ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
O 25 de Abril de 1974 e as Mulheres do Algarve
Tendo-se vivido no período da DITADURA,
─ Indo do período da Ditadura Militar que se seguiu à Revolução de 28 de maio de 1926 (1926/1928), passando pela eleição de Óscar Carmona em 25 de março de 1928 (1928/1933), prosseguindo com o regime ditatorial instituído com a aprovação da CONSTITUIÇÃO DE 1933 introduzindo o ESTADO NOVO (1933/1974) e aí apresentando o seu símbolo máximo de Estado e de Regime antidemocrático, o durante 37 anos consecutivos (1932/1968) Chefe de Governo ANTÓNIO DE OLIVEIRA SALAZAR, só sendo substituído por Marcello Caetano (1968/1974) depois do célebre incidente da “queda da cadeira” ─
Margarida Tengarrinha
Durante praticamente MEIO-SÉCULO (48 anos) e com a REVOLUÇÃO DO 25 DE ABRIL a ter já ocorrido há quase tanto tempo, com os nascidos nesse ano, os seus filhos e até mesmo os seus netos podendo ter agora (por exemplo, c/ intervalo de 20 anos), o pai 47/o filho 27/o neto 7 anos de idade, mesmo que não o tendo vivido (esse período de escuridão e de falta de liberdade) e que nunca lhe tendo sido dada a verdadeira RELEVÂNCIA HISTÓRICA (para PORTUGAL),
Devendo ser sempre e obrigatoriamente recordados até para um certo dia não se distraírem ─ acomodados á tão declarada “zona de conforto” ─ e caírem de novo sob os efeitos tóxicos (subliminares, atuando lentamente como uma droga extremamente viciante) de uma forte e incontrolada (por nós, não por eles) tentação.
Uma obrigação da nossa MEMÓRIA querendo preservar a nossa CULTURA, a nossa IDENTIDADE e a nossa SOBERANIA e respeitando aí e ainda, os nossos ascendentes e descendentes, no fundo nós próprios.
Estando na Região do Algarve e conhecendo o trabalho e o sacrifício dessa “minoria” sempre presente ─ em todo o lado e sob todas as circunstâncias, do nascimento até à morte ─ escolhendo uma mulher do 25 de abril (antes, durante e depois), algarvia e daqui perto (vivendo eu em Albufeira), nascida e vivendo hoje (regressando à sua terra) em Portimão ─ para a recordarem e através dela todas as grandes minorias que desde sempre e tantas vezes (mesmo incógnitas, a esmagadora maioria) tem salvo o Mundo:
Margarida Tengarrinha (política, professora e escritora) nascida em 7 de maio de 1928 (ainda bem vivinha nos seus 92 anos de idade) em Portimão (hoje vivendo na Praia da Rocha).
Analisando de longe a sua vida e sabendo-a oriunda da classe média/alta do Algarve como tal, podendo seguir o caminho (certamente mais agradável) que lhe estava (em princípio) destinado (numa província algarvia periférica, salvo o recurso á agricultura/pescas e então votada ao abandono),
Tipografias Clandestinas do PCP
Optando pela luta contra a ditadura e obrigando-se (até pela ação da PIDE) à clandestinidade ─ tal como o seu companheiro o pintor/artista plástico e dirigente do PCP José Dias Coelho, assassinado pela PIDE em dezembro de 1961 e posteriormente imortalizado por Zeca Afonso, na sua música “A Morte Saiu à Rua” ─ e certamente nunca se esquecendo das memórias da sua juventude, entre elas as das manifestações locais e ocorridas na sua juventude (em Portimão) dos operários em protesto das conserveiras e da agricultura algarvia.
E na sua história político/partidária como militante (clandestina) do PCP juntando-se ainda a Maria Lamas e Maria Palla (mãe do nosso 1º Ministro António Costa) no comité (feminista) do partido, para se exilar em 1955 com o seu companheiro acabando apoiada (após o assassinato de J. D. Coelho) por Álvaro Cunhal e por dirigir o Jornal Avante.
