ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Black & White/Poor & Rich
Sendo surpreendente (ou talvez não), esquecidas e postas de lado as suas respetivas ideologias, vermos vindo de todos os quadrantes políticos (da direita até à esquerda) o mesmo medo e inquietação de perderem os seus direitos – pelos vistos sendo divinos e há muito adquiridos (como deuses, profetas, discípulos ou simpatizantes que são). Não se descortinando exceções no meio de tamanho rebanho.
Sixty Percent of Americans Are Worried That Donald Trump Will Take the USA
To War in His First Term
(Elisabeth Joan – playbuzz.com)
Com os EUA a atravessarem internamente um período de autêntica Guerra Civil entre grupos poderosos e influentes instalados na sua sociedade e que de maneira nenhuma querem perder os privilégios de uma vida, a presença da perseguição racista já não se limita apenas à instrumentalização e utilização do negro (pondo brancos a caça-los) como bode expiatório para tudo o que de mal acontece, como se torna ainda mais vergonhosa ao servir-se da psicologia de massas tornada violenta e irracional (numa opção típica de regimes fascistas) para colocar uns pobres a lutar contra outros pobres apenas pela manutenção do status quo dos ricos.
Recorrendo às memórias que cada vez menos nos restam do passado, maioritariamente esquecidas e obliteradas pelo pouco tempo que ainda nos sobra para viver, por vezes somos levados inexplicavelmente a ressuscitar certos temas, que por tantas e tantas vezes adulterados e acabando-se mesmo por optar pelos seus simétricos, nos levam à negação das evidências, à apatia pelas suas consequências e finalmente numa mistura explosiva das duas à indiferença e à intolerância: aceitando de uma forma aberta (as sugestões emitidas pelos seus líderes), utilizando um trajeto exclusivo (de modo a assegurar a proteção, segurança e persistência do grupo) e selecionando sem qualquer tipo de restrições (mesmo recorrendo à morte antecipada) a destruição de outros grupos. Tudo com o único objetivo tornado responsável e credível (ao longo da nossa educação e formação inalterado, como comprovativo do facto de sermos autênticas réplicas uns dos outros) de preservar a espécie e o modelo adotado por esse grupo (enunciado e declarado como o grupo modelo): e simultaneamente interiorizando progressivamente (porque um dia poderá chegar a nossa vez) que face aos interesses estabelecidos como necessários e prioritários por esse grupo, todo o elemento seu constituinte é transitório e suscetível de ser neutralizado (suspenso para eventual recuperação/reeducação ou arquivamento/prisão).
Ysanel Torres of Rhode Island
Attends a Black Lives Matter march during the 2016 Democratic National Convention
(Josh Afner – usatoday.com)
Daí partindo-se para o problema das minorias, das raças, das etnias, do género, da idade e de tudo o mais que possa existir e dividir a espécie, levando-a a sucessivos e crescentes conflitos, a guerras intermináveis e de seguida à definitiva extinção – no sentido em que essa extinção será definida e limitada à esmagadora maioria habitando este planeta (7 biliões-uns quantos), englobada naquele pacote monstruoso mas realista (a realidade por todos previamente escolhida) contendo todos aqueles que usufruindo de menos de metade do que a Terra lhes poderia oferecer, nunca o chegaram a ver ou a tocar porque algo ou alguém lá chegou antes e o fez desaparecer: num processo artificial imposto por uma minoria irrelevante, de modo a definir o seu próprio modelo evolutivo – e dispensando simultaneamente o processo evolutivo natural – como se por acaso tivéssemos assumido o papel de Deuses e deixando de ser o que sempre fomos (meras replicas uns dos outros obtidas a partir do mesmo molde original), nos achássemos superiores (aos outros) apenas enganando e manipulando. Através da utilização crescente e exponencial de máquinas e de periféricos num mundo biomecânico em que o segundo matará o primeiro (ao contrário do idealizado e desejado por Isaac Asimov – talvez por ainda acreditar na dicotomia estabelecida pelo Homem entre o Bem e o Mal – como uma forma inicial e primitiva de se defender).
