Tentando reforçar a sua maioria no parlamento britânico de 330 lugares (em 650 maioria a 326) Theresa May desejou antecipar as eleições (não ligando às preocupações dos seus eleitores) e o resultado foi uma estrondosa derrota: perdendo a maioria e 31 lugares e mesmo assim (e ao contrário de David Cameron) não querendo demitir-se. Entreabrindo a porta nº 10 e deixando desde já Jeremy Corbin à espreita (sendo necessário para entrar apenas empurrar a porta) tal o caos estratégico do partido Conservador (completamente à deriva desde que David Cameron como um “verdadeiro comandante” foi o 1º a abandonar o barco).
Jeremy Corbin (Trabalhistas/Sindicalista/68 anos) ‒ 40,0%
Theresa May (Conservadores/Banco de Inglaterra/60 anos) ‒ 42,5%
Com os resultados das Eleições no Reino Unido já conhecidos, a primeira conclusão a tirar (até porque estas eleições antecipadas foram promovidas pelos Conservadores de modo a reforçarem a sua liderança) é que o partido no poder sofreu uma considerável derrota (o 2º grande erro Conservador neste caso da autoria de Theresa May): dos 330 lugares que lhe davam uma maioria no parlamento britânico passando a 318 e apesar de continuar a ser o maior partido, perdendo a sua margem de manobra e ficando dependente de alianças com terceiros (e menores partidos). E colocados perante as negociações associados ao Brexit (o 1º grande erro Conservador neste caso da autoria de David Cameron), não se percebendo até ao momento como querendo prosseguir o seu caminho (como se nada se tivesse entretanto passado) Theresa May irá resolver a embrulhada em que se enfiou ‒ para já falando-se de uma aliança (não de Governo) com os Democratic Unionist (da Irlanda do Norte) atingindo assim a maioria com 328 lugares (maioria com 326), mas por outro com os Trabalhistas a oferecerem-se também para um possível Governo por si liderado (minoritário) apoiado por outras forças com lugares no parlamento Britânico e mais próximos do centro-esquerda. E desse modo com o partido Trabalhista do tão contestado Jeremy Corbin (interna e externamente) a ser o grande vencedor destas eleições de 8 de Junho, não só pela sua grande subida de lugares no parlamento (+31 lugares), como da subida espetacular no número de votantes (perigosamente próximo dos Conservadores) ‒ colocando-o hoje numa posição de força no parlamento britânico e talvez iniciando aí (e agora) o seu caminho para ser o próximo Primeiro-Ministro agora que a ameaça de novas eleições começa cada vez mais a pairar no ar.
Partido
|
Lugares |
Evolução |
Votos |
(%) |
Conservative
|
318 |
-12 |
13,650,918 |
42.45 |
Labour
|
261 |
31 |
12,858,644 |
39.99 |
Scottish National |
35 |
-19 |
977,568 |
3.04 |
Liberal Democrat |
12 |
3 |
2,367,038 |
7.36 |
Democratic Unionist |
10 |
2 |
292,316 |
0.91 |
Sinn Féin |
7 |
3 |
238,915 |
0.74 |
Plaid Cymru |
4 |
1 |
164,466 |
0.51 |
Green
|
1 |
0 |
524,604 |
1.63 |
Ind
|
1 |
-4 |
144,884 |
0.45 |
Ulster Unionist |
0 |
-2 |
83,280 |
0.26 |
Soc. - Dem. and Labour |
0 |
-3 |
95,419 |
0.3 |
Ukip
|
0 |
0 |
593,852 |
1.85 |
Other
|
0 |
0 |
166,336 |
0.52 |
Resultados das Eleições Gerais na Grã-Bretanha de 8 de Junho
(um lugar por definir de um total de 650 ‒ maioria 326)
Indo-se agora viver no Reino Unido mais um período de grande indefinição política, com os Conservadores a continuarem a lutar pelo Brexit (e sejamos sinceros forçados a seguir essa opção) ao mesmo tempo que uma maioria cada vez mais significativa (e declaradamente contra os resultados do referendo do Brexit) continuando a sua luta pela permanência ‒ enquanto mesmo ao lado da Ilha e face à confusão instalada, o Continente mesmo sob uma grande crise sorri com a situação do filho há muito tresmalhado, mas (antes) oficialmente não declarado. De resto e observando o cenário eleitoral resultado de 8 de Junho com o parido Escocês a sofrer uma significativa descida (perdendo 19 dos seus 54 lugares distribuídos entre Conservadores/Trabalhistas), com o UKIP a desaparecer não do parlamento mas da vida política inglesa (apoiantes do Brexit) e com outros pequenos partidos (Liberais e pequenos partidos de Gales e da Irlanda do Norte) a manterem/subirem ligeiramente a sua representação. E do meio desta confusão indo muito provavelmente surgir um Governo com data de fim marcado (Conservador, minoritário e apoiado no parlamento) preparando-se para dentro de meses levar a cabo mais um ato eleitoral: com a América em guerra interna (os derrotados não aceitam os resultados), com a Europa completamente à deriva (à espera que os vitoriosos na América consigam emergir), com a guerra a poder explodir e alastrar a todo o Médio Oriente (agora que Trump armou os sauditas até aos dentes de modo a levar a sua avante, mesmo eliminando grandes aliados na proliferação do terrorismo como o Qatar) e agora como se já não bastasse e por completa incompetência e excesso de arrogância dos Conservadores criando o caos na Grã-Bretanha e adiando mais uma vez o país. Afinal de contas saindo ou reentrando?
(dados da tabela: theguardian.com ‒ imagens: politico.eu/Getty Images)