ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Explicação de uma Visão Marciana
[Dunas de Areia Geladas do Pólo Norte de Marte]
Através destas 3 imagens obtidas pelo instrumento ótico HiRISE instalado na sonda espacial MRO – orbitando o planeta MARTE – com a NASA a apresentar-nos (via Photojournal) o que denomina “Um Jogo de Tabuleiro Marciano” (A Martian Game Board).
Mostrando-nos uma região do Hemisfério Norte de Marte durante a (sua) estação da Primavera, com alguns desses locais localizados no polo norte, apresentando alguns pontos esbranquiçados devido à presença (aí e ainda) de gelo (de dióxido de carbono).
Um registo de uma parte da superfície de Marte encontrando-se nas proximidades de um “Oceano de Areia” ou ERG – uma superfície muito comum de se ver em Marte, cobrindo grandes extensões do planeta e dando por vezes origem a grandes “Tempestades de Areia”, por vezes (tornando-se Globais) cobrindo-o quase todo – rodeando “water ice-rich layered deposits” (nasa.gov).
E traduzindo o que os nossos olhos viam, com as protuberâncias aparecendo em grande número nas imagens (extensão de uns 100 metros) a serem apenas, pequenas dunas marcianas cobertas de gelo: tal como o afirmam os cientistas da NASA assemelhando-se a construções artificiais, mas tendo origem natural sendo moldadas pelos ventos marcianos aí exercendo o seu poder (entre eles de transporte e erosivo); para as manchas mais escuras (aparecendo nas imagens) indicarem pontos em que o gelo passou de sólido a gasoso, expondo a superfície do planeta (menos refletora, mais “cinzenta”).
(texto: a partir de dados NASA − imagens: PIA 23527/A Martian Game Board/MRO/HiRISE/Marte/photojournal.jpl.nasa.gov)
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Três Retratos de Outro Mundo
Três belos retratos oferecidos pelo instrumento ótico HiRISE instalado na sonda espacial Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), dando-nos a conhecer e a usufruir cenários referentes ao planeta Marte localizados no norte do planeta (1) e na sua calote polar (2/3).
1
Nova Cratera de Impacto
(MRO ‒ HiRISE ‒ PIA 22462)
Na imagem (1) apresentando-nos uma cratera de impacto recente e bem visível (aqui colorida) sobre a superfície de Marte, localizada no interior da cratera secundária de Corinto localizada para norte-nordeste: recente por ao contrário de outras próximas ter uma cavidade profunda (menos desgastada menos erodida) se comparada com o seu diâmetro.
2
Manchas de Neve
(MRO ‒ HiRISE ‒ PIA 22463)
Já na imagem (2) localizada numa das calotes polares de Marte (norte a latitudes elevadas), com o cenário dunar aí exposto e registado no período ainda inicial do Verão marciano ‒ e apesar das mesmas dunas já terem praticamente (e superficialmente) descongelado ‒ a apresentar algumas bolsas de gelo (dispersas) protegidas por zonas de sombra (dunares).
3
Dunas de Veludo
(MRO ‒ HiRISE ‒ PIA 22464)
Finalmente na imagem (3) ‒ igualmente oriunda do orbitador da NASA MRO e na mesma se destacando (de novo e como protagonista) as dunas polares marcianas ‒ com a superfície do misterioso Planeta Vermelho a assemelhar-se a uma tela (de pintura) aqui e ali recoberta por material geológico fazendo lembrar um brilhante e penetrante tecido de veludo (as dunas além de esconderem segredos também transportam segredos próprios com elas), compondo no seu conjunto um quadro (visual) das suas calotes polares, como que avançando na sua direção e alinhando-se de forma a fechar o cerco aos polos do planeta.
(imagens: photojournal.jpl.nasa.gov)
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Em Marte como na Terra
[E em muitos Outros Lados]
Could It Be Possible That the Universe
Is A Giant Living Organism?
(Universe Explorers/youtube.com)
Mantendo-se para muitos a Ideia de podermos encarar o Sistema Solar com um Universo Vivo, comparando-o a uma célula (eucariota depois de procariota) e a um organismo unicelular (a menor unidade dos seres vivos): e tal como uma célula, constituída por núcleo, citoplasma e membrana ‒ sendo esta última a fronteira que envolve e protege o Sistema e que regula a entrada e saída de vários elementos (do mesmo). Estando o núcleo do Sistema centrado no Sol (delimitando e protendo o seu material genético), mergulhado e rodeado por todo o Espaço exterior (o citoplasma) e estendendo-se sem fim até aos Limites talvez tendo como fronteira as Nuvens de Oort: e nesse Espaço Citoplasmático (interior do Sistema) coexistindo outras estruturas ‒ como microfilamentos/túbulos (planetas, asteroides e outros corpos mais) ‒ na sua grande semelhança podendo ser comparáveis (sugerindo-nos uma explicação para muitas das nossas questões, paralelizando problemas e neles encontrando soluções simples por comuns, válidas e estendendo-se do infinitamente grande ao pequeno). E juntando várias células passando-se a um Organismo (de nível superior).
An artist's conception of what Mars looks like today, juxtaposed with what Mars may have looked like earlier in its history, when the planet had a thicker atmosphere
(NASA's Goddard Space Flight Center)
Dunas e Gelo
Numa imagem que facilmente todos poderiam associar a um qualquer território instalado na superfície terrestre (por exemplo nas dunas de um deserto ou numa exploração qualquer de argila), o telescópio HiRISE instalado na sonda orbital MRO (satélite artificial em órbita de Marte) apresenta-nos mais um cenário dunar marciano localizado na HELLAS PLANITIA.
Segundo os cientistas e responsáveis desta missão (da NASA) com esta extensa planície marciana (uns 2.200Km de diâmetro) a ser considerada a maior bacia de impacto (conhecida) em todo o Sistema Solar, sendo a mais baixa região do planeta e apresentando os mais diversificados cenários: como neste caso com a visualização de um campo de dunas.
Marte ‒ Planície Hellas
Sonda MRO
PIA 22052
Sugerindo-se que a formação deste relevo dunar nesta zona particular da planície de HELLAS poderia ter na sua base a intervenção dos DUST DEVILS (ventos em redemoinho característicos destas regiões e deslocando-se sobre a superfície das mesmas, contribuindo para a obtenção destas formas/texturas dunares);
Como também que a sua forma, direção e profundidade (verificadas nas linhas/canais apontando uma direção) poderiam ser explicadas pelo derretimento do gelo (não de H₂O mas de CO₂) a elevadas latitudes e formado no Inverno ‒ acabando por se transformar (passando do estado sólido a gasoso), arrastando material e assim criando este efeito (de linhas).
