ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
O novo limite, 150 anos de idade
[A Informação]
150 anos sendo o novo limite
(de prermanência por cá)
Não sendo IMORTAL, mas há falta de melhor alternativa não me importando de o ser (afinal de contas sendo mortal e durando em média nem sequer 80 anos) e tendo conhecimento de que para atingir tal estatuto tendo-se para além de sofrer (o próprio) fazer simultaneamente sofrer (outros),
─ Ou não estivesse a par da vida de um guerreiro-escocês tornado IMORTAL, “HIGHLANDER O IMORTAL”, para atingir esse nível (superior/supremo) tendo de cortar a cabeça a todos os outros, ficando isolado no Mundo e aí como último Imortal concretizando o seu desejo tornando-se o único (com tudo só para ele, mas nem sequer se tendo prevenido com uma boneca insuflável, fazendo-o sozinho) ─
Sendo com alguma felicidade que recebo a notícia de que para além dos 80, para além mesmo dos 120 e até ultrapassando o último máximo anteriormente previsto os 140 anos de idade, segundo os últimos cálculos científicos levados a cabo por investigadores e especialistas na matéria (no estudo dos limites máximos de idade atingidos ou podendo ser atingidos pelo Homem),
O Homem poderá muito bem durar até aos 150 anos de idade:
Significando que se tal se tivesse verificado antes, por exemplo no século passado (entre 1900 e 1999), não se tendo suicidado, não tendo sido morto ou assassinado ou mesmo continuando vivo,
O ditador nazi Adolfo Hitler (nascido em 1933) teria hoje 132 anos (de idade), portanto ainda dentro do limite (mas a suceder, certamente que há muito já tendo sido descontinuado).
[Os Anexos]
Jeanne Calment
(mais tempo vivendo entre nós)
Com a pessoa a viver mais tempo no Mundo (conhecida) a ser uma mulher francesa atingindo os 122 anos de idade (nascida no ano de 1875, quando a esperança de vida mal chegava aos 43).
Se por um lado os riscos de morrermos ─ de cancro, do coração, de infeções ─ duplica a cada 8 anos, também poderemos afirmar que as condições em que vivemos (sociais, económicas, ambientais) influenciam diretamente esta estimativa, com boas praticas podendo aumentar (mesmo em coisas menores, como fumar ou não fumar).
Uma coisa estando certa no cálculo da nossa durabilidade, sendo o Homem um animal de base nómada e não sedentário, não podendo estar parado tendo de se movimentar, distinguindo-se dos mortos e das vítimas da senilidade e em sintonia (sinónimo de alegria) acompanhando o movimento de todo este sistema (ao qual pertencemos).
Sendo pontos fundamentais para rapidamente nos podermos transformar num potencial “MINI HIGHLANDER”, (1) ter bons genes, (2) ter um plano de dieta e de exercício físico e finalmente (3) sendo óbvio, investir ainda mais no estudo do envelhecimento humano, tentando sempre melhorar um pouco mais as coisas, até para nos motivar (pois cada dia que passa, é menos um dia).
[O Apêndice]
Com a mulher mais tempo tendo vivido (122 anos) ─ Jeanne Calment ─ a estar envolvida mesmo depois de ter partido em muita polémica (uns certamente a declararem haver velhos, mais velhos do que ela) com uns a afirmarem a sua idade ser verdadeira e com outros a afirmarem ser, a idosa a filha tendo-se apoderado indevidamente (após o falecimento desta) da identidade da mãe; para além de estar desconforme com os cuidados a ter para adiar o envelhecimento, comendo o seu chocolate, bebendo o seu Porto e fumando o seu cigarrinho.
(imagens: Hyejin Kang/Shutterstock/theconversation.com ─ Getty Images/bbc.com)
Autoria e outros dados (tags, etc)
Um Estranho Numa Terra Para Nós Também Estranha
“Talvez por ser tudo a mesma coisa e mesmo assim nunca chegarmos a lado nenhum.”
