ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Covid-19 PT/Inverno-26.12
[O Inverno começou a 21 de dezembro (passada terça-feira).]
Já entrados no período em que no ano passado (de 2020) arrancou a “vaga de Inverno” (a pior de todas), faltando pouco para ver quais as consequências da atuação do coronavírus, para este novo ano (de 2021) ─ aí mesmo à porta.
Portugal
Nestes 26 dias de dezembro de 2021 e comparando com o ano de 2020,
registando-se 1,4X mais infetados, mas 4,7X menos óbitos.
Com a chegada da variante OMICRON (já maioritária) substituindo progressivamente a anterior variante (Delta) ─ a 1ª referenciada como sendo muito mais rápida no contágio, mas muito menos letal que a variante anterior ─ refletindo-se desde já a sua presença no nosso território, com o aumento do nº de contágios, o aumento da taxa de incidência e agora o aumento do índice de transmissibilidade (em descida há mais de um mês). Restando ver o que acontece ao SNS, caso os pedidos de internamento aumentem (ou se acumulem à entrada, mesmo que não sejam casos graves) e não haja resposta satisfatória (não existindo Governo).
Algarve
Nestes 26 dias de dezembro de 2021 e comparando com o ano de 2020,
registando-se 4,3X mais infetados e mais 4,1X mais óbitos.
E se relativamente a todo o território português (ilhas incluídas) o que se previa tem-se confirmado ─ sendo menor ou mantendo-se o nº de Infetados (subindo mais devido ao Omicron), mas diminuindo drasticamente o nº de óbitos, sendo este ano quase 5X menos ─ no caso do Algarve e apesar da “campanha de vacinação” (assim como de realização de testes), contrariamente ao previsto e à “média” do país, aqui sendo bem “negativa”, para além dos contágios aumentarem este ano mais de 4X o mesmo sucedendo com o nº de óbitos: em 2020 nestes 26 dias de dezembro registando-se 16 óbitos, este ano de 2021 65 óbitos.
(dados: dgs.pt ─ imagens: Produções Anormais)
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Tempos Covid-19 ─ Fúria Contida
Mas as palavras, também se abatem!
“Afinal de contas (num total de umas 6.000) com o nº de escolas infetadas (nela tendo sido detetados, casos de Covid-19) não sendo mais de cem (Ministério da Educação), não sendo mais mil (FENPROF), sendo apenas umas três mil (Ministério da Educação + Tribunal) cerca de 50% ─ isto depois de ficarmos a saber, o que o Ministério da Educação já sabia antes: que as novas estirpes/variantes então já circulando, eram mais contagiosas/infeciosas agora também nos mais jovens. Diretores de Escolas, Associações de Pais, Ministério (adeptos inflexíveis do não encerramento das escolas), onde estão os responsáveis? Na Alemanha e face ao cenário (que toda a gente previa) encerradas desde o Natal.”
“Os erros de comunicação dos decisores políticos e a “obesidade informativa” foram os principais fatores por detrás do maior relaxamento dos portugueses neste segundo confinamento (segundo o médico psiquiatra Vítor Cotovio). “Os números têm de ter rosto”, sob pena de nos habituarmos a “encarar 200 mortes diárias como se fosse uma coisa prosaica” (disse o mesmo).” (publico.pt/04.02.2021) |
Como consequência da inatividade (apenas com ações reativas) protagonizada pelos respetivos responsáveis (autoridades governamentais) ao não decidirem atempadamente (nem prevenindo, nem remediando) a interrupção da rede de contágio COVID-19 ─ mantendo abertas até ao fim (ultrapassando mesmo o limite do aceitável) as três principais vias de transmissão ligando Famílias/Lares, Famílias/Escolas e Família/Empresas ─ a divulgação já hoje concretizada do relatório da situação sobre a evolução desta Pandemia (numa nova vaga provocada pelo vírus SARS CoV-2), mantendo-se ainda o nº elevado de infetados (+6.916 ontem), de vítimas mortais (+258 ontem) e de internamentos (num impressionante total de 6.412 doentes): e infelizmente batendo-se mais um recorde (Covid-19), com o nº de internados em cuidados intensivos (UCI) a atingir os 904 indivíduos.