(imagens: Universe Explorers/youtube.com e nasa.gov)
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As Dunas do Polo Norte de Marte
Escondidos entre as dunas dos desertos por vezes encontramos oásis – e com água invisível correndo misteriosamente debaixo de nós. Noutro mundo qualquer, além de (como cá) esconderem segredos, criadas condições, porque não noutros desertos replicar-se o evento – e podermos ter água, tratada e beber?
Esta imagem do planeta Marte foi obtida pela câmara da sonda 2001 MARS ODYSSEY no início deste ano.
Dunas polares de Marte
Nela podemos observar uma pequena área da região de OLYMPIA UNDAE, onde se situa uma extensa zona dunar já vem perto do polo norte marciano.
Como refere a NASA no seu PHOTOJOURNAL (photojournal.jpl.nasa.gov) a imagem foi obtida durante o Verão de Marte, pelo que as dunas se encontravam de momento livres do gelo marciano (e logicamente com maior capacidade de alteração e movimentação).
Um planeta escolhido pelos terrestres para uma futura primeira colonização, em detrimento (para muitos inexplicavelmente) do corpo celeste localizado mais perto de nós – a LUA.
Marte: um planeta que os privados desde há muito cobiçam, deixando por esse motivo à NASA os trabalhos de prospeção no planeta (com as suas sondas de brincar), enquanto eles (a espertalhona iniciativa privada) se vão preparando antecipadamente e com mais garantias de sucesso para enviar para lá naves tripuladas, iniciando aí o processo de colonização do nosso primeiro mundo extraterrestre.
Num futuro talvez mais próximo do que pensamos podendo enviar outras sondas e naves espaciais através do Sistema Solar, mas agora a partir de Marte, partindo como os navegantes à procura da Terra Prometida e de todas as suas riquezas ainda por descobrir: como por exemplo a descoberta de grandes depósitos de água um composto tendo connosco tanto em comum (e com toda a VIDA existente no nosso planeta TERRA).
E muitos corpos celestes já deram essa indicação: entre outros as duas luas de Júpiter GANIMEDES e EUROPA e as duas luas de Saturno ENCELADUS e TITÃ. Só que Marte é muito mais perto (0.5 UA), enquanto Júpiter (4.2 UA) e Saturno (8.5 UA) ficam mesmo muito mais longe (8X e 17X respetiva e aproximadamente). Mais perto só mesmo a Lua mas para já ninguém quer lá ir (fala-se da ESA poder vir a tomar a iniciativa talvez com a colaboração da ROSCOSMOS).
(imagem: NASA)
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Pormenor numa duna de Marte
Eu sei que sem sexo não há audiências. Mas será que já pensaram que uma formiga (certamente) ou até mesmo um calhau (em vias de resolução) têm pénis e vagina? Se têm dúvidas usem a mão (o maior instrumento do Homem a seguir ao outro membro – e ambos dando prazer) e mantenham a vossa ilusão.
Uma Formiga em Marte
(ou algo que se lhe pareça)
Imagem capturada pelo rover da sonda Curiosity na passada sexta-feira dia 29 de Janeiro: utilizando para o efeito uma das suas câmaras no caso a Navcam Right B. Nesse registo o veículo motorizado da NASA mostra-nos um cenário parcial das dunas marcianas, presentes no terreno onde o mesmo se movimenta atualmente – nas proximidades das dunas de Namib. Dunas essas distribuídas e integradas (por zonas) num território bastante mais vasto e partilhando esse mesmo espaço árido e desértico com outras estruturas geológicas bem diferenciadas das suas.
Uma duna aparentemente de aspeto normal fotografada pela sonda Curiosity no seu 1237º dia de permanência na superfície de Marte (com o dia marciano a ser ligeiramente maior que o terrestre). E apenas nos despertando a atenção após uma simples observação (recorrendo unicamente a um dos nossos órgãos dos sentidos a visão) devido à presença inesperada do lado direito da imagem de uma pequena sombra ou imperfeição. À primeira vista (interpretação) parecendo um código de barras. Mas que ao ser ampliado e devido à nossa visão (a nossa forma de ver o mundo) já parecia outra coisa.
Imaginando uma realidade distante (e por mais inverosímil que fosse), vendo diante dos meus olhos (de terrestre) e num mundo a mim estranho (alienígena), num ambiente infernal e sem sinal de movimento, um ser do lado de cá (meu conhecido) e irmão do dia-a-dia (quotidiano), circulando calmamente sobre uma duna do distante planeta Marte: a mais de 60 milhões de quilómetros e sendo uma formiga marciana.
E se por um lado o visionamento (ou projeção) de um objeto conhecido, num cenário impróprio por estranho (por não respeitar as condições que consideramos mínimas para garantir a sua existência), pode ser interpretado e justificado com a existência de uma ou mais deficiências na transmissão de informação estabelecida entre o remetente e o destinatário – com as armadilhas dos pormenores das imagens e a interpretação do seu tradutor visual a serem questionadas e postas todas em causa (seja por erros de visão ou interpretações condicionada à nossa imagem) – porque não acreditar nas exceções (como assim tudo, nada e o seu complemento fazem o nosso Universo) muitas vezes inovadoras, em muitos casos excecionais e sempre criadoras. Porque não uma formiga?
E se não, porque não acreditar que outra forma de vida qualquer, orgânica, mineral ou mesmo mista, racional ou irracional, inteligente ou não (só para nos reconfortarmos com a existência dessas possíveis e mais que certas exceções) possa existir algures (ter existido ou vir a sê-lo, mas em diferentes espaços) e um dia se expor?
Talvez um conjunto de pedrinhas dunares inteligentes e privilegiadas, caminhando em fila indiana sobre a sua geologia nativa e marciana. Demonstrando assim a todos (mesmo aos terrestres) que até os calhaus podem pensar. E inovar.
E se esta formiga não o for então será uma espécie (e talvez mesmo com sexo).
(imagens: NASA)
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Veículos Terrestres em Marte
“Muita pedra (montes dela), muita duna (e bem escura) nada de água (talvez pouca)
e então de vida… nem vê-la!”
