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Geração Zombie (2)

Quinta-feira, 27.03.14

Ficheiros Secretos – Albufeira XXI

(Multiversos – Um Futuro Projectado da Terra)

 

“Contando com a colaboração da Academia de Ciências Norte-Americana e da empresa da área de semicondutores Texas Instruments, os Zombies desse país decidiram ajudar em certas disciplinas científicas os alunos com maior dificuldade de aprendizagem”.

 

Morte de um zombie

                                                                         

Aí o ZV disse:

- “Sou um zombie como vocês. A diferença fundamental para com os restantes zombies e a partir da qual deles me diferencio – dos Z e dos ZM – é a consciência consolidada dos momentos de transição: os ZV são os únicos modelos capazes de experienciar e recordar os momentos intermédios de inactividade e de morte, entre passagens de vidas. Nessa transição apercebemo-nos de que a morte nada significava no seu todo global, por não ter expressão no espaço disponibilizado nem sentido como referência importante na evolução do homem: a morte é apenas a porta de entrada noutro mundo para o qual tínhamos sido preparados ao incorporarmos um corpo (físico) e nele inserirmos uma alma (psíquico). No fundo a morte simplesmente não existe. Sendo um dos pioneiros da futura e profética geração zombie, a minha integração e a de todos os outros elementos voluntários (ou não) seleccionados para esta aventura evolutiva (e de transposição) era extraordinária, excedendo os limites deste mundo e o das nossas capacidades mentais disponibilizadas. O cérebro seria apenas um órgão adicional de transformação e ultrapassagem de cenário, servindo essencialmente como depósito de instrumentos que o ultrapassavam na sua limitação temporal, pondo no entanto à disposição do ser vivo uma plataforma sequencial capaz de o introduzir noutro mundo de destino, como contraponto ao mundo anterior físico exclusivamente de passagem e de origem: a nossa vida física iniciada no momento da fecundação e continuada até à nossa morte, não passava duma fase transitória de construção do nosso pensamento e da nossa identidade para posterior agregação ao nosso eu, elaborando e estruturando dessa forma e duma maneira consistente a referência central da nossa existência, a alma.”

 

E na sua oratória calma e fluente acrescentou um pouco mais, numa narrativa que faria inveja a qualquer tipo de humano singular:

- “Muitas vezes o que é apenas normal não nos desperta muito interesse. Mas existe sempre quem vê mais além e compreende os simples factos correntes: da mesma forma que Newton viu cair diante de si a maçã por acção da força da gravidade, também nós constatamos a inevitabilidade e as consequências da morte – só que infelizmente não a compreendendo como uma porta escancarada de transição e pelo contrário assimilando-a como um todo não vivido e como tal estático e fechado. Mas é a morte que nos liberta”;

- “Fazemos parte de um todo em constante movimento originado por alterações sucessivas no estado da matéria e nos seus respectivos níveis energéticos. Interagindo entre si a matéria tende a mudar as suas características básicas e fundamentais, expandindo-se ou contraindo-se conforme o valor das forças em presença. E é essa projecção resultante da confluência e da coexistência de Matéria e de Energia que origina no final a Vida, provocando a difusão incessante de milhões de cenários e a escolha aleatória no meio do caos e da organização das inúmeras opções prevalecentes. Com o Mundo apresentando-se como uma simples Caixa de TV posta à nossa disposição e colocada sob escrutínio interessado e permanente, apresentando imagens de muitos acontecimentos, expectativas e vivências, apesar de nem compreendermos o seu funcionamento nem as origens dessas mesmas imagens: essa a razão porque muitas vezes não vemos o que está à nossa frente e pelo contrário nos perdemos a olhar para o nada, ignorando o óbvio e sobrevalorizando o inexistente. E tal como acontece quase sempre nestas ocasiões, sob pressões subliminares constantes acompanhadas duma progressiva lobotomia cerebral e educacional, esquecemos que para além do nosso mundo muitos outros mais existem, mesmo que nunca os tenhamos visto ou sequer imaginado”.