Num conjunto de imagem espetaculares (com sombras de cariz nómada) obtidas recentemente pelas câmaras instaladas no veículo motorizado da sonda norte-americana Opportunity (movimentando-se sobre a superfície do planeta desde 25 de Janeiro de 2004), é possível sugerir (através da análise da sequência de imagens recolhidas no seu 4662º dia de estadia no planeta Marte) a possibilidade de estarmos em presença de algum tipo de entidade alienígena que no seu trajeto através da região onde se encontrava o artefacto (terrestre) e ao encontrá-lo (sem qualquer tipo de intenção dirigida), aproveitou a ocasião para descansar, se apoiar progressivamente nele e descaindo, acabando por se estender e adormecer. Como a observação visual e analítica de qualquer um de nós procurando desesperadamente novas formas de vida, o confirmaria – e mais uma vez e tal como as entendemos com as mesmas (imagens) a serem o reflexo de um objeto real. Com a cabeça da entidade (à esquerda) a descair juntamente com o resto do corpo (como sobre o assento de uma mota).
Com o humanoide deixando-se adormecer
Descaindo progressivamente sobre o veículo de apoio
Algo de compreensível e de absolutamente lógico para qualquer tipo de organismo terrestre (como qualquer máquina parando para se recarregar), habituado à reação do atrito e da força de gravidade (num Universo Elétrico orientado por campos Magnéticos) e convivendo simultaneamente com ambas, neste sistema partilhado e de consumo obrigatório: onde tudo o que existe faz parte de um todo em movimento, necessitando de recursos energéticos para se transformar e evoluir (naturalmente) e onde a Matéria (sendo a matéria-prima fundamental e o centro mineral da estrutura central) vista como una, diversificada e interativa, é o centro da fonte de Vida e ao mesmo tempo a plataforma básica de processamento. Necessitando forçosamente de fazer uma pausa, reorganizar pequenos detalhes, introduzir alterações imprevistas, readaptar ideias e objetivos, repensar em estratégias … e só depois de parar e de retemperar bem as forças (dormir e sonhar faz sempre bem), então levantar-se de novo e regressar à estrada. Como o terá feito a entidade face a tão extenso e penoso percurso.
Com o humanoide a ser apanhado numa verdadeira travessia do deserto
Integrando um toque de aventura, um pouco de risco, mas também de calor e de desejo
Com os habituais consumidores das Teorias da Conspiração a poderem afirmar tratar-se de um ser biomecânico de contornos obviamente humanos (apesar dos seus limites não curvilíneos, apresentando várias arestas intrusivas e denunciando alguma falta de flexibilidade adaptativa dos seus materiais constituintes), atravessando uma parte da superfície marciana num percurso prolongado, certamente pouco recomendável e sobretudo solitário e deparando-se no seu caminho com um objeto não relevante mas podendo-lhe proporcionar alguns momentos de diferença, simplesmente utilizado mas não escrutinado. Por um acaso (para nós e por uma necessidade para o ser) com o mesmo expondo-se às espreitadelas (das câmaras) e permitindo a sua revelação. Entendendo-se todo o trabalho árduo e persistente desenvolvido pelo ser biomecânico (demonstrando experiência, insistência, organização, objetivo e inteligência) correlacionando-o com o seu ecossistema e com as suas referências orgânicas: um sistema semelhante ao da Terra mas noutro período cronológico da sua evolução, onde ser orgânico será uma condição proibitiva mas onde a parte mineral poderá ser dominante e tomar o comando das operações. Ou não fosse o nosso corpo esmagadoramente constituído por água e outros elementos de origem mineral.
Na Terra como no Céu ou até noutro planeta
O símbolo fálico ereto (mesmo que impotente) e sempre omnipresente
Na sequência de mais esta revelação comprovando que o planeta Marte jamais estará morto (até agora não se tendo encontrado nenhum relógio que possa contrariar o facto de ainda não se terem encontrado registos oficiais certificando o nascimento e a morte do mesmo) – e após detalhada observação das protuberâncias apresentadas pelo nosso Rover e seu possível significado para a entidade presente – tendo-se concluído após mais um período de reflexão (profunda), sem qualquer tipo de restrições (como tal abrangente), sem nenhum exercício de condicionamento (mesmo que referido como não ético) e sendo suscetível de utilização em todas as áreas temáticas (curiosamente a nós próprios aplicadas), que o desejo do ser poderia não ser só o de se movimentar mas também o de comunicar (e de interagir). Isto porque no Universo (onde existimos) o mais certo é tudo ser baseado no mesmo molde – se o quisermos material (com todos os nossos órgãos ativos incluindo o reprodutor) e até mesmo espiritual (desejando não ser o único e tendo como objetivo socializar).
