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A Selva – O Problema poderá estar no Armário

Quinta-feira, 27.10.16

Que alguns líderes escolheram para o seu retiro antes de lhes dar uma de fé e de vocação

(que eles afirmam ao espelho ser apenas serviço público)

 

“Fires are raging across parts of the "Jungle" migrant camp in Calais, three days into a French operation to demolish it.”

(bbc.com)

 

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A Selva de Calais – Uma porta de entrada para o Reino Unido

(e segundo dizem para as suas ruas cobertas de ouro)

 

Ao registar nos últimos tempos a sistemática utilização do termo SELVA (nas notícias), não foi para mim surpreendente que dada a constante repetição desse termo e a sua associação a um conjunto de indivíduos política e coercivamente isolados, me tenha recordado de dois grandes sucessos da banda desenhada (e respetivos heróis), com um deles envolvendo a resistência de um povo aos poderosos exércitos do invasor e potencial colonizador (entrincheirados na sua Aldeia dos Gauleses) e com o outro demonstrando que seja qual for o ambiente em que habitemos, se reconhecermos a nossa capacidade de adaptação (ao meio) e simultaneamente de aceitação (do outro), tudo será mesmo possível – até o do momento da integração (completando o esquema) do supostamente contrário (caso do Jorge da Selva).

 

A ação com os atores começa com Ursula Stanhope explorando a selva nas proximidades do lar de George, a "Montanha dos Gorilas", com a ajuda de seu guia Senhor Kwame e alguns nativos carregadores. Ela viajou para a África sozinha, mas se junta a expedição de seu noivo rico Lyle Van De Groot, que veio ao seu encontro. O senhor Kwame então lhes conta a lenda do "Macaco Branco", o que desperta a cobiça de dois homens que viajavam com Lyle, os caçadores Max e Thor.

(George of the Jungle – wikipedia.org)

 

Só que este Imaginário (antes um dos nossos desejos mas agora considerado infantil) foi há muito sendo substituído pela Nova Realidade (com o sujeito a ser equiparado comercialmente ao objeto), levando-nos não só a ignorar a importância dos pequenos percalços experimentais (culturais e educativos) que nos possam ir surgindo pelo caminho (limitando as nossas perceções e a nossa capacidade cognitiva) – já que tempo é dinheiro – como a esquecer progressiva e de uma forma determinada (caso contrário sendo-se excluído) o destino que antes tantos líderes nos tinham prometido, tantas e tantas vezes, em tempos de Paz e até de Guerra: num trajeto em que inadvertidamente mataram os nossos heróis (como Asterix, Obelix, George e Jane) e em que optamos decisivamente pelos seus (nossos) carrascos.

 

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Localização do campo de refugiados instalado na região de Calais

(antes expulsos dos seus países e agora expulsos dos seus campos de concentração)

 

Pelo que se o novo aglomerado populacional recentemente instalado na região francesa de Calais continuar a ser considerado como uma Selva, tendo em atenção todos aqueles que deram origem a esta migração maciça, deplorável e na sua essência criminosa (da Líbia, do Iraque, da Síria, do Afeganistão e agora até do Iémen) e tendo sobretudo em conta toda a destruição que os mesmos (que os denominam como selvagens) direta ou indiretamente provocaram nos seus países (terraplanagens e genocídios), tal será a maior manifestação de vilanagem e hipocrisia levada a cabo pela coligação US/EU:

 

Convidando através do bombardeamento todos a fugir (pela vida), deixando-os à sua sorte na procura de percursos alternativos e seguros de fuga (levando-os obrigatoriamente a utilizar redes clandestinas) para no fim desse suplício (de fome, doença, violação e morte) e quando a luz parecia aparecer ao fundo do túnel (neste caso o do Canal da Mancha) lhes deitarem fogo e escorraçarem.

 

"Estamos no ano 50 antes de Cristo. Toda a Gália foi ocupada pelos romanos... Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste ao invasor. E a vida não é nada fácil para as guarnições de legionários romanos nos campos fortificados de Babaorum, Aquarium, Laudanum, Petibonum..."

(Asterix – wikipedia.org)

 

Numa manifestação indesmentível para quem ainda tinha dúvidas de que Europa já morreu (económica, social e culturalmente dada a morte do contraditório), não passando hoje em dia de mais uma manta de retalhos por onde tudo passa (o que até poderia ser positivo) mas na qual nada fica (dada a preferência atual pelos produtos do Oriente). Tendo-se infelizmente transformado numa velha rica mas decrépita, querendo superar todas as contingências negativas provocadas pela sua idade, pouco se mexendo (de forma a manter a sua já pouca energia), usufruindo no seu limite (de resistência e prazer) e acima-de-tudo consumindo sem trabalhar mas com rendimentos garantidos (estáticos e/ou financeiros ou seja especulativos e no entanto lucrativos).

 

(imagens: bbc.com)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 08:30