Dunas
Aspeto curioso dum Bumbum Dunar
(Curiosity – 14.01.2016)
As duas sondas da NASA – a Opportunity e a Curiosity – lançadas de Cabo Canaveral e tendo como destino final a superfície do planeta Marte, continuam diariamente e de dois pontos com coordenadas distintas a enviar-nos imagens deste mundo árido e desértico: um mundo que aparentemente terá sido sujeito a um processo irreversível de extinção (biológica e hidrológica) há vários biliões de anos e do qual hoje em dia só resta uma superfície maioritariamente como que calcinada e sem qualquer tipo de vestígio de vida (presente ou passada).
Essas duas sondas (Lander e Rover) ainda se mantêm em plena atividade na superfície do planeta Marte, utilizando para as suas explorações no terreno os veículos motorizados (os chamados Rovers) disponibilizados pela Opportunity e pela Curiosity. Entretanto uma terceira sonda enviada pela mesma altura da Opportunity há anos que deixou de transmitir (lander e rover): a sonda Spirit (ativa entre 2004 e 2010).
Marte
Vale da Maratona
(Câmara do rover Opportunity – SOL 4258)
Quanto ao rover da sonda Opportunity o mesmo encontra-se neste momento posicionado nas encostas a norte de Marathon Valley, com o objetivo não só de prosseguir a sua exploração desta região da superfície de Marte como também a dessa forma se poder colocar numa posição mais privilegiada para efetuar o seu regular armazenamento de energia solar (ainda por cima quando o mesmo irá agora atravessar o Inverno marciano). Até ao momento o veículo percorreu pouco mais de 42,65km (distância registada em 12 de Janeiro/SOL 4255).
Marte
Duna de Namib
(Câmara do rover Curiosity – SOL 1223)
Já o rover da sonda Curiosity movimenta-se atualmente na região das dunas de Bagnold (mais precisamente na zona da duna de Namib) localizadas a norte do Monte Sharp – na duna mais alta da região com cerca de 4m de altura. Uma zona de construção dunar marciana onde no entanto a sua formação não acompanha de forma idêntica (estrutural e visual) outras construções marcianas do mesmo tipo.
No caso da duna de Namib com as suas areias a serem arrastadas pela sua superfície seca e ondulada, caindo repentinamente em zonas mais abrigadas (e profundas) das faces da própria duna – que mais tarde e por acumulação acabam por colapsar (em pontos limites dessa duna).
Uma boa oportunidade para os cientistas da NASA perceberem o processo de transporte de areias no interior das formações dunares (pelos ventos marcianos), num ambiente tão diferente do terrestre praticamente sem atmosfera e com menor gravidade.
(imagens: NASA)
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As Dunas Escuras de Marte
Num terreno árido e desértico. Sem vestígios de vida, movimento ou mesmo algo de estranho. Com pedras (secas, calcinadas, fragmentadas), areia (resultante da múltipla e violenta erosão) e uma substância esbranquiçada (surgindo entre fendas).
1217º dia em Marte
Mais uma imagem enviada a partir de Marte durante o 1217º dia de estadia do rover da sonda Curiosity na sua superfície (ontem a partir da câmara MAST_LEFT). O veículo motorizado da NASA vai a caminho dos três anos de permanência no último planeta interior do Sistema Solar, evoluindo neste preciso momento sobre solo marciano numa região de dunas de areia. Numa altura em que o planeta entra na sua estação de Inverno e num período a que a Curiosity (tal como a Opportunity) se têm que preparar para as condições climáticas em certos aspetos mais adversas que aí veem (o lander e o rover): como é o caso da menor absorção pelos painéis da energia solar e o da limitação que isso trará para todas as tarefas a realizar. Movimentando-se agora a noroeste do Monte Sharp (localizado no interior da cratera Gale onde a sonda aterrou) na região das dunas de areia (ativas e escuras) de Bagnold.
1197º dia em Marte
Com a presença das dunas de areia a ser bem visível na imagem obtida no 1197º dia da presença da sonda Curiosity em Marte, interpondo-se entre o veículo terrestre da NASA (o rover) e a elevação do Monte Sharp (a mancha clara destacando-se ao fundo no horizonte): dunas que tal como na Terra parecem ir avançando lenta mas progressivamente com o decorrer do tempo (no entanto com processos evolutivos diferentes), acabando por cobrir grandes extensões da superfície marciana (deslocando-se a uma v = 1m/ano). No cenário apresentado a câmara do rover Cutiosity encontrava-se a cerca de 23m da base das dunas podendo estas atingir um máximo de 5m de altura. Num acontecimento considerado de certo modo inédito em todo o Sistema Solar (a presença de dunas ativas) já que para além do nosso planeta nunca tal fenómeno tinha sido observado (fosse onde fosse).
(imagens: NASA)
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Dunas de Marte
Numa das últimas imagens enviadas a partir do Espaço para o planeta Terra, as câmaras de um dos dois veículos da NASA atualmente circulando no nosso vizinho planeta Marte (neste caso a CURIOSITY),
“Mostram-nos mais um extenso cenário dunar sobre a superfície do misterioso planeta vermelho.”
Marte – CURIOSITY ROVER – SOL 1174
(NAVCAM LEFT B – 25.11.15 – 10:47:58 UTC)
Numa região do planeta Marte onde provavelmente há muitos e muitos milhões de anos a sua superfície estaria coberta por um grande extensão líquida de água (menor que a área terrestre);
“Podendo estarmos atualmente a visionar o leito de um antigo e vasto oceano (marciano), onde até poderia existir vida por mais primitiva que fosse (o organismo).”
(imagem: NASA)
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Dunas (2)
Ficheiros Secretos – Albufeira XXI
(Os Desertos Não Existem, Fomos Nós Que Os Criamos)
“Uma investigação internacional liderada pelo instituto norte-americano SETI concluiu que as dunas da cratera de Gale, no planeta Marte, "movem-se" e que "estão activas", anunciou hoje a Universidade de Coimbra (UC)”. (DN Ciência)
A nave alienígena Extra Solar
Enquanto as individualidades terrestres se iam concentrando no módulo central, no exterior o movimento que aí se registava parou por uns instantes: da parte superior das seis sondas Virgin Colony começavam agora a ser emitidos feixes de raios em frequências particulares, que se foram agrupando posteriormente entre si formando uma rede de ligações como se tratasse de uma densa teia de aranha e que progressivamente foram preenchendo todos os intervalos vazios ainda existentes, transformando-se finalmente numa superfície homogénea e compacta como se de uma película se tratasse. Era apenas a última oferta dos Extra Solares, uma cúpula extraordinária que simulava no seu interior a atmosfera terrestre e que lhes permitia usufruir do local como se estivessem na Terra. Observando de longe o espectáculo os jovens não conseguiram evitar a reacção instintiva e abriram a boca de espanto: ninguém lhes dissera que estariam perante uma espécie provavelmente tão ou mais avançada do que as deles. E ainda aí vinha mais.
