ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Aproveitando o Novo Normal, Robots ao Ataque!
Nos Rankings Mundiais do embate mortal e planetário HOMEM Vs. SARS CoV-2 ─ cerca de dois anos após o seu início contabilizando-se entre as vítimas humanas, perto de 5,5 milhões de vítimas mortais (1,8% dos infetados), tendo-se já ultrapassado os 299 milhões de infetados (3,7% da população global) ─ com o JAPÃO a registar um total de 1,7 milhões de infetados (31ºRM)/Portugal 1,5 milhões e de 18,4 mil óbitos (42ºRM)/Portugal 19 mil óbitos.
Aproveitando o momento da INVASÃO do nosso PLANETA, por um AGENTE BIOLÓGICO INVISÍVEL e MORTAL (em princípio de origem interna, mas sempre desconfiando) ─ seguido pela restante família e seus semelhantes ─ deixando a maioria dos seus quase 8 biliões de habitantes (terrestres) ─ e respetiva Sociedade & Civilização ─ como que paralisada talvez por admirada, pelo impacto ser tão profundo (a “morrer de medo”) ─ eis que como terrestres que somos destruindo tudo, mas aproveitando (por acaso e/ou por necessidade) para dos restos fazer algo, podendo ter até “elevado potencial” (de utilização e desenvolvimento) ─ por esse motivo designando-nos como racionais (os outros, só sendo capazes de processar numa determinada direção/sentido, os denominados por nós como irracionais) ─
Inserindo-se apenas como simples entertainer,
infiltrando-se entre as crianças
Líderes na eletrónica e na informática e simultaneamente cada vez mais condicionados no seu quotidiano e na sua vida profissional ─ a assumirem o quanto antes esse compromisso, nada mais, nada menos, do que “um compromisso-garantia de uma Vida” ─ e como consequência disso sabendo mais cedo do que mais tarde, ter de assumir a “necessidade de substituição” (infelizmente, da realidade) ─ desse modo sentindo-se cada vez mais isolado, diminuindo os direitos e aumentando os deveres ─ com os japoneses a abraçarem de novo os ROBOTS elevando-os a verdadeiros (mesmo que virtuais) “companheiros-de-luxo” (desaparecidos os reais, até tendo o nosso/o mesmo problema) no mínimo ajudando-os mentalmente, regressando por momentos (para uma desintoxicação) à sua “infância”.
Adquirindo atitudes ingénuas e inocentes,
excelentes e c/ impacto entre jovens e idosos
Postos perante este AGENTE INFECCIOSO e MORTAL, obrigando-nos a fugir dos nossos próprios semelhantes (familiares, amigos, sociedade e convívio em geral), distanciando-nos o mais possível deles e isolando-nos cada vez mais do RESTO do MUNDO ─ durante muito tempo podendo qualquer um de nós estar possuído e não existindo na altura exorcismos ou exorcistas (por ex. VACINAS, instrumento EXORCIZADOR) ─ eis que num dos lugares mais obcecados pelo desenvolvimento científico-tecnológico na área da eletrónica (automação e controlo) e da Informática (Inteligência Artificial) ─ na sua utilização indicando-a preferencialmente para benefício do HOMEM, tendo que ser sempre como SUJEITO (e não COISA/objeto) o PROTAONISTA ─ o JAPÃO se vira para os ANIMAIS-de-ESTIMAÇÃO ROBOTS, tentando combater um dos principais males (MENTAL) e efeito pernicioso deste AGENTE CORONAVÍRUS (podendo durar), a SOLIDÃO.
Fazendo parte integrante da família biológica,
Confirmando a sua capacidade de nem sendo bio substituir
Com a chegada da CIBERNÉTICA e com os grandes avanços registados nas últimas décadas na eletrónica e na automação, reforçadas pela explosão e invasão do mercado, por novas ferramentas e equipamentos como o SOFTWARE e HARDWARE (informático), a caminho da descoberta da réplica perfeita podendo-nos substituir já amanhã para determinada função (uma espécie de humano, logo no seu 1º dia de vida, já sendo especializado), surgem agora e para já apenas para apoio, um HUMANOIDE, um ROBOT, uma MÁQUINA, dita como a nossa garantia-futura ─ para muitos de nós, o substituto do “Homem-Moderno” (antes a “máquina-perfeita” de excelência), a impor (tal como com as vacinas contra a Covid-19) no Futuro (sendo já amanhã).
