador voluntário.”

(Jornal Económico/Christian Zaschke)

 

(imagem: thetimes.co.uk)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 23:38