ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Ainda Existe Gente, Que Não Acredita No Céu Como Limite
Mensagem deixada por uma vizinha no meu portão:
Algoz, 03.05.2013
Olá!
Coloquei hoje nos vossos dois cães o tratamento Frontline com uma pepita que dura por trinta dias contra pulgas, carraças, alergias, etc. Os dois cães são muito queridos e ficam sempre junto à rede onde os meus cães se juntam e estavam a pegar-lhes carraços. Espero que não levem a mal.
Manuela
Os nossos amigos de vida e companheiros de viagem
O cão estava à porta de casa a coçar os seus carrapatos, quando vindo do lado do portão que dava acesso ao terreno, dois indivíduos se dirigiram imediatamente para ele, como se fossem dois funcionários de um canil municipal, prontos a obter mais uma vítima para a limpeza humanitária de canídeos, a realizar como habitualmente no fim-de-semana seguinte.
Um deles pegou numa dúzia de pedras que encontrou no seu percurso, começando logo a tentar atingir à pedrada o pobre do cão, que nunca fizera mal a ninguém e apenas os esperava para ver o que queriam. Uma delas atingiu-o violentamente numa das vistas – inutilizando para sempre a sua vista esquerda – o que deixou inicialmente o cão paralisado e a contorcer-se e a ganir de dor, fugindo à primeira oportunidade das agressões injustificadas dos estranhos que nunca vira antes, numa corrida desenfreada, sem destino e comandada pelo medo.
A sua irmã ainda teve a sorte de não se encontrar nas imediações da casa na altura do ataque, acabando por ir atrás do irmão para ver o que se passava com ele e ao mesmo tempo para se proteger na companhia dele destes inimigos desconhecidos, escondendo-se os dois no meio da zona mais densa de arbustos que existiam no terreno. Foi provavelmente com muita tristeza que viram a destruição ao pontapé e com o uso de marretas da porta da casa e do que estes estranhos posteriormente e deliberadamente provocaram no seu interior – parecendo um acto de vingança – pouco levando mas tudo destruindo. Até as duas placas de metal que cobriam e decoravam a sepultura da Branquinha, foram roubadas, perante o espanto irracional dos outros dois cães seus irmãos.
A crise também se sente nos campos que circundam as cidades, sendo muitos dos crimes mais violentos envolvendo familiares (e até outros animais) aqui praticados, mas acabando submergidos e ignorados pelo isolamento a que todos os que aí vivem estão condenados. Até os animais são vítimas preferenciais destes novos desqualificados, abatendo e envenenando cães, prendendo-os em sítios inqualificáveis e sem o mínimo cuidado sanitário e até denunciando – se tiverem uma autoridade amiga – aqueles que vendo a violência exercida sobre os animais, ainda os recolhem e salvam dos seus antigos algozes.
O povo tem que perceber que os animais são o espelho da nossa consciência, os nossos primeiros e últimos amigos. Até à morte!