Mas perante o currículo do seu criador e sendo útil,
deixando-nos até pelas primeiras aplicação e efeitos preocupados
Cansados como estamos de estarmos FECHADOS-EM-CASA, habituados como estávamos e apenas, à presença constante do Agente Provocador Social (público ou privado ou então em parceria, em PPP) ─ que nos tem conduzido (mal) nesta longa crise económico-social ─ mas agora, para dificultar ainda mais (o regresso ao tempo em que “não existia CRISE”), sendo este AGENTE BIOLÓGICO em certos períodos INCONTROLÁVEL elevando-se de nível (a nossa preocupação e alarme) e transformando-se em forte motivo de ALERTA, na falta da presença de alguém da nossa espécie fazendo-nos acreditar, vendo outro como nós e (logo ali ao lado) comunicando sentindo-nos existirmos ou mesmo, sendo sempre o mesmo no mesmo cenário e já nem acreditando no que se estando a ver (o outro estando já “meio-morto” como nós) ─ podendo ser por imposição constante, um delírio, nada mais que uma imposição (algo de virtual) ─ recorrendo-se necessariamente a um substituto de preferência sendo o mais parecido possível connosco: e limitados os nossos movimentos sendo a parte psíquica e MENTAL o nosso foco, a nossa “boia-de-salvação”, podendo o animal ROBOT mesmo sendo virtual transformar-se num companheiro de VIDA bem REAL.
Olhando para estes bonecos “inofensivos”, apenas ali colocados para nos apoiar, tentando que nunca nos sintamos sós, ou sequer suspeitemos disso (como uma TV sempre ligada, apenas com o som, indicando-nos e confortando-nos com a presença de “alguém”) ─ no apoio aos mais jovens, aos mais velhos ou a outros, igualmente considerados como “necessitados” ─ ao olharmos para os dois últimos (duas últimas imagens) ficando já com dúvidas, sendo logo “assaltado” por palavras (atitudes, refletindo ideias) de ELON MUSK (o multimilionário dono entre outros dos carros elétricos e sem condutor ─ comandados por um processador central/cérebro/IA, mesmo que rudimentar, um “protótipo” ─ TESLA) dizendo (como que nos alertando, não tendo ele nada com isso) referindo-se à IA (inteligência artificial):
“I think we should be very careful about artificial intelligence. If I were to guess like what our biggest existential threat is, it’s probably that. So, we need to be very careful with the artificial intelligence. With artificial intelligence we are summoning the demon.” (Elon Musk/24.10.2014/washingtonpost.com)
(imagens: 03.01.2022/cbsnews.com)
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Encontro de Realidades
Ficheiros Secretos – Albufeira XXI
(A Liberdade em Cenários Simulados)
A reunião estava marcada para um ponto específico do Sistema Solar, situado para além da cintura de asteróides. Juntava num mesmo local e durante um intervalo de tempo previamente estipulado, representantes máximos das hierarquias administrativas das duas galáxias adjacentes e que futuramente se intersectariam – neste caso a Via Láctea e a galáxia de Andrómeda – de modo a em conjunto e preventivamente elaborarem estratégias futuras de intervenção e de desenvolvimento, para o médio e longo prazo: no caso particular do CEO de Marte este estaria num período fulcral da sua avaliação e possível progressão na carreira, sendo sujeito a um teste que já estaria a decorrer (sem conhecimento do próprio) e cujos resultados seriam apresentados a um júri especializado que certificaria ou não a sua actuação e apresentaria os resultados ao Conselho Superior. Este deliberaria pela sua manutenção, despromoção ou subida hierárquica: o local escolhido para a reunião fora um dos satélites naturais de Júpiter Europa – uma das princesas pela qual Zeus se apaixonara – descoberto por Galileu há mais de quatrocentos anos e sendo hoje em dia (por coincidência) um dos locais mais prováveis para a existência de vida extraterrestre.
O Intruso
O problema surgiu com o aparecimento dum cogumelo de nome Apothecia num dos lotes de terreno recentemente concessionados para a montagem de cenários reais a partir da superfície de Marte, já as filmagens em directo se tinham iniciado nesse sector e a principal personagem se passeava livremente pelo terreno, enquanto que na Terra os técnicos operavam o controlo remoto do artefacto – a que se referiam como Rover – e lhe traçavam uma rota de actuação. Neste compromisso comercial estabelecido duma forma equilibrada entre duas partes, as imagens da realização cinematográfica seriam enviadas para a Terra e utilizadas pelos terrestres como se fizessem parte duma missão exclusivamente sua, mas desse modo e com este método revolucionário de intervenção concessionada a privados internos ou externos, economizando brutalmente no seu investimento financeiro esmagadoramente concentrado na produção e na viagem da sonda e de todo o equipamento associado.
