ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
O Inferno pode Esperar? Ou o Diabo já nos reservou um lugar?
Iraque/Samarra/2014
Rebeldes a caminho de Bagdade
Vejam apenas o que se passa no Iraque com os terroristas da Al-Qaeda – fortemente armados pelos poderosos Estados Unidos da América, na guerra civil que se trava na Síria contra o governo de Bashar al-Assad – a deslocarem-se com todas as suas bagagens e armamento (graciosamente oferecidos para os mesmos, mas para outra guerra que não esta) para o país do ex-ditador Saddam Hussein. Além da nota de preocupação norte-americana com a sucessão de acontecimentos registados no norte do Iraque (e a sul?) – não querendo no entanto envolver-se directamente no conflito que provocaram desde que os seus poços de petróleo continuem protegidos pelos seus exércitos privados de mercenários – da Europa a única reacção conhecida e mesmo assim recente, vem do Primeiro-Ministro David Cameron: duma forma ingénua e como se nada soubesse do que se estava a passar no Iraque, desde o início da guerra civil na Síria – o que nada o abono na sua luta com Angela Merkel, pela liderança europeia. Afinal qual é o entendimento norte-americano sobre o fenómeno do terrorismo – promovido pelos Estados Unidos da América a tema fundamental de qualquer sociedade futura, que se queira livre e segura – quando o vemos a apoiar com armas pesadas a intervenção de elementos associados à Al-Qaeda na guerra civil a decorrer actualmente na Síria, mostrando-se depois surpreendidos por os verem logo ali ao lado no Iraque, a atacarem os seus interesses com essas mesmas armas.
Iraque/Talibans/2014
Assassínio colectivo de opositores
Hipótese A:
Vamos lá todos imaginar que um dia no futuro desse grande país que é os Estados Unidos da América, o estado do Novo México (devido a determinadas situações, que para eles poriam em causa a sua existência e soberania) afirma categoricamente e face aos protestos dos seus cidadãos, estar a ser violentado, atingido, diminuído e colonizado nos seus direitos básicos, face ao poder superior e intrusivo dos restantes estados norte-americanos. Em revolta o Novo México decide pedir aos restantes estados a sua autonomia e independência. Em resposta ao pedido, sem analisar as causas da revolta e sabendo deter em último caso o poder supremo de anular os contestatários, os Outros declaram inequivocamente esta gente – dirigindo-se àqueles que antes também eram como eles – potenciais terroristas, estando tal e qual um traidor ao serviço de outro país – por exemplo o México. Justificam desse modo as mortes inevitáveis como uma virtude de qualquer limpeza que se queira eficaz.
Hipótese B:
Vamos lá todos imaginar que esse futuro decorre agora muito mais perto de nós, não na casa do vizinho situada lá mais ao longe, mas mesmo ao lado de nós ou seja na porta seguinte: neste caso o conflito encontra-se instalado em Portugal, com o país a ser dividido em duas zonas distintas e adversárias, controladas e impulsionadas para a confrontação por políticos patrocinando ideologias diferenciadas, mas sem nenhuma ligação com os anseios da população que estes afirmam patrioticamente representar. Por exemplo (poderia ser o contrário ou outra cena qualquer): a norte do rio Tejo todos aqueles que propõem lançar fogo a Lisboa e expulsar do nosso território cristão todos os mouros que ainda existem e contaminam com as suas ideias Portugal (os bons) e a sul do mesmo rio fronteira a restante minoria de verdadeiros alienígenas, apenas interessados em não trabalhar ficando a dormir à sombra dum chaparro ou de um guarda-sol de praia (os maus). Não aceitando a obrigação da sua submissão face aos puros do norte, os mouros revoltam-se e declaram unilateralmente a sua independência. Como consequência do anúncio provocatório e após tomarem controlo da capital – por exemplo com o auxílio dos nossos aliados ingleses – os puros decidem: bombardear os mouros e expulsá-los para fora do país. Pelo meio famílias são destroçadas, direitos são violados e muitos portugueses perdem a sua terra e nacionalidade – nunca compreendendo o conflito, a acumulação indiferenciada de mortos e mutilados e a destruição das suas casas. Mas tudo fica agora muito mais controlado, livre e seguro, ficando todos nós bem mais longe dos subhumanos e afastados do perigo de contaminação por estes servos do Diabo.
