ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Eleições em Espanha – E Agora?
Comunidades e cidades autónomas de Espanha
Depois de serem publicados os primeiros resultados das Eleições de 20 de Dezembro de 2015 para o Parlamento de Espanha podem-se já tirar algumas conclusões
O PP ganhou as eleições (123 deputados) não atingindo a maioria relativa (176) nem absoluta (234); a aliar-se para formar governo o mais lógico seria fazê-lo com o CIDADÃOS (ficando-se no entanto pelos insuficientes 163 deputados) e/ou tentando algum tipo de compromisso com o PSOE.
Partido ou Coligação | Área Política | Votos | % | Deputados |
PP | Direita | 7.215.530 | 28,71 | 123 |
PSOE | Esquerda | 5.530.693 | 22,01 | 90 |
PODEMOS | Esquerda | 5.189.333 | 20,66 | 69 |
CIDADÃOS | Centro | 3.500.446 | 13,93 | 40 |
(322 dos 350 deputados)
O PSOE foi o segundo partido mais votado nas eleições (90 deputados); numa hipótese de formar governo tal só seria possível com o PODEMOS (ficando-se no entanto pelos insuficientes 159 deputados) e/ou tentando algum tipo de compromisso com o CIDADÃOS – ou em alternativa rever a sua posição sobre a questão Autonomia/Independência e estabelecer entendimentos com as organizações nacionalistas (o que não deixaria de ser extremamente difícil dado englobar a esquerda e o centro-direita político em regiões como o País Basco e a Catalunha).
O que nos leva a concluir que em princípio se constituirá um governo minoritário de base de Direita PP/CIDADÃOS, nunca deixando de lado a forte hipótese de um outro governo minoritário de base de Esquerda PSOE/PODEMOS. Com o espectro político espanhol a assentar agora em quatro partidos e a mergulhar num novo mundo de múltiplas alianças.
Entre outros importantes ilações a retirar destas eleições para o Parlamento de Espanha poderemos ainda afirmar
Existiu ainda uma pequena distorção na distribuição de votos e dos seus respetivos mandatos que afetou o resultado final de certos partidos ou coligações: beneficiando os grandes partidos tradicionais (PP e PSOE) e prejudicando as novas coligações (PODEMOS, CIDADÃOS e ERC-CATSI) – numa transferência que poderá ter envolvido cerca de trinta deputados).
Área Política | Partido ou Coligação | Votos | % | Deputados |
Centro-Direita | DL+PNV | 867.086 | 3,45 | 14 |
Esquerda | ERC-CATSI+UNIDAD POPULAR EN COMÚN+EH BILDU | 1.740.861 | 6,93 | 13 |
Centro | CCA-PNC | 81.750 | 0,33 | 1 |
(28 dos 350 deputados)
Tanto o PP como o PSOE primeiro e segundo partido mais votado foram no entanto os grandes derrotados destas eleições, com o PP a perder 63 deputados (de 186 para 123) e mais de 3,6 milhões de votos e o PSOE a perder 20 deputados (de 110 para 90) quase 1,5 milhões de votos; num total PP+PSOE de 83 deputados e representando como seus maiores fornecedores mais de 3/4 do contingente do PODEMOS+CIDADÃOS (109 deputados).
Com a Esquerda a ser agora maioritária em Espanha (quase 12,5 milhões de cidadãos) e a Direita a tornar-se por sua vez minoritária (perto de 8,1 milhões de cidadãos); e com o Centro a ficar-se por aí mas sem poder ajudar a Direita (com os seus 3,6 milhões de cidadãos).
Consideração Final
Neste cenário extremamente confuso em que o PP terá prioridade de formar governo convém recordar que tanto o PODEMOS (esquerda) como o CIDADÃOS (centro) candidataram-se a estas eleições afirmando que o povo já estava cansado e saturado dos partidos tradicionais (e da sua constante alternância no poder), pelo que possíveis alianças contraditórias com o PP e com o PSOE seriam extremamente difíceis de aceitar e mesmo de digerir (especialmente para o PODEMOS talvez menos com o CIDADÃOS). Pelo que o cenário PP/PSOE (213 deputados) talvez seja mesmo a outra grande hipótese: com maioria relativa (176 deputados) mas não absoluta (234 deputados). É só dar mais um jeitinho (no parlamento).
Tudo isto se passando na Península Ibérica (depois de Portugal a Espanha).
(imagem: pinterest.com)