ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Fukushima a Caminho
Depois do terramoto que atingiu o Japão em 11 de Março de 2011 (8.9 na escala de richter) e do tsunami que se lhe seguiu – atingindo e levando ao colapso da Central Nuclear de Fukushima – eis que finalmente chega a público o primeiro relatório oficial conhecido sob a contaminação até agora provocada nas águas do Pacífico.
E aí estão os primeiros efeitos radioactivos (registados e oficiais) provenientes da central japonesa de Fukushima – após o seu colapso aquando do tsunami ocorrido no ano de 2011 – a começarem a atingir a costa Pacífica da América do Norte (Estados Unidos da América e Canadá) depois de já terem atingido zonas litorais do Alasca (as ilhas Aleutas já em 2012) e a ilha de Vancouver (meio ano depois). A contaminação radioactiva terá também começado já a ser detectada perto da costa mexicana e da América Central. No entanto a controvérsia e o alarme já estão instalados depois da divulgação do último relatório da PICES proveniente do seu encontro anual (2013), realizado sob o patrocínio do governo do Canadá e pelo seu Departamento de Pescas e Oceanos.
Note-se que o relatório que actualmente deu início ao debate sobre a questão da contaminação ambiental procedente da central japonesa já é de Outubro de 2013, tendo sido apenas agora divulgado (três meses depois). É da responsabilidade técnica da Organização de Ciência Marinha do Norte do Pacífico (PICES), tendo como membros seis países: além dos EUA e do Canadá, Japão, China, Coreia do Sul e Rússia. No entanto as autoridades oficiais da América do Norte continuam deliberadamente a ignorar o problema, optando para já “por não alarmar a população”, mantendo-se em silêncio mesmo depois da divulgação do seu próprio relatório, dos níveis crescentes de radiação e das muitas denúncias já efectuadas.
Sabe-se agora que desde o colapso da central nuclear japonesa esta tem estado a verter no Oceano Pacífico uma média brutal de 300-400 toneladas de água altamente contaminada com material radioactivo por dia, com as correntes oceânicos a transportá-la em direcção ao litoral da América do Norte. Existe ainda a forte possibilidade (ou certeza) que a contaminação oceânica se estenderá posteriormente ao Pólo Norte e de seguida ao Oceano Atlântico, o mesmo que banha o litoral de Portugal. Para já não falar na contaminação provocada no mar envolvendo o Japão e nas consequências ambientais brutais na indústria pesqueira local.
Agora que este relatório oficial foi finalmente divulgado, espera-se que duma vez por todas os estados sob ameaça de contaminação (não serão todos?) tomem desde já medidas preventivas para defesa dos seus cidadãos, ao mesmo tempo que os que já estão sob ataque reconheçam a negligencia e passividade criminosa das suas autoridades e passem de imediato à acção – pelo menos avisando a sua população despreocupadamente desprotegida e resistindo por ignorância e indiferença cultural à gravidade extrema da situação. Se apenas acreditam no que dizem as autoridades oficiais responsáveis, lembrem-se de Masao Yoshida que muitos telespectadores devem ter visto nas redes de televisão de todo o mundo, como sendo um dos principais responsáveis pelo funcionamento da central nuclear de Fukushima à hora da tragédia: morreu recentemente aos 58 anos de idade com um cancro motivado pela sua excessiva exposição à radiação, enquanto lutava para minimizar os catastróficos efeitos ambientais provocados – ele que afirmara desde o início, que “não haveria perigo de contaminação”.
(imagens – turnerradionetwork.com)