ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
N.º 40 – 25 de Abril de 2014
“O Coiso recusou hoje a política de vistas curtas ditada pelo tacticismo”
Antes ainda caíam (os cravos) vergados pela desonra
Servindo-se das Comemorações do 25 de Abril de 1974 para “reaplicar o seu tacticismo” e utilizando-nos mais uma vez como Coisas ignorantes e facilmente manipuláveis: sem dúvida uma imagem despudorada do puro descaramento – ainda por cima sendo um dos padrinhos da criação do Monstro e do “Banco da Vergonha”!
“O Lagomorfo diz que a democracia e a liberdade têm de ser regadas todos os dias”
Coelho (enterrado) num jardim à beira-mar plantado
No meio desta imensa desordem de banda desenhada onde nós todos estamos mergulhados desde o dia em que o filho bastardo do Pinóquio matou sem sentimentos de culpa ou de remorsos o seu pai adoptivo – herdando no entanto todo o seu poder e sabedoria – só nos faltava mesmo sermos convidados a irmos apanhar uma bebedeira como se esta já não bastasse.
“Milhares de pessoas no Carmo para celebrar revolução com os militares”
Vasco Lourenço – Presidente da Associação 25 de Abril
Vasco Lourenço é um militar português que tendo pertencido ao Movimento dos Capitães – combateu entre os anos de 1969 e 1971 na Guiné no período da Guerra Colonial – teve um papel preponderante na Revolução dos Cravos chegando a pertencer ao Conselho da Revolução. Ao tomar posse como conselheiro viria a apanhar pela frente as consequências do golpe do 11 de Março com o início do Processo Revolucionário em Curso (PREC), o Verão Quente de 1975 e finalmente o contra-golpe do 25 de Novembro – com Jaime Neves e Ramalho Eanes como principais cabeças de cartaz. E com Melo Antunes – com o seu Grupo dos Nove – a tentar manter o equilíbrio entre a esquerda derrotada (com desejos de futuro) e a direita vitoriosa (com saudades do passado). Por essa altura já o militar da linha moderada do Conselho da Revolução Vasco Lourenço tinha substituído Otelo Saraiva de Carvalho na chefia da Região Militar de Lisboa – o qual seria posteriormente demitido da chefia do COCCON, preso (pela sua participação no 25 de Novembro) e libertado de novo.
E que conclusão tirou o militar do Movimento das Forças Armadas Vasco Lourenço, das suas opções assumidas e da sua trajectória delineada na vida sociopolítica portuguesa? Respeitaram-no, respeitando toda a cultura e memória do povo português? Agora tenho a certeza de que não: a falta de valores e a falta de vergonha atingiram actualmente um pico de tal forma intenso e aparentemente sem retorno (por inevitável) – veja-se o caso da promoção da guerra entre jovens e velhos – que esmagados os cidadãos e obliterado o Estado Social, só falta mesmo declarar o Estado de Sítio e instalar a Lei da Selva.
Viva la Muerte!
(imagens – SIC)
Autoria e outros dados (tags, etc)
O 25 De Abril Foi Há 37 Anos!
Largo do Carmo
O 25 de Abril foi há 37 anos. Tinha eu dezoito.
Nesse ano as memórias eram ainda a dos ideólogos marcelistas, apesar das intentonas anteriores falhadas, do despertar tardio de Spínola e do avanço acelerado da economia mundial, que nos ia deixando cada vez mais, irremediavelmente para trás.
O homem já tinha ido à Lua, os conflitos entre blocos imperiais persistiam, a industrialização instalava-se no seu pedestal de responsável pela modernização e mecanização da sociedade, enquanto o mundo cibernético, alienando-nos como um caleidoscópio de cores, lá nos ia rodeando de todas as suas promessas futuras, de total usufruto da vida e de controlo por fases da morte.
Estava na casa de Espinho e não me lembro muito bem da passagem de 24 para 25.
Desse dia que marca o fim do Estado Novo, da PIDE, da Guerra Colonial e das relações interpessoais mais limitadas e que levavam sem alternativa, ao isolamento dos grupos na sociedade, por falta de comunicação e de progressão, reflectida na não troca de ideias, ficaram bem gravadas as emissões da rádio e da televisão, as movimentações nas ruas e o querer saber tudo o que se estava a passar. Não se deve esquecer o lapso de memória colectiva, que acabávamos de começar a abandonar.
E houve festa no 1.º de Maio, festa como nunca houve antes em Portugal.
A vida passa num instante e o 25 de Abril é apenas uma data. Mas nunca se deve esquecer o dia em que alguém apareceu prometendo-nos algo de novo e de bom, depois de cinquenta anos de sofrimento para milhares de pessoas, muitas nossas amigas ou até mesmo vizinhas, todos portugueses pois então, que vislumbraram num raio de Sol de um dos anos da sua vida, a felicidade de ser alguém por momentos e compartilhar com todos, o objectivo de todo o ser vivo deste planeta – viver feliz com a natureza, preservando-a com todo o nosso amor, para as nossas futuras gerações. Só assim seremos parte do todo, através da vida infinita de quem nos antecedeu e que através de nós, nos manteve vivo e consciente do nosso eu – tantas vezes esquecido, tantas vezes destruído.
E é vê-los ainda hoje, esses políticos profissionais de bolso, decrépitos descendentes dos seus antepassados e cujo único desafio de vida foi o de viverem bem, coleccionarem gordura protectora não necessária e darem-nos lições de ética e moral, verdadeiros Cerejeiras do tempo moderno, que perpetuam a destruição cultural de um país, em nome da pátria deles, pátria essa que nada nos dá e tudo nos tira, em nome deles, os prometidos!
Não deviam estar ainda a falar. Deviam isso sim, estar presos e em campos de reeducação ou então, lançados no espaço, em direcção ao buraco negro que adoram e criaram para nós!
Esse tipo que nos prometeu o mundo desapareceu. Talvez tenha sido saneado, para não ser mais incomodado. Vendo-me agora lá ao fundo, há 37 anos atrás, concluo que ainda era novo, acreditava no Pai Natal e não tinha ido para a tropa.
Precisamos de outro golpe, mas que primeiro, façamos rolar cabeças – essas não falam, só podem ser exibidas e aquele que não se mexe, é porque só pode estar morto.