ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Informar vs. Manipular
Qual é a Função do Jornalismo/Jornalista?
The Times
(20.06.2017)
Ao ler a primeira página do diário inglês THE TIMES (de 20 de Junho de 2017) pode-se verificar imediatamente como o jornalismo nos dias de hoje abandonou a única função (objetiva) para o qual foi inicialmente criado ‒ INFORMAR ‒ para contra toda a deontologia moral e profissional do setor se transformar (trocando a sua sobrevivência financeira por contrapartidas aos seus acionistas) num mero agente intermédio (e subliminar) tendo como único objetivo MANIPULAR. Uma VERGONHA para o JORNALISMO e ainda maior para os JORNALISTAS ‒ que se pensam que o são mesmo que certificados, estão completamente enganados e crescentemente descredibilizados (é o que dá encostar-se aos políticos).
Senão vejamos dois títulos como sempre encomendados e mais uma vez dirigidos, um aos RUSSOS (ignorando fronteiras) e outro aos MUÇULMANOS (desprezando religiões):
RUSSIA threatens RAF and US air force Jets in Syrian stand-off
Jobless “lone wolf” held over attack on mosque
(Father of four had suffered mental health problems, say family)
No primeiro caso com um jato da Confederação Russa a fazer uma rasante a um avião de espionagem dos EUA (segundo fontes norte-americanas passando a uns escassos 1,5 metros de distância um do outro) ou não estivesse o avião norte-americano apesar de circular em águas internacionais a passar apenas a 40Km de Kaliningrado um enclave russo (também nas costas do Báltico) localizado entre a Polónia e a Lituânia (com os russos a afirmarem terem sido provocados antes). Deixando-nos a pensar como reagiriam os EUA se a Confederação Russa resolvesse fazer voos do mesmo tipo, a uns insignificantes 40Km da costa do seu país. Aqui transformando a ameaça oriunda do exterior e dirigida a um território próximo (assim me sentiria se visse desconhecidos a rondar a minha casa) no elemento Ameaçado e por outro lado considerando os residentes, por receio e como procedimento natural de defesa, o elemento Ameaçador.
No meu caso e como experiência real e pessoal tendo já interiorizado que se não marcarmos presença seremos sempre espoliados ‒ e sendo tudo uma replicação (do maior para o mais pequeno), ignorando a ação de vizinhos e a indiferença de muitos outros, sendo roubado tipo Ground Zero, só ficando mesmo com a casa e por ainda estar agarrada (paredes e tetos).
Já no segundo caso e desde que o referendo sobre a permanência da Grã-Bretanha na Comunidade Económica Europeia fora realizado (em 23 de Junho de 2016 e com a resposta a apontar para a Não permanência), num cenário talvez nunca esperado (mesmo pelos Conservadores), com o abandono estratégico de David Cameron (o primeiro responsável pela derrota) e a chegada da Ex subordinada e inexperiente Theresa May (não caberia na cabeça de ninguém estas eleições antecipadas), atirando pelo menos temporariamente o clima social, económico e político da Grã-Bretanha para um impasse perigoso por indefinido, podendo ter consequências imprevisíveis e agravando ainda mais a situação interna do país (e a sua imagem internacional, parecendo querer fazer companhia ao seu aliado norte-americano). Neste cenário agravando as contradições e podendo levar a extremos: como o de acusar como responsáveis pelo desemprego entre os britânicos a presença de muçulmanos no país e assim justificando como esperado (para não dizer natural) o ataque a uma mesquita.
Percebendo o jornalismo de hoje não como oriundo de um conjunto de indivíduos dedicados (como numa MISSÃO) a informar-nos de tudo o que viam e com os seus órgãos dos sentidos aí presentes experienciavam ‒ e logo aí se nos dirigindo, atingindo-nos diretamente como em vasos comunicantes, sem possibilidade de recuo e sem qualquer tipo de intermediário (no princípio, no meio ou no fim da linha) ‒ mas como mais uma função, cumprida por indivíduos certificados, apenas para servirem uns poucos. E enganando todos os outros a troco duma contribuição tal e qual um MERCENÁRIO.
“O Governo é liderado por um robot falante, apelidado ‘Maybot’, que de alguma forma conseguiu visitar a torre ardida na zona oeste de Londres [torre Grenfell] sem falar com um único sobrevivente ou trabalhador voluntário.”