Ex-Jugoslávia/Belgrado/1999
Bombardeamento humanitário da estação de TV pela NATO
O país do mundo que mais ofertas de solidariedade e amizade propõem a outras nações em guerra ou próximas disso – guerras por uma coincidência incrível sempre impulsionados por esse mesmo país, contando os necessitados e por esse motivo com o seu auxílio humanitário prévio, à base de bombas, mísseis e outros alimentos – está agora escandalizado por a Rússia estar a dar apoio às populações do leste da Ucrânia que combatem o poder instalado em Kiev e lá colocado pelos norte-americanos (à base duma estrutura de comando orientada por sectores extremistas e mercenários, que exteriormente controlam os militares), quando todo mundo sabe que os Estados Unidos da América só aparecem nas zonas de conflito que eles próprios criaram, quando é necessário defender a (sua) liberdade no mundo.
É clara aqui e mais do que evidente a responsabilidade da Rússia no agravamento dos acontecimentos no leste da Ucrânia, quando o que ela devia fazer era estar quietinha e caladinha perante o que se passava para além da sua fronteira, enquanto via outros cidadãos russos a serem perseguidos, mortos e se possível exterminados.
E porque não terraplanados à bomba atómica, tal e qual como seria o grande desejo de um dos mais recentes proto-ditadores ucranianos a ex-Primeira-Ministra Timochenko – anteriormente também presa por abuso do poder e corrupção – agora recuperada apenas porque é visceralmente anti-russa: pelo menos que fugissem para o seu maldito país como o fez o anterior presidente pró-russo Ianukovich.
Nunca dos Estados Unidos da América, vindos lá de longe como os Novos Cruzados Ocidentais – agora que a Europa morreu – unicamente para combater os novos mouros terroristas, ou seja as hordas invasoras vindas de leste com os russos e os chineses à cabeça: para os nunca nomeados por ninguém polícias do mundo, os seus únicos objectivos são sempre desinteressados e desligados da exploração de qualquer tipo de matéria-prima (mesmo que humana), apenas direccionados para a salvação e estabilização de qualquer região do mundo e sobretudo dos seus naturais e residentes.
ONU/Fundada após a II Grande Guerra Mundial/1945
O último edifício justificativo (de inocência) para quem manda no mundo (do crime)
Como o comprovam as sucessivas intervenções exemplares e vitoriosas desta nova polícia global, independente do mundo e correndo em paralelo com ele (convém nunca se misturar para não criar confusões): Vietname, Iraque, Afeganistão, Jugoslávia, Líbia, Síria, Ucrânia...e chega de exemplos que acabaram em destruição e genocídio.
Em vez de sermos hipócritas devíamos apoiar a esmagadora maioria dos ucranianos que nunca desejaram tal coisa para si, para os seus e para os restantes cidadãos do seu país, não nos colocando sempre e covardemente ao lado de quem vai à frente, na exploração dum povo e na destruição de toda a sua esperança no futuro, sejam eles russos, norte-americanos ou outros representantes de outro tipo qualquer de quadrilha (legal ou ilegal) apoiados pelos diversos tipos de mercenários.
Mas onde pára e para que serve a Organização das Nações Unidas, que consente que haja uma intervenção exterior num determinado país, apenas porque algo, alguém ou alguma coisa disse que certos cidadãos desse país invadido, eram mais cidadãos do que outros: ou seja uns são cidadãos e os outros não passam de estrangeiros convertidos ao terrorismo!
(imagens – Web)