“Cada Estado e Cada Tempo, Tem o Seu Bicho-Papão”!
O Julgamento da Fonte WIKILEAKS
Bradley Manning
Começou há poucos dias o julgamento do cidadão e militar norte-americano Bradley Manning, acusado da prática de atos de alta-traição contra a segurança nacional e a defesa dos interesses do seu próprio país, na sequência da divulgação de informações confidenciais à organização Wikileaks.
Para lá das razões invocadas pelos responsáveis norte-americanos para a abertura de um processo contra um seu militar ainda no ativo; para lá da análise da postura do próprio militar, conscientemente enquadrado numa estrutura hierarquizada da qual conhecia todos os seus direitos e todos os seus deveres; para lá do total esclarecimento do papel aqui desempenhado pela organização que aceitou receber estas informações confidenciais, a Wikileaks; para lá de todos os embaraços provocados – muitas das vezes podendo despoletar acontecimentos de consequências imprevisíveis – nos mais diversificados meios políticos, empresariais e financeiros de todo o mundo, pela divulgação destas informações confidenciais; não poderemos nunca esquecer-nos de como todo este processo começou – e quais as suas verdadeiras e prioritárias intenções – de como tem decorrido e de como irá certamente acabar.
É certo que um estado tem muitas vezes a necessidade (devido à ocorrência de crises cíclicas) de arranjar rapidamente bodes expiatórios fortes e duradouros para solucionar sem grandes sobressaltos casos muitas vezes perturbadores para o próprio Estado (mesmo que colaterais). E até pode ser um motivo que a maioria do povo ache compreensível de aceitar (para garantir a sua liberdade e segurança) desde que preservando a sua memória (e a sua cultura), nunca se esqueça de que quem as praticou, pratica e irá continuar a fazê-lo em nome desse povo – mas que ao mesmo tempo e com o mesmo estatuto moral também continua a deter o exclusivo de casos como o de Guantánamo e de Abu Ghraib, entre muitíssimos outros.
(imagem – boingboing.net)