Pelo que após detalhadas investigações coordenadas a partir da Terra e levadas a cabo por equipas completamente isoladas, independentes e (já agora) imparciais constituídas exclusivamente por especialistas (para o produto final não ser afetado por qualquer tipo de intrusão vinda do exterior – e além do mais tornando a afirmação dita por eruditos irrefutável), a conclusão não só era evidente como estava logo ali à nossa frente: o que na realidade se passara e que em nada contrariava uns e outros dos adeptos de duas ou mais versões, era que uma das protuberâncias pertencentes ao nosso Rover talvez tendo sido excitada por um aumento brusco do nível de raios solares e dos raios cósmicos aí presentes, tomara a iniciativa no processo e no seu movimento ereto e inconsciente (desenvolvido no exterior mas passando praticamente impercetível) reagira, produzindo sombras, construindo imagens e fazendo-nos imaginar objetos – obviamente de desejo. E á qual a Máquina utilizando o seu processador não conseguiu resistir.
(imagens: nasa.gov)
Autoria e outros dados (tags, etc)
Um Dia na Vida de Esteves Macuin – 1/5
Novos Ficheiros Secretos – Albufeira XXI
(Histórias do Outro Lado)
O Outro Lado da Lua
Com os seus 107 anos de idade (e quase um século habitando o satélite) Esteves Macuin sentia-se já um pouco cansado e desiludido com a monotonia cansativa e por vezes irritante dos seus últimos anos passados na Lua. Ainda por cima sendo residente do lado errado da mesma, não lhe possibilitando dessa forma (sempre que o desejasse) olhar para o seu planeta natal (a Terra). Tinha chegado à Lua em 1917 integrando um contingente muito reduzido três de jovens recrutas, requisitados aleatoriamente em diferentes pontos do globo terrestre: o objectivo a concretizar a curto prazo por parte da hierarquia técnica de comando (oriundos da nossa galáxia), seria o de constituir um pequeno grupo de observação e de manutenção local. Segundo eles e apenas por uma questão de estratégia e de prevenção (para os dois lados) num futuro cada vez mais próximo acabariam por sair (presencialmente) deste seu posto intermédio, não abandonando no entanto e completamente a Lua, apenas dissimulando duma forma mais perfeita e desse modo eficaz a sua presença nela. Na realidade se até 1959 tudo se manteve tranquilo por aquelas bandas, com a chegada das primeiras sondas terrestres não tripuladas à Lua, tudo se modificou: enquanto a URSS lançavam o seu projecto LUNA enviando várias sondas em direcção à Lua, orbitando-a e alunando – e tirando aí as primeiras fotografias do Lado Escuro da Lua – os últimos representantes dos Estrangeiros faziam já as suas malas e as despedidas finais. Pela sua parte achavam melhor desaparecerem temporariamente deste novo enquadramento, até porque pela sua grande longevidade comparativamente à dos terrestres (ainda numa fase muito inicial do seu desenvolvimento psíquico) o diálogo seria praticamente impossível: seria como falar todos os dias com um novo representante, já que o do dia anterior já tinha desaparecido. E desde então já tinham passado55 anos quase sempre em solitário.
O Regresso a Casa de Esteves Macuin
O Milagre de Fátima
Esteves Macuin era um descendente de terrestres nascidos no concelho de Ourém durante o século dezanove. Em 1855 a sua avó paterna dera à luz um menino que mais tarde se transformaria numa importante figura ligada ao meio religioso – apesar do seu ar autoritário, considerado um homem de bem e capaz de realizar milagres – o que no entanto não o impediu de atraiçoar a sua mulher e de povoar à sua maneira as redondezas. Um desses bastardos acabaria mais tarde e acidentalmente por acompanhar a importante figura e seu verdadeiro pai numa viagem acidentada até Fátima, local onde o seu progenitor encontraria a sua morte (aos 72 anos com um colapso cardíaco) e onde o seu filho bastardo desapareceria (inexplicavelmente e nunca mais regressando): este acontecimento dramático aconteceu no dia 13 de Outubro de 1917 na (agora) cidade de Fátima, mais precisamente na Cova de Iria e na presença de 70.000 pessoas. E o bastardo era Esteves Macuin (um miúdo tendo tanto de ignorante como de metediço e de curioso), que sem reagir ou sequer se aperceber foi levado para os Céus e aí desapareceu (estaria por essa altura a fazer 10 anos).