 

A morte dum zombie representa apenas o fim da etapa de transição entre o ser humano visto como um mero invólucro e a libertação sem limites físicos ou de sobrevivência moral da sua essência básica e universal, a alma: neste mundo apenas incorporamos a alma (para depois nos oferecermos), enquanto no outro para o qual existimos, somos todos e apenas um. Uma esfera perfeita!

 

NZM

 

Abandonaram o piso L33 do Edifício M-12 onde se encontravam há pouco mais de uma hora, seguindo ordeiramente e em silêncio absoluto na peugada do ZV, o qual se dirigia agora num passo firme e cadenciado em direcção a um dos elevadores, localizados no pátio central da zona identificada pela letra L: tratava-se dum amplo transportador vertical adaptado a cargas de peso intermédio, indicando no respectivo monitor informativo ter uma amplitude de cobertura que poderia atingir os cem níveis inferiores com um tempo médio de viagem – dependendo da carga transportada – do nível zero até ao último nível de aproximadamente três minutos. O seu destino era precisamente o derradeiro piso inferior do Edifício M-12, localizado a uns extraordinários mil metros de profundidade e que segundo a planta condensada que tinham acabado de receber, lhes daria acesso a uma rede de túneis subterrâneos e a uma escapatória até a um determinado local situado à superfície, a partir do qual partiriam para um ponto para eles ainda completamente desconhecido e sem objectivo e alvo concreto designado: a explicação iria ser feita inicialmente duma forma progressiva e à medida que a missão fosse evoluindo de modo a reforçar todos os procedimentos de segurança, com uma prelecção a ser ministrada a todo o grupo antes da partida por uma Entidade para eles desconhecida e até aí nunca mencionada.

 

Quando atingiram o 100.º piso e a porta do elevador se abriu já eram aguardados por alguns técnicos e militares: foram conduzidos até uma pequena plataforma onde lhes foi pedido que aguardassem, sendo no entanto e complementarmente avisados para estarem sempre alerta e preparados para partirem a qualquer momento. Aguardavam apenas a presença do seu superior hierárquico e comandante, o qual iria acompanhar até ao local – onde se encontravam – uma importante individualidade ligada ao Projecto Fundação: o representante Supremo de toda a geração zombie e um dos mais proeminentes elementos do desenvolvimento e evolução – através da abertura mental e consciencialização individual – de todo o processo de ligação entre este mundo de criação e de perda (onde ainda nos encontramos enquanto “vivos”) e o verdadeiro mundo (o seguinte) de transformação (para onde iremos quando estivermos “mortos”). Esta vida seria o momento em que o nosso ser se materializaria através da sua presença inicial meramente física, adquirindo posteriormente e ao longo do tempo o conhecimento e discernimento necessário para compreender o seu eu e começar assim a perspectivar e consolidar a sua alma; terminado este processo do casulo – limitado no tempo pelo nascimento e pela morte física – seguir-se-ia a verdadeira viagem de toda uma vida, o sonho desejado de qualquer um ameaçado pela morte e pela incerteza, o verdadeiro paraíso também sonhado por Deus e que ele no entanto já conhecia. “Um Universo onde a nossa Alma se sentia, sentindo-se esta como ele” – um Espaço onde seriamos matéria, energia e movimento. E sem que se fizesse notar e como se tivesse surgido repentinamente do nada surgiu então o NZM. Só passados alguns segundos repararam na chegada do comandante.

 

Z – A última ceia

 