“O vírus é democrático na forma como é apanhado, mas não é democrático nas suas consequências.” (Vítor Cotovio/publico.pt/04.02.2021) |
E atingidos os 755.774 infetados e os 13.740 óbitos, ainda-por-cima estando no meio de uma enorme confusão (com a Saúde em implosão) agora ainda mais agravada com a chegada das vacinas (e do pior que o Homem tem) ─ prometida por SMS, telefonema ou carta, e-mail isso é que não ─ nada de concreto (palpável, sentido) se vendo fazer (para contrariar, motivar, fazer acreditar, relançar) em setores fundamentais como são os da Saúde e da Economia: tal como aqui atrás dos chefes (nunca estando presentes aquando dos seus deveres morais e materiais/ajudarem-nos, sempre aquando do usufruto de direitos legais ou ilegais/vacinarem-se), sempre a reboque das elites. Assim se lendo nos média, espalhadas por aqui e por ali, algumas notícias curiosas ─ isto apenas para não se dizer, serem claramente estratégicas ─ com as empresas a invocarem (exigirem) a necessidade dum certificado (extra) para este “novo normal trabalhador” (passando a novo normal = anormal, abdicando de direitos): se viram “O Oitavo Passageiro”, obviamente (nem a PIDE se existisse hoje, se lembraria disso) para nos proteger do bicho (que alguns terão dentro dele).
“New COVID-19 prediction models forecast a potential fourth wave. Under all plausible scenarios (Fred Hutch researchers), rapid vaccination and early enforcement of partial lockdown are the two most critical variables to save the greatest number of lives.” (geekwire.com/03.02.2021) |
(imagem: Kiyomi Taguchi/University of Washington/geekwire.com)
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Repentinamente todos gritam “Encerrar”
Coronavírus:
“Maioria dos portugueses concorda com encerramento das escolas
por causa da covid-19.”
(publico.pt/19.01.2021)
82% dos portugueses votam por um confinamento geral
idêntico ao de março de 2020
“Os portugueses estarão de acordo com a ideia de encerrar as escolas para ajudar a conter a explosão de casos – e mortes – de covid-19? De acordo com um inquérito Universidade Católica/PÚBLICO/RTP, feito entre 11 e 14 de janeiro, 54% dos portugueses veriam com bons olhos o encerramento das escolas. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, admitiu que na próxima semana, após as eleições, o encerramento das escolas poderá vir a ser reconsiderado. Mas, por ora, as escolas continuam abertas – apesar de estes ser um dos temas que mais polémica tem gerado.” (publico.pt/19.01.2021)
54% dos portugueses votam em janeiro de 2021
pelo encerramento imediato das escolas
Faltando apenas conhecer-se qual a evolução da variante britânica do vírus SARS CoV-2 “na cabeça brilhante do nosso 1º Ministro” para, sendo mais contagioso, tornando-se predominante e provocando uma tragédia (o vírus), o convencer definitivamente (o 1º) de uma tão clara (e mortal) evidência: enquanto não se fechar mais esta importante via de contágio (escolas/famílias), a tendência será um inevitável e terrível crescimento de casos (infetados/óbitos). Mais uma semana (1.500 vítimas mortais) de espera?
Ponto de Situação (Covid-19/Portugal) esta quarta-feira, 20 de janeiro de 2021 (com novos recordes de infetados/óbitos):
Covid-19 (20.01.2021) | ||
Nº de Infetados | Diário | 14.647 |
Total | 581.605 | |
Nº de Óbitos | Diário | 219 |
Total | 9.465 | |
Infetados | Ativos | 7.935 |
Estado Crítico | 681 (+11) |
(dados e imagens: pubico.pt)
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O Casamento dos Confinado Yuri & Margot
[Em princípio e em tempos de Covid-19, sem qualquer perigo físico e/ou mental, de contágio.]
Normal = Anormal
Entendendo a normalidade, como algo de inexistente, sendo obtida por uma maioria, podendo dar como resultado-padrão, num tempo e num determinado espaço, sendo repetido, mas nem sempre, resultando na normal-solução, apesar da alta probabilidade, da mesma poder ser a mais correta, para uma maioria indefinida, mas certa e mesmo matematicamente comum,
Um exemplo de como o conceito de normal, sendo uma regra reforçada, se confunde com a sansão social, pelos valores transmitidos e pelo comportamento humano adotado e numa construção centralizada, podendo ser o contrário tornando equivalentes por complementares os aí denominados opostos: por interligação e perfeição ─ outra nossa criação ─ tornando o normal anormal.
Com o “bodybuilder” (modelador de corpo) cazaque Yuri Tolochko, vivendo com a sua companheira Margot há já mais de um ano ─ e afirmando desde aí, ser inseparável da mesma ─ apesar das críticas à mulher obrigando-a a uma plástica, seguido por este bem longo período de confinamento, mantendo a sua forte intenção de concluído o mesmo, se casar por amor com a mesma.