Os guias contactavam agora a sua base aguardando novas instruções. Cada um dos grupos continuava instalado na mesma posição, denotando algum cansaço e nervosismo pela sua atitude estática e não interventiva que persistiam em assumir. Mas por mais que os seus corpos pedissem, as ordens não sofriam alteração: deveriam manter de momento o estatuto de meros observadores, sendo-lhes solicitado no entanto que se preparassem para uma nova evolução da situação, a qual poderia envolver um novo episódio de contacto. Só em último caso deveriam recuar até aos VD e regressar à base. Os guias sabiam que seria difícil acalmar todos aqueles jovens impetuosos mas ainda inexperientes em encontros deste tipo e numa reunião conjunta realizada através dos seus canais restritos de comunicação, decidiram estabelecer uma estratégia que ocupasse esses mesmos jovens tornando-os ao mesmo tempo úteis e responsáveis: tendo o privilégio de poderem assumir o comando independente em situações inesperadas como esta, envolvendo grupo de indivíduos apanhados em episódios não previstos e incompatíveis com a finalidade inicial da sua presença – podendo mesmo condicionar a integridade física dos participantes – os guias tinham decidido pôr os jovens em movimento, subdividindo-os em pequenas células que se tentariam aproximar dos limites da cúpula pelo lado mais livre e menos vigiado e que se situava do outro lado da mesma, onde apenas algumas máquinas iam trabalhando o terreno. Isso mantê-los-ia ocupados durante uns tempos no cumprimento das suas tarefas, colocando-os mais próximos e indetectáveis junto do acontecimento e podendo desse modo dar-lhes algum tipo de vantagem. Pelas vinte e duas horas a maior parte das células já se encontravam no local para elas definido, começando os seus elementos a instalar-se no seu novo posto e aproveitando o pequeno intervalo para comunicarem com os guias e descansarem e se alimentarem um pouco: há já quinze horas que se encontravam em missão, não parecendo que fossem cumprir a hora prevista de regresso a casa estipulada para as 24 horas. No céu apareceu então uma luz pequenina que foi aumentando há medida que os minutos decorriam: pelas vinte e três horas e trinta minutos uma nave enorme de origem desconhecida começou a pairar sobre eles mesmo ao lado da cúpula iluminada. Parou suspensa do ar e durante alguns minutos nada aconteceu. E sem que nada o anunciasse da nave surgiram outros objectos voadores, estranhos, parecendo rudimentares e deslocados e fazendo lembrar alguns artefactos voadores terrestres, entretanto ultrapassados e esquecidos: parecia que os últimos convidados tinham acabado de chegar também eles devidamente equipados para a grande festa, que se iria realizar naquela grande e extraordinária cúpula, como se esta fosse a tenda de um grande circo instalado para usufruto do povo habitando uma grande cidade.
O outro lado do espectáculo
O número seis não saía da cabeça de Olympus. Filho dum casal de jovens expedicionários destacados para uma galáxia localizada nas profundezas do Universo e conhecida como Via Láctea, Olympus acabara por nascer já numa outra fase da vida dos seus pais, com estes já completamente instalados em Marte numa missão inicialmente limitada à observação e ao estudo do planeta e a outras acções não intrusivas; mas que como eles sabiam poderia em qualquer momento e com o desenvolvimento natural do projecto terminar numa colonização parcial adaptada. Que fora o que acontecera com a descoberta e exploração do mundo subterrâneo de Marte e com a observação de vestígios de antigas civilizações (ou mesmo com o facto de algumas espécies ainda hoje prevalecerem, como poderia ser o caso dos Percival) mas sobretudo após a constatação de que Marte ainda poderia ser retransformado e ressuscitado. Olympus era desde muito jovem um entusiástico das Matemáticas, tendo uma grande aptidão para os números e para todas as ciências a ela associadas e sendo considerado pelos seus colegas um verdadeiro especialista em certas áreas mais estranhas e abstractas da mesma ciência: e as coincidências sempre o tinham deixado intrigado dado as mesmas existirem e racionalmente serem obrigatórias de explicação e de entendimento. Como consequência teria que haver alguma explicação lógica para todos os jovens estarem distribuídos por seis grupos para um encontro hexagonal com alienígenas; e com estes a duplicarem a parada chamando mais estrangeiros. No cálculo matemático todo o algarismo por mais desprezível e insignificante que seja nunca poderá ser ignorado; caso contrário o erro será a solução.
De um dos lados da cúpula um dos grupos de jovens vira alguém a sair do seu interior e a começar a deslocar-se na sua direcção. Tinha aspecto de ser um dos alienígenas provenientes da Terra dado o típico fato protector que usavam em volta de todo o corpo. Atravessava agora a superfície seca juncada de pedras e estaria ali em poucos minutos. O guia pediu prudência e atenção aos jovens, exigiu que estivessem sempre atento aos seus gestos e inspirando profundamente levantou-se e dirigiu-se ao terrestre.
O convite era claro, frontal e sem evasivas, solicitando amavelmente a sua presença e de todos os restantes elementos que o acompanhavam no interior da enorme cúpula, mas nunca a impondo fosse qual fosse o motivo, pois afirmavam-se admiradores da liberdade e da cooperação como opção. Por essa altura as comunicações caíram. E face ao impasse registado na situação motivado pela impossibilidade de receberem novas instruções, adicionado à irrequietude e nervosismo crescente que os jovens iam exteriorizando, os seis guias reuniram de emergência acabando por sinalizar o terrestre da sua anuência.
