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E no Fim ficou a Corporação

Terça-feira, 27.01.15

Trilogia Evolucionária do Poder
Estado→ Privado→ Corporação
(ou de como sobrepor a segurança de alguns à liberdade de todos)

 

Se recuarmos quase um século na nossa História atingimos o ano de 1917 e o início da Revolução Russa: nesse ano o seu regime monárquico seria forçado a renunciar ao poder, com o czar Nicolau II e toda a sua família a serem posteriormente executados. Entre muitos outros factores em jogo neste complexo cenário, o início da deposição do regime (nesse preciso momento da história da Rússia) tinha como causa principal e imediata a revolta popular de São Petersburgo, assumida pela sua população como resposta solidária contra a violência imposta nas ruas pelo seu czar e os mais de 1.500 mortos e muitos mais feridos provocados: aí a bolha rebentou.

 

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Três bilionários – Bill Gates, Carlos Slim e Amancio Ortega

 

Por essa altura já o Estado assumia um papel fundamental no desenvolvimento económico das sociedades modernas, chamando a si as rédeas do poder e legislando sempre que possível de modo a salvaguardar a sua soberania e o bem-estar geral dos seus cidadãos. A única diferença que iria distinguir a organização das duas sociedades que iriam servir de referência para o resto do mundo (dividindo-o em duas fortes esferas de influência a soviética e a norte-americana) e dar origem à infindável e quase familiar Guerra-Fria, residia no facto de no caso da União Soviética estarmos (já) perante um caso típico de monopólio (de uma única entidade neste caso o Estado (e que impedia o acesso de outros ao poder), enquanto que no caso dos Estados Unidos (talvez provocado pela profusão de estados com interesses diferenciados e por vezes contraditórios) os centros de poder eram múltiplos – apesar de (e como hoje se pode facilmente constatar) também caminharem para o mesmo destino dos chamados capitalistas de estado: o mesmo exercício mas aqui aplicado em nome do capitalismo privado.

 

Mas o que mais me aflige e que cada vez mais se apresenta como uma certeza, é a evolução que a nossa sociedade parece estar a tomar, relativamente à estrutura futura de poder. Depois de nos termos entretido durante anos e anos a analisar a estrutura da Pirâmide Social tentando compreender melhor a nossa organização, como ela ali chegou e como é que dali se poderia evoluir (em vez de tentarmos definitivamente sair desses enredos de lobotomia mental), parece que face à nossa indiferença factual e à aceitação tácita da nossa insignificância, o trajecto já está definido e como tal, a transformação será inevitável:
- Primeiro veio o Estado;
- Depois veio o Privado;
- E no fim restará a Corporação.

 

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Actualmente 80 bilionários possuem o mesmo que 3,5 triliões de pessoas

 

Uma consequência esperada e natural de todo este processo (já confirmada em etapas anteriores), será mais uma vez o reforço da Segurança e a secundarização da Liberdade – e a prevalência da exigência de qualidade face à ultrapassada obsessão moral pela quantidade. E a partir daí é só tirar conclusões.

 

(imagens – georgianewsday.com)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 15:20