Regressando em 1975 a Portugal e sendo uma das propulsionadoras da recordado por nunca concretizada “Reforma Agrária”, podendo ter sido uma das vias de desenvolvimento da nossa então tão atrasada agricultura (com muitos campos deixados ao abandono, pela guerra, pela emigração) mas perdendo-se no seu caminho (cruzamentos/interseções ideológicas) sob múltiplos ataques e indecisões levando à sua liquidação total pelo então Ministro da Agricultura (teórico e intelectual) António Barreto (PS).
Como escritora e até revivendo e dando-nos a usufruir uma “Vida-Rica” editando há três anos (em 2018) a sua obra (uma autobiografia) “Memórias de uma falsificadora”.
Em 2019 por altura do 25 de abril e como “uma mulher antifascista e uma combatente pela liberdade”, tendo passado por Albufeira.
(imagens: e-cultura.pt ─ wikipedia.org)
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O Filho da Puta
Quem dirige o nosso país? Um dos muitos pequenos filhos-da-puta!
“O pequeno filho-da-puta é sempre um pequeno filho-da-puta; mas não há filho-da-puta, por pequeno que seja, que não tenha a sua própria grandeza, diz o pequeno filho-da-puta”
(Alberto Pimenta)
O meu país viveu durante cinquenta anos em ditadura, com um grupo alargado de famílias a orientarem-se “à pala do povo indígena e dos pretinhos da Guiné” e refugiando-se oportunisticamente atrás dos informadores contratados e do medo dos pais “de amor”, receosos pela qualidade de vida dos seus confessos familiares-amantes e sobressaltados pelo risco eminente de perderem os seus filhos na guerra colonial – fossem eles ricos ou fossem eles pobres. Muitas histórias me contaram na infância sobre a escravatura e é desse modo que eu consigo reconhecer quase quarenta anos depois do 25 de Abril, o regresso às ideias destes hipócritas ávidos de dinheiro e de poder, para do mesmo modo descarado e fossilizado, continuarem a sobreviver na subserviência servil, segura e integrada, aquilo em que eles próprios não acreditam ser o futuro dos seus filhos, mas uma fonte de rendimento presente e alternativo, momentânea e de caracter fictício.
Hoje e numa análise global a tudo o que se passou e a tudo o que é na realidade, a vida está muito pior do que no passado, tempo e local em que todos procurávamos e nos apoiávamos numa esperança palpável, partilhada e de desenvolvimento cultural coletivo – por isso ainda existirem por essa altura velhinhos que eram os mais belos exemplares da nossa espécie, por apenas nos criarem por desejo (mesmo que inconfessável ou inconsciente), amor e outras ligações intraduzíveis, mas belas e elegantes – enquanto hoje, sem pensarmos ou perdermos tempo com inutilidades não financeiras, nos alimentamos progressivamente dos outros, preferencialmente familiares e amigos (tal e qual a estratégia da PIDE e das “paredes que tinham ouvidos”) e tudo isto em troca de apenas mais um vale de compras de objetos de desgaste rápido e descartáveis, tal e qual como o que fizeram com o nossos antepassados então obliterados ou então em nome do filho (inexistente) do patrão, mesmo que bastardo e filho dos nossos pais, então vítimas de usufruto feudal e cultural predominante, pois não existia uma única alternativa de mudança, apenas de subserviência e absoluta sobrevivência! Mas porque é que não dizemos que quem hoje comanda o nosso país, destrói o futuro das novas gerações e degrada em toda a profundidade o carater humanitário que devia ser o objetivo e meta da nossa espécie e sociedade, é aquela camada bruta, inculta e filha-da-puta de ditos gerentes e gestores formados e vindos do tempo da outra senhora, que durante toda a sua vida apenas tiveram como o sonho o de fornicar a mulher do seu patrão (ou o marido da sua patroa) e de ficar com todas as outras fabulosas riquezas deste? Deste modo ninguém se pode admirar que o filho de um bode possa ser uma cabra ou um cabrão muito compenetrados em resolver patrioticamente a nossa situação, alienando-nos.