Entenda-se previamente que existira desde sempre um tronco comum evolucionário entre todos os tipos e raças de zombies, irmãos de sangue e de aventura na abertura da mente humana ao Mundo Interior. Tinham sido eles quem abrira as Portas do Conhecimento e do Universo à raça existente naquele pequeno e pontual planeta Terra, destruindo-lhes todos os medos e limites que sempre a tinham condicionado durante milhares e milhares de anos de sofrimento e escuridão, ao clarificarem duma forma irrefutável o sentido da morte: ela era transponível e para além dela outro mundo nos esperava – aquele de que os Deuses nos tinham falado. No entanto a sua evolução seguira caminhos comuns mas e no entanto paralelos: daí os Z, os ZM e os ZV (para já não falar dos NZM). Todos tinham passado por experiências de morte. Mas a recordação desse momento de transição e o total esclarecimento do que para lá disso pudesse existir, nunca tinha sido indubitavelmente registado, nem sequer minimamente sonhado ou sugerido: nem pelos Z, nem mesmo inicialmente pelos ZM. No entanto com a enorme evolução registada no campo da biologia e com a ajuda de importantes descobertas a nível da constituição da matéria e da sua relação com forças baseadas em parâmetros abstractos mas com consequências numéricas reais, fora possível introduzir pequenas modificações no ADN original dos humanos, retransformando a sua sequência natural – deixando-a em livre arbitrio de organização voluntária – e possibilitando deste modo um alargamento brutal dos limites da mente, descompartimentando todos os processos cerebrais e apresentando-lhe a sua essencial funcional e organizacional, toda idealizada e elaborada em torno do mistério da fé, a alma. Com o passar do tempo a percepção desse momento fora aumentando, terminando com as primeiras transições bem sucedidas ainda com os iniciais VM. E com o decorrer do tempo a experiência estendera-se a todos os VM, atingindo níveis extraordinários de introdução e memória com a nova geração ZV: já era possível ultrapassando sem se sentir a experiência de morte, ir e regressar, registando todo o processo e daí tirando todos os ensinamentos. Só que a experiência apenas era possível em condições e períodos limitados e com a reorganização e recalibração de todos os dados recolhidos e de novo reavaliados e reintroduzidos, mas capazes de no fim, objectivamente e sem limitações inesperadas ou inopinadas, de circularem entre mundos – processo que ao fim de muitos anos de fracassos, sofrimentos e de pesquisas sem fim dera origem aos extremamente funcionais e perfeitos NZM.

 

Comandados pelo ZV os VM foram direccionados para diferentes pontos do globo terrestre. O objectivo era o de incrementar certos conflitos localizados e desse modo acelerar o processo e o seu nível de violência, agravando as condições ambientais e aumentando o número de vítimas. Tudo teria que se passar dentro dos parâmetros normais associados a este tipo de acontecimento, com o resultado final a ter que ser forçosamente alcançado: indivíduos como Hitler – com a sua guerra prolongada – ou até mesmo como Roosevelt – com a sua intervenção rápida – tinham ajudado inadvertidamente à concretização antecipada do projecto, apesar da sua violência patológica por intervenção brutal e desnecessária. E à medida que os conflitos alastravam, também o mundo zombie os acompanhava. A teoria era naturalmente credível por simples e baseava-se na experimentação pratica tida anteriormente, alicerçada na sua base de construção ideológica por uma eternidade de conhecimentos consolidados e partilhados sem limites ou constrangimentos: à medida que o Universo se expandia no espaço e que outros Universos a ele sobrepostos se iam sucedendo e interagindo entre si proporcionando a exposição de muitos outros Universos ainda nem sequer imaginados, a necessidade de preenchimento das lacunas negras que iam surgindo constantemente iam tornando-se cada vez mais necessárias e urgentes. Daí a necessidade do aumento de almas para o preenchimento destes intervalos escuros e descontínuos: os faróis poderiam significar no futuro o acesso aos arquivos da nossa memória e cultura original, tal e qual como um banco de órgãos existia apenas para salvar vidas humanas. Caso contrário – e pelo menos para nós – os Universos desabarão uns sobre os outros e será o nosso fim.

 

No Céu a última ceia zombie decorria tumultuosamente, com o ambiente pesado aí há muito instalado: o Profeta acompanhado pelos seus doze apóstolos era definitivamente posto em causa e até a contaminação viral associada à DDT (doença definitiva de transição) já os tinha atingido profundamente. Sem glória se interrompia um reinado que pareceria ir durar para sempre, atingindo mortalmente a barreira que separava o humano do paraíso, alcançada que fora a sua maioridade: Deus era ele não necessitando de ícones para se defender.

 

Humano

Nível

Tipo

H

0

Humano

Zombie

Nível

Tipo

Z

1

Zombie (original)

ZM

2

Zombie Melhorado

ZV

3

Zombie Vampiro

NZM

4

Novo Zombie Multiverso

Tabela de Categorias H e Z

 

Fim da 2.ª parte de 2

 

(imagens – Web)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 10:29