ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Se não canta é porque já está morto (ou quase)
Tudo se iniciando numa notícia oriunda da Austrália informando-nos sobre a existência de mais uma ave em “perigo de extinção”, face a outros casos passados com outras aves (semelhantes) podendo indiciar e confirmar esse seu destino fatal (a curto-prazo): protagonista com o seu canto (rico/várias tonalidades) em centros urbanos populosos, decaindo no seu “palrar” isolando-se, diminuindo as possibilidades de acasalar e de “orientar” as suas crias ─ e desse modo condenando de vez, a sua já tão reduzida espécie. Aves conseguindo imitar outros (pássaros) que não os seus e que os cientistas e investigadores ainda esperam ensinar a cantar (em cativeiro) com gravações (talvez algo mais de 300, em liberdade).
Anthochaera phrygia ou Regent honeyeater
(espécie endémica do sudeste da Austrália)
Ficando agora com medo (e receio) de que saindo da cidade e indo viver para o campo (algo de semelhante, ao sucedido com a ave), o meu afastamento de um grande centro populacional (e comercial) esteja a contribuir para o meu isolamento por maior distanciamento aos da minha espécie ─ deixando progressivamente de comunicar (falar) e de conviver e de partilhar (com machos e fêmeas como eu), podendo ser um sinal (aviso/alerta) de estar mesmo em “vias de extinção”: isolando-me mais e perdendo o pio (a voz), pondo de lado a memória e a cultura (dois pilares fundamentais da minha evolução) e deixando de transmitir os meus valores aos meus próprios descendentes (filhos, netos, etc.), deixando-os (como consequência) entregues a si mesmos, expostos a todos os perigos deste Mundo, tornando-os por não entrega do meu testemunho (mantendo a minha postura) em seres “incapazes de sobreviver”. Antecipadamente e estando eu ainda por cá, simplesmente me apagando e no final desaparecendo.
(dados e imagem: viagens.sapo.pt)