A Cúpula de Marte
Debaixo da cúpula todo o espectáculo estava há muito montado, aguardando apenas a chegada das altas individualidades e de todos os seus convidados incluídos na comitiva que iria rectificar o acordo, no qual se incluíam alguns privilegiados terrestres, entre estrelas do social associados a áreas como a da música e a do cinema. Entretanto e ordenadamente os mais de cem jovens iam seguindo os seus respectivos guias, acabando todos por se acomodar do lado esquerdo em frente ao palco principal, local escolhido e reservado pelos responsáveis organizativos pelo espectáculo, para colocarem personalidades indígenas e previamente assinaladas e aceites que pudessem à última da hora comparecer ao acontecimento. Do lado oposto aquele em que se encontravam uma ampla área de cadeiras entre a assistência encontrava-se ainda completamente deserta: era a única zona entre o público presente desoladoramente deserta, contrastando fortemente com o restante público que praticamente já o lotava, com muitos olhando para a retaguarda e aguardando ansiosamente o aparecimento dos convidados principais. Provavelmente alguém de importante estaria ausente.
A comitiva encaminhava-se agora através do corredor central deixado livre entre as filas de cadeiras, colocadas ordenadamente e em forma de concha à sua volta e que a iam conduzir ao palco principal: à frente era bem visível a conhecida e poderosa figura de Richard Branson – o grande impulsionador deste acontecimento e líder do maior conglomerado terrestre – que aparecia ladeado por duas altas individualidades, uma representando os interesses dos terrestres e a outra o interesse dos extraterrestres. Cerca de uma dúzia de indivíduos os seguiam, entre representantes hierárquicos inferiores, alguns seguranças e um ou outro convidado VIP: entre eles David Bowie e Lenny Kravitz – o primeiro dos quais responsável pelo momento musical planeado para o acontecimento, no qual apresentaria temas do seu aclamado álbum “The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars”. Na sua caminhada triunfante efectuada entre aplausos crescentes até finalmente atingirem o palco, Branson e as duas Entidades representativas do histórico acordo firmado entre duas raças diferentes, amigas e colaborantes, ainda pararam no início das escadas que davam acesso ao palco, olhando duma forma enigmática (talvez apreensiva) para a sua direita e ficando por segundos a olhar para a zona abandonada sem ninguém a ocupar as cadeiras, parecendo trocar algumas impressões e alguns sinais de aparente desilusão. Mas lá subiram as escadas até ao palco colocado sob a cúpula indo-se colocar no centro do estrado, enquanto eram soterrados por uma aclamação imensa vinda de todos os lados e se ouvia um dos mais célebres temas de Lenny Kravitz: “Fly Away”.
Tranquilamente os Percival diluíram-se entre as dunas de chocolate
Nos túneis subterrâneos de Marte, os superiores hierárquicos aí destacados como representantes máximos da Entidade Central, mostravam-se deveras preocupados com a evolução da situação que enfrentavam os 126 elementos que estando à sua responsabilidade, se tinham envolvido no decorrer da sua missão de simples observação – numa operação mais vasta e com alguns parâmetros perigosos de incerteza – num outro cenário incompatível com a fase de desenvolvimento dos jovens e em último caso com a sua própria segurança. Além disso os radares indicavam algumas perturbações na atmosfera do planeta na região rodeando o ponto ZIA.5 além de movimentações estranhas sobre a superfície. E com as comunicações directas com os guias temporariamente cortadas – tinham que restabelecer uma nova ligação utilizando os amplificadores alternativos dos VD até agora silenciosos – a sua inquietação não parava de aumentar, apesar da certeza absoluta que de momento todos estavam bem (por controlo indirecto e individual do estado de saúde de cada um deles). Mas a paz só chegou com o aparecimento de Minerva à entrada de um dos postos avançados da base subterrânea, vinda das profundezas das áridas e infindáveis superfícies marcianas, montada no seu estranho e pesado amigo Rhino – apesar da aparência um veloz e ágil animal, extremamente fiel mas sobretudo inteligente: trazia consigo uma mensagem da parte do seu grupo os Perceval, acompanhada de um código encriptado que lhes daria acesso imediato à confirmação da mesma mensagem. Até para salvaguarda de todos os envolvidos nesta situação utilizando para o efeito (e complementarmente) uma ligação prioritária e exclusiva ao regulador instalado no planeta Lowel, por sinal tutor de ambos: o Grande Mestre do Imaginário e Fundador do planeta Marte, Schiaparelli. A mensagem era curta mas esclarecedora: “Acordo dual de segurança em aplicação; monitorização e limpeza em curso no sector ZIA/ponto 5; grupo protegido e VD em segurança; regresso já a decorrer em corredor dunar LYOT/oeste/49°; tempo previsto 3,5h.”
Sob a enorme cúpula marciana David Bowie e a sua banda já tinham iniciado o seu espectáculo musical: o acordo já fora assinado e confirmado entre as duas partes e tinha sido dado início a um período de convívio entre todas as personalidades ali presentes, convidadas expressamente para este extraordinário evento galáctico que marcaria definitivamente a Virgin de Richard Branson e a sua Aventura e Conquista do Espaço Pela Terra. A ACEPT Company marcaria com a sua fundação e o seu envolvimento dedicado no campo da exploração espacial uma revolução brutal na respectiva indústria terrestre, criando um novo espaço e mercado para a expansão humana e para a colonização de novos mundos. E a sua união e aliança com um poderoso elemento externo tecnologicamente mais avançado e colaborante, escancarava-lhes completamente todas as portas do Universo, abrindo-lhes todo o horizonte visual à sua exploração e expansão privada e dedicada, podendo proporcionar aos conglomerados terrestres a descoberta de novas Terras ou até a terraformação de outros corpos celestes compatíveis: talvez equiparando os seus líderes a novos Deuses tendo o Universo como seu altar.
O problema no entanto residia no facto de que o Universo não era um Mercado em Expansão posto à disposição dalguém que por ali passasse por acidente e que dele se apropriasse como o verdadeiro pioneiro (não percebendo a sua verdadeira posição neste espaço já partilhado, talvez por inconsciência, ignorância ou mesmo provocação infantil) e que os outros seres aí instalados jamais permitiriam ser incluídos num pacote comercial onde nem sequer tinham sido considerados, mas apenas vistos como meros observadores passivos e aceitantes, aí residentes mas dispensáveis de participação directa nas negociações: como era possível os outros seres alienígenas acabarem por se intrometer num negócio que não lhes dizia respeito ainda por cima desafiando uma raça poderosa como a dos Extra Solares? Só que a vida do Universo não se regia segundo as leis e as regras estabelecidas aleatoriamente e por momentos insignificantes pelos terrestres, nem os Extra Solares eram aquilo que Branson dizia, pensava ou então desejava. Não foi pois assim tão estranho e imprevisto o que aconteceu de imediato, tendo como artistas principais neste cenário de transição essa raça mítica e lendária desde sempre em terras de Marte e conhecida como os Percival: com o seu Grande Mestre Schiaparelli a apoia-los a partir do planeta Lowel.
