ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Desespero Global
“U.S. reiterates it won’t evacuate Americans from Yemen as UN slams Saudi attacks.” (mcclatchydc.com)
“Trapped in Yemen, Americans File Lawsuit Against US Government.”
(firstbook.org)
Iémen – agora sob bombardeamento diário da Arábia Saudita
Agora que cidadãos norte-americanos estão a ser convidados por diversas organizações internacionais defensoras dos direitos humanos a processar o seu país por os ter covardemente abandonado num outro país em guerra e caos total (o Iémen) – situação essa provocada e agravada até ao limite pela invasão de um seu aliado (a Arábia Saudita fortemente armada, aconselhada e orientada pelos EUA) – a única resposta que os mesmos cidadãos têm obtido por parte de comunidade internacional é o (infelizmente e como sempre) desprezível Silêncio. O seu país ignora-os e nada faz (como se fossem norte-americanos de segunda), chegando mesmo a convidá-los a tomarem a iniciativa e a fugirem utilizando meios disponíveis no local (lançarem-se ao mar e fugirem a nado?), afirmando ao mesmo tempo que já os tinham avisado antes do perigo que o país representava para os mesmos, como se nós acreditássemos que a presença desses norte-americanos não fosse importante (e motivada pelos próprios EUA) para o conhecimento mais pormenorizado da região (vista do interior) e para a escolha da melhor estratégia de intervenção a adoptar (vinda do exterior). E se antes foram entre muitos outros (considerando aqui e apenas os casos mais mediáticos, mas com muitos outros não visíveis mas espalhando-se como um vírus por todo o mundo) ex-estados como o Afeganistão, o Iraque, a Líbia e a Síria a serem obliterados e apagados definitivamente dos mapas pelas novas e redimensionadas forças de Salvação Ocidentais (os Novos Cruzados), chegou agora a vez do Iémen: já bastante devastado pelo conflito Arábia Saudita/Irão (pela conquista do domínio em toda a região) transportado para o interior das suas fronteiras e contando com a colaboração preciosa e incendiária dos EUA (apoiantes da Teoria do Caos para esta região), vemos agora e tal como se passou nos outros países já anteriormente expostos (e agora extintos) um país perto do abismo total e com a sua população cercada e sufocada por (pelo menos) três grupos armados (o governamental, o rebelde e a Al-Qaeda). E mais uma vez onde está a ONU e todas as consciências avançadas (e com acesso garantido ao poder) deste mundo? Talvez a fazerem contas (à sua vidinha e da organização que os sustenta) e a preverem balancetes futuros (pois a vida é do diabo e também têm famílias para sustentar)! É claro que os puros e os purificadores (para se defenderem) dirão que provavelmente estes norte-americanos teriam certamente alguma coisa a ver (directa ou indirectamente) com os Mouros (como o fizeram os nazis ao descobrirem o perigo que representavam os Judeus para o futuro da Alemanha e do Mundo).
"A tragedy is unfolding in the Mediterranean, and if the EU and the world continue to close their eyes, it will be judged in the harshest terms as it was judged in the past when it closed its eyes to genocides when the comfortable did nothing."
(Maltese Prime Minister Joseph Muscat)
Mediterrâneo – o desespero dos pouquíssimos sobreviventes
Isto a propósito de tudo o que de semelhante se passa agora e com mais assiduidade cada vez mais perto de nós, seja em terra (na Ucrânia) seja no mar (no Mediterrâneo). Que como todos logo constatamos já são zonas integrando a Europa e dizendo-nos directamente respeito.
Em mais este dos muitos episódios mortais ocorridos diariamente no mar Mediterrâneo, morreram provavelmente 700 a 800 pessoas (entre homens, mulheres e crianças). Morreram porque tentaram em desespero fugir à guerra e destruição que assola os seus países arrasados e com as suas infra-estruturas completamente obliteradas, desde o dia em que os salvadores oriundos das civilizações democráticas e ocidentais aí chegaram e pretenderam (sem os consultar) mudar os interesses dos povos, de grandes regiões e até de nações inteiras – tudo em nome deste povo sem nada seu e globalmente considerado atrasado e de risco (para eles e para nós), mas invariavelmente tendo sempre como consequência a felicidade económico e financeira de um ou de dois intervenientes e salvadores intervindo no processo. O problema aqui torna-se muito mais grave, nojento e revelador de suprema hipocrisia, quando todo o mundo já conhece as razões por que tais episódios se sucedem nesta zona sem parar desde há muitos anos, especialmente desde que toda a África Central entrou num processo promovido exteriormente de auto-destruição, coroada pelo espectáculo deprimente das Primaveras Árabes e finalmente elevada a Evento Extraordinário com a Eutanásia da Líbia. Roubado todo o dinheiro pertencente ao povo Líbio oriundo maioritariamente do petróleo (God Save The Queen/Vive Le Roi), a Líbia deixou de existir e os seus cidadãos deixaram de ter direito a serem reconhecidos como tal.
