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Farto de Esperar

Sexta-feira, 31.08.12

“Quem espera desespera”

(ditado popular)

 

O eternizar da espera pode ter consequências dramáticas para todos nós

 

O rato foi apanhado na ratoeira que um dia lhe montaram. Tinha ido apenas à procura de comida como o fazia todos os dias – no seu passeio diário pelas redondezas da sua toca onde um dia nascera e fora crescendo – e nada fazia prever que ao encontrar uns biscoitos bem cheirosos e apetitosos, um mecanismo misterioso e barulhento repentinamente o fosse privar da sua liberdade.

 

Mal disposto e assustado, o rato lá comeu o que encontrou e aí ficou durante alguns dias, privado de água e de comida. A fome e a sede eram tremendas e o acumular destas duas condições fisicamente pressionantes – com o stress causado pelo seu enclausuramento num espaço limitado e claustrofóbico – começou a transformar progressivamente este animal pacífico numa verdadeira besta irracional, apenas capaz de se exprimir através de atos da mais pura e brutal violência física.

 

O diálogo tornou-se impossível já antes de lhe abrirem a porta da ratoeira. O rato saiu a correr, subiu rapidamente pelo animal que o prendera na armadilha e enquanto este assustado se virava lentamente para ele – na sua cabeça instantânea o rato parecia mesmo uma super ratazana voadora – atirou-se à sua cabeça, atacando sem pensar e sem piedade o centro do seu inimigo, numa fúria irracional e incontrolada.

 

Digladiamo-nos por pretextos inexistentes e com isso suicidamo-nos matando a natureza.

 

“Quem espera sempre alcança”

(ditado popular)

 

(imagem: Bruce Minney – Artwork for Man’s World – June 1973)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 14:13