ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
4ª Feira de Albufeira para Quarteira
Na passada quarta-feira aproveitando a conjugação do Verão Algarvio (convidando-nos até à praia) com a chegada do São Martinho (e a comer castanhas),
Venda de Peixe “popular” em Quarteira
Fui com o meu amigo José (da cidade de Albufeira) até à cidade de Quarteira à procura de peixe (essa preciosidade gastronómica do nosso mar algarvio), não só sendo fresquinho como se possível da costa e de preferência baratinho (e num trajeto português): por volta das 9 horas da manhã chegando à cidade, estacionando o carro perto dos Mercados (Municipais) e de seguida deslocando-me a pé até ao local onde o povo se aglomerava (nesse dia sobretudo idosos, talvez reformados, mas sem a presença habitual de estrangeiros) à volta de caixas e de sacos cheios de peixe (sobretudo carapaus e cavalas passando no mar algarvio ‒ mas para desgosto do Zé e salvo 1 sem mais Polvos à vista). Algo ainda possível de se ver em Albufeira quando o Mercado do Peixe (legal) se localizava em frente à Praia dos Pescadores e quando em torno do mesmo (mercado) alguns pescadores (para superarem muitas das suas enormes dificuldades financeiras) chegavam com o seu peixe tentando com o mesmo (e a sua venda) mais alguns trocos (com o agradecimento de muitos idosos, reformados e pobres, apesar de dito ilegal) para sobreviverem.
Gatos junto ao Mercado (Municipal) de Peixe
E com dois sacos (cheios) de carapaus e cavalas e de uns quantos outros bichinhos (um polvo e uns choquinhos), deslocando-nos até à Tasca do Jorge para mais um pequeno-almoço (um café e uma sandwich) e um pouco de Sol e conversa: com pouca gente nas ruas (vendo-se poucos estrangeiros), num dia calmo de Outono (quando o turismo estaciona esperando pelo Ano Novo), com alguns passeando pela praia (ao longo da marginal), mas com o grande contingente muitos deles (vindos) do interior, localizados na Feira Semanal de Quarteira (todas as quartas-feiras). Mas tendo estado o José na Feira de Albufeira (no dia anterior e numa feira quinzenal) ficando-se hoje pelo peixe e mais um tempo na Tasca, bebendo uma fresquinha Imperial e aproveitando o quentinho do Sol (num prazer popular, junto temperaturas contrárias e num estilo Frio/Quente). Junto ao Mercado do Peixe notando-se pouco movimento (praticamente vazio, não de bancas mas de clientes) mas com duas presenças (dois gatos) acompanhando a ação (as entradas e saídas) e daí algo esperando: e ao contrário dos cães acompanhando os seus donos (Figura 1) ‒ um com um comprador outro com um vendedor, mas ambos como companheiros acompanhando o amigo ‒ já no caso dos gatos (Figura 2) paredes meias com os peixes (no interior do mercado), tentando provavelmente recolher alimento suplementar, como clientes frequentes e tendo amigos por lá.
A Lua a 8 de Novembro tal como vista de Quarteira
Ainda nuns últimos instantes (do José na esplanada) usufruindo do Sol do Algarve e do resto da Imperial, com a Lua vista do parque (de estacionamento), entre os ramos de uma árvore (já nem sei bem qual), projetada no azul (do Céu) ‒ comigo dentro do carro, bem quentinho como numa estufa e esperando quem não vinha (agarrado à cadeira, levando com o Sol na tola e bebendo uma fresquinha) ‒ registando a sua presença (da Lua na minha Canon) distando de milhares de Km (uns 384 mil) e desde há muitos milhões de anos, estando onde hoje estou: observando a partir do Espaço toda a Evolução registada nesta região (Terra/Algarve) desde tempos longínquos (e pensando no Tempo do Homem), sofrendo grandes alterações (ambientais como geológicas) e envolvendo migrações (de todo o tipo de seres vivos incluindo o Homem) num Planeta maioritariamente Azul e com toques de Castanho/Verde. Confirmando-se como a Vida é uma Dádiva a usufruir (vindo de Deus e/ou da Natureza) e de como sem outros entraves (impostos pela monotonia de miséria do nosso quotidiano) só temos mesmo que a apanhar e saber Aproveitar. Mas a cerveja acabou e eram umas 11 horas quando o José chegou (teria que estar pelo meio-dia de regresso a Albufeira, entregue em sua casa ou então no Caravela): arrancamos então para Albufeira e depois da Ponte Barão ainda procuramos laranjas (só vimos talvez tangerinas), mas vê-las na realidade só as vimos, mesmo ao lado da estrada, ainda penduradas nas árvores (com a época da apanha da laranja a iniciar-se este ano com algum atraso ‒ devido às condições climatéricas não se iniciando já/Novembro, mas lá mais para meados de Dezembro).
Albufeira ‒ Yorkshire Tabern ‒ Arcadas S. João
E percorridos os cerca de 19 Km entre Quarteira e Albufeira entrando na Avenida dos Descobrimentos (pelo lado da Tourada), fazendo uma pequena paragem nas Arcadas (Edifício das Arcadas de S. João) para beber um copo na Yorkshire Tavern: com o José a visitar o amigo (de infância) no seu local de trabalho (num encontro curto mas necessário, dado os longos períodos de ausência), trocando algumas novidades e combinando novo encontro ‒ mas aí com mais tempo e talvez (outras) recordações. Por volta do meio-dia, sentado à porta do bar e com um casal (estrangeiro) lá fora bem estendido e todo debaixo do Sol (como se fossem duas osgas), recordando a Albufeira Antiga (digamos que há uns 33 anos) e tudo aquilo que a diferenciava: de alguém aqui chegado ainda com Mário Soares como 1º Ministro e lutando pela integração de Portugal na CEE (o que alcançou), mas de que Cavaco Silva pôs e dispôs (dos volumosos fundos investidos na altura em Portugal) quando eleito 1º Ministro em finais de 1985.
Entrada no que será (talvez em altura) a habitação do Futuro
Com esse verdadeiro Evento (com o país a ser inundado por dinheiro vindo de fora, mas sendo distribuído sem nenhum critério ou objetivo) a ter um impacto brutal no tradicional desenho arquitetónico e social de Albufeira, de tal forma evidente (esse choque) que rapidamente o mesmo foi sendo espelhado na marginalidade crescente dos poucos naturais desta região algarvia ainda sobreviventes (e sobretudo resistentes) ‒ tal como Espinho (onde vivi) inicialmente uma pequena localidade de pescadores (agora transformado em mais um Espaço Hoteleiro) ‒ e no arranque decisivo e imparável da construção (de habitações e outras estruturas de suporte) terminando no Click final com o aparecimento da Marina. E desaparecendo os Indígenas (os outros), chegando novos ocupantes, desejos e desígnios (nós) ‒ impondo esmagadoramente mas sem dor (poucos indígenas resistiram) o que a Memória e a Cultura desses Antepassados certamente jamais adotariam: e como Homenagem ao Pescador e já que se fez a Marina, arranjando-lhes finalmente um Cantinho ali no Porto de Abrigo (em Espinho nem isso).
Mas tendo o Zoomarine, o frango da Guia e o Shopping ‒ e o Castelo de Paderne.
(imagens: PA)