Num Universo Vivo a Alma é o seu Tempo e o Infinito o seu Desígnio
A intervenção dos Percival no ponto da superfície marciana designada por ZIA.5, não tinha sido decidida como era muito comum entre os terrestres em círculos de interesse fechados e particulares – orientados unicamente e duma forma egocêntrica para a salvaguarda de um determinado grupo de indivíduos, espécies ou comunidades locais – mas tendo em conta todo o espaço envolvente do qual todos faziam parte e no qual as suas decisões e acções acabariam por ter impacto: o Universo não era nem nunca poderia ser um sistema fechado em si próprio, devendo ser visto na realidade – e como uma constatação da sua mesma evolução – como um corpo de oportunidades infinitas profundamente inserido num Sistema Vivo em constante movimento e transformação, por sua vez inserido num oceano constantemente replicado de outros universos adjacentes e comunicando-se ininterruptamente entre si, por vizinhança, contacto ou intersecção. Como se a Existência do Espaço fosse reflectida através de um enorme Caldo de Elementos – existência e realidade essa resultante da mistura dos mais diferenciados materiais e estados em presença e em constante movimento – que com uma única variação de parâmetros mesmo que residuais mas provocando alteração de estados energéticos – positivos e/ou negativos e como que numa panela de pressão – originasse uma convulsão reprodutiva interna, que duma forma directa ou indirecta excitasse todo o corpo ou objecto em causa (entre uma infinidade comportamental de outros espaços) colocando-o num novo cenário criativo e interactivo entre muitos outros proto Universos. Eles estão lá só que não os queremos ver: tal como a Terra não é o centro do Mundo, o Universo não se pode transformar numa referência estática, central e estéril (ou esterilizada), rodeado como está por um número infindáveis de outros Universos que o condicionam e são por ele condicionados. Só assim se compreendendo a noção de Infinito – um lugar sem origem, sem morte e sem tempo intermédio.
De modo à eficácia da sua aplicação ser total e perfeita, o Nolano foi introduzido no foco do sector ocupado pela cúpula artificial marciana, transformando de novo toda a zona intervencionada no território natural anteriormente aí existente, sem nenhum vestígio de passagem dos alienígenas pelo local, nem de outros parâmetros adicionais e temporariamente introduzidos que pudessem desviar por qualquer forma ou motivo, essa zona dos seus padrões originais e locais. O Nolano era uma simples caixa de ressonância electromagnética construída em torno dum solenoide vertical percorrido por uma infinidade de condutores interligados em espiral, que ao ser activado conseguia transformar um espaço determinado num espaço idêntico e inalterado nos seus parâmetros absolutos, mas com dimensões apesar de proporcionadas muito inferiores e susceptíveis de fácil transporte e reposição. Tinha também a virtude de guardar no interior do artefacto todo o conjunto em causa – por maior que ele fosse – conseguindo reduzir as medidas de qualquer espaço à sua mais pequena dimensão e sendo capaz de manter no interior do seu sistema conjuntos com um número elevadíssimo de elementos por um longo período de tempo – mantendo as condições ambientais encontradas antes da intervenção. Os alienígenas só se aperceberam da aproximação repentina daquilo que aparentemente seria uma grande tempestade em formação sobre o planeta Marte no preciso momento em que esta já os cercava completamente e sem retorno possível, e sem perceberem bem porquê – nem entenderem bem o instante do seu início o do seu fim – duma sensação momentânea de afundamento e de claustrofobia que quase lhes fez perder os sentidos – como se estivessem a ser engolidos por um buraco e posteriormente expelidos numa outra extremidade – enquanto à sua volta o mundo parecia desaparecer e num flash reaparecer: só que agora estavam na origem da sua viagem o seu planeta de origem neste caso a Terra. Para os observadores locais uma tempestade de areia engolira o local, retornando-o apenas e somente às suas origens naturais.
O Nolano fora uma das grandes armas tecnológicas e revolucionárias criadas pela civilização de Lowel para a sua utilização exclusiva em casos extremos e potencialmente perigosos e onde era necessário e essencial preservar a Paz entre raças por mais diferenciadas (e agressivas) que fossem e baptizada neste caso em homenagem a uma das maiores personalidades terrestres, como sempre e em sociedades primitivas ainda nos seus primórdios de desenvolvimento, ignoradas e castigadas até à morte apenas por desafiarem o poder absoluto e errado de alguns falsos profetas, aquando da sua passagem pelo Mundo: neste caso Giordano Bruno também conhecido por Nolano. Na sua época um grande Filósofo e um Homem fiel até à morte às suas ideias e ao bem-estar dos seus semelhantes (ao contrário do traidor e oportunista Galileu):
- "Nós declaramos esse espaço infinito, dado que não há qualquer razão, conveniência, possibilidade, sentido ou natureza que lhe trace um limite."
- "O mundo é infinito porque Deus é infinito. Como acreditar que Deus, ser infinito, possa ter se limitado a si mesmo criando um mundo fechado e limitado?"
- "Não é fora de nós que devemos procurar a divindade, pois que ela está do nosso lado, ou melhor, em nosso foro interior, mais intimamente em nós do que estamos em nós mesmos."
(Giordano Bruno – retirado da Wikipedia)
Fim da 2.ª parte de 2
(imagens – NASA/Web)
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Dunas (1)
Ficheiros Secretos – Albufeira XXI
(Os Desertos Não Existem, Fomos Nós Que Os Criamos)
“Uma investigação internacional liderada pelo instituto norte-americano SETI concluiu que as dunas da cratera de Gale, no planeta Marte, "movem-se" e que "estão activas", anunciou hoje a Universidade de Coimbra (UC)”. (DN Ciência)
Dunas
Nos túneis situados sob a superfície de Marte, os jovens iam-se organizando em equipas de vinte elementos, cada um deles com a sua respectiva mochila de viagem e com todos os acessórios básicos de segurança e de orientação, além do tradicional fato protector de uso exterior obrigatório.
Os guias das equipas ainda não tinham chegado, o que deixava a cada um dos jovens algum tempo para confirmarem se já estavam preparados para a sua saída e para darem uma olhadela extra e mais atenta às instalações e aos elevadores que davam acesso à superfície.