Tratando-a como se deve tratar uma verdadeira mulher (por sinal com página no Instagram) e prometendo quando possível apresentá-la aos seus amigos: como aliás concretizou numa entrevista à estação de televisão RT, apresentando publicamente e em direto o seu novo amor, futura mulher. E mesmo com o confinamento concretizado a dois e esperando autorização oficial, mantendo o casamento marcado com esta “Boneca-Sexual”, Margot.
(imagens: Yuri Tolochko ─ yurii_tolochko/Astana ─ Cazaquistão ─ rt.com)
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COVID-19 − OUT AND IN THE USA
[Com o navio de cruzeiro “Grand Princess” depois de vários dias navegando ao largo da costa da Califórnia (o outro cruzeiro mais falado e nas mesmas condições sendo o Diamond Princess navegando ao largo do Japão) e com 2.400 pessoas a bordo (de mais de 50 países) − e devido à pressão crescente nos EUA, obrigando Trump e a sua equipa a agir, sob a direção do seu VP Mike Pence − a finalmente ser autorizado pelo governo norte-americano a atracar esta segunda-feira (março, 9) no porto de Oakland: com pelo menos 21 passageiros a bordo infetados pelo covid-19 (nem 1%).]
Cruzeiro Grand Princess atracado em Oakland
No momento (09.03.2020 pelas 22:45 Lisboa) em que o COVID-19 atinge a nível GLOBAL os 113.584 infetados – com 3.996 vítimas mortais (3,5%) e 62.496 recuperados (54,9%) – e em que nos EUA o nº de infetados é já de 607 – com 22 vítimas mortais (3,6%) e 7 recuperados (1,2%) – a preocupação no presente reside mais nos surtos epidémicos centrados na ITÁLIA (e estendendo-se por toda a Europa incluindo a Ocidental, onde se situa Portugal), na Coreia do Sul e no Irão (sob sansões totais dos EUA): respetivamente com 9.172 infetados/463 vítimas mortais (5,0%), 7.478 infetados/53 vítimas mortais (0,7%) e 7.161 infetados/237 vítimas mortais (3,3%). Com todos os continentes da Terra a já terem casos de infetados exceção feita e que se saiba ao Árico e à Antártida: atingindo 111 países um deles sendo Portugal (mantendo-se com os seus cerca de 30 casos ativos) e com os nossos vizinhos Europeus a serem bastante atingidos – para além da Itália (liderando de longe a tabela), surgindo ainda (seguindo em direção ao nosso país) na Alemanha (1.176 infetados/2 mortos/mortalidade 0,2%), na França (1.209 infetados/19 mortos/mortalidade 1,6) e na Espanha (1.073 infetados/28 mortos/mortalidade 2,6%). Com a Alemanha a registar as duas primeiras vítimas mortais (até ontem e apesar de mais de mil infetados, a zero), com Chipre a ser o último membro da EU (27 membros) a registar esta infeção (surgindo hoje o seu 1º caso) e se por um lado sendo possível o surto epidémico poder estar a estabilizar na China, no nosso continente – na EUROPA − estando para já a evoluir em sentido contrário.
O Homem ao dispor do novo coronavírus Covid-19
E nos EUA o que se passará de verdade (para além do atrás mencionado)? No site governamental norte-americano CDC (Centers for Disease Control and Prevention) com o mesmo pelas 16:00 desta segunda-feira (9 de março) a apontar para 423 infetados e 19 vítimas mortais em 35 dos estados norte-americanos (70%): com 72 infetados relacionados com viagens (17%), 29 contágio de pessoa-a-pessoa (7%) e 322 ainda indeterminados (76%) e com os estados mais atingidos a serem (mais de 10 casos) o de WASHINGTON (136 casos), da CALIFÓRNIA (110 casos), de NOVA IORQUE (40 caos) e de MASSACHUSETTS (28 casos). Aumentando a taxa de mortalidade e concentrando-se esta, no período de 20.02 até 06.03 numa média próxima dos 7 casos por dia. Mas será mesmo assim? Agora que a WHO (Organização Mundial de Saúde) vendo-se perante 111 países (a caminho dos 60%) dos 193 membros da UN e integrando todos os continentes da Terra, já infetados, começa a sugerir estarmos apenas a um passo da PANDEMIA. E infelizmente (tarde de mais?) quando este novo coronavírus já deve estar instalado há várias semanas no interior do território dos EUA, travestido provavelmente como o vírus Influenza (gripe) e passando assim despercebido (as mortes podendo já ser devidas não ao influenza mas ao Covid-19) até para não causar alarmismo (entre os pobres, desprovidos de tudo): sabendo-se que os norte-americanos não existem apenas no interior dos EUA estando espalhados um pouco por todo o Mundo, não só como civis mas em muito maior número (milhares e mais milhares) como militares (em bases norte-americanas sediadas em todos os Continentes) − e conhecendo-se quem são e como são tratados (os seus soldados) daí se podendo tirar conclusões. Por exemplo tendo estado na Coreia do Sul e cumprido o serviço, regressado com uma simples “constipação” ao seu país, ao seio da sua família: na América e sem dinheiro tudo de mau sendo possível.
