ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Mário Soares
“Nascido na extinta freguesia do Coração de Jesus na cidade de Lisboa, foi o segundo filho do antigo sacerdote, professor e pedagogo, que foi Ministro das Colónias na Primeira República, João Lopes Soares, natural de Leiria; e de Elisa Nobre Baptista, professora da instrução primária, natural de Santarém.” (wikipedia.org)
Mário Soares à chegada a Lisboa a 28 de Abril de 1974
(aí nascido em 7 de Dezembro de 1924)
À janela rodeado por Maria Barroso e por Tito de Morais
Com a morte de Mário Soares (e de muitos outros até a ele superiores) o maior perigo que Portugal e todos os portugueses correm, será o de esquecerem rapidamente o passado (perda cirúrgica de Memória), colocarem de lado toda a experiência dos seus pais (decréscimo da importância da cultura) e desse modo esquecerem datas e mudanças verdadeiramente históricas – por serem manifestações coletivas e irreversíveis de exercício e de mudança (como as de 25).
Recuando uns 42 anos e reportando-nos ao início do regime Democrático em Portugal (assinalado todos os anos no dia 25 de Abril por acaso e por necessidade o nosso Dia da Liberdade) são algumas as figuras que inevitavelmente ficarão nos registos (mais duradouros) da História de Portugal (oficial) – mas muito menos serão aqueles que ficarão na Memória e na Cultura do seu Povo por muitas e muitas gerações (transformando-se por vezes em heróis ou até em personagens lendárias).
Um fenómeno natural entre a nossa espécie (nas condições ambientais e económicas atuais lutando já contra a sua possível extinção), por um lado oscilando constantemente entre uma obediência cega aos seus Mestres do momento (que lhe permitem sobreviver mesmo em condições mínimas e miseráveis), mas por outro lado explodindo em momentos espontâneos mas temporários de rebeldia e de pura revolta (e também de prazer – pela aventura proposta através de cenários desconhecidos ali colocados, há muito e inexplicavelmente ainda por abrir).
E desses são poucos os políticos que o Povo recorda (ficando-nos pelo período iniciado em 25 de Abril de 1974) – escolhendo apenas 5 (dos mais conhecidos) de um baralho muito mais vasto (e infelizmente esquecido): Mário Soares/PS, Álvaro Cunhal/PCP, Sá Carneiro/PPD, Amaro da Costa/CDS (por antes, durante e/ou depois serem seus cofundadores e de diferentes quadrantes) e talvez Ramalho Eanes (pela sua honestidade). Mas nunca esquecendo individualidades consideradas menores (talvez mesmo por serem as maiores) espalhadas por todas as áreas da sociedade portuguesa (desde os nomes oficiais aos mais marginalizados) e que apesar de todas as dificuldades e sacrifícios passados, sem quererem ser conhecidos ou sequer reconhecidos, tanto contribuíram (mesmo com a sua morte na Guerra Colonial) para o que Portugal ainda é (existimos), um dia foi (descobrimos) e ainda será (sonhamos).
E Mário Soares poderá ter sido um deles – e tal como Álvaro Cunhal um dos maiores: sem dúvida as 2 maiores figuras da política portuguesa, antes e depois do 25 de Abril. E felizmente ainda existindo elementos ativos e bem vivos que por todo o seu percurso político (não apenas partidário) merecem o nosso respeito mesmo vindos da ditadura: sendo esse o caso de Adriano Moreira (inegavelmente um Democrata pela sua idade mais valoroso).
(imagem: casacomum.org)