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O Canhão da Nazaré

Domingo, 11.02.18

O paralelismo entre o cavaleiro português D. Fuas Roupinho

E o surfista havaiano Garrett McNamara

(separados por oito séculos)

 

fuas-roupinho.jpg

Painel da Ermida da Memória

A Lenda de Nossa Senhora da Nazaré envolvendo D. Fuas Roupinho

(editado em wikipedia.org)

 

1ª Bala por D. Fuas Roupinho

 

Tendo conhecido pela 1ª vez a vila piscatória da Nazaré há muitos anos atrás (alguns poderiam afirmar meio século) ‒ quando era jovem e aproveitava com prazer as visitas familiares (geralmente de um dia) feitas ao fim-de-semana a um determinado local com (algum) substrato e como tal História (sobretudo cultural, incluindo gastronómica e assim evocando a nossa memória e a dos nossos antepassados) ‒ recordo-me ainda que para além do traje das mulheres (dos pescadores) utilizados aquando na praia esperavam o regresso dos seus maridos da sua faina diária as Sete Saias das Mulheres ‒ um dos locais que fomos logo visitar mal chegamos à vila foi o Farol da Nazaré: instalado numa falésia ligada a uma das mais conhecidas Lendas de Portugal (num facto eventualmente ocorrido em 14 de Setembro de 1182), quando D. Fuas Roupinho (um nobre-guerreiro português companheiro do Rei D. Afonso I) perdido (envolvido como os seus companheiros num denso nevoeiro) e prestes a cair (montado no seu cavalo) da falésia ao mar, foi salvo no último instante por intervenção de Nossa Senhora de cair no precipício e morrer (aí mandando posteriormente construir a Ermida da Memória, sobre uma pequena gruta então aí existente e onde encontrara a imagem que o salvara). Onde no século XVI D. Fernando mandou construir o Santuário de Nossa Senhora da Nazaré e num local (extremo do Bico do Milagre) onde ainda se pode ver (segundo a tradição) a marca da ferradura de um dos cascos do cavalo de D. Fuas. E olhando-se para baixo lá estando o precipício, o oceano e o agora conhecido Canhão.

 

Nazare!!! garrett McNamara.jpg

Ondas formadas no Canhão da Nazaré vistas a partir do Farol

Fotografia de Garrett McNamara

(publicado em 17.09.2015 por Maurício Barra)

 

2ª Bala por Garrett McNamara

 

No dia 1 de Novembro de 2011 (829 anos após D. Fuas Roupinho ter colocado a vila da Nazaré no mapa) com o havaiano Garrett McNamara a surfar (na Praia do Norte) uma onda com 78 pés (aproximadamente 23,8 metros), recolocando a Nazaré mas agora nas bocas do mundo e transformando definitivamente esta (inicialmente) vila piscatória portuguesa, numa nova vila agora transformada em destino turístico: com as ondas da vila da Nazaré e proporcionadas pelo seu Canhão (na sua manifestação associado à topografia submarina da costa local) a originarem o despoletar de vagas podendo atingir em torno de 30 metros (de altura), introduzindo a pequena vila portuguesa na órbita desportiva e turística do Surf e do Circuito Mundial de Ondas Gigantes. Ainda no ano passado (e pelo 2º ano consecutivo) com a Praia do Norte na Nazaré a receber mais uma etapa da Big Wave Tour o Nazaré Challenge, rivalizando com os EUA (Mavericks) e o Havai. E de acordo com estudos entretanto realizados sobre um possível impacto turístico e económico da modalidade do Surf na região (responsáveis regionais e dirigentes do surf mundial) com o retorno (financeiro e para a Nazaré) a poder ultrapassar os 7 milhões (e com tendência para aumentar). E nesta divulgação de uma terra por onde se terá passado por um motivo qualquer (um qualquer de nós), podendo-se em muitos aspetos equiparar (hábito de réplica) a promoção à mesma feita por D. Fuas Roupinho (e o seu cavalo), como a levada a cabo mesmo que por um estrangeiro mais de oito séculos depois ‒ de nome Garrett McNamara (aqui com uma prancha de Surf).

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 19:53