(Jornal Económico/Christian Zaschke)
(imagem: thetimes.co.uk)
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Eleições no Reino Unido
Tentando reforçar a sua maioria no parlamento britânico de 330 lugares (em 650 maioria a 326) Theresa May desejou antecipar as eleições (não ligando às preocupações dos seus eleitores) e o resultado foi uma estrondosa derrota: perdendo a maioria e 31 lugares e mesmo assim (e ao contrário de David Cameron) não querendo demitir-se. Entreabrindo a porta nº 10 e deixando desde já Jeremy Corbin à espreita (sendo necessário para entrar apenas empurrar a porta) tal o caos estratégico do partido Conservador (completamente à deriva desde que David Cameron como um “verdadeiro comandante” foi o 1º a abandonar o barco).
Jeremy Corbin (Trabalhistas/Sindicalista/68 anos) ‒ 40,0%
Theresa May (Conservadores/Banco de Inglaterra/60 anos) ‒ 42,5%
Com os resultados das Eleições no Reino Unido já conhecidos, a primeira conclusão a tirar (até porque estas eleições antecipadas foram promovidas pelos Conservadores de modo a reforçarem a sua liderança) é que o partido no poder sofreu uma considerável derrota (o 2º grande erro Conservador neste caso da autoria de Theresa May): dos 330 lugares que lhe davam uma maioria no parlamento britânico passando a 318 e apesar de continuar a ser o maior partido, perdendo a sua margem de manobra e ficando dependente de alianças com terceiros (e menores partidos). E colocados perante as negociações associados ao Brexit (o 1º grande erro Conservador neste caso da autoria de David Cameron), não se percebendo até ao momento como querendo prosseguir o seu caminho (como se nada se tivesse entretanto passado) Theresa May irá resolver a embrulhada em que se enfiou ‒ para já falando-se de uma aliança (não de Governo) com os Democratic Unionist (da Irlanda do Norte) atingindo assim a maioria com 328 lugares (maioria com 326), mas por outro com os Trabalhistas a oferecerem-se também para um possível Governo por si liderado (minoritário) apoiado por outras forças com lugares no parlamento Britânico e mais próximos do centro-esquerda. E desse modo com o partido Trabalhista do tão contestado Jeremy Corbin (interna e externamente) a ser o grande vencedor destas eleições de 8 de Junho, não só pela sua grande subida de lugares no parlamento (+31 lugares), como da subida espetacular no número de votantes (perigosamente próximo dos Conservadores) ‒ colocando-o hoje numa posição de força no parlamento britânico e talvez iniciando aí (e agora) o seu caminho para ser o próximo Primeiro-Ministro agora que a ameaça de novas eleições começa cada vez mais a pairar no ar.
Partido
| Lugares | Evolução | Votos | (%) |
Conservative
| 318 | -12 | 13,650,918 | 42.45 |
Labour
| 261 | 31 | 12,858,644 | 39.99 |
Scottish National | 35 | -19 | 977,568 | 3.04 |
Liberal Democrat | 12 | 3 | 2,367,038 | 7.36 |
Democratic Unionist | 10 | 2 | 292,316 | 0.91 |
Sinn Féin | 7 | 3 | 238,915 | 0.74 |
Plaid Cymru | 4 | 1 | 164,466 | 0.51 |
Green
| 1 | 0 | 524,604 | 1.63 |
Ind
| 1 | -4 | 144,884 | 0.45 |
Ulster Unionist | 0 | -2 | 83,280 | 0.26 |
Soc. - Dem. and Labour | 0 | -3 | 95,419 | 0.3 |
Ukip
| 0 | 0 | 593,852 | 1.85 |
Other
| 0 | 0 | 166,336 | 0.52 |
Resultados das Eleições Gerais na Grã-Bretanha de 8 de Junho
(um lugar por definir de um total de 650 ‒ maioria 326)
Indo-se agora viver no Reino Unido mais um período de grande indefinição política, com os Conservadores a continuarem a lutar pelo Brexit (e sejamos sinceros forçados a seguir essa opção) ao mesmo tempo que uma maioria cada vez mais significativa (e declaradamente contra os resultados do referendo do Brexit) continuando a sua luta pela permanência ‒ enquanto mesmo ao lado da Ilha e face à confusão instalada, o Continente mesmo sob uma grande crise sorri com a situação do filho há muito tresmalhado, mas (antes) oficialmente não declarado. De resto e observando o cenário eleitoral resultado de 8 de Junho com o parido Escocês a sofrer uma significativa descida (perdendo 19 dos seus 54 lugares distribuídos entre Conservadores/Trabalhistas), com o UKIP a desaparecer não do parlamento mas da vida política inglesa (apoiantes do Brexit) e com outros pequenos partidos (Liberais e pequenos partidos de Gales e da Irlanda do Norte) a manterem/subirem ligeiramente a sua representação. E do meio desta confusão indo muito provavelmente surgir um Governo com data de fim marcado (Conservador, minoritário e apoiado no parlamento) preparando-se para dentro de meses levar a cabo mais um ato eleitoral: com a América em guerra interna (os derrotados não aceitam os resultados), com a Europa completamente à deriva (à espera que os vitoriosos na América consigam emergir), com a guerra a poder explodir e alastrar a todo o Médio Oriente (agora que Trump armou os sauditas até aos dentes de modo a levar a sua avante, mesmo eliminando grandes aliados na proliferação do terrorismo como o Qatar) e agora como se já não bastasse e por completa incompetência e excesso de arrogância dos Conservadores criando o caos na Grã-Bretanha e adiando mais uma vez o país. Afinal de contas saindo ou reentrando?