O CEO colocado em Marte não compreendia como tal poderia ter acontecido. Os lotes eram constantemente inspeccionados e mesmos limpos e certificados antes de serem entregues à exploração. Ocorrera algo de estranho e se não identificasse o problema estava metido numa grande alhada. E agora ainda vinham os concessionados confrontá-lo com a situação, só porque um idiota qualquer no seu planeta afirmara que aquilo era um cogumelo. Desde que os terrestres tinham começado a viajar no espaço as suas intrusões por vezes incompreensíveis no espaço exterior tinham prejudicado o avanço do seu projecto de se tornar o primeiro prestador de serviços de todo o Sistema Solar: a autorização só chegara depois da realização dum acordo prévio entre partes, estabelecida através da realização duma reunião através dos canais de comunicação via satélite e nos quais apresentava o seu catálogo de preços, diferentes modelos e locais de intervenção. Inicialmente limitar-se-ia aos planetas principais, com hipóteses para algumas luas e até outros corpos celestes.
Alien Bolden
Em contacto com os terrestres o CEO marciano estabeleceu uma estratégia de actuação que teria que ser perfeita e irrepreensível. No edifício subterrâneo onde se situavam os módulos centrais do seu Estúdio Solar estabeleceu logo ali os três parâmetros a que teria que obedecer a sua intervenção, para se tornar definitiva e inquestionável, além de respeitadora do compromisso estabelecido: teria que ser tomada rapidamente, não colidir minimamente com os factos já divulgados (e absorvidos pelos destinatários da operação) e encaixar-se no cenário agora proposto, sem qualquer tipos de incongruências ou de lacunas interpretativas – através duma projecção agora explicada e documentada – utilizando unicamente as mesmas imagens não alteradas. Só tinha mesmo de explicar o sucedido introduzindo agora e naturalmente no contexto visual já disponível imagens mais detalhadas e trabalhadas (na apresentação da próxima edição solicitada), contemplando os mais cépticos com um esclarecimento, pelos próprios considerado irrefutável e inatacável. E esse era um programa muito simples de aplicar – dada a tecnologia de edição a que tinha acesso – e como tal impossível de erro.
Contactou através dum canal dedicado de telecomunicações o administrador da NASA Charles Bolden e com ele combinou todos os pormenores conjuntos de actuação correctiva (e até preventiva). Foi aí que o representante da agência espacial norte-americana apresentando-se como legítimo procurador dos interesses dos EUA e do seu Presidente e no estrito cumprimento do contrato estabelecido e das suas cláusulas indemnizatórias, lhe propôs uma nova concessão doutro lote marciano, mas agora para uma área até agora considerada pelo concessionária considerada interdita e inegociável: uma zona no pólo norte de Marte com vestígios evidentes da presença de água. Tal actuação era justificada pelos terrestres como necessária para a presença de poderosos financiadores no seu projecto espacial, cativando-os com investimentos virtuais directos e exteriores com retorno futuro assegurado; o que só iria dificultar ainda mais as suas conversações com as diferentes entidades representantes do planeta Terra – além dos norte-americanos – cada vez em maior número e pretendendo mais e mais concessões. Europeus, russos, chineses, japoneses, indianos, iranianos, norte-coreanos e até algumas corporações privadas multinacionais, corriam desenfreadamente pela obtenção de concessões em zonas por eles consideradas prioritárias, alguns mesmo sem objectivos claros pré-definidos. Teria que acalmar Charles Bolden em mais um dos seus delírios administrativos.