Fomos encontrar Esteves Macuin do Outro Lado da Lua, quase cem anos depois do seu desaparecimento da face da Terra: tinha uma excelente aparência agora que estava prestes a fazer 107 anos de idade. É claro que não fomos nós que nos deslocamos até ele e o descobrimos, mas ele que nos escolheu e contactou: utilizando o retransmissor da nave chinesa CHANG'E 5 que há poucos dias passou numa trajectória à volta da Lua, Esteves Macuin consegui entrar no seu sistema de comunicações e enviar uma mensagem na direcção da Terra e do retransmissor da serra de Monchique – onde o sinal foi amplificado e dirigido para o seu destinatário. Nessa mensagem Esteves Macuin informava-nos do seu enorme desejo de visitar o planeta onde nascera e residira durante os primeiros anos da sua juventude, aproveitando a passagem entre a Terra e a Lua de uma nave apresentando uma porta de transição ainda disponível e que estaria apenas activa durante vinte e quatro horas. Apresentar-se-ia na transição do dia 31 de Outubro para o dia 1 de Novembro, precisamente pelas 00h00mn e no local assinalado na carta pelas seguintes coordenadas: latitude (+37.3) e longitude (-8.5). Ao mesmo tempo aproveitava a ocasião proporcionada pela comunicação para lançar algumas sugestões, esclarecendo-nos de como gostaria de passar estas vinte e quatro horas na Terra – esmagadoramente surpreendentes.
A Concretização do Primeiro Desejo
Acompanhado pelo meu amigo de infância João Ueine, lá nos deslocamos até à Serra de Monchique. Aproveitamos a viagem iniciada em Albufeira para passar pela cidade de Portimão e ali comer uma valente e bem regada sardinhada, de modo a assim estarmos bem preparados e alimentados para o encontro que aí vinha e para todas as peripécias que desde já se adivinhavam. À saída do local onde tínhamos estado a jantar ainda levamos com um grande susto, ao ser-mos apanhados totalmente desprevenidos (quando nos deslocávamos de regresso para o nosso automóvel) por uma dezena de desconhecidos com aspectos verdadeiramente assustadores, surgidos repentinamente de uma ruela estreita e muito escura: só quando se começaram a rir enquanto nós (pela via das dúvidas) fugíamos a grande velocidade, é que nos lembramos que hoje era a noite do Halloween. Refeitos do momento e relembrados do objectivo a alcançar, lá entramos no carro e arrancamos: ainda faltavam dez minutos para a meia-noite quando chegamos ao local assinalado para o encontro.
Tudo se passou muito rapidamente mal o relógio apontou para as 00h00mn: exactamente nas coordenadas pré-estabelecidas por Esteves Macuin (e à hora por si precisamente indicada) deu-se um curto mas extremamente brilhante relâmpago e, enquanto ouvíamos uma espécie de silvo a atravessar o ar parecendo vir na nossa direcção, apercebemo-nos da aproximação de um indivíduo com bom aspecto e bem constituído que ia acenando para nós. Ainda um pouco mal refeitos da incrível cena que acabáramos de presenciar (estávamos perante um caso evidente de teletransporte), lá iniciamos ainda um pouco nervosos mas decididos com o nosso primeiro contacto: nervosismo esse que se foi dissipando a caminho do automóvel, enquanto nos apresentávamos e trocávamos as nossas primeiras impressões. E ao passarmos pelas Termas de Monchique já conhecíamos o nosso primeiro destino.
