ALBUFEIRA
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Micro Continente
Pesquisadores encontram continente abaixo do oceano Índico
Areia da República de Maurício revela massa terrestre ancestral
Novo estudo sugere que os remanescentes submersos de um micro continente ancestral podem estar distribuídos sob as águas entre Madagáscar e Índia.
Evidências para a terra há muito perdida vêm de Maurício, uma ilha vulcânica que fica aproximadamente a 900 km a leste de Madagáscar. Os basaltos mais antigos da ilha são de aproximadamente 8,9 milhões de anos atrás, declara Bjørn Jamtveit, geólogo da Universidade de Oslo. Mas análises grão a grão da areia de praia que Jamtveit e seus colegas colectaram em dois locais da costa de Maurício revelaram aproximadamente 20 zircões – minúsculos cristais de silicato de zircónio extremamente resistentes – muito mais antigos.
Os zircões tinham se cristalizado dentro de granitos ou outras rochas ígneas há pelo menos 660 milhões de anos, observa Jamtveit. Um desses zircões tinha pelo menos 1,97 bilhões de anos.
Jamtveit e seus colegas sugerem que rochas contendo os zircões viajantes se originaram em fragmentos ancestrais de crosta continental localizada abaixo de Maurício. Eles propõem que erupções vulcânicas geologicamente recentes levaram fragmentos da crosta para a superfície da Terra, onde os zircões foram erodidos de suas rochas – mães para polvilhar as areias da ilha. O trabalho da equipe foi publicado em 24 de Fevereiro na Nature Geoscience.
Restos de crosta
O artigo também sugere que não apenas um, mas muitos fragmentos de crosta continental jazem abaixo do fundo do Oceano Índico. Análises do campo gravitacional da Terra revelam diversas áreas extensas em que a crosta do fundo do mar é muito mais espessa que o normal – com pelo menos 25 ou 30 quilómetros de espessura, ao contrário dos cinco a 10, mais comum.
De acordo com a equipe, essas anomalias na crosta podem ser remanescentes de uma massa de terra, que baptizou de Maurícia, separada de Madagáscar quando a deriva tectónica e a difusão do fundo do mar impulsionaram o subcontinente indiano para nordeste há milhões de anos. Alongamentos e desbastes subsequentes da crosta da região afundaram os fragmentos de Maurícia, que juntos formavam uma ilha ou arquipélago com aproximadamente três vezes o tamanho de Creta, estimam os pesquisadores.
A equipa decidiu colectar areia, em vez de pulverizar rochas locais, para garantir que zircões inadvertidamente presos em equipamentos para moer rochas de estudos anteriores não contaminassem suas amostras fresquinhas. O afloramento de crosta continental que poderia ter produzido os zircões de Maurícia mais próximo conhecido está em Madagáscar, do outro lado de um mar profundo, aponta Jamtveit. Além disso, os zircões vieram de locais tão remotos de Maurícia que é improvável que humanos os tenham carregado até lá.
“Não existe fonte local óbvia para esses zircões”, observa Conall Mac Niocaill, geólogo da University of Oxford, no Reino Unido, não envolvido na pesquisa.
E também, não parece que os zircões tenham chegado a Mauritius carregados pelo vento, declara Robert Duncan, geólogo marinho da Oregon State University em Corvallis. “Existe uma possibilidade remota de que tenham sido soprados pelo vento, mas eles provavelmente são grandes demais para isso”, adiciona ele.
Outras bacias oceânicas espalhadas pelo mundo podem muito bem abrigar remanescentes de “continentes fantasmas” semelhantes submersos, observa Mac Niocaill em um artigo de Notícias e Opiniões que acompanha o trabalho. Apenas pesquisas detalhadas do fundo do oceano, incluindo análises geoquímicas de suas rochas, revelarão se a fragmentada e submersa Maurícia tem algum primo perdido, acrescenta.
(Scientific American Brasil: a partir de artigo Nature)