Rastos do NAC-MT4
Na impossibilidade de actuar no local em questão utilizando o Rover associado ao lote concessionado e já em plena actividade privada contratual, só lhe restava recorrer a um outro artefacto que se encontrasse disponível em stock e que fosse capaz de se deslocar ao local e intervir em zonas interiores e envolventes ao cenário. Recorreu ao agente cibernético NAC-MT4 – inspirado no primeiro astronauta terrestre (Neil Armstrong) a pisar o solo doutro corpo celeste mais precisamente a Lua – activando-o de imediato e pondo a correr o seu plano de execução: pôs os concessionados ao corrente da sua intervenção localizada, garantiu-lhes não visibilidade na sua actuação operacional e lançou o agente no terreno. O agente NAC-MT4 só teve que se deslocar ao local, introduzir vestígios adicionais em pontos de confirmação da versão dos factos a introduzir – que posteriormente seriam explicados como elementos adicionais pretensamente já existentes – e retirar-se em poucos segundos e sem nunca ser visível da zona concessionada. Cumprida com sucesso absoluto, a intervenção ainda fez sorrir o CEO: com uns simples saltos do agente cibernético NAC-MT4 nas imediações da ocorrência – o mais utilizado por ser o mais experiente quantitativamente em intervenções de risco – este simulara perfeitamente com os sulcos das suas botas o rasto deixado pelo Rover na sua deslocação sobre a superfície marciana. No fim a culpa seria atribuída a uma intervenção involuntária do Rover, que ao deslocar-se sobre a superfície marciana e com as suas rodas, teria inadvertidamente levantado uma rocha do solo deixando-a cair mais adiante: simples, eficiente e só possível num génio como ele. Por isso ser CEO e ambicioso e ter a certeza de que amanhã a sua estratégia de intervenção comercial seria recompensada e alargada, a outros espaços mais vastos e lucrativos.
Na Terra a agência espacial confirmava a versão explicativa utilizando como bode expiatório as rodas do Rover, anexando à edição marcas deixadas no terreno pela ocorrência de tal fenómeno considerado na altura estranho e bizarro, mas tão fácil de perceber agora que todas as imagens eram disponibilizadas, podendo ser profundamente analisadas e confirmadas. Calavam-se assim aqueles que afirmavam coisas absurdas senão mesmo ridículas – chegando mesmo a ameaçar expor pretensas incorrecções ou mentiras por parte da NASA – como era o caso do Dr. Rhawn Joseph; e ao mesmo tempo restabelecia-se a calma nas transmissões e a tranquilidade entre os espectadores.
Sentado no seu posto de comando o CEO regressou à sua actividade normal e quotidiana, enquanto que ia apreciando os novos pedidos de concessão que iam chegando cada vez em maior número à sua secretária e se entretinha num convívio cada vez mais profundo e interligado com o seu modelo preferido, inspirado na cultura comunicativa e extremamente intrusiva e sensitiva aplicada naquele pequeno planeta, por estes curiosos e interessantes seres vivos: a agente cibernética de apoio HB-T1 uma réplica adaptada da actriz Halle Berry.
(imagens – space.com e Web)
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Colateral
Albufeira – Ficheiros Secretos
O Estranho caso do Agente Borboleta
Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma
(Lavoisier)
A HISTÓRIA DE IBÉRIO ALGAR
Esta história – entre muitas outras histórias assinaláveis, guardadas num arquivo privado de manuscritos antigos e de confirmada origem árabe – foi-me contada numa tarde de Verão do passado mês de Setembro, sentado no miradouro do Pau da Bandeira e observando deliciado este mar calmo e sereno. O meu contador de Histórias apresentou-se como descendente do famoso poeta árabe Ibério Algar, que na sua passagem por terras algarvias terá deixado para os seus discípulos e descendentes, muitas histórias verídicas e de encantar.
Nessa história o poeta descreve uma das suas passagens pelo estreito de Gibraltar, deixando a pairar no ar um certo perfume de mistério e de fantasia, ao afirmar ter efetuado uma travessia sem nenhum tipo de sobressaltos, observando do alto e sentado numa cadeira bem confortável e rotativa, toda a extensão do mar Mediterrâneo. Sugerindo até ter repetido a mesma viagem – a pedido e por puro prazer e divertimento – no mesmo dia e à mesma hora. Isto fez-me lembrar a Máquina do Tempo.
Os Árabes foram muito importantes para o desenvolvimento cultural e científico da Europa durante a sua passagem e estadia pelo nosso continente, podendo-se integrar nesse grupo o nosso poeta Ibério Algar
E para uma melhor compreensão da filosofia e experiência de vida de Ibério Algar, nada melhor do que a citação de uma frase a si atribuída: “O tempo não existe e daí a nossa possibilidade de viajarmos entre mundos de diferentes realidades opcionais, mas alternativas e paralelas. Atravessando níveis de realidade dispostas em camadas sobrepostas caoticamente, com diferentes alterações de valores padronizados de energia, capazes de aproveitar o aparecimento de buracos na matéria – por alteração da sua massa – para se transportar instantaneamente para outras órbitas energéticas diferenciadas, mas constituindo sempre como plataforma de vida, o mesmo elemento básico – a Partícula e o seu Universo”.