Ás oito horas em ponto os guias chegaram, confirmaram todo o equipamento e deram as suas últimas instruções e avisos. Dirigiram-se para os elevadores e disseram aos jovens para aguardarem no local: três elevadores com capacidade para 50 passageiros cada levaram então os 120 jovens e seis instrutores para cima, ao encontro dos VD (veículo dunar) e duma grande e fantástica aventura.
Verificaram mais uma vez o equipamento e a estanquidade do fato protector. Chegados à superfície saíram para o exterior através dum acesso existente numa das muitas crateras que polvilhavam a superfície de Marte, dividindo-se em seis grupos de vinte elementos mais o guia, cada um deles dirigindo-se em fila indiana para o seu respectivo VD.
Por essa altura viram passar no céu um satélite artificial oriundo do planeta Terra que periodicamente por ali passava num missão de estudo e de observação: no entanto esses alienígenas nunca detectariam a presença destes jovens movimentando-se sobre a superfície do planeta, primeiro porque todos já sabiam antecipadamente os planos de observação do satélite alienígena – todas as comunicações alienígenas estavam sob escuta – e depois porque os próprios factos tornavam imperceptíveis por invisíveis quem os usasse.
Os VD eram enormes e duma grande beleza geométrica, com a sua forma em V escura contrastando com a superfície mais clara de Marte; parecendo deslocados da paisagem que os rodeava, quem os olhasse com mais atenção neste cenário, poderia concluir que estes artefactos pareciam pela sua forma querer significar movimento, o que até não era errado. Estas estruturas naturais do planeta Marte eram usadas em certas alturas das suas estações como meio de transporte comum dos aí residentes, dado ser indetectável, inócua e sem grandes gastos energéticos e por – sem interferir ou se notar – integrar sem problemas a paisagem e o relevo envolvente.
O VD utilizava a duna como cobertura e protecção para os objectos e seres que transportava, aproveitando os fenómenos que por vezes atravessavam a superfície do planeta e que alteravam frequentemente as suas condições climatéricas particulares, deslocando grandes massas de areias e outros detritos de menores dimensões ao longo dos terrenos aparentemente áridos e desérticos: como os jovens iriam constatar durante toda a sua vida de experiência e de aprendizagem, a realidade na maior parte das vezes era ficcionada e ilusória e aquilo que se julgava utópico ou impossível era mesmo o único sujeito existente e o objectivo mais praticável.
Poeiras do Diabo
Os VD deslocavam-se sobre a superfície de Marte, apoiados sobre uma estrutura electromagnética cónica que sustentava o aglomerado de areias, conferindo-lhes propriedades aglutinadoras e que lhes davam uma forte consistência e dureza: vista do exterior toda a estrutura se mostrava sólida e homogénea, apenas apresentando na sua base uma certa diluição dos materiais em contacto com o solo – como se estivesse em suspensão e no entanto em constante processo de renovação de materiais.
Partiram em direcção ao ponto assinalado na carta como ZIA.5, uma região marciana situada a algumas dezenas de quilómetros do ponto onde se encontravam e que segundo actualizações recentes estaria a registar um período de grande actividade: novos alienígenas provenientes do planeta Terra tinham chegado ao local, reforçando a sua presença e parecendo demonstrar crescentes intenções expansionistas. O alargamento da área ocupada, a montagem dum novo módulo, o aparecimento de veículos de transporte mais pesados e a suspeita da presença de terrestres além das máquinas já há muito aí presentes, levara-os a essa conclusão – além do logótipo desconhecido que a grande nave apresentava: inscrito lateralmente era bem visível o nome da missão – Virgin Colony 4.6H – sobrepondo-se a uma imagem em que um arqueiro alienígena observava a seta por si lançada para o espaço, a atravessar pelo centro o Sol e os quatro primeiros planetas. Mercúrio, Vénus, Terra e Marte os quatro planetas interiores (à cintura de asteróides).
Chegaram à vizinhança do local três horas depois. Naquela zona que acabavam de atravessar o planeta era bastante árido e relativamente plano, com uma ou outra cadeia montanhosa mas pouco elevada erguendo-se mais a norte. De resto só em certos pontos é que tinham visto o que os terrestres chamariam de “algumas inconsistências visuais por erro introduzido no processo de observação humano”, com o aparecimento dalguns aforamentos de cores diferenciadas e não muito comuns à superfície marciana – o que só poderia significar que um grupo de intervenção aí estaria em actividade e movimento – além de uma ou outra entrada para elevadores mais a descoberto, por aí decorrerem muito provavelmente no momento, trabalhos de reparação ou de manutenção. Ah! E um pequeno grupo de objectos não identificados, que pela sua movimentação e velocidade só poderiam ser os seres vivos que tinham encontrado já num passado muito distante em certas zonas profundas de Marte e que aproveitando o trabalho dos outros e o conhecimento da possibilidade de existência de vida à superfície do planeta, tinham arriscado e verificado a sua total compatibilidade com o meio ambiente exterior – como se fosse o seu. Os Percival eram muito curiosos e extremamente inteligentes, deslocando-se sempre em grupos reduzidos mas extremamente organizados e apresentando uma velocidade de deslocação espantosa, formando uma fila de elementos ordenados e flexíveis, que como se acoplando uns nos outros utilizasse a força de todos, para movimentar um único elemento.
Os jovens tinham concluído a sua refeição da manhã usufruindo agora de uma hora de repouso – que poderiam aproveitar para trocarem algumas ideias sobre a viagem – antes de serem de novo convocados para uma segunda reunião preparatória: um dos temas favoritos de conversa entre os vários grupos a bordo dos seis VD fora o da visão dos Percival e dos vestígios característicos que estes iam deixando no terreno, quando se movimentavam rapidamente sobre o solo seco e poeirento das vastas planícies marcianas – fazendo lembrar uma serpente em movimento consistente e ziguezagueante e levantando à sua volta com os movimentos cadenciados do seu corpo, uma nuvem de poeira envolvente e fantasmagórica. Alguém falava ainda das “Poeiras do Diabo” e da sua associação aos Percival, quando os guias chegaram e solicitaram a presença imediata dos jovens na sala de reuniões: e com todas os VD interligadas, os jovens e os seus guias deram então início à segunda sessão preparatória conjunta.