(dados da tabela: theguardian.com ‒ imagens: politico.eu/Getty Images)
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O Outro Lado da Lua
A Grã-Bretanha tem um novo líder Trabalhista
O Partido Trabalhista acaba de eleger como seu líder JEREMY CORBYN, um militante veterano com 66 anos de idade, representando a ala mais à esquerda do maior partido da oposição na Grã-Bretanha.
Jeremy Corbyn
Eleito com cerca de 60% dos votos expressos pelos seus apoiantes trabalhistas, o novo líder esquerdista inglês sucede na liderança do seu partido a Ed Miliband, inesperada e estrondosamente derrotado nas últimas eleições realizadas há meses (232T/331C em 650 parlamentares eleitos).
O que aconteceria se a Grã-Bretanha virasse à esquerda?
“Jeremy Corbyn Is Following Bernie Sanders' Campaign With Great Interest”
(huffingtonpost.com)
Enquanto isso nos EUA o senador Democrata de tendência socialista Bernie Sanders candidata-se à Casabranca como Independente (tentando assim penetrar na embrulhada de candidatos que ainda se digladia na antecâmara presidencial de 2016), sabendo-se de antemão apenas poderem ser nomeados oficialmente e com credibilidade (vencedora), ou um indivíduo como candidato Democrata (neste momento com Hillary à frente nas sondagens) ou um outro como candidato Republicano (neste momento com Trump à frente nas sondagens).
Bernie Sanders
Imaginemos um ano de 2016 com a Europa em reflexão profunda (sobre a sua grave e prolongada crise económica), com a invasão crescente dos surtos migratórios vindos de sul e de leste (fugindo da guerra e do caos aí reinantes), com o conflito da Ucrânia em hibernação mas sempre presente (as eleições norte-americanas vêm a caminho) e com a crise bolsista chinesa como pano de fundo, tendo como complemento toda a Europa de leste a virar à direita (com a europa ex-comunista a liderar), todo o ocidente a virar à esquerda (Grécia, Portugal, Espanha, etc.) e ainda com a Grã-Bretanha a apresentar um potencial candidato a futuro Primeiro-Ministro Inglês situado bem à esquerda, muito atento à campanha de um outro importante esquerdista mas neste caso candidato à presidência dos EUA.
Devia ser muito interessante assistir a uma luta continental HILLARY/TRUMP/SAUNDERS, com o ilhéu CORBYN a assistir.
(imagens – WEB)
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Morto por um Avião sem Nunca ter andado Nele
“Shoreham plane crash: Seven dead after Hawker Hunter hits cars”
(bbc.com)
Momento do choque do Hawker Hunter nas proximidades da A27
Face a um incidente como este (pela sua gravidade e localização) o que me pergunto é como é que ainda é possível em países desenvolvidos e avançados como a Grã-Bretanha, sucederem acidentes previsíveis e mortais como o sucedido hoje no aeroporto de Shoream.
Neste incidente que até ao momento já provocou 7 mortos e mais de uma dezena de vítimas (os automobilistas que circulavam na via rodoviária adjacente ao terreno do aeroporto), o detalhe fundamental que originou este acidente não estará muito provavelmente nem no piloto, nem na máquina, nem nas condições atmosféricas, mas simplesmente e certamente no responsável que autorizou a realização do Evento.
E se alguém ainda tinha dúvidas em identificar e aceitar racionalmente as suas causas, basta olhar para esta notória, violenta e fatal consequência e constatar que as vítimas até agora contabilizadas e relacionadas com este acidente, nem sequer tinham nada a ver com o festival aéreo a decorrer. E foram estas as suas vítimas (excluindo o piloto gravemente ferido).