Com o início da reconquista cristã Ibério Algar acabou por se refugiar em Espanha partindo em direção à região de Granada, onde ficou instalado num palácio de um príncipe árabe durante um curto e merecido espaço de tempo, para repouso e recuperação necessária de tantas canseiras e sofrimentos. O seu rasto acaba por se perder nos misteriosos palácios e jardins de Alhambra, à procura daqueles que vira e com quem convivera outrora – numa das suas viagens “aéreas” – e que agora pareciam querer esconder-se ou fugir dele, talvez como desafio á força da sua fé e à sua crença nas forças do Universo.
O AGENTE BORBOLETA
(Ibério Algar pelo seu contador)
Criatura Sobrenatural muitas vezes associado ao fenómeno OVNI
I
A borboleta atravessou apressada a teia de aranha que se encontrava à sua frente e entrou pela janela do 1.º andar do prédio em ruínas, sem sequer pedir desculpa à aranha detentora daquela rede de alimentação. O dia estava frio e chuvoso e a hora combinada para o encontro aproximava-se rapidamente. Não queria falhar mais uma vez com a sua presença face ao intruso, nem deixar que a osga sua amiga se escapasse por entre as paredes rachadas da habitação, desaparecendo de novo como se não tivesse nada a ver com o assunto.
II
Aos olhos da borboleta a casa parecia ter uns mil anos, forte nos alicerces que a sustinha mas frágil nas paredes de madeira e de estuque que a fechavam. Os tetos já tinham desabado parcialmente, apresentando bocas abertas e escancaradas para os andares superiores do edifício em ruínas, que por um lado arejavam todos os animais aí residentes mas pelo outro lado permitia aos metediços e mal cheirosos morcegos entrarem e saírem a seu belo prazer. Tudo parecia ter sido mais uma vez combinado para a atrasar na sua missão, boicotando assim e de uma forma repetitiva, os seus planos tão minuciosamente elaborados.
O Sol é o farol da vida e o guardião do conhecimento do mundo onde vivemos. Mas não nos deixemos encandear pela força da Natureza e com isso, a maltratemos com as nossas experiências egocêntricas e absurdas
III
No interior da habitação do 1.º andar a borboleta virou à direita, dirigindo-se de seguida para o fundo do corredor mergulhado numa escuridão variável, dependendo do baloiçar do único candeeiro ainda em funcionamento. A corrente de ar quase que a fez chocar contra essa inesperada mas orientadora presença luminosa e enquanto se desviava para o seu lado esquerdo, ainda conseguiu vislumbrar no interior da bola iluminada o seu conhecido gafanhoto, lutando furiosamente contra aquela luz ofuscante e mortal; reparou de passagem numa outra cena deveras preocupante para o inseto – colocado mais acima sobre o cabo de suporte do candeeiro, numa posição de espera e de paciência próprio de um caçador experimentado, estava um cruel camaleão de estimação.
Construída à nossa imagem a casa física morre como nós, deixando no entanto espaços misteriosos por revelar, que nos inundam o pensamento e nos põe a sonhar
IV
Estava uma noite de Lua Cheia e a luz infiltrava-se por todos as fendas da casa. A zona das escadas era uma das mais bem iluminadas por esta luz suave e natural – vinda do exterior através da claraboia instalada no terraço – e por essa razão a ideia fixa da borboleta de se dirigir na sua direção, subindo as escadas aí construídas em espiral de modo a rapidamente alcançar o terraço. O encontro com a osga e com o intruso – a sua sombra sempre presente – fora combinado previamente e para esta noite, realizando-se no canto norte desse terraço. Mas a borboleta também já fora preparada para o que desse-e-viesse e alguns amigos de sangue estavam desde há momentos de alerta, para possíveis acidentes de percurso.
V
A osga e o intruso estavam à espera quando a borboleta transpôs finalmente a claraboia e se introduziu no espaço iluminado pela Lua, completamente às claras e a céu aberto. Inicialmente nada se passou, apenas se ouviu um ligeiro ruído em redor dos muros meios desfeitos que rodeavam todo o terraço. A borboleta pousou sobre o suporte apodrecido da antena de televisão, enquanto alguns grãos de ferrugem caiam sobre o telhado fendido e cheio de musgo, que ainda cobria parte da casa. Parou e pôs-se a observar. Enquanto isso a osga olhara para o intruso, acabando por ignorar as causas do ruído. Nesse momento tudo parou, até ao momento em que se deu a sucessão rápida de acontecimentos.
A Osga
Monstro meio-homem meio-réptil, o seu desejo é o de destruir todos os humanos à face da Terra
VI
Relembre-se que de um dos lados da barricada estavam a osga e o intruso e do outro lado a borboleta e um número indeterminado de amigos de sangue. Numa primeira fase a borboleta bateu as asas como combinado, esperando pela resposta sonora da osga. Ela deveria aparecer de seguida diante de si, assinalando a sua presença com uma luz emitida por um pirilampo fixado no seu corpo e transportando consigo a encomenda combinada. Tal não sucedeu o que começou a incomodar a borboleta. Numa segunda fase o intruso avisou a osga de que iria abandonar o local, deslocando-se em direção ao cabo desligado da antena, que se balouçava perto de uma tomada elétrica de emergência. A borboleta não o viu mas sentiu o seu calor e movimento. Enquanto isso a osga deslocou-se sorrateiramente até `perto da antena, colando-se a ela como um fantasma, numa posição acessível de ataque e de sucesso garantido, ficando aí pacientemente a aguardar. O intruso ligaria a antena à tomada, a borboleta sairia disparada com os efeitos da descarga, a osga cumpriria a sua função alimentar e acima de tudo a encomenda seria preservada.
O aparecimento do Intruso poderá ter ligações ao mundo fantástico do temível Chupa-Cabras
VII
Mas nada se passou assim. A borboleta levantou voo e a antena até aí equilibrada com a distribuição do peso insignificante do seu corpo, acabou por cair para o lado oposto ao do seu voo, esmagando e eletrocutando o intruso – que depois se veio a descobrir ser a fêmea tirana do casal – na sua queda aparatosa no chão. A osga desorientada com o sucedido, ainda tentou escapar-se no meio da confusão instalada, procurando escapulir-se no meio da primeira fenda viável que viesse a encontrar, o que também não conseguiu. Ao tentar pôr-se em retirada viu-se perante um verdadeiro exército de pulgas, térmites e carraças sugadoras que a cercaram, picaram, devoraram, furaram-lhe os olhos, empalmaram e desmontaram, não deixando nada para trás dado o perigo de voltarem a aparecer. A encomenda acabou por ser entregue ao seu legítimo dono, evitando-se assim males maiores para a humanidade e a continuidade da normalidade do quotidiano de todos os animais vivendo à superfície da Terra.
A Cibernética criou Marvin, O Androide Paranoide
Robot possuidor de um QI extraordinário, utilizado a bordo da nave espacial “Coração de Ouro” e exercendo as suas funções para a Companhia Cibernética Sírius
VIII
No seu quarto o agente começou a arrumar cuidadosamente os seus aparelhos eletrónicos, concluída que estava a missão que lhe tinha sido superiormente atribuída. Técnico reputado na área da cibernética e especializado em nano máquinas, era fácil constatar a delicadeza e carinho com que tratava os seus animaizinhos mecânicos – verdadeiros soldados da fortuna – não só pelo privilégio de tratar deles como de seres vivos se tratassem – pareciam cada vez mais conscientes das suas ações – como pela liberdade e segurança de ação que eles proporcionavam. Tinha vencido os outros agentes inimigos, não tendo a lamentar nenhuma vítima colateral.
IX
Pegou então na sua pequena mochila pessoal, olhou mais uma vez pela janela do seu pequeno quarto de hotel e comparando mentalmente este nascer do Sol com o do seu ponto de origem, pensou que poderia viver neste mundo alternativo sem grandes problemas de adaptação. Mas o arbítrio não o convencia a aceitar o desafio e sabia de antemão, que este nunca seria o seu verdadeiro lugar no Universo.
Falando de Espaço-Tempo: utilizando os “Buracos de Minhoca” podemos atalhar entre dois pontos muito distantes no Universo
X
Ligou finalmente o aparelho de transporte RET (redimensionador espácio-temporal), aplicado com técnicas biotecnológicas inovadoras no pulso do seu braço esquerdo – artefacto de alta tecnologia que o iria levar de volta ao seu lugar de partida – programando-o com toda a precisão e precauções associadas, de modo a atingir uma execução com pleno sucesso de todo o plano inverso de retorno. E então deixou de existir subitamente, engolido pelo espaço e recolocado no seu lugar.
(imagens – Google.com)