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Memória de Elefante

Segunda-feira, 18.07.11

Elefantes – Quénia

 

Ainda há quem leia um retrato, como se de um livro se tratasse.

 

Na beleza perdida deste retrato, vem-nos à memória as paisagens da nossa infância, o poder e a força dos nossos antepassados, a amizade ainda sentida e partilhada, entre nós e a natureza, as promessas não cumpridas de um novo mundo, apenas destinado a tornar-nos todos felizes.

 

Gosto de olhar e mesmo sem chorar, desentupir os canais lacrimais e senti-los um pouco mais. Ainda temos alguns órgãos dos sentidos!

 

Hoje o betão, o asfalto, as armas, a droga, o dinheiro, a corrupção, os políticos, a moral, os eruditos e toda a outra podridão que invade todos os nossos sentidos, espalha-se por todos os pontos cardeais que formam este mundo, cobrindo-o com um manto negro de esperança, não nos deixando sequer sonhar com o dia de amanhã, porque já ontem, nos entregaram com responsabilidade, a nossa certidão de óbito.

 

À medida que morremos e trocamos a nossa postura natural – vendendo pelo melhor preço a nossa memória e a nossa cultura – por um manual, um diploma, um maço de notas e alguma segurança, negamos a nossa existência, repudiamos as novas gerações e caminhamos para o nosso extermínio definitivo.

 

Comecemos por nos olharmos ao espelho, sem recurso a novas máscaras de vida.

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 13:01