(imagens: yahoo.com)
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Ponto de Situação do Covid-19
“Agora que o número de novos casos parece começar a diminuir e conhecendo-se o nível etário mais suscetível ao contágio/infeção (os mais frágeis) por este novo coronavírus: doentes e idosos.”
Covid-19
O novo coronavírus ao microscópio
Com o percurso do novo coronavírus (COVID-19) a seguir o caminho de outros vírus seus semelhantes (como o INFLUENZA, o MERS e o SARS) – contagiando e infetando (I: Infetados) os indivíduos, para de seguida os mesmos recuperarem (R: Recuperados) ou não (VT: Vítimas Mortais) – sendo importante de recordar que se o vírus Influenza origina centenas de milhares de mortos todos os anos, vírus associados e tendo já provocado outros surtos epidémicos graves como o MERS, atingiram taxas de mortalidade bem mais preocupantes na ordem dos 10% (em cerca de 80.000 infetados, vitimando mortalmente uns 8.000):
Evolução ao longo do tempo do nº total de casos
e do nº de casos reportados por dia
Quando a taxa de mortalidade global do Covid-19 anda de momento nos 3,4% (ou seja, cerca de 1/3) e com tendência (dado o nº de infetados estar a diminuir consistentemente nos últimos dias, de milhares passando a centenas) para descer. Taxas de mortalidade calculadas num determinado universo referido a um determinado e bem limitado intervalo de tempo, não significando que um cálculo referido a um desses espaço/tempo se possa extrapolar para toda a população de um qualquer território (mais extenso): exemplificando e supondo, que no tempo da presença ativa de um vírus 100.000 pessoas (de uma localidade/país) eram infetadas e 300 morriam − equivalente a uma taxa de mortalidade de 3% − isso não significaria (dada ser uma conclusão errada) que atingindo um país como Portugal (se essa localidade lhe pertencesse) − com cerca de 10.000.000 de habitantes − teríamos 30.000 vítimas mortais. Então a China com as suas mais de 1,5 biliões de almas e no presente com uma taxa de mortalidade na ordem dos 3% (hoje ainda superior) registaria no fim deste novo surto epidémico (então seria sem dúvida uma pandemia) mais de 45.000.000 – quando nem atingimos ainda os 100.000 (3.000X menos).
Comparação de parâmetros de outros surtos epidémicos
entre eles SARS e MERS com os do Covid-19
Hoje quarta-feira 4 de março (pelas 10:00 da manhã) com o nº de casos do novo coronavírus COVID-19 a serem os seguintes: 93.455 infetados, 3.198 vítimas mortais (3,4%) e 50.743 recuperados (54,3%); com os países mais atingidos para além da China a serem (de longe) a COREIA DO SUL (5621 I/28 VM), a ITÁLIA (2.502 I/79 VM) e o IRÃO (2.336 I/77 VM); e com os recuperados a terem uma taxa (ao contrário do total e da China, superiores a 50%) extremamente baixa (sendo grave) no trio de países constituídos por Coreia do Sul/Itália/Irão andando entre nem 1% na Coreia do Sul e 13% no Irão (6,5% na Itália). Felizmente com alguns parâmetros a darem sinais de um desacelerar acentuado dos casos de contágio/infeção, sugerindo o vírus poder ter atingido o seu pico máximo de atividade e a partir de agora ser “sempre a descer” até desaparecer (ou adormecer). Em Portugal e segundo dados fornecidos pelo site da responsabilidade do Johns Hopkins CSSE (gisanddata.maps.arcgis.com) com 4 (segundo o sapo.pt sendo já 5) infetados hospitalizados (sendo acompanhados e em tratamento) e sem vítimas mortais registadas (nem recuperados).