Durante a curta viagem até Portimão ainda passamos por casa da Laurinda Bacalhau, uma jovem e bela algarvia que se dizia neta de uma famosa actriz nova-iorquina do século passado e que falecera (e aí uma lágrima pareceu escorrer pelo seu rosto perfeito) há menos de três meses. Com a sua ajuda voluntária e o precioso contributo do seu PC, lá conseguimos os quatro encontrar entre os anúncios da OLX, uns quantos anúncios interessantes sobre casas de sexo em Portimão. Quem escolheu o anúncio foi o próprio Esteves Macuin, que não hesitou nem um segundo na sua escolha certa e definitiva, ao ver-se perante a fotografia de duas esbeltas mulheres todas branquinhas e completamente nuas, entrelaçadas entre si como se apenas de um corpo (de desejo) se tratasse. E era exactamente uma hora da madrugada quando deixamos Esteves Macuin e as suas duas companheiras da noite no hall de entrada de um dos mais prestigiados hotéis situadas na Praia da Rocha: deveríamos regressar às sete horas da manhã para o recolher e em conjunto irmos tomar o pequeno-almoço. E assim fizemos: com o nosso amigo a entrar no interior do automóvel passava cinco das sete, apresentando-nos uma pela bem lisa e sedosa e como se algo durante a noite o tivesse rejuvenescido. “Sexo” respondeu ele, enquanto pedia um cigarro e ia apontando para a barriga.
Um Mar de Memórias dos Descobrimentos Portugueses
Iriam agora passar à segunda fase. Despachado o frugal pequeno-almoço e esclarecidos alguns pormenores sobre a passada noite de sexo, o grupo virou-se então para o plano a executar nas próximas horas do dia. Esteves Macuin sempre apreciara os filmes norte-americanos sobre gangsters (os satélites de comunicação terrestre conseguiam colocar-lhe o sinal na Lua), com os seus violentos tiroteios a serem muitas vezes acompanhados por espectaculares perseguições automóveis: e nos muitos sonhos solitários de que usufruíra nas suas longas noites passadas na Lua, muitas das vezes vira-se como um herói do povo a roubar o dinheiro dos ricos, assaltando bancos e fugindo de ferozes perseguições policiais tripulando o seu potente bólide, ao mesmo tempo que era rodeado pelo seu povo em apoteose. Era isso que tinha que fazer de seguida: cumprir o seu maior sonho. Logo ali e obtendo de imediato o apoio entusiasmado da jovem Laurinda Bacalhau (e mais uma vez recorrendo à lista de anúncios da OLX e à secção de Compras/Vendas) Esteves Macuin escolheu para si o maior banco de Portugal: segundo as indicações do site com sede em Lisboa e localizado na Rua do Comércio.
A primeira coisa que ele fez foi pedir que nos dirigíssemos para Albufeira e que aí elaborássemos – em tranquilidade e sem a presença de curiosos – um plano de acção eficaz. Às novas horas já estávamos em casa, com todo o mundo reunido na garagem: os quatro, a minha filha Gregoriana que de momento se encontrava presente e ainda o seu cão que dava pelo nome de Peque (um Airedale Terrier de origem inglesa, mas adquirido nos Estados Unidos). A reunião demorou aproximadamente uma hora: dez minutos para se discutirem pormenores, outros dez para se elaborar a lista de ferramenta e material necessário e menos de vinte minutos para a montagem dos diferentes equipamentos e restantes acessórios; com os restantes vinte minutos a serem preenchidos com o teletransporte de objectos prioritários para a execução da sua missão (e só existentes na Lua a quase 400.000km de distância) e contando ainda com uma pausa de pelo menos de cinco minutos para tirar a “barriga de saudades”. Uma sandes de atum decorada com umas folhas de alface e umas rodelas de tomate, bem temperada com um fio de azeite, uns pingos de limão, sal e pimenta e um cheirinho de orégãos, nunca esquecendo para que tudo possa saber melhor e escorregar ainda muito melhor a insubstituível MINI.
Pouco passava das dez horas da manhã e já estávamos todos preparados para dar início à viagem. O grupo ir-se-ia dividir em três: Gregoriana e o seu cão ficariam em casa como grupo de apoio às duas equipas de intervenção que iriam actuar no terreno, enquanto que eu e o meu amigo João Uaine constituíramos o grupo terrestre de retaguarda (GT); com Esteves Macuin a assumir o comando total da operação (CO) e fazendo-se de uma forma surpreendentemente transportar por via marítima.