Sonda Virgin Colony DH1.1
Abandonaram as VD seguindo em fila indiana os seus respectivos guias. Eram quase quinze horas. Pelos seus cálculos estariam nos pontos pré-definidos na sessão de preparação daqui a duas horas: teriam que ultrapassar sem se fazerem notar o pequeno relevo que os separava da zona a observar e colocar-se de forma a terem o mais largo e perfeito horizonte de observação. No seu caminho os seis grupos de jovens não tiveram nenhum encontro que merecesse ser registado, tal a sua ânsia em chegarem o mais rapidamente possível ao seu destino e poderem observar os seres alienígenas que aí se encontravam instalados: não era todos os dias que observavam uma raça exterior a introduzir-se no seu planeta de residência, mexendo em tudo como se já tudo fosse deles e nem se preocupando se outros já não a teriam anteriormente reclamado como seu património pessoal. Só mesmo uma raça ainda nos seus primórdios de desenvolvimento mental e tecnológico – antes da grande explosão filosófica e científica – poderia pensar que apenas ela poderia ocupar um determinado espaço num determinado momento, como se fosse único e dominante nessa intersecção de parâmetros e não apenas um dos milhões de pontos de duas rectas sem principio nem fim ou seja infinitas.
Distribuíram-se por seis postos de observação estratégicos e iniciaram logo o visionamento da zona em causa: tinham o pressentimento que os Percival também andariam por ali, dado o aparecimento dalgumas nuvens de poeiras que por vezes observavam a levantar-se do solo. Mas os alienígenas ainda não se tinham apercebido de nada, parecendo que o trabalho intenso que agora os absorvia era no momento o mais importante: estavam aplicados na preparação de certos pontos em redor da nave central e dos restantes módulos aí instalados, como se estivessem a preparar o local para a chegada, de algo ou de mais alguém. Os jovens tinham que estar extremamente atentos não só ao que se passava à superfície mas também ao que pudesse surgir vindo de fora, com os guias sempre a motivar o grupo mantendo-o sempre alerta e em permanente expectativa. Contavam agora na ampla planície onde os alienígenas se tinham instalado, com uma grande nave colocada perto do centro, com quatro módulos espalhados à sua volta, com uns quantos veículos de transporte estacionados ou em movimento e com um quinto módulo de referência e de maior envergadura, onde parecia estar o centro de comando e de telecomunicações. O movimento era mais acentuado à volta desse quinto módulo central, sendo agora bem visível que além de ser servido por autómatos ou outro tipo de humanóides ou seres cibernéticos, também se registava aí a presença de seres biológicos os terrestres: mas talvez não fossem mesmo só terrestres, o que os surpreendeu em absoluto e pôs logo em alerta os guias, comunicando de imediato a sua descoberta à base de onde tinham partido.
Eram dezanove horas quando os detectores registaram os primeiros movimentos por cima do local onde se encontravam. Mas o que era mais estranho é que estes não tinham detectado a aproximação de nenhum objecto vindo do espaço, quando a sua capacidade de alcance abrangia um raio a partir deles de 500 quilómetros: que soubessem os terrestres ainda não tinham conhecimento da “tecnologia de salto”, para a realização das viagens interplanetárias ou mesmo intergalácticas de longa duração. No entanto a realidade aí estava, sendo bem visível e duma forma indesmentível para os cento e vinte jovens e seus seis guias presentes no local – testemunhas directas e pioneiras deste acontecimento preocupante por imprevisto – que algo nunca por eles presenciado se iria passar, situação essa que de imediato os punha de sobreaviso em alerta preventivo e de defesa e que futuramente lhes poderia mudar um pouco as suas percepções, sensações e conhecimentos assimilados sobre o Universo onde sempre tinham vivido. As seis sondas foram orientadas através de feixes verticais para seis pontos específicos do terreno, indo ocupar os seis vértices dum hexágono perfeito. Completada a aterragem no solo marciano as portas das sondas abriram-se e o movimento em seu redor tornou-se intenso: de uma das seis sondas Virgin Colony puderam ver a primeira comitiva de terrestres a sair e a dirigir-se em conversa cordial em direcção ao módulo central de comando.
Os Percival
No interior do hexágono virtual desenhado a partir da união dos pontos onde as sondas tinham aterrado a azáfama era muito intensa. E num dos lados desse hexágono alguns veículos pareciam preparar algo ainda não identificado na ampla planície ainda disponível e que se estendia por umas largas centenas de metros mais para oeste.
No módulo central da estação a comitiva de individualidades acabada de chegar do planeta Terra instalava-se calmamente nos lugares reservados para a realização da conferência intergaláctica – que dentro em breve ali iria decorrer – enquanto ia saudando os responsáveis terrestres aí colocados e ao mesmo tempo os indagava sobre o decorrer da sua missão e sobre o desenvolvimento próximo desta futura colónia.
A viagem a partir da plataforma terrestre durara uns míseros e imperceptíveis segundos, com as sondas Virgin Colony a serem colocadas quase que instantaneamente na órbita de Marte. A partir daí tinham iniciado o seu procedimento normal de aterragem, utilizando para o efeito os parâmetros oriundos da superfície de Marte e emitidos a partir de feixes de raios sinalizadores. Mas o que tornava aquelas sondas únicas e extraordinárias era a tecnologia inovadora e extraordinária que as apetrechava, tornando reais a partir de agora as viagens de longo curso entre planetas ou mesmo entre distantes galáxias, utilizando a até há pouco impensável e apenas sonhada “técnica de salto”. Nesse aspecto os ES (Extra Solares) tinham cumprido sem restrições o acordo estabelecido entre as duas partes – terrestres e extraterrestres: permitindo-lhes o acesso à tecnologia alienígena (condicionada de início a determinados parâmetros, mas incluindo sempre a totalidade do Sistema Solar e algumas regiões adjacentes), os terrestres abriam-lhes como contrapartida e sinal de amizade todas as portas de sua casa a Terra, transformando-se desde aí em seus fiéis aliados e defensores. O acordo tinha sido rápido e pleno, com o planeta Terra já em completa reconversão à iniciativa privada e à concentração de interesses, criando conglomerados cada vez menos numerosos mas cada vez mais todo-poderosos, representando-se a si próprios através da Entidade/Indivíduo que incorporava e que lhes dera origem como o Supremo Criador. O que faltava apenas era a consolidação do acordo entre as partes, que seria firmado e confirmado numa reunião histórica a realizar no último dos Planetas Interiores dentro de poucas horas: todos aguardavam ansiosamente a chegada da nave alienígena proveniente do espaço exterior, para assim assinarem o contrato definitivo e presencial com os Extra Solares.
Fim da 1.ª parte de 2
(imagens – NASA/Web)