(imagens: nst.com.my − virusncov.com − businessinsider.com)
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Coronavírus COVID-19
Com a taxa de mortalidade andando ainda acima dos 2%, tendo como contrapartida (positiva) a taxa de recuperação rondar os 20%. Num surto epidémico iniciado há cerca de dois meses.
Global Cases − Johns Hopkins CSSE
(19.02.2020 − 20:30)
Dados Globais | Casos | % |
Confirmados | 75.280 | 100,0 |
Vítimas mortais | 2.014 | 2,7 |
Recuperados | 15.090 | 20,0 |
E segundo as autoridades responsáveis pelo acompanhamento da evolução do vírus (incluindo a WHO), com os indicadores a começarem a manifestar os primeiros sinais de queda na taxa de contágio/infeção originada pelo vírus COVID-19.
(imagem: gisanddata.maps.arcgis.com)
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Um Deserto Normal É Onde Vivem Camelos
“Muitas vezes não me interessa o que um conjunto de palavras significa: o mais importante é a melodia biológica que esse conjunto me transmite”
O deserto é um ponto de origem e de destino de um trilho real desaparecido, numa encruzilhada infinita de rectas caóticas mas sequenciais – imaginadas e montadas no nosso cérebro previamente estruturado – e formando planos infinitos que se intersectam indefinidamente, criando o grande espaço fundamental e facultando-o ao aparecimento do seu complemento simétrico – a matéria – por excitação da mesma e alteração do seu estado teoricamente passivo.
Abaixo do rio Tejo – terras do sul terra de mouros – só deserto sem fim e alguns camelos perdidos
Margem Sul
O Tejo atravessava Portugal da fronteira até Lisboa, dividindo o país em duas zonas bem distintas: a norte viviam os portugueses descendentes de Viriato mais puros e originais, enquanto que a sul a miscigenação com os mouros do norte de África – devido à invasão árabe da península ibérica – tinha produzido uma raça de portugueses mais lentos, preguiçosos e acastanhados. E eu posso comprovar tudo isto socorrendo-me de uma das maiores e mais influentes personalidades do submundo empresarial nortenho, também conhecido como o Papa e detentor de um formidável projecto individual de vida, devidamente embrulhado e apresentado num intocável, invisível e inexistente saco azul. Segundo o Papa do Norte o problema geral que afecta o nosso país só será solucionado quando se acabar de vez com a presença dos mouros – e seus descendentes e apoiantes vítimas de contágio – em Portugal, tal como preconiza Jardim na Madeira nas suas homilias contra os cubanos (uma mistura estranha e perigosa entre mouros e outras raças limitadas, vivendo em ilhas fechadas e de costas voltadas para o mundo).
Como colaboração pessoal e desinteressada para o desenvolvimento deste tema tão importante e há ainda tão pouco tempo motivo de análise de toda a inteligência ligada ao poder e aos grandes subsídios patrióticos de estado, só posso confirmar alguns destes pensamentos e ideologia predominantes, fazendo o pino, deixando afluir o sangue à cabeça e soltando a língua de imediato, antes de bater com os cornos no chão: os povos do sul deste reino vivendo além Tejo até às fronteiras do mar, são nossos pais, filhos e irmãos, partilhando neste espaço toda a experiência de uma existência vivida e sentida, sem exigir nada em troca, além da amizade, do respeito e da alegria. Como todos os portugueses ainda não corrompidos pelo poder e pela falta de vergonha.
No início o camelo era feliz e atrevido e até lhe tinham prometido, andar de comboio e de avião
Camelo Filósofo
E foi então com o Homem do Leme – vindo do Algarve mouro – que os portugueses partiram a caminho do Oásis. Aí todos nos transformamos em perfeitos camelos, partindo em caravana e numa corrida desenfreada, à procura da prometida e certificada gruta de Ali-Bábá. Muitos enriqueceram – os Quarenta Ladrões – e outros lá se foram safando – chantageando os ladrões para quem tinham trabalhado – mas a esmagadora maioria apenas foi alternando – como uma reles prostituta – entre a fome como regra e a fartura como excepção. E lá se foram passando anos a fio com os camelos correndo desorientados entre o Inferno e o Purgatório – agora promovido a Céu suportado pela revolução tecnológica – completamente alienados dos seus projectos de vida por direito, em troca de uma simples e enganadora miragem por dever. O camelo até que é na maioria dos casos um animal dócil e pouco exigente, suportando condições extremas de trabalho e apenas pedindo em troca comida, água e descanso. No entanto se acreditar em miragens tem o seu destino traçado.