O plano inicial (2.ªfase/1.ªetapa) era bastante simples (e preciso):
- Esteves Macuin partiria da Marina de Albufeira às onze horas da manhã, viajando no seu fato insuflável de nível de segurança 3 (adaptado a curtas deslocações em ambientes aquáticos de nível de atrito médio), ao qual estaria acoplada uma mini turbina alimentada a hidrogénio que lhe permitiria fazer o trajecto entre Albufeira e Lisboa em apenas sessenta minutos: conseguindo uma velocidade estabilizada de cruzeiro em torno dos 70m/s, ao meio-dia estaria no Terreiro do Paço; aproveitaria a viagem para apreciar toda a beleza da fauna e da flora marinha da variada e extensa costa portuguesa, percorrendo os caminhos gloriosos dos Descobridores Portugueses e as costas imemoriais e sentidas onde muitos e muitos pescadores ganharam a vida, viveram e até morreram;
- Quanto ao grupo de retaguarda deslocar-se-ia para Lisboa utilizando a auto-estrada, aproveitando a graciosa boleia dum amigo de Gregoriana – por coincidência possuidor dum potente e veloz Porsche 911 Carrera 4 GTS, capaz de atingir rapidamente os 300km/h. Em troca duma compensação meramente simbólica (na ordem dos 2.000 euros) Jaime Dine colocá-los-ia do outro lado da ponte aproximadamente numa hora: e como tinham que lá estar ao meio-dia partiriam de imediato; a viagem seria feita a uma velocidade alucinante, o que certamente nos levaria a tomar um tranquilizante, tapar os olhos e deixar-nos levar – num soluço sonhado estaríamos lá;
- À chegada dos dois grupos ao Terreiro do Paço a 1.ª etapa desta 2.ª fase estará assim encerrada: aí iniciar-se-á a 2.ª etapa com o assalto ao Banco de Portugal.
E tudo se passou conforme o planeado, com o potente Porsche Carrera de Jaime Dine a chegar ao Terreiro do Paço exactamente às doze badaladas – depois de umas quantas acrobacias em duas rodas e em torno de umas quantas derrapagens e de pneus a chiarem e a fumegarem – enquanto que junto ao cais de embarque e para o espanto de todos os presentes no local, uma figura tremenda emergia do rio Tejo, subindo decididamente a escadaria e encaminhando-se na direcção dos populares. E em poucos segundos foi ver todo o povo aos gritos e a fugir, aterrorizados, atropelando-se uns aos outros como se tivessem visto o Godzilla.
Um Cenário como Momento de Fuga
O espectáculo foi curto mas digno de uma boa sala de cinema: enquanto Esteves Macuin se dirigia imperturbável para o centro da praça – apesar da fuga generalizada das pessoas e do caos que ia provocando no trânsito – Jaime Dine procurava arranjar um lugar seguro para a sua recolha. Mas a verdade era que se tornava praticamente impossível a fuga de todos, a bordo do pequeno habitáculo proporcionado pelo Porsche Carrera. Mas o nosso amigo (e como previsto) já tinha a solução. Com todos presentes junto à estátua central (representando o rei D. José I) Esteves Macuin desembaraçou-se rapidamente do seu fato e conduziu-nos de imediato em direcção à Rua Augusta, facilmente visível para além do Arco Triunfal. Para a sua fuga se realizar sem acidentes imprevistos e não desejados e socorrendo-se do seu poderoso Simulador, construíra na sua retaguarda um cenário virtual que com a sua temática e forte envolvência, decerto desmobilizaria o povo e as autoridades policiais de uma possível perseguição. Quando colocado online (tinha forçosamente de aceder à sua base de dados localizada na Lua) o artefacto espacial conseguia conjugar duas realidades diferentes (por sobreposição), criando um ambiente que apesar de aleatório (resultante da reunião/intersecção de conjuntos até aí sem ligação ou comunicação) era capaz de transformar em algo de familiar e de aceitável (para os padrões habituais dos personagens em presença) os novos cenários agora propostos. Dessa forma e utilizando esse meio (apenas uma das múltiplas aplicações susceptíveis de executar com o Simulador) projectara sobre todo o Terreiro do Paço e zonas mais próximas que o envolviam, a imagem sob a forma de um holograma duma simples situação de contratempo emocional temporário, provocado momentaneamente (e sem consequências nocivas de assinalar) por uma desestabilização externa das condições ambientais e sociais: equilibrada a forma de transmissão da mensagem, surgiria a esperada e desejada normalização (da situação). Para atingir tal fim apenas modificou as condições climatéricas (descendo ligeiramente a temperatura média e suscitando com a variação deste factor atmosférico uma menor movimentação e maior acalmia por parte dos populares aí presentes) e projectou num ângulo de 360º (pluridimensional e profundamente sensorial) imagens de um dia o mais normal que fosse possível obter e passado na cidade de Lisboa: com o Roteiro Turístico fornecido pela Câmara Municipal de Lisboa (e que Jaime Dine obtivera num quiosque) a servir de grande ajuda para a montagem e simulação deste grande espectáculo, além das surpreendentes (e aparecidas do nada) barracas de sandes, bifanas, churros e pipocas, tão reclamadas por todos (a fome real/virtual apertava mas a comida virtual/real foi para os outros). Mas o simulador não servia só para isto.
