ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Atropelado
No Mónaco durante um dia de treino do ciclista inglês da equipa SKY Christopher Froome (e cerca de duas semanas depois do atropelamento mortal também durante num treino do ciclista italiano Michele Scarponi), um condutor decidiu encostar de propósito o ciclista â berma da estrada, acabando por o atirar para fora da mesma ‒ salvando-se o ciclista (felizmente) mas destruindo-se a bicicleta.
Christopher Froome
(ING/Team SKY)
O Ciclismo hoje em dia não passa de mais um mero Negócio ‒ tal como acontece em todos os Desportos que devendo ser amadores são-no sim Profissionais: com patrões e empregados e consumidores furiosos. Com o Corredor a assumir o papel de empregado (e de assalariado) e obviamente a poder sofrer as consequências ‒ oriundas do patrão e dos consumidores.
E como em geral é sempre o elo mais fraco a sofrer no corpo e na mente pelo seu trajeto assumido (sendo muito semelhante o do empregado e do consumidor, chegando mesmo a confundir-se), é natural que em caso de conflito os mesmos se acabem por envolver ‒ e com o patrão e apesar de responsável a nada ter a ver com o assunto (nem sequer estando lá, nem sequer frequentando esses meios).
Por esse motivo sendo natural que muitos dos problemas (mais ou menos graves) que atravessam e afetam a Sociedade onde no presente todos vivem e convivem, se reflitam de imediato na base da escala desta Pirâmide devoradora (não só de corpos como de almas), numa geometria do plano onde estaremos sempre desprotegidos e à disposição de qualquer um que por aí caia e sabe-se lá como (nem mesmo ele) apareça e faça (por acaso ou de uma forma deliberada, mas sempre bem consciente):
A bicicleta de Froome após o acidente
(salvando-se o ciclista)
Atropelando e matando um Ciclista por algum tipo de obsessão (por exemplo para não chegar atrasado ‒ neste caso a obsessão pelo controlo do Tempo, um parâmetro incontrolável por abstrato) e tendo Michele Scarponi como vítima mortal; ou então tentando atropelar e ferir um Ciclista aplicando nele as frustrações de uma integral e pessoal vida de presa (incapaz e constantemente nas mãos do seu predador), deitando fora todas as ligações (familiares, conhecidas, fortuitas, de amizade) e escolhendo como um covarde um igual e descarregando nele a sua fúria (legal ou ilegal) ‒ e tendo Chris Froome como vítima (felizmente não mortal).
Confirmando-se com este tipo de incidente (infelizmente tão comum em tantas áreas da nossa sociedade) aqui verificado com um ciclista num simples treino exterior e ao ar livre, que sempre que abandonamos a nossa zona de conforto por questão de sobrevivência e necessidade da obtenção de uma contraproposta financeira, arriscamos a ser topados, a sermos de seguida despidos e (até) mesmo a ser agredidos (consequência de contas desequilibradas).
(imagens: FABRICE COFFRINI / AFP/cnewsmatin.fr e TWITTER/dailystar.co.uk)