Com o passar insuportável do tempo e esmagados sob o peso brutal de uma infinita sucessão de ilusões – nunca concretizadas nem sequer explicadas – os camelos começaram então a desmobilizar e a partir, dirigindo-se de seguida em passo lento e não muito convencido, em direcção a um novo grupo que entretanto se formara e que rapidamente ia engrossando a cada minuto que passava.
Chegava a nova época de caça e iniciava-se uma nova e inovadora era de diálogo entre o caçador e a sua vítima; com um pequeno interregno de desnorte entre a escolha pela opção objecto (caçador) ou a escolha pela opção sujeito (vítima), resolvida num abrir e fechar de olhos a partir do momento em que o sujeito foi possuído pelo objecto e enviado para a Europa como couve de Bruxelas – na realidade um nabo português. E aí surgiu o novo Salvador, o Messias da reaproximação entre os diferentes estratos da nossa pirâmide social, reunindo polícias, ladrões e vítimas de ambos, todos reunidos num esforço final e supremo de aproveitamento máximo de todas as migalhas ainda disponíveis, organizando uma festa com tudo e drogando todos os seus apoiantes: tal como sabem os pombos (e os camelos filósofos) o milho não dá para sempre, nem sequer dá para todos!
Mas a receita para o camelo mudou, à sua volta tudo secou e roubada a alma do bicho, todo o edifício ruiu
Camelo Lagomorfo
Os abutres sabem de antemão e por experiência própria que todo o animal maltratado e que se encontre ferido, se não ajudado em tempo útil acabará inexoravelmente por morrer. Por outro lado também é do conhecimento de alguns desses abutres profissionais – gostosamente a viver à custa dos apoios concedidos pelo estado às empresas por onde vão passando – do trunfo vital que representa para eles, não o estabelecimento e a responsabilização das metas a cumprir pelo programa proposto pelos próprios aos seus cidadãos e representados, mas o estabelecimento consecutivo e ininterrupto de novas e cada vez mais elaboradas promessas (irrealizáveis) de melhoria de vida, culpando sempre alguém – que não eles – pela sua não concretização. Assim uma promessa não cumprida não representa traição ou incompetência, apenas um erro de previsão possível de ser corrigido em qualquer altura. O problema é que estes camelos de camelos não têm nada, primeiro porque nunca necessitaram de se olhar ao espelho e segundo porque sempre foram ensinados que camelos são os outros.
O animal que hoje dirige o nosso país verdadeiramente não é um camelo. Tudo aconteceu num dia de sol lá para os lados de Lisboa, quando um cortador de relva até aí sem grande notoriedade e sem grandes referências, se ligou inesperadamente – sem que ninguém lhe tivesse tocado – acabando por atingir e danificar um camelo que fugira da sua velha tratadora de circo, que na realidade e no fundo, há muito pretendia livrar-se dele: ao fugir numa corrida desenfreada o animal acabou por cair desamparado e por partir a espinha, ficando com mais uma corcunda.
E desta forma a família de camelos dividiu-se em duas tribos rivais: os dromedários de uma só bossa – a classe inferior ligada aos mouros – e os verdadeiros camelos com duas bossas – a classe superior ligada a Viriato. E são estas espécies de camelos portugueses que dão má fama aos pobres dos bichos e os conduzem irremediavelmente até à sua (nossa) morte: se pudesse escolher o camelo talvez opta-se por um lama sul-americano em homenagem a Hugo Chávez.
O senhor que se segue promete: quem espera sempre alcança um esqueleto sem poupança
Camelo Inseguro
Tiros Seguros e Inseguros:
(ihea.com)
“Un tiro seguro mientras se está cazando, es aquel en el que usted ve claramente al animal, es capaz de identificarlo positivamente, y está seguro de lo que se encuentra entre usted, su blanco y más allá de él”.
Em último lugar quero mostrar todo o meu apreço pelos verdadeiros camelos, sejam eles dromedarius – com uma bossa como os marroquinos – ou bactrianus – com duas bossas como os asiáticos. O termo “camelo” aparece aqui devido à sua utilização figurada e abusiva por parte dos nossos políticos – num intervalo muito curto de tempo da nossa trágica e delirante subhistória – com o único objectivo de impor unilateralmente e sem discussão um determinado projecto, anulando por delito de existência – penso logo existo – quem se lhe opusesse.
(imagens: google.com)