ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Um De Cada Vez
“Ontem foram uns, hoje serão outros e amanhã atirar-se-ão aos restantes”
O caso das mulheres-bruxas do Gana
No Gana as mulheres são vítimas de eliminação selecionada através da manipulação da cultura e da memória do seu povo, chegando estas a ser perseguidas, acusadas e mesmo condenadas, por serem bruxas e utilizarem maleficamente as suas práticas de feitiçaria.
E se não existissem mulheres, o que seria dos homens?
Existindo há mais de cem anos no Gana, os campos para mulheres acusadas de prática de bruxaria e de feitiçaria – as mulheres devem ser submissas e não podem ter sucesso ou falar de mais como os homens, caso contrário estarão certamente “possuídas” – demonstram bem como hoje em dia ainda é tratada a mulher neste país africano, transformada num ser destituído de qualquer tipo de status social e que à medida que a idade a transforma e envelhece deixa de ser um elemento válido e útil para a sociedade – um verdadeiro bode expiatório.
E qual é agora e então, a solução adotada pelo governo democrático do Gana para apagar esta mancha na sua reputação? Nada mais, nada menos do que reenvia-las para as aldeias de onde vieram escorraçadas, podendo originar sobre as mesmas, reações irracionais e provocadas de extrema violência.
A mulher pertence a um grupo social sujeito desde tempos a atos de grande violência num mundo onde o fator homem (masculino ou feminino) ainda manda
Tal como acontece em todo o mundo o ser humano continua a ser na sua esmagadora maioria desprezado e exponencialmente esquecido por aqueles que desde sempre os afirmaram querer representar e defender, mas que nos dias de hoje apenas zelam pelos interesses de uma pequeníssima minoria que os nomeou para sua proteção, escravos-brancos principescamente pagos com generosas remunerações e com liberdade total de atuação sobre a grande massa de alienados, não inscritos como estes, na estrutura de partilha de poder.
Podem ser velhos, jovens, negros, doentes, desempregados, oposicionistas, mulheres e muitos outros sectores da população de qualquer tipo de local, país ou continente, conforme os interesses económicos e momentâneos da sociedade onde nasceram ou onde agora vivem – investindo ou desinvestindo conforme a evolução do mercado – e da sua capacidade orgânica em eliminar grupos de indivíduos que a compõe e que a estão a atrasar no seu desenvolvimento e planificação idealizada, aproveitando assim para justificar um número infindável de atos prepotentes coercivamente aplicados sobre “todos”, com as graves falhas culturais e de memória que as próprias elites conscientemente aprovaram e os seus melhores empregados aplicaram escrupulosamente.
(dados e imagem – bbc.co.uk)