ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
O popular Caga-Lume
Em memória dos Pirilampos que passaram por Espinho nos anos 70/80.
Bichinhos coloridos iluminando a escuridão
(a nossa e a deles)
Tendo falado deles ainda há poucos dias atrás e talvez pelo tempo que já passou e pelo lugar indicado (ou então pelas dores nas costas), recordando com este pequeno artigo Green Savers o meu tempo passado em Espinho (anos 70/80), ainda o espaço rural se manifestava por perto (para cima da rua 28). Aí entrando como meu protagonista de juventude, o PIRILAMPO ou VAGA-LUME.
E desses tempos de juventude em Espinho lembrando-me dos jogos de futebol ao fim da tarde, ainda o verde da relva se calcava e o emaranhado de árvores e de arbustos nos enfrentava (como que se separasse o campo da cidade), sendo muitas das vezes esse limite exibido por uns pequenos animais-voadores (os pirilampos), iluminados, aparentando-se a lanternas e ainda amigas dos agricultores (as suas larvas achando os caracóis um pitéu).
Pirilampo, Vaga-Lume ou Caga-Lume
(companheiro de juventude)
Ao aproximar do Homem (perdendo progressivamente o seu habitat) sendo dos primeiros a fugir (até pelos pesticidas utilizados, na agricultura rural e urbana), afastando-se e desaparecendo na tentativa de sobreviver, mas mesmo na procura de novas paragens não sendo geralmente bem-sucedido, tal a falta de alimento e de áreas naturais para se reproduzir.
Pirilampos ou Vaga-Lumes possuindo uns pontos luminosos e emitindo luz visível capaz de ser vista por nós (num fenómeno conhecido como bioluminescência), um simples inseto ao contrário do Homem (só transformando energia em calor) conseguindo transformar energia não só em calor (uns 10%) como também em energia luminosa ou Luz (uns 90%) ─ fria, eficiente, defensiva, reprodutora, mas no futuro e face ao avanço do Homem, mais um dos muitos insetos (nessa lista estando também a abelha, produtora de mel) entrando em vias de extinção.
Fundindo-se de vez e desaparecendo para sempre.
(imagens: publico.pt ─ pplware.sapo.pt)
Autoria e outros dados (tags, etc)
Em Espinho Salvaram Hoje uma Tartaruga
[Até porque gosto de bichos e residi uns anos em Espinho.]
Nestes tempos de Pandemia COVID-19 (mortal para cerca de 2% dos infetados e deixando sequelas para muitos outros),
Tartaruga
Sendo resgatada hoje da praia de Silvalde em Espinho
pelos Bombeiros Espinhenses e pela Polícia Marítima do Porto
Em que muitas das nossas autoridades e dos nossos representantes têm como seu objetivo principal (tal como a generalidade dos portugueses, mas não tendo assumido essa responsabilidade, por não deterem qualquer tipo de poder) “safarem-se o melhor que puderem”,
─ Em Portugal e apesar das diferentes TASK FORCE,
nem sequer conseguindo manter
um ritmo aceitável de TESTAGEM e de VACINAÇÃO ─
Sentindo-nos sempre sensibilizados e um pouco mais reconfortados (ainda-por-cima tendo eu vivido alguns anos da minha juventude em Espinho) quando nesta confusão (de crise socioeconómica, agora também de saúde) algum tipo de organização individual ou coletiva (pública, privada, particular),
Assume a pedido e graciosamente todo o AUXÍLIO e ajuda a um SER VIVO, seja ele definido como um animal racional (homem/mulher) ou como um animal irracional (muitos deles nossas companhias diárias, dentro e fora de casa):
Fazendo inveja (mas por orgulhosos com esta ação de salvamento) às muitas vítimas ainda vivas do vírus SARS CoV-2 (olhando para trás e vendo como muitas delas foram tratadas ─ especialmente os mais idosos ─ completamente abandonados nos lares e morrendo em catadupa) e aqui com o grande sortudo do salvamento a ser uma “TARTARUGA”.
Encontrada esta terça-feira (13 de abril de 2021) no areal da praia de SILVALDE (freguesia do concelho de Espinho) e sendo resgatada e encaminhada pelos Bombeiros Espinhenses e Polícia Marítima do Porto (com entrega a um outro organismo) para seu acompanhamento e possível tratamento:
Que até poderia ser (até para fazer alguma publicidade a este nobre projeto, indo em 2021 fazer 22 anos desde que foi aberto ao público) adjacente ao concelho de espinho e para norte a “ELA” ─ Estação Litoral da Aguda (concelho vizinho de V. N. de Gaia).
