ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Índia ─ Outro Crime Contra a Humanidade
No início desta Pandemia de Covid-19 com as primeiras notícias de contágios e de mortes a terem origem na China (Ásia), mais tarde focando-se na viagem do coronavírus para a Itália (Europa), dando ainda um salto até à Grã-Bretanha (a Ilha) antes de se virar para o Oceano Atlântico, ultrapassado este invadindo e infetando os EUA (América do Norte), descendo de seguida até ao Brasil (América do Sul),
Piras funerárias num crematório de Nova Deli
(24 abril 2021)
Para depois de algumas voltas e de outras derivações ─ como a da sua passagem (ainda não perfeitamente esclarecida, ao nível da verdadeira incidência/óbitos, como aliás em toda o continente) pela África do Sul (África) ─ se dirigir de novo para as suas origens (deste surto pandémico) para a Ásia, mas com o centro agora a fixar-se na Índia (sé se tendo livrado desta enorme-teia-mortal, a Austrália e a Nova Zelândia, o continente da Oceânia), o Mundo no seu conjunto ainda se encontra infelizmente perante um “impasse pandémico”, numas regiões do globo com a atividade do coronavírus claramente estabilizada e estando em descida, enquanto noutras estando ainda a caminho do seu auge de atividade:
E se na Europa o vírus volta de novo a recuar (com descida de infetados/óbitos), se na América do Norte ainda prossegue a luta (com a intensa campanha de vacinação, em curso nos EUA) e se no Brasil ainda continua a passar-se “aquilo que todo o Mundo sabe” ─ o ”Genocídio Presidencial” ─ parece chegada agora a “Hora Covid-19 da Índia”, podendo destronar os recordistas-campeões em Infetados/Óbitos (maus-exemplos) como os EUA e o Brasil.
Um aviso para todos aqueles que já se pensam curados (vacinados ou não) ─ por exemplo para Portugal a partir de amanhã 1 de maio (fim do estado de emergência, muito perto do Desconfinamento total) ─ e que na sua fatal-ignorância (do “deixa andar”), só depois concluem que afinal não, mas muitas vezes fazendo-o tarde demais.
Evolução do número de Infetados na Índia desde 29/01/2020
Índia depois da China (1,44 biliões) o país mais populoso da Terra com os seus 1,38 biliões de pessoas ─ e com 2,4X a densidade populacional da China ─ e que segundo Arundhati Roy (escritora e ativista antiglobalização indiana) vive agora com esta nova vaga pandémica uma crise só comparável e semelhante nas suas consequências (havendo certamente responsáveis, ao não tomarem as medidas necessárias/obrigatórias, logo, sem olhar a custos e preventivamente) a um “Crime Contra a Humanidade”:
Depois de uma 1ª vaga ultrapassada (nem com 100K de infetados/dia, como máximo), levando com outra cerca de meio ano depois, agora numa nova vaga do coronavírus muito mais contagiosa/infeciosa, logo e dadas as circunstâncias gerais mais mortífera (entrando aqui e em cena novas estirpes/variantes), atingindo rapidamente os 350K de infetados/dia (3,5X superior à 1ª vaga, 3,5X pior) e novos registos históricos (localmente e cada dia que passa) de vítimas mortais ─ ainda ontem (27 de abril) andando perto dos 380K de Infetados/dia e dos 3.650 mortos/dia, mas dado o total descontrolo da situação e as incinerações de cadáveres (por Covid-19) bem visíveis um pouco por todo o lado, podendo ir só nas vítimas mortais a uns 7.000 mortos/num só dia.
Trabalhadores do crematório aguardando na sua ambulância
(24 abril 2021)
E se nos EUA se assistiu e ainda se assiste ao protagonista desta pandemia ser “não o Branco, mas o Negro”, “não o Rico, mas o Pobre, “não os Integrados, mas as minorias (os maginais)”, situação semelhante (equivalente, no fundo igual e com o mesmo tipo de responsáveis, os Governantes) se passando na Índia, aqui inserindo-se pela definição de hierarquias, os diferentes lugares de acesso ao poder conforme “as Castas”.
Entrando numa fase de descontrolo e dando prioridade à sua sobrevivência assim como a do seu círculo de influência (e de manutenção, através da utilização das suas forças de segurança), com os Governantes (a casta dirigente) deixando basicamente de existir (como Estado), permitindo a paralisação da sua economia e colocando os serviços médicos já colapsados completamente de rastos.
Sendo a Índia (convém lembrar) um dos países mais ligados às grandes farmacêuticas globais (indústria química), aos seus grandes investimentos de produção e de distribuição (de medicamentos, de vacinas) e um dos principais entrepostos industriais/comerciais dos EUA, da GB e da Europa (do Ocidente), tendo-se desde logo relaxado na sua campanha de vacinação (doses completas, 2% na Índia, contra 43% nos EUA) e apanhada desprevenida (nem sequer remediada, irresponsavelmente despreocupada) levando com a que veio a seguir:
Twitter do médico e investigador indiano Ashish K. Jha
E para além das consequências internas ainda muito longe de se calcular (estima-se que a Índia atinja o pico máximo, só lá para o mês de junho), tendo-se que obrigatoriamente de pensar nas consequências externas que este arrastar de situação (pandémica) poderá ter para o Mundo ─ para já não se falar (mas já havendo notícias relacionadas) nos países vizinhos e tão próximos (do Sul da Ásia).
Com tanta falta de recursos materiais (como máscaras e diferentes tipos testes) e com uma lenta campanha de vacinação ─ certamente por falta de mobilização de recursos humanos (tudo responsabilidade do seu 1º Ministro, Narendra Modi) ─ com a Índia a estar a percorrer um caminho cheio de perigos assim como de muitas incógnitas, podendo originar um tempo incerto de crise interna profunda, refletida logicamente e como efeito nas suas exportações: tendo como destinatário o Ocidente e a Europa, que obviamente se ressentirão (uns mais, outros menos) disso.
Funeral na cidade de Gauhati de um individuo falecido com Covid-19
(25 abril 2021)
Restando-nos esperar para ver (o que se passará por cá) o que se passará pela Índia.
[No mapa global dos casos diários de infeções e de vítimas mortais por Covid-19, com a Índia a registar hoje novos recordes em nº de Infetados/dia ─ com +402.110 (dia anterior -15.122) ─ e em óbitos/dia ─ com +3.522 (dia anterior -21) ─ liderando nestes parâmetros (globais) à frente do Brasil e dos EUA. Um desastre em progresso.]
(imagens: Altaf Qadri/AP/LA Times/yahoo.com ─ Johns Hopkins University/marketwatch.com ─ Altaf Qadri/AP/LA Times/yahoo.com ─ @ashishkjha/marketwatch.com ─ USA TODAY)