Com todos estes acontecimentos a caírem-lhes sem interrupção sobre as suas cabeças (nem sequer lhes dando tempo para reflectir sobre o que na realidade estariam ali a fazer) não repararam que já passava do meio-dia. No entanto todo o exercício realizado pelo quarteto (Esteves, João, Jaime e a minha pessoa) e esforçadamente desenvolvido por todos (sem excepção, proporcionara-lhes logo ali o primeiro sinal de que já estariam a ficar descompensados. A fome começava a apertar cada vez mais e a visão constante dos vendedores ambulantes (de comida) começava a ser uma tortura penosa e a confirmação de ser o momento obrigatório de suprir uma necessidade fundamental: comer e beber e se possível ter prazer. Pararam então no cruzamento da Rua Augusta com a Rua do Comércio para decidiram no local o que fazer a seguir. Tinham que ser rápidos nas decisões a tomar, pois a confusão que tinham provocado na Praça do Comércio parecia estar agora a espalhar-se pelas redondezas, subindo inclusivamente pela rua por onde se tinham vindo a circular: e enquanto lá para o fundo perto do Arco Triunfal da rua Augusta alguns policiais pareciam apontar na sua direcção – e movimentar-se aparentemente ao seu encontro – também perto deles alguns transeuntes já os começavam a olhar interessados e curiosos (ou não fosse a sua vida um quotidiano repetitivo e monótono), imaginando coisas provavelmente deslocadas e desproporcionadas (tentando talvez obter um espectáculo nunca por eles visto ou então acessível) e marcando-os definitivamente com o seu olhar (fixo, penetrante, inquisidor e talvez mesmo decisor). Mais uma vez recorreram ao inestimável PC para uma consulta rápida de informação e posterior escolha de um local onde se pudessem alimentar e enquanto percorriam as páginas do OLX (extraordinária ferramenta segundo o estrangeiro Esteves Macuin) logo se fixaram no Martinho da Arcádia, situado a poucos minutos do local onde se encontravam no momento. Como o restaurante ficava no sentido contrário à localização do Banco de Portugal, antes de partirem para a sua refeição, estabeleceram logo ali o calendário imediato: aproveitariam o momento para Esteves Macuin usufruir de alguns dos maiores prazeres ainda disponíveis e postos à disposição no nosso planeta (para além da sexualidade), como o era o Momento Sagrado da Alimentação – mas teriam que estar de saída do restaurante rumo ao seu objectivo e respectiva execução pelas duas da tarde.
(imagens – Web)
Fim da 1.ª parte de 5
Autoria e outros dados (tags, etc)
Tortura
“O medo e o desejo permeabilizam todos os sentidos”
Expulsa por mau comportamento ao ser apanhada de pernas-para-o-ar enquanto tentava imitar os gestos de um homem manipulando os seus tomates, mexendo esta por sua vez de uma forma fálica, libidinosa e provocatória, nos seus mamilos protuberantes.
O castigo foi aplicado sem recurso num espaço propício ao desejo, ao crime e a um arroz de cabidela. A vítima foi disponibilizada para todo o tipo de aplicações a duas testemunhas que preferiram não ser identificadas, como precaução contra falsas interpretações.
(imagem – menspulpmags.com)