ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Marafado
Lince do Alasca num fim de tarde durante o Verão, com as orelhas em movimento sinalizando atitudes
Estou violentamente chateado.
Chegou o fim-de-semana, não há nada para comer e a Maria ainda não apareceu por aí: deve estar à caça de comida, para alimentar as criancinhas.
As minhas orelhas reflectem a insanidade mental que me vai destruindo por dentro – a fome é grande e ninguém consegue aguentar!
E a moleza com que a orelha direita analisa o mundo, descaindo em sonolência descontrolada e escorrendo sem vergonha o seu odor pelo meu pelo caído, é ainda uma consequência da sujidade que me impregna e da acção malvada da força de gravidade.
Mas ainda me sobra a orelha esquerda, com uma réstia de esperança levantada em forma de antena e sustentando com alegria e coragem, o resto do meu corpo superior.