E se já aceitamos como normal todas as notícias de mortos que nos chegam todos os dias aos nossos ouvidos, temos também que compreender que o que se passa lá longe pretensamente com outros motivos, um dia também se passará connosco bastando apenas banalizar as vítimas: só que aí as vítimas seremos nós.
Pior do que isto só mesmo na China (explosão no porto chinês de Tianjin provocando mais de 150 mortos e várias centenas de feridos). Mas na verdade e a continuarmos assim, vamos mesmo no MAU caminho.
(imagem – twitter.com/hashtag/Shoreham)
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UK Elections
A Grã-Bretanha foi a votos na passada quarta-feira. Com as sondagens a apontarem para um possível empate técnico Conservadores/Trabalhistas, a maioria dos cidadãos da Grã-Bretanha não hesitaram e preferiram a continuidade: maioria absoluta Conservadora.
Um vencedor e três demissionários
A Democracia tem destas coisas: se antes permitia a vitória do Fascismo (por maioria de votos, por maioria de armas ou por maioria de ambos), nos nossos dias os números de nada valem (dependendo do sítio da urna). Ora vejam:
• O partido Conservador (24.4%) face ao resultado do partido Trabalhista (20.1%) deveria ter uns 281 lugares; efectivamente tem mais 50 (331);
• O partido Escocês apesar da sua reduzida representatividade (3.1%) face a Conservadores/Trabalhistas é a terceira bancada parlamentar com 56 representantes;
• O partido UKIP apesar dos seus quase 4 milhões de votos (o terceiro partido mais votado com 8.4%) apenas elege 1 representante;
• O partido Democratas/Liberais paga a factura pela sua anterior aliança com os Conservadores, ficando-se pelos 8 representantes;
• E pequenos partidos (na ordem de uma a duas centenas de milhares de votantes) ainda cantam vitória superando o (medalha de bronze) UKIP;
• Tudo isto contando com uma abstenção muito próxima de 1/3 dos votantes, desses 1 em 4 votando Conservadores e com estes últimos a alcançarem a maioria absoluta.
Nada muda, nada nunca mudará. Nem sequer no verdadeiro Hiper-mercado em que se transformou a Grã-Bretanha: de um lado Londres o Centro de Negócios, uma ou outra cidade ainda com aspirações e depois é só paisagem. Pobre e sem intelectuais. A vida está difícil e já não existe esperança. Mas ainda existe emprego e a província é sempre um recurso. Tudo abandonado, infra-estruturas deficientes, tranquilidade absoluta e casas a bom preço. Mas aqui nada se perde, nada se cria, tudo se transforma. Existem sempre transportes e fábricas de embelezamento. Um país cercado por uma classe política há muito instalada e cordialmente suportada pela Rainha de Inglaterra. Apenas com um pequeno entrave mas difícil de engolir: os escoceses do whisky. Não sendo a água o motivo da separação da Grã-Bretanha do resto da Europa (como o demonstram inequivocamente os emigrantes), mas o convencimento destes ilhéus de que os EUA serão sempre o seu futuro e a sua salvação. Talvez estejam certos mas o mais provável é estarem errados: “amigos, amigos, negócios à parte”.
Os emigrantes poderão ficar descansados: derrotado o candidato Trabalhista tudo continuará exactamente na mesma. Vida escrava mas bem paga (para o emigrante) e o desespero situacionista (para o nacional). Um país pleno de serviços, dinheiro e transformação intermédia: recebendo de todo o mundo, embalando tudo bem e pondo-se ao lado do capital (sem restrições e global). Norte-americano ou chinês (e com árabes pelo meio). No que diz respeito ao futuro da Europa mais uma caixa de surpresas: se por um lado a vitória dos Conservadores é benéfica para a actual política europeia (paralisada na cadeira de rodas, enquanto empurrada pelos EUA), por outro lado até que poderá representar o seu fim, se um dia por um motivo qualquer (para a Europa) a Grã-Bretanha decidir abandonar o Euro. Aí a sua posição exterior seria vital para a Europa. Afastada a França (ultrapassada e sem ideias), diabolizada a Rússia (adversário não submetido) e isolada a Alemanha (indefinição e incompetência), o grupo cingir-se-ia à sede (EUA) e à sua única filial (Reino Unido). Quanto a Portugal se a direita pensa que daí tirará dividendos (afinal de contas a política do Governo anterior funcionou na Grã-Bretanha), nós não somos uma ilha e estamos colados ao continente.
(imagem – Web)