(imagem: cmjornal.pt)
Autoria e outros dados (tags, etc)
Os Vaga-Lume
[Vaga-lume ou Pirilampo são insetos coleópteros notórios por suas emissões de luz bioluminescente. Uma das espécies mais amplamente distribuídas e mais comuns na Europa, é a Lampyris noctiluca, na qual apenas os machos são alados. (wikipedia.org)]
O problema não reside na divisão do território entre rural e urbano (onde está a fronteira, já que interligados, um depende do outro), mas de como o Homem se “serve” destes dois tipos de organização: ignorando um deles (desprezando as diferenças e otimizando os lucros) ou tentando simplesmente replicar um no outro. E não ver mais os Pirilampos (quando eles ainda andam por aí) – exceção feita ao artificial e comercial Pirilampo Mágico − sendo uma consequência disso.
O VAGA-LUME ou o PIRILAMPO
(da minha terra, da minha juventude)
Recordando os bichinhos-voadores e luminosos que com o chegar da noite e já no decorrer das férias grandes de Verão − com as suas características noites quentes convidando a sair de casa − se cruzavam connosco nos campos rodeando a cidade de Espinho, num tempo em que o sector imobiliário e paralelamente ao mar ainda pouco se estendia para além da Avenida 24 (em terrenos que poderíamos considerar agrícolas, estendendo-se meio aleatoriamente até Anta) e em que toda a fauna e flora local então existente ainda se aproximava e interrelacionava connosco: sinalizando a sua presença a partir de certas horas e conjuntamente connosco brincando e iluminando algumas das nossas aventuras − noturnas, de socialização, de exploração e típicas da juventude (algo que não deveria ser típico num momento, mas estender-se a todos as fases evolutivas da nossa vida).
Com o desenrolar do percurso destruindo inexoravelmente o campo (incluindo tudo o que ele representava, como por exemplo a Agricultura) e pulverizando-o em nome do progresso e do desenvolvimento (ainda-por-cima dito sustentado) debaixo de toneladas de cimento, de betão, de asfalto e outros produtos químicos, podendo afirmar que passado meio século e já depois de posteriormente ter assistido à destruição de mais esta “típica” vila piscatória de Portugal (como o poderiam dizer “os desterrados” da vila piscatória de Albufeira) – “destruída a memória e a cultura dos nossos antepassados e escrita a sua história por estrangeiros, restando apenas uma adaptação exterior e abusiva da realidade do passado” – ao chegar à minha antiga terra com tristeza e com algumas lágrimas nada sentir (como se nunca lá tivesse tido raízes), não sentindo os edifícios nem a presença das pessoas que anteriormente e em Espinho (mais ou menos afastadas) me tinham acompanhado: não estando eles mortos estando eu!
(imagem: Japan’s Fireworks/Shutterstock.com/earthsky.org)
Autoria e outros dados (tags, etc)
Dalila
Cidade de Espinho - Praia
A Dalila foi a Espinho. Nasci no Porto, mas vivi lá parte da minha juventude. Antigamente uma terra de pescadores, como Albufeira, Espinho foi-se transformando inicialmente numa zona dormitório do Porto, recebendo pessoas vindo de distritos do interior, como o de Viseu, à procura, talvez ilusória mas também motivadora, de melhores condições de vida. Com a chegada do progresso, toda a sua memória e cultura se foi deteriorando, sendo hoje em dia, mais uma das cidades litorais de Portugal, todas oferecendo o mesmo ao mesmo tipo de pessoas. O que não quer dizer que os filhos dos cangalheiros desta terra, não se preocupem em fazer mais uma casa, mais um cemitério e mais um museu. Agora não conheço a cidade, nem as coisas, nem as pessoas, pareço um tipo estranho, num local desconhecido: talvez tenha saudades da Feira ou então, perdão, da minha juventude que já lá vai, sufocada debaixo de toneladas de fé, esperança e responsabilidade – como acontece com todos nós. E lá comeu a Dalila, em Espinho, papas de sarrabulho e rojões. Estavam bons?