Por exemplo pensando no caso norte-americano e no seu eterno problema com a minoria étnica africana (ou minoria negra) – e começando a história por meados do séc. XVIII (e limitando-nos apenas aos últimos 150 anos para evitarmos mais atos horrendos). Bastando para tal analisar a evolução demográfica de brancos e negros nos EUA desde a Guerra Civil Norte-Americana iniciada em 1861 (faz agora 156 anos). E já agora adicionando-lhe a questão dos hispânicos/latinos, comparando a sua evolução (demográfica) com a dos indivíduos de raça negra.
P/% | P | P | P | P | P | % | % | % | % |
Ano | Branco | Negro | Outro | (Total) | H | Branco | Negro | Outro | H |
1860 | 26,9 | 4,4 | 0,1 | 31,4 | 0.2 | 86 | 14 | 0 | 1 |
1890 | 55,1 | 7,5 | 0,3 | 62,9 | 0.4 | 88 | 12 | 0 | 1 |
1920 | 94,8 | 10,5 | 0,4 | 105,7 | 1,3 | 90 | 10 | 0 | 1 |
1950 | 134,9 | 15,0 | 0,8 | 150,7 | 3,2 | 90 | 10 | 0 | 2 |
1980 | 188,4 | 26,5 | 11,6 | 226,5 | 14,6 | 83 | 12 | 5 | 6 |
2010 | 223,6 | 38.9 | 46,2 | 308,7 | 50.5 | 72 | 13 | 15 | 16 |
Demografia – EUA
[P: População (em milhões) T: Total H: Hispânicos/Latinos]
Analisando os dados apresentados na tabela anterior concluindo-se:
- Que se em 1860 em cada 10 habitantes 8.5 eram brancos e 1.5 eram negros, 150 anos depois cerca de 7 eram brancos, mais do que 1 eram negros e menos que 2 eram hispânicos/latinos: ou seja de 2ºgrupo passando a 3º: com os negros a serem ultrapassados na sociedade norte-americana por cidadãos falando a língua espanhola (13% contra 16%);
- Com a população negra mantendo uma proporção semelhante à população branca: 1 negro para 6 brancos – mas estagnando no seu crescimento (média de 12%) face ao crescimento dos hispânicos/ latinos (de 1% para 16%): e a ter sofrido uma diminuição notória de 1860 a 1950. E com os hispânicos/latinos a revelarem-se pela mesma altura (1950) e a dispararem para atingirem o seu auge no ano de 2010 (últimos dados registados e que passados 7 anos deverão ser ainda maiores);
- E a partir destas conclusões e de muitas outras que se tentarão certamente elaborar, podendo-se relacionar esta evolução demográfica com alguns acontecimentos históricos ocorridos neste último século e meio (e só para mencionar 7): como a Guerra Civil nos EUA (1861/1865), as duas Guerras Mundiais (1914/1918 e 1939/1945), a Guerra do Vietnam (1955/1975), a Guerra do Golfo (1990/1991) e as Guerras do Afeganistão (2001/2014) e do Iraque (2003/2011).
A partir do ano de 2010 com os EUA vindo de dois mandatos sucessivos do Republicano G. W. Bush estando já sobre o comando do seu novo e 44ºpresidente dos EUA o Democrata Barack Obama (20 Janeiro 2009 a 20 Janeiro 2017) – num planeta partilhado hoje em dia por 195 países (193 países membros da ONU e 2 países observadores), onde habitam mais de 7 biliões de pessoas e em que o novo Homem-Forte da América e como consequência do Mundo, é agora um republicano, por sinal um milionário e também sendo Presidente habitando a Casa Branca: Donald Trump de seu nome.
(legendas e imagens: as indicadas)