Mas voltemos aos factos:
Up To 700 Feared Dead After Migrant Boat Sinks Off Libya
(Reuters)
Sicília – um caso raro de salvamento de uma criança
PALERMO, Italy April 19:
As many as 700 people were feared dead after a fishing boat packed with migrants capsized off the Libyan coast overnight, in what may be one of the worst disasters of the Mediterranean migrant crisis, officials said on Sunday.
Twenty eight people were rescued in the incident, which happened just off Libyan waters, south of the southern Italian island of Lampedusa, Antonino Irato, a senior official from the Italian border police, told television station RaiNews24. He said 24 bodies had been recovered.
If confirmed, the death toll would bring the total number of dead since the beginning of the year to more than 1,500. (Reuters)
E face a factos cada vez mais difíceis de esconder ou de banalizar, já não existem argumentos por mais especializados que sejam que resistam a este espectáculo tão tenebroso e degradante para a nossa tão frágil e mal tratada condição humana. Só os argumentos científicos são credíveis: nunca os falsos argumentos das novas mentes iluminadas, em muitos dos casos apenas escondendo a sua incompetência atrás do seu estatuto político (o seu traseiro), atrás da sua ignorância e atrás da sua prepotência (as duas agora pomposamente denominadas como especializações) – e que lhes devíamos enfiar pelo ânus acima para verem como era bom. Nunca se esqueçam que o célebre e conhecido Sistema registou o seu Último Salto evolutivo e perpetuador de dominação (e de sobrevivência), quando há já muitos séculos atrás começou a substituir o poder das suas Armas pelo poder dos seus Canudos: as armas ficariam então para o necessário diálogo entre povos.
Italian Prime Minister Matteo Renzi said Europe was witnessing "systematic slaughter in the Mediterranean."
"How can we remain insensible when we're witnessing entire populations dying at a time when modern means of communications allow us to be aware of everything?"
The lawless state of Libya, following the toppling of former leader Muammar Gaddafi in 2011, has left criminal gangs of migrant smugglers a free hand to send a stream of boats carrying desperate migrants from Africa and the Middle East. (Reuters)
Mas então onde pára a ONU ou a nossa CONSCIÊNCIA DO MUNDO?
(imagens – dailymail.co.uk)
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A Vida
O que é afinal a vida? Um vampiro diria que é a morte, mas como até hoje eu ainda não vi um único que seja, não pretendo oferecer-me como cobaia de um qualquer adivinho, aqui caído de pára-quedas.
A vida talvez seja um caminho que temos que percorrer como obrigação a cumprir por estamos vivos, mas não deixa de ser caricato que a única recompensa que nos oferecem no fim do percurso, seja impreterivelmente a da morte.
No entanto toda esta retórica é improdutiva e insignificante face à frieza da presença constante do nada no nosso quotidiano, impedindo-nos de estendermos o nosso pensamento para lá da barreira de um tempo que apesar de abstracto, reflecte a ilusão ou utopia de um espaço inatingível.
O relógio é a negação do tempo – porque o primeiro existe e o segundo não – e o suicídio do espaço – porque o primeiro está parado apesar de parte se movimentar, enquanto o segundo está em movimento apesar de parte estar parada.
O espaço não tem um limite perceptível de ocupação, até porque se tal sucedesse, isso teria como consequência a possibilidade da existência de um outro espaço vizinho, mesmo que vazio. A nossa capacidade de utilização do cérebro na análise destas questões pode não ser uma limitação à compreensão do Universo a que pertencemos – achem ou não que o nosso cérebro está bem ou mal aproveitado – mas não deixa de ser estranho que até hoje ainda não tenhamos compreendido a um nível global de tudo o que existe, alguns pontos intrigantes como: o que é que nos acontece após a nossa morte física já que nem temos memórias próprias do período anterior à nossa concepção, nem sequer apresentamos uma justificação válida para pensarmos na necessidade de tal ocorrer, só a validando em desespero de causa, porque somos nós os envolvidos; e como compreender correctamente a noção e conjugação de vida e de mundo de um ponto de vista individual, se ao morrermos deixamos de existir, num mundo que ainda existe, mas que para uma das partes por mais insignificante que seja, não tem nenhuma lógica de existir; e não terá o limite da nossa caixa craniana, protectora do nosso cérebro e das nossas capacidades de pensamento, um significado que nós inconscientemente não queremos reconhecer, não nos querendo confundir com os outros animais irracionais, sem pretensões morais e emocionais ou então recusando optar pela última e brutal evidência – o limite do nosso cérebro reflecte a construção de um mecanismo ao qual foi atribuída uma função apenas temporária, ligado pontualmente à evolução de um universo ilimitado e eterno, que não nos reconhece com o recurso à utilização de ferramentas éticas e morais para ele inexistentes.
Num mundo paralelo qual seria o objectivo de Deus?