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Os Campos de Concentração Nazi na Estónia

Terça-feira, 10.02.15

Realidade, Manipulação e Ilusionismo

 

Um museu localizado na cidade estoniana de Tartu decidiu comemorar a passagem dos 70 anos sobre a libertação dos presos sobreviventes dos campos de concentração e de extermínio nazi, exibindo uma exposição intitulada “My Poland: Of Remembering and Forgetting” – mas de uma forma divertida e para que todos pudessem sorrir. As vítimas (sobreviventes, familiares, amigos) é que não gostaram.

 

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Realidade

(Kloog – corpos de prisioneiros para cremação)

 

Durante a II Guerra Mundial a rede de campos de concentração e de extermínio instalados na Estónia pela Alemanha Nazi, foram responsáveis pela morte de dezenas de milhares de pessoas, com os estonianos, os ciganos e os russos a serem as suas maiores vítimas. E com um parâmetro comum a muitas dessas pessoas: serem judeus. Só estonianos foram mais de 9.000 (entre eles 1.000 judeus), acrescidos de 15.000 soviéticos e finalizando com 10.000 judeus de outras nacionalidades (dados da Comissão de História da Estónia). Exemplos disso foram os campos de KLOOG, LAGEDI e VAIVARA.

 

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Manipulação

 

Fazendo as contas no nosso calendário saltitante (evoluindo entre os limites do tempo de Guerra e do tempo de Paz), verificamos que vivemos há já setenta anos num ciclo de baixa actividade (militar no nosso continente). Baixa mas não nula, ou não fossem os desejos (psicóticos) de alguns, o de eliminarem (cirurgicamente) todos os outros: como o foi na Jugoslávia e o é agora na Ucrânia.

 

Motivo bastante válido para se comemorar mais uma vez o fim do HOLOCAUSTO e a passagem dos setenta anos sobre a libertação dos prisioneiros dos campos nazis: só com a salvaguarda da memória se poderá proteger a cultura e a memória de um povo. Fazer o contrário será atraiçoar os nossos pais e destruir o futuro dos nossos filhos.

 

Mas será que conjugar humor grátis com tragédia real em momentos tão profundos e tocantes como estes (em que muita gente ainda recorda um mundo que poderia ter existido, mas que foi completa e irracionalmente obliterado, levando à sua frente uma multidão e a morte como bandeira) é a resposta apropriada? Comparar o holocausto a uma qualquer super produção de Hollywood ou ver crianças a brincarem numa câmara de gás antes de serem intoxicadas e mortas, que contribuição terá para uma melhor compreensão de um tempo de horror e genocídio que ainda hoje mal compreendemos? Só se pretenderem banalizar tudo e transformar a nossa vida num mero espectáculo: assim será fácil aceitar a morte (e talvez por outras mãos replicá-la).

 

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Ilusionismo

 

Desvalorizando talvez inconscientemente o ressurgimento um pouco por toda a Europa de novos grupos e poderosas forças bem organizadas de extrema-direita, muito particularmente nos países que anteriormente faziam parte da Europa de Leste (neles incluindo muitos estados que pertenciam à URSS ou eram seus satélites) como é o caso flagrante da Estónia, podemos perguntar como é que este país tão implicado no passado neste processo de extermínio indiscriminado de seres humanos (por omissão e colaboracionismo), ainda se dá ao puro luxo de se divertir com o tema (o seu crime). Indícios de que não é por acidente que surgem casos como o da Ucrânia, em que bandidos económicos são substituídos por criminosos legais, nada os travando ou lhes acontecendo. Para assim proteger as pessoas.

 

Os objectivos desta exposição seriam o de proporcionar uma visão mais confortável deste facto histórico traumatizante, de modo a proporcionar a todos com humor e ironia, um novo e inovador caminho para a superação desse mesmo trauma. Se calhar até resulta. Pelo menos é menos intrusivo que uma lobotomia